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Encontro de gerações: evento literário recebeu MV Bill e Carlos de Assumpção em bate-papo sobre música e literatura

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Fotos: Reprodução/Instagram e Ricardo Benichio

Texto: Janaína Bernardino

O rapper, escritor, ator e cineasta, MV Bill, de 50 anos, e o poeta, advogado e professor Carlos de Assumpção, de 97 anos, estiveram na 23ª edição da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, a FILRP, no interior de São Paulo, intitulada de ‘Cotidiano Poéticos: do épico de camões às batalhas de rua’, na última sexta-feira (02/08).

No ‘Recital, RAP e Tal: atemporalidade da poesia’, o palco da sala principal do Teatro Pedro II foi pano de fundo para que esses dois gigantes realizassem um bate-papo sobre literatura, música e negritude. Além de receber a comunidade preta e não preta ribeirão-pretana para uma noite repleta de representatividade, excelência e intelectualidade negra. 

Carlos de Assumpção, um dos nomes homenageados nesta edição, referência na luta pela igualdade racial e na literatura afro-brasileira, fez um discurso emocionante sobre o poder da educação e da arte como transformação social. Inspirado por sua mãe, leitora ávida, o poeta da velha guarda compartilhou um pouco de sua relação com os livros, ressaltando a importância da família no acesso e na valorização da literatura para crianças e adolescentes. 

Voz que dá tom ao emblemático poema “Protesto”, premiado em diversas instâncias da poesia falada, o senhor Carlos, como é chamado, não pôde deixar de declamar a obra que até hoje é sinônimo de reivindicação e resistência. 

“Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar…
[…] Eu quero o sol que é de todos
Quero a vida que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar”.

O poeta também recitou os poemas ‘Tem um tambor’ e ‘A princesa Isabel’. Ao agradecer por ser um dos nomes homenageados da Feira e dedicar a honraria a todos os negros do país, Carlos afirma que a escravidão ainda não acabou. “O negro sempre foi posto em uma situação de marginalidade, como se fosse um estrangeiro dentro do seu próprio país, um país que ele mesmo colocou de pé”, comentou, ao destacar que essa lógica acontece sob outras roupagens na atualidade. 

Foto: Vitória Pereira

Já o rapper, dono de singles como ‘Estilo Vagabundo’, ‘Soldado do Morro’ e ‘Só Deus Pode me Julgar’, falou sobre a relevância e a indispensabilidade da leitura para a construção não só de poesias, mas também para letras de rap. Segundo Bill, o livro é uma ferramenta da consciência e foi através dele que pode se tornar um “conhecedor de palavras”. 

O livro Negro Revoltado, de Abdias do Nascimento, e biografias do ativista Malcolm X foram um dos primeiros livros que leu, abrindo sua mente para o lugar que poderia e pode ocupar na literatura. Assim como é um repertório para a produção de músicas que falam da vivência negra, seja no passado ou na contemporâniedade.

O acesso a esse tipo de obra e não só, foi também o responsável por acender um alerta em sua mente: o de desconstruir a surpresa da pessoa branca ao ver o homem negro com um livro debaixo do braço. 

Em entrevista para o Mundo Negro, o rapper falou ainda sobre o processo de criação do seu livro ‘MV Bill: a vida me ensinou a caminhar”, em que reúne 27 contos que articulam sobre a sua vida na Cidade de Deus, comunidade do Rio de Janeiro, e momentos importantes de sua carreira. Histórias em que ele não se deu bem, em sua maioria, mas que o trouxeram aprendizados, segundo as próprias palavras do Mensageiro da Verdade (MV).

“A ideia de escrever um livro sobre minha vida, surgiu da vontade de querer fazer alguma coisa a mais do rap. A gente tinha referências de fora como o Tupac, Snoop Dogg e o Will Smith (na época  Fresh Prince), fazendo música, mas também atuando, tendo programas de TV, sendo autores e até mesmo acionista de um time de basquete. Eu não queria ficar preso apenas na música, sempre quis ser um artista multifacetado, ter outras faces”, destacou.

Ao ser questionado sobre os livros que não saem da sua prateleira, Bill ressalta que não é apegado a autores, mas que tem livros que fazem sua cabeça, a exemplo de um livro do cantor Tim Maia, que às vezes parece ser somente um livro sobre música, mas também é sobre racismo, gordofobia, marginalização da música periférica e coisas engraçadas.

