Depois das grandes celebridades passarem pelo tapete azul doMet Gala na noite desta segunda-feira, 5 de maio, no Metropolitan Museum of Art, a responsabilidade pelo jantar ficou nas mãos do chef Kwame Onwuachi, vencedor do James Beard Award e dono de algumas das cozinhas mais aclamadas de Nova York e Washington.
Sob uma exigente orientação da anfitriã e editora-chefe da Vogue, Anna Wintour — que proibiu o uso de alho, cebola e cebolinha no cardápio por não gostar das especiarias, Onwuachi elaborou um menu que encantou os convidados.
A rapper Megan Thee Stallion quebrou a tradicional proibição de celulares e compartilhou com seus seguidores no Instagram algumas das entradas: pão de milho coberto com caviar e rolinho de lagosta branca trufada. Ela fez um vídeo junto com a rapper Doechii e a jogadora de basquete Angel Reese avaliando as comidas que pareciam estar deliciosos.
De acordo com a Vogue, garçons circularam com bandejas de prata servindo os já famosos bolinhos de frango crocante e hambúrgueres de frango ao curry, uma reinterpretação dos bolinhos de cabra afro-caribenhos presentes nos restaurantes Tatiana (em Lincoln Center) e Dogon (em Washington, D.C.). Para a sobremesa, uma versão do “Cosmic Brownie”, o nostálgico e irresistível do Tatiana.
Recém-nomeado ao Time100 e com um novo projeto a caminho em Las Vegas, Onwuachi, nascido no Bronx, foi a escolha ideal para a noite que celebrou o tema “Superfine: Alfaiataria em Estilo Negro”, uma edição dedicada ao protagonismo da moda negra masculina. Para a ocasião, o chef apostou em um visual preto sofisticado e uma coroa cravejada de joias assinada pelo designer de moda nigeriano Ugo Mozie.
“Eu queria realmente capturar a cultura negra em todos os seus elementos. Da diáspora ao Caribe, ao sul dos Estados Unidos, até mesmo aos bairros de Nova York”, declarou Onwuachi à BET.
O jantar seguiu essa linha com pratos como salada de mamão ao molho piri piri, frango assado ao estilo crioulo com arroz e ervilhas, couve grelhada com bacon e pão de milho finalizado com manteiga de mel e curry — uma verdadeira jornada de sabores que homenageou a ancestralidade e a inovação da culinária afro-americana contemporânea.
O rapper Borges foi vítima de racismo durante uma live do influenciador Felca, realizada na segunda-feira (6). Um espectador enviou uma mensagem paga — que é destacada no chat e lida por um robô — chamando o artista de “mac*co”. O comentário criminoso foi removido, e o autor, banido do canal.
A transmissão permitia que os espectadores pagassem para ter suas mensagens exibidas em destaque. Foi nesse espaço que o insulto racista foi publicado, deixando tanto Borges quanto Felca visivelmente sem reação por alguns segundos. Pouco depois, o youtuber se pronunciou, afirmando que tomará “as medidas legais cabíveis” e garantindo o banimento permanente do autor da ofensa. O rapper não se pronunciou sobre o ocorrido em suas redes sociais.
Durante a live, Borges mencionou que não faria uma parceria musical com Luísa Sonza ao lembrar que a cantora “Já teve problema com negros”. A fala faz referência a um episódio ocorrido em 2018. Na ocasião, a cantora foi acusada de racismo após pedir água a uma mulher negra, confundindo-a com funcionária de um estabelecimento em Fernando de Noronha. O caso foi resolvido por meio de um acordo em 2023.
⚠️ Alerta de Gatilho: Este conteúdo aborda temas sensíveis e deve ser lido com cautela
O Colégio Presbiteriano Mackenzie afirmou que prestou atendimento imediato a uma aluna de 15 anos hospitalizada após ser encontrada desacordada no chão do banheiro da instituição no dia 29 de abril, mas negou ter conhecimento prévio de supostos casos de racismo, homofobia e bullying sofridos pela adolescente. A mãe da estudante, no entanto, diz que já havia alertado a escola sobre as agressões em 2024. O colégio afirmou ainda que “a aluna será ouvida assim que estiver em condições de se pronunciar no ambiente pedagógico”.
Em nota enviada ao Mundo Negro, o Mackenzie declarou que a jovem, do 9º ano, foi socorrida por um bombeiro civil e pela médica pediatra da escola, sendo encaminhada à Santa Casa em ambulância do colégio, acompanhada pela coordenação pedagógica. A instituição ressaltou que “Em respeito à aluna e à sua família, optamos por não alimentar especulações. Todo o acompanhamento está sendo conduzido com responsabilidade, cuidado e discrição, diretamente entre as partes envolvidas”, afirmando que “a orientação educacional e a psicóloga escolar, que já acompanhavam a aluna e sua família, seguem prestando suporte” .
