Família de imigrante ganense morto após passar mal no Aeroporto de Guarulhos denuncia sepultamento sem autorização

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Família de imigrante ganense morto após passar mal no Aeroporto de Guarulhos denuncia sepultamento sem autorização
Foto: Reprodução/G1

A família do imigrante ganense Evans Osei Wusu, de 39 anos, que morreu após passar mal enquanto estava retido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, denuncia que o corpo foi sepultado no Brasil sem a autorização dos parentes, que residem em Gana. O caso levanta questionamentos sobre a falta de comunicação entre as autoridades brasileiras e a família do falecido, que agora pede justiça.

Evans chegou ao aeroporto em 4 de agosto, após ser deportado do México, onde deveria realizar uma cirurgia na coluna. Segundo sua prima, Priscilla Osei Wusu, ele tentou solicitar refúgio no Brasil para obter atendimento médico, alegando que não teria condições de retornar a Gana sem o tratamento necessário. Durante seu período de retenção no terminal, Evans relatou a parentes que estava com dores intensas e não recebia o atendimento adequado.

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Mensagens enviadas por Evans a familiares nas semanas seguintes indicam que ele passou por dificuldades para ser atendido, inclusive mencionando que outros imigrantes precisaram intervir para que ele recebesse ajuda médica. No entanto, o ganense faleceu em 13 de agosto no Hospital Geral de Guarulhos, conforme aponta a certidão de óbito, que indica infecção generalizada como a causa da morte.

A família só descobriu o local do enterro dias depois, ao ser informada que Evans havia sido sepultado no Cemitério Necrópole do Campo Santo, em Guarulhos. Priscilla questiona a decisão das autoridades brasileiras de proceder com o sepultamento sem o consentimento dos parentes e sem que a Embaixada de Gana fosse notificada a tempo. “Como puderam enterrar meu primo sem nossa autorização? Para nós, isso não é algo trivial. Prestamos homenagens aos nossos mortos, é algo muito sério em nossa cultura”, afirmou Priscilla.

O caso está sendo acompanhado por Daniel Perseguim, do Fórum Internacional Fronteira Cruzadas, que tem buscado esclarecimentos junto às autoridades. Uma reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para discutir o ocorrido. A família de Evans exige respostas e responsabilização pelas circunstâncias de sua morte e pelo sepultamento realizado sem autorização.

Em resposta, a Prefeitura de Guarulhos afirmou que o município atuou apenas como contratado para realizar o sepultamento, sob solicitação do Hospital Geral de Guarulhos, e que a decisão foi tomada devido ao estado de deterioração do corpo e à falta de retorno por parte da família e da Embaixada de Gana. O Ministério da Justiça declarou que não foi informado sobre a situação do imigrante antes de sua morte e que o caso não está relacionado a novas medidas adotadas no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

A Defensoria Pública da União (DPU) acompanha o caso e avalia a responsabilização civil do Estado brasileiro e das empresas envolvidas no tratamento dispensado aos migrantes no aeroporto. A família de Evans segue buscando justiça, afirmando que não aceitará o desfecho trágico sem uma explicação adequada e as devidas reparações.

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