O Rapper, que está em preparação para “Volta por Cima”, nova novela da Globo, também deixa um recado para os jovens que desejam ascender na cena literária, a partir de sua experiência:

“Viver necessariamente da escrita não é tão fácil. O livro no Brasil possui dificuldades de produção e também de venda; não é todos que têm acesso a livros que custam 70 reais, por exemplo. Prezo pela acessibilidade, os meus livros normalmente possuem valores abaixo da média, para considerar o máximo possível de pessoas. Eu concílio a escrita com outros projetos que vão me dar visibilidade, como trocar uma ideia, palestrar e atuar. Então, é ser um multipotencial!

Yuri Lima voltou a frequentar a casa de IZA para acompanhar final da gravidez: “Eles não voltaram a se relacionar, mas ele é pai”

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Foto: Reprodução.

O jogador de futebool Yuri Lima voltou a frequentar a casa de IZA, que está grávida da primeira filha dos dois. A novidade chega após o fim do relacionamento amoroso entre os famosos. Eles não reataram, a informação foi confirmada pela assesoria da cantora, que destacou o papel de Yuri como pai.

“Eles não voltaram a se relacionar, mas ele é pai e vai estar muito presente nessa reta final da gravidez, dando todo o apoio. Durante a gestação, eles se viram pouco por causa das agendas corridas, mas isso já era planejado“, destacou a assessoria em nota. “Agora que IZA entra no oitavo mês da gravidez, é hora de acompanhar os últimos exames e finalizar da forma mais tranquila possível depois de tudo que aconteceu. A prioridade agora é a Nala. Eles serão uma família para sempre mesmo não estando juntos, afinal ele é o pai da filha dela. A segurança e tranquilidade de mãe e filha são essenciais”.

No início de julho, IZA anunciou o fim do relacionamento com Yuri, após descobrir uma traição por parte do jogador. “ Ele me traiu, mantinha conversas com uma pessoa que já tinha ficado com ela antes de ficar comigo, mantinha conversas com ela, nunca parou conversar com ela, e vocês vão conhecer ela porque ela quer muito ser conhecida, mantinha. Conversas com ela em altos níveis, e pra mim isso já é uma quebra de confiança muito grande”, desabafou a artista à época.

LeBron James elogia basquete brasileiro antes das quartas nas Olímpiadas: “dedicados”

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Fotos: Gregory Shamus/Getty Images e FIBA

A equipe da Seleção Brasileira de Basquete masculino irá enfrentar os Estados Unidos, a maior potência no mundo na modalidade, nas quartas de final da disputa em Paris 2024, na próxima terça-feira, 6, às 16h30 (horário de Brasília), na Arena Bercy.

O astro LeBron James, o principal jogador do Dream Team, afirmou que “assistiu a todos os jogos” dos brasileiros, durante coletiva e fez uma avaliação sobre a equipe nos Jogos Olímpicos. “Assisti a todos os jogos. Eles são muito dedicados aos seus sistemas ofensivos e defensivos”, disse.

No entanto, o técnico Steve Kerr, admitiu “não conhecer” o Brasil antes do duelo e que ainda vai avaliar a equipe para montar a melhor estratégia para a partida. “Vimos quase todo mundo. Mas não vimos o Brasil. O Brasil é nosso foco”, afirmou.

Enquanto isso, os brasileiros têm reagido com muitos memes nas redes sociais, sobre o duelo entre os Estados Unidos e o Brasil no basquete, por ser considerado uma seleção muito difícil de vencer. 

https://twitter.com/leticiateofilo_/status/1819478877674393979

Atletas celebram o 1º pódio olímpico de ginástica só com mulheres pretas: “a gente pode fazer acontecer”

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Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, só mulheres pretas formaram o pódio da ginástica artística, durante a final de solo em Paris 2024, nesta segunda-feira, 5 de agosto. A Rebeca Andrade levou medalha de ouro, enquanto Simone Biles e Jordan Chiles se destacaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. Um momento histórico, também marcado pela reverência das norte-americanas feita para a brasileira.

Em outubro do ano passado, o Campeonato Mundial da Ginástica também teve o primeiro pódio formado inteiramente com mulheres pretas no individual geral. Neste, Rebeca Andrade ficou com a prata, e as norte-americanas Simone Biles e Shilese Jones, levaram ouro e bronze.