O colégio alega que “não é possível afirmar quais foram as causas do evento” e que aguarda a recuperação da estudante para ouvi-la. Sobre as acusações de bullying, racismo e homofobia, um assessor da escola disse ao Mundo Negro que “não sabe de onde surgiu” o tema. A mãe da adolescente apresentou à reportagem um e-mail enviado à escola em agosto de 2024, no qual relatava que a filha era xingada de “lésbica preta” e “cigarro queimado” e que chorava diariamente antes das aulas.
Acompanhamento pós-ocorrência
O Mackenzie afirmou que, após o incidente, direção e coordenação acolheram a mãe presencialmente e que uma psicóloga foi enviada ao hospital no mesmo dia. A família, porém, reclama da falta de apoio para transferir a jovem – internada em uma ala psiquiátrica da Santa Casa ao lado de pacientes que estão em estado grave e em fase terminal.
Leia a nota na íntegra:
O Colégio foi surpreendido com uma aluna do 9º ano que foi encontrada precisando de auxílio no banheiro do Mackenzie. O primeiro atendimento foi realizado pelo bombeiro civil, juntamente com a médica pediatra do colégio. A aluna foi encaminhada à Santa Casa pela ambulância do próprio colégio, acompanhada pela coordenação pedagógica e pela pediatra. O contato e o apoio à família têm sido contínuos.
A orientação educacional e a psicóloga escolar, que já acompanhavam a aluna e sua família, seguem prestando suporte. A direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido, nos dias seguintes e continuam acompanhando a situação de perto.
Nos últimos dias, algumas ilações sobre o episódio têm sido divulgadas, muitas delas desprovidas de fundamento. Em respeito à aluna e à sua família, optamos por não alimentar especulações. Todo o acompanhamento está sendo conduzido com responsabilidade, cuidado e discrição, diretamente entre as partes envolvidas.
Não é possível afirmar quais foram as causas do evento. Trata-se de uma adolescente que goza de todo o respeito, dignidade e consideração por parte do Colégio, assim como todos os nossos alunos. Internamente, estamos apurando todas as informações que possam elucidar a ocorrência. A aluna será ouvida assim que estiver em condições de se pronunciar no ambiente pedagógico.
Onde buscar ajuda
Se você estiver enfrentando um momento difícil e precisar de ajuda imediata, o Centro de Valorização da Vida (CVV) está à disposição. O CVV oferece um serviço gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, disponível para qualquer pessoa que precise conversar. Para falar com um voluntário, você pode enviar um e-mail, acessar o chat pelo site ou ligar para o número 188. O atendimento é confidencial e está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Além disso, o CVV, em parceria com o UNICEF, disponibiliza um canal de escuta exclusivo para adolescentes entre 13 e 24 anos chamado “Pode Falar”. Este serviço, também anônimo, é voltado para adolescentes que precisam de acolhimento e desejam conversar sobre suas dificuldades. O atendimento pode ser feito via chat online ou WhatsApp. Para mais informações sobre horários de atendimento, consulte o site.
A internet está acusando a cantora de K-pop Lisa, do grupo BLACKPINK, de aparecer no Met Gala 2025 usando um conjunto da Louis Vuitton: meia-calça preta e um body de renda com detalhes que, segundo fãs, trazem o rosto da ativista dos direitos civis Rosa Parks (1913-2005) bordado na região íntima.
Segundo a Vogue, os retratos estampados no body da cantora tem relação direta com uma colaboração artística prévia entre a Louis Vuitton e o pintor norte-americano Henry Taylor. Os retratos foram criados por Taylor, artista conhecido por suas obras que retratam figuras marcantes da cultura negra e da história contemporânea. Esta não é a primeira vez que a Louis Vuitton, sob a direção criativa de Pharrell Williams, incorpora os trabalhos do artista em suas peças. Durante o desfile masculino primavera-verão 2024 da marca, Taylor foi convidado a bordar os mesmos retratos em ternos e acessórios, em uma coleção que celebrou a interseção entre moda e arte. Na ocasião, as estampas foram aplicadas de forma mais discreta, em paletós e bolsas.