  • “A gente tinha feito isso no Mundial, e poder repetir isso agora em uma Olimpíada, onde o mundo inteiro está vendo a gente é mostrar a potência dos negros, mostrar que, independente das dificuldades, a gente pode, sim, fazer acontecer. Porque ou as pessoas aplaudem, ou elas engolem. E a gente está aqui mostrando que é possível. Eu estou muito orgulhosa. Eu me amo, eu amo a cor da minha pele. Mas também não me fecho só nisso. Eu sei que tem vários outros pontos da Rebeca, tem vários outros pontos da Jordan, da Simone, de várias atletas, não só da ginástica, mas atletas negras. E é poder incentivar e continuar mostrando que talvez seja um pouco mais difícil para você, mas é o teu sonho. Ninguém tem o direito de falar não para você. A gente conseguiu provar isso”, disse Rebeca à imprensa após a cerimônia de medalhas.

Jordan Chiles também comemorou esse momento histórico e elogiou a Rebeca Andrade. “Ela é incrível. Uma lenda. Devemos reconhecer o trabalho dela. Ficamos muito felizes por esse pódio ter sido formado por mulheres pretas. Era muito importante para nós isso. Senti que era necessário (a reverência)”, destacou.

Rebeca Andrade leva ouro e se torna a maior medalhista brasileira de Jogos Olímpicos

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Foto: Alexandre Loureiro

Rebeca Andrade conquista a medalha de ouro na final do solo da ginástica artística, na manhã desta segunda-feira, 5 de agosto, 14.166 pontos. Com essa vitória, ela se torna a maior medalhista Olímpica do Brasil na sequência de Paris 2024. 

Já a norte-americana Simone Biles leva medalha de prata ao pontuar 14.133. 

A ginasta brasileira já havia revelado que esta seria sua despedida nas provas de solo, porque exige muito do físico e ela pretende descansar os joelhos, três vezes operado. 

No último sábado (3), a brasileira já havia se igualado ao recorde dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco medalhas cada, ao levar a medalha de prata de salto. Além de repetir o feito de Isaquias Queiroz (canoagem), que foi três vezes ao pódio na Rio-2016.

Em Paris, ela se tornou a brasileira com o maior número de medalhas na história das Olimpíadas, superando os três pódios de Hélia de Souza, a Fofão, do vôlei (um ouro e dois bronzes) e Mayra Aguiar, do judô (três bronzes).

Alison dos Santos e Matheus Lima avançam à semifinal dos 400m com barreiras

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Fotos: Wander Roberto/COB

O Brasil terá dois representantes nas semifinais dos 400 metros com barreiras da Olimpíada de Paris, na França. O paulista Alison dos Santos, o Piu, e o cearense Matheus Lima garantiram as respectivas vagas nas baterias desta segunda-feira (5) pela manhã, realizadas no Stade de France. A disputa por classificação à final será nesta terça-feira (6), a partir das 14h35 (horário de Brasília).

Campeão mundial da prova em 2022 e medalhista de bronze nos Jogos de Tóquio, no Japão, um ano antes, Alison disputou a terceira bateria do dia e acabou na terceira posição, em 48s75. O brasileiro, favorito a medalha em Paris, liderou a maior parte do percurso, mas diminuiu o ritmo na reta final e foi ultrapassado pelo estadunidense CJ Allen e o estoniano Rasmus Magi. Mesmo assim, foi o suficiente para se classificar, já que os três primeiros avançavam às semifinais.

Já Matheus cresceu nos metros finais da quinta bateria e avançou com o segundo melhor tempo, com 48s90, ficando atrás somente do jamaicano Malik James-King. Estrante em Olimpíada, o barreirista foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, no ano passado.

Principais adversários de Piu na briga pelo ouro, o norueguês Karsten Walholm e o estadunidense Rai Benjamin também avançaram às semifinais sem dificuldades. O primeiro, campeão olímpico em Tóquio e recordista mundial da prova, venceu a segunda bateria com 47s58, enquanto o segundo, prata na última Olimpíada, fez 48s82 e levou a melhor na bateria que abriu as disputas nesta segunda.

A final dos 400 m com barreiras está prevista para sexta-feira (9), às 16h45 (horário de Brasília).

Fonte: Agência Brasil

Mostra de Cinemas Africanos anuncia destaques da edição 2024 com estreias e presença de cineastas

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Foto: Olivier Marceny - Cin_France Studios Archipel 3-Dune Vision

Mostra de Cinemas Africanos anunciou os destaques da sua próxima edição, que acontece em setembro de 2024, entre os dias 11 e 18 em São Paulo (SP) e 18 a 25 em Salvador (BA). Este é o sétimo ano consecutivo do único festival calendarizado no Brasil dedicado exclusivamente à exibição de filmes africanos contemporâneos.

Abderrahmane Sissako, um dos cineastas mais consagrados do continente africano e premiado internacionalmente, estará presente na programação do evento, estreando no Brasil seu mais novo filme Black Tea (2024). O filme conta a história de uma jovem da Costa do Marfim que se apaixona por um homem chinês mais velho, após imigrar para a Ásia. O longa, que tem ganhado elogios da crítica, foi indicado para concorrer ao prêmio Urso de Ouro no 74º Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Nascido na Mauritânia, Sissako é conhecido por filmes que exploram a globalização e o deslocamento. Seu primeiro longa-metragem, Heremakono – Esperando a Felicidade (2002), ganhou o Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes de 2002. Seus longas Bamako (2006)Timbuktu (2014) foram amplamente aclamados, sendo este último selecionado para concorrer à Palma de Ouro e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A jovem franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy também é uma das convidadas especiais desta edição que vem estrear seu filme no Brasil na Mostra de Cinemas Africanos. Banel e Adama (2023) é um conto senegalês que acompanha um jovem casal de uma pequena aldeia confrontado pelas convenções da sua comunidade. Esse é o primeiro longa-metragem da realizadora, que já chegou despertando atenção e concorrendo à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023.

Além de participarem da sessão de estreia de seus filmes, os cineastas participarão de programações que incluem sessões de debate com o público e mesas de discussão sobre o cinema africano e intercâmbio com o Brasil. 

Em uma parceria com a Imovision, distribuidora de Black Tea e Banel & Adana, a curadoria do Mostra também se estende com a recomendação de alguns títulos disponíveis no streaming da distribuidora, a Reserva Imovision, incluindo filmes como Timbuktu, também de Abderrahmane Sissako.

Encontros do Audiovisual Brasil-África

Outro grande destaque da Mostra de Cinemas Africanos 2024 é a realização de um encontro inédito que vai reunir cerca de 40 profissionais do audiovisual africano e brasileiro, que atuam em diversos setores da cadeia de produção, do roteiro à distribuição.

Os “Encontros do Audiovisual Brasil-África” acontecem exclusivamente em Salvador (BA), como parte da programação de atividades paralelas, entre os dias 19 e 22 de setembro. Serão quatro dias de atividades intensas que incluem reuniões de trabalho, debates, palestras e eventos de networking. O público poderá participar gratuitamente, atendendo à quantidade de vagas de cada atividade.

A programação acontece em torno de quatro pilares: Pesquisa, Produção, Difusão e Formação. Especialistas dos dois lados do Atlântico Sul irão compartilhar conhecimentos e fomentar novos projetos de coprodução, visando que o cinema africano e brasileiro ganhem ainda mais força e alcance. Mais informações podem ser acompanhadas no site: www.mostradecinemasafricanos.com

O projeto Encontros do Audiovisual Brasil-África  foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal.

“Atotô – Silêncio, o Rei Está na Terra” retorna em agosto com curta temporada em São Paulo

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Foto: Rafael Berezinski

A remontagem do espetáculo “Atotô – Silêncio, o Rei Está na Terra”, encenado pela Cia Odara, está de volta ao Teatro Oficina, em São Paulo. Em curta temporada a peça será apresentada em 5, 12, 19 e 26 de agosto, sempre às 20h30. A peça, que tem direção e produção de Márcio Telles e um elenco de cerca de 40 pessoas, reúne importantes elementos sobre manutenção e resistência de narrativas Yorubás.

Prestando homenagem a Obaluaê, a apresentação conta com mais de 40 artistas pretos em um elenco  formado por atrizes, atores, bailarinos, dançarinos, cantores, músicos, percussionistas, capoeiras, sambistas, técnicos, produtores e promotores da cultura e das tradições de matriz africana. O espetáculo também conta com as participações da cantora Raquel Tobias, Jônatas Petróleo, Renato Passarinho, Dogge, além das atrizes Lena Silva, Vera luz,Viviane Clara, Silvina Elias, Luzia Rosa, Stella Valentina e ainda, parte do elenco preto do Teatro Oficina. 