Nas redes sociais, a possível homenagem dividiu opiniões. Enquanto alguns usuários elogiaram a suposta referência, outros criticaram a escolha de colocar uma figura histórica da luta antirracista em uma peça íntima: “Acabei de descobrir que Lisa tem Rosa Parks bordado em sua ROUPA ÍNTIMA”, escreveu um usuário no X. Outro questionou: “Por que Lisa está com Rosa Parks nas calças? Uma das mulheres históricas que lutaram contra o racismo”. A Louis Vuitton afirmou que o corpo do look foi confeccionado em tule com motivos que replicam elementos da obra de Taylor, mas não detalhou quais personalidades foram retratadas. O tema deste ano, “Superfine: Alfaiataria em Estilo Negro”, celebrou a intersecção entre tradição e inovação na moda.
Até o momento, nem a cantora nem a Louis Vuitton se pronunciaram sobre a polêmica.
Vem aí o terceiro baby Fenty! Conhecida por transformar atrasos em entradas triunfais, Rihanna surpreendeu os fãs antes mesmo de chegar ao Met Gala deste ano. Com um look de duas peças da Miu Miu, a empresária revelou ao exibir a barriga, a terceira gravidez com o seu companheiro A$AP Rocky, co-anfitrião do evento, na noite desta segunda-feira (5).
Em 2022, o casal teve seu primeiro filho, RZA. Em 2023, Rihanna anunciou a segunda gravidez, do Riot Rose, durante a sua apresentação no Super Bowl. Naquele ano, o público também viu ela desfilar no Met Gala com um deslumbrante vestido branco Valentino com capuz e flores tridimensionais. Enquanto Rocky, apostou em um paletó estruturado, gravata skinny, jeans e kilt.
A cantora e empresária já havia confirmado que gostaria de ter mais filhos. “Não sei o que Deus quer, mas eu tentaria ter mais de dois. Eu tentaria ter uma menina. Mas é claro que se for outro menino, será outro menino”, disse em entrevista à Interview em abril de 2024.
“Víamos a moda da mesma forma. Víamos a criatividade da mesma forma. Acabávamos frequentando os mesmos círculos. E, além disso, quando crescemos, acabamos apoiando as marcas, os produtos e a criatividade um do outro o tempo todo. Eu usava as roupas dele, ele aparecia nos meus lançamentos. Mas foi só no final de 2019 [que nosso relacionamento se tornou romântico]”, falou sobre a relação com o rapper.
O julgamento do magnata da música Sean “Diddy” Combs, 55, teve início nesta segunda-feira (5), em Nova York, com a seleção do júri. Entre as principais testemunhas está a cantora Cassie Ventura, 38, ex-namorada do artista, que acusa o rapper de tê-la submetido a uma década de abusos físicos, psicológicos e sexuais.
Combs também responde na Justiça por tráfico sexual e conspiração para cometer crime organizado, acusação comumente associada a casos envolvendo a máfia. Segundo a Promotoria, o produtor teria liderado uma rede criminosa que coagia vítimas a participar de orgias movidas a drogas, sob ameaças e uso de violência. Ele nega todas as acusações e sustenta que as relações foram consensuais.
Detido desde 2024, Diddy teve a liberdade sob fiança negada em diversas ocasiões. A Promotoria afirmou recentemente que ofereceu um acordo de culpa ao réu, recusado por ele. Se condenado, o artista poderá ser sentenciado à prisão perpétua.
Cassie foi a primeira a expor publicamente os abusos do ex-parceiro. Em 2023, ela entrou com uma ação civil na qual relatou ter sido estuprada por Combs em 2018 e obrigada a manter relações sexuais sob efeito de drogas e intimidação física por mais de dez anos. Embora o processo tenha sido encerrado fora dos tribunais, a expectativa é que a artista seja uma das peças-chave da acusação.
Parte das acusações contra Combs se apoia também em um vídeo de 2016, registrado por uma câmera de segurança de hotel, que mostra o rapper agredindo Cassie. O material foi parcialmente aceito como prova pelo juiz Arun Subramanian. A agressão teria ocorrido após uma das festas promovidas pelo acusado, conhecidas como freak-offs — sessões de sexo coletivo sob coação, frequentemente registradas em vídeo e envolvendo profissionais do sexo.
Além de Ventura, outras três vítimas devem depor, mas só uma delas optou por revelar a identidade. A acusação formal foi apresentada após uma operação policial nas residências de luxo de Combs em Miami e Los Angeles. As argumentações iniciais do julgamento estão previstas para começar em 12 de maio.
Nesta segunda-feira (5), às 19h, o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, nos Estados Unidos, recebe a edição 2025 do MET Gala, um dos eventos mais aguardados do calendário da moda. Com o tema “Superfine: Tailoring Black Style” (Impecável: a confecção do Estilo Negro), o baile desta noite homenageia o dandismo negro, movimento estético que une elegância e política na moda masculina negra. Ainda na manhã desta segunda, o evento revelou alguns nomes da lista de convidados, que inclui nomes como Rihanna, Janelle Monáe, Spike Lee.