Em cerca de 90 minutos a peça se baseia nos confrontos da luz e a sombra, do amor e da dor. Inspirado em um dos Itans de Obaluaê, senhor da doença e da cura, ela se propõe a realizar “uma celebração à vida num rito-espetáculo que une diversas linguagens, sempre com um olhar espacial para a capacidade humana de adaptar-se à mudança, num eterno aprendizado que provém das coisas mais simples”, comenta o diretor Márcio Telles.

Foto: Rafael Berezinski

Ele também destaca que, assim como Obaluaê, que desenvolveu poder da transmutação e a magia da cura, o ser humano deve estar aberto a novos elementos e desafios de sua jornada em busca espontânea pelo desenvolvimento espiritual. Voltando ao cartaz após ser encenada na época da pandemia, o espetáculo ocupará datas do mês dedicado a Obaluaê e que também marca o aniversário do Teatro Oficina, que completa 63 anos.

Em “Atotô – Silêncio, O Rei Está na Terra”, Exu, o mensageiro entre os dois mundos com seu gingado, convida o público a silenciar os pensamentos, em uma alusão ao significado da expressão ‘Atotô’, que significa silêncio. Os convidados são conduzidos ao grande portal da floresta sagrada, onde atabaques e xequerês buscam consonância com violinos e violoncelos e onde todos poderão acompanhar o nascimento  do grande rei negro. Ele, coberto de palhas, se faz presente na terra por meio da dança dos corpos pretos, da música e da oralidade, para mostrar, por meio de seu elenco, que a verdadeira cura vem de dentro e que a transmutação é um processo contínuo de aceitação e mudança para todas as pessoas que buscam na celebração da vida a força para resistir e transformar o luto em luta.

Foto: Rafael Berezinski

Serviço

Atotô – Silêncio, o Rei está na Terra

Local: Teatro Oficina

Endereço: Rua Jaceguai, 520- Bixiga 

Datas: 05,12,19 e 26 de Agosto, às 20h30

Duração: 90 minutos

Direção: Márcio Telles

Classificação indicativa: Livre

Ingressos: R$60 (inteira), R$ 30 (estudantes, professores de rede pública, classe artística mediante comprovação, moradores do bairro mediante comprovante de residência), R$5 (estudantes secundaristas de escola pública, imigrantes, refugiados, moradores de movimentos sociais de luta por moradia mediante comprovante)– limitados a 10% da lotação diária. Compre aqui!

Quilombo Fashion: Museu das Favelas anuncia desfile conceitual com quatro marcas pretas e periféricas

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Foto: Divulgação

O Museu das Favelas, na capital paulista, receberá um evento que contará a história de 4 marcas pretas e periféricas com um desfile conceitual e cheio de arte, com entrada gratuita, no dia 10 de agosto, a partir das 14h. O objetivo do evento é mostrar a força de marcas dentro do cenário streetwear com intervenções musicais e representações de matrizes africanas.

A Axô Megê, marca de 3 jovens pretos, Jandir, Thaís e Gustavo, que mistura o pop da cultura negra e o sagrado da diáspora africana, levará para a passarela peças que mostram desde Tupac e Malcolm X, até a visão autoral de Orixás. Já a Unidade Preta, que é uma marca que traduz a diáspora negra em sua essência, criada por Lucas Carvalho e como sócio, seu amigo de infância Kaique Augusto, conta com panos e acessórios que inspiram e comunicam a luta preta em todas as suas vertentes, ela apresentará com muito Hip Hop sua nova coleção.

Assim como a Afronthe, marca idealizada e gerida por Gabriela Bibiano, tem como missão inspirar e empoderar pessoas pretas através de sua estética cheia de referências da cultura afro. E o Ateliê Fashion LN criado por Larissa Nycoli, estará no desfile apresentando 2 collabs criadas em parceria com a Axô e a Unidade. A marca, que tem como foco representatividade negra, sustentabilidade e exclusividade, cria peças a partir da técnica de upcycling, customizações e sob medida.

Além das intervenções fashion, o evento, que terá produção de moda e stylist de Larissa Nycoli, também contará com o som da festa Salseiro que convida o DJ Moyses Pretinho para comandar as pickups. No local, os convidados poderão visitar as dependências do Museu para experienciar exposições como Favela em Fluxo, Rap em Quadrinhos, Funkeiros Cults e uma biblioteca especializada em livros de autores periféricos e de temáticas voltadas às favelas.

O Museu das Favelas está localizado no bairro Campos Elíseos, em São Paulo, ao lado do Terminal de Ônibus Princesa Isabel.

“Conectar-se com a ancestralidade é tão importante quanto conectar-se com a história”, afirma Ibi Zoboi sobre seu livro “Nigeria Jones”

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Foto: Nicole Modestin

Na mais recente obra da escritora haitiana-americana Ibi Zoboi, “Nigeria Jones”, publicada no Brasil pela editora HarperCollins, temas como feminismo, dinâmicas familiares complexas e a importância da ancestralidade são explorados com profundidade.

O livro acompanha a jornada de Nigeria Jones, uma jovem criada em um grupo separatista e antissistema, cujo mundo desmorona quando sua mãe, a matriarca do grupo, decide ir embora. Em uma entrevista exclusiva para o Mundo Negro, Ibi Zoboi revela como suas experiências pessoais influenciaram na criação de sua obra e destaca a relevância das temáticas abordadas.

“Como muitos jovens universitários, eu procurava por espaços que me ensinassem minha verdadeira história, já que não a aprendi na escola. Esses espaços se concentravam no desenvolvimento pessoal, saúde, cultura e história. Eles não eram perfeitos, mas foi aí que entendi que posso ter a liberdade de viver a vida que desejo.”, contou Zoboi.

Mundo Negro: Houve algum evento ou experiência pessoal que influenciou a criação desta história?

Ibi Zoboi: Sim, eu tenho uma experiência pessoal com espaços radicais negros. Como muitos jovens universitários, eu procurava por espaços que me ensinassem minha verdadeira história, já que não a aprendi na escola. Esses espaços se concentravam no desenvolvimento pessoal, saúde, cultura e história. Eles não eram perfeitos, mas foi aí que entendi que posso ter a liberdade de viver a vida que desejo.

MN: “Nigeria Jones” aborda temas profundos como feminismo, dinâmicas familiares e ancestralidade. Qual é a principal mensagem que você deseja transmitir aos seus leitores, especialmente aos jovens leitores negros?

Zoboi: Quero que todos os leitores entendam que é necessário remixar os valores com os quais você foi criado se eles são prejudiciais para você, mesmo que tenham sido úteis para os outros. O pai de Nigeria acredita que tem todas as respostas para ajudar os negros a serem livres, mas Nigeria não se sente livre. Ela teve que desaprender algumas coisas que seu pai lhe ensinou para descobrir o que é verdadeiro para ela. Só você sabe o que é melhor para você, mesmo que tenha uma família amorosa tentando guiá-lo na direção certa.

MN: Como você vê a importância de explorar e se conectar com a ancestralidade na busca pela libertação e identidade pessoal?

Zoboi: Conectar-se com a ancestralidade é tão importante quanto conectar-se com a história. A história não é nada sem as pessoas que a fazem. Essas pessoas também foram nossos avós e bisavós. Honrá-los é honrar a história.

Folha: A protagonista Nigeria Jones passa por uma jornada intensa de autodescoberta e transformação. Como você desenvolveu essa personagem e sua evolução ao longo da história?

MN: A história de Nigeria também é minha própria história de evolução. Eu cresci em um lar de imigrantes rigoroso. Tive que forjar meu próprio caminho para me tornar a pessoa que sou hoje. Minha mãe queria que eu vivesse o sonho americano. Mas na história de Nigeria, seu pai quer que ela evite o sonho americano. Ambas crescemos em comunidades que nos protegeram do mundo exterior. Ambas estávamos indo contra os desejos de nossos pais. Tive que recorrer às minhas próprias experiências e às experiências dos jovens que conheço para contar a história dela. Todos nós passamos por essa jornada.

MN: O livro retrata um aspecto pouco discutido da cultura afro-americana. Como você acredita que essa representação pode impactar os leitores, tanto nos EUA quanto no Brasil?

Zoboi: Existem comunidades negras em todo o mundo que abraçam sua história e cultura. Quero visitar a Bahia, onde existem tradições que conectam o povo do Brasil ao povo da Nigéria, por exemplo. Temos comunidades semelhantes nos EUA. Nem tudo foi perdido durante a escravidão. Nem tudo foi tirado de nós. Algumas pessoas estão trabalhando duro para preservar a cultura e, às vezes, elas erram. Mas vale a pena documentar para que os leitores saibam que os negros são multifacetados.

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