Os anfitriões deste ano são o ator Colman Domingo, o piloto Lewis Hamilton, o rapper A$AP Rocky e o cantor e estilista Pharrell Williams, enquanto LeBron James assume o posto de copresidente honorário. O astro do basquete anunciou na tarde de hoje que não comparecerá ao evento após sofrer uma torção no ligamento colateral medial (LCM) na derrota dos Lakers para o Timberwolves. A curadoria da exposição vinculada ao evento no Instituto de Trajes do Met foi inspirada no livro “Escravos da Moda: Dandismo Negro e o Estilo da Identidade Negra Diaspórica” (2009), da professora e curadora Monica Miller.
Entre os confirmados para o tapete vermelho estão nomes como Rihanna, André 3000, a cantora Tyla, Janelle Monáe, Spike Lee, a ginasta Simone Biles e o marido, o jogador de futebol americano Jonathan Owens, além da estilista Grace Wales Bonner e da artista Kara Walker.
A lista ainda inclui presenças como Tonya Lewis Lee, Jeremy Pope, Sha’Carri Richardson, a escritora Chimamanda Ngozi Adichie e Olivier Rousteing, reforçando a conexão entre moda, cultura negra e influência diaspórica.
O Met Gala é conhecido por seus looks ousados e interpretações criativas dos temas propostos. Neste ano, a expectativa é que as celebridades explorem trajes que dialoguem com a sofisticação e a resistência do estilo negro histórico, desde os alfaiates do século XIX até as releituras contemporâneas.
O evento, organizado pela revista Vogue, terá cobertura ao vivo nas redes sociais e portais de moda.
Com foco na moda negra masculina neste ano, o Met Gala, tradicional baile beneficente realizado anualmente no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, arrecadou US$ 31 milhões de fundos, o maior valor em seus 77 anos de história, informou o museu nesta segunda-feira, 5 de maio. O aguardado evento que reúne grandes celebridades de Hollywood será a partir das 19h (no horário de Brasília), na noite de hoje.
Realizada sempre na primeira segunda-feira de maio, a festa marca a abertura da exposição anual do instituto de moda. Em 2025, a mostra se chama“Superfine: Tailoring Black Style”(Impecável: a confecção do Estilo Negro) com destaque ao dandismo negro. Colman Domingo, ASAP Rocky, Lewis Hamilton e Pharrell Williams compõem o grupo de anfitriões junto a presidente Anna Wintour, editora-chefe da Vogue. LeBron James atua como presidente honorário.
Com ingressos individuais a US$ 75 mil (valor triplicado na última década) e mesas que começam no valor de US$ 350 mil, o Met Gala movimenta não apenas o circuito cultural nova-iorquino, mas também o universo da moda e das celebridades. Boa parte dos convites é bancada por empresas patrocinadoras — como TikTok e Instagram — que repassam os assentos a influenciadores e artistas, numa troca estratégica por visibilidade.
Apesar da arrecadação expressiva, o evento também tem alto custo. A edição de 2023, por exemplo, levantou US$ 26 milhões, mas consumiu mais de US$ 6 milhões para ser realizada, de acordo com declarações fiscais. Entre os gastos, estavam US$ 1,3 milhão em entretenimento — naquele ano, Cynthia Erivo e Ariana Grande, estrelas do filme “Wicked”, fizeram apresentações musicais.
“Foi além do que um evento de arrecadação de fundos costuma ser. Não é necessariamente a causa pela qual todos vêm; é para fazer parte do evento”, disse Rachel Feinberg, consultora que trabalhou em galas de Nova York.
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Uma aluna de 15 anos, estudante do 9º ano do Colégio Mackenzie, em São Paulo, está internada na ala psiquiátrica de um hospital público da capital paulista após um episódio grave ocorrido dentro da escola. Segundo relatos, a adolescente foi alvo de ataques com conotação racista e homofóbica por parte de colegas, além de ter tido sua imagem exposta por meio de um vídeo feito por um aluno mais velho, do ensino médio.
O caso aconteceu na última terça-feira, 29 de abril. A estudante foi encontrada desacordada no chão do banheiro da escola por uma colega. A mãe da jovem, contou que a filha estuda na instituição desde 2024 por meio de uma bolsa filantrópica do Instituto Presbiteriano Mackenzie.
“Minha filha sofria bullying com palavras como ‘lésbica preta’, ‘cigarro queimado’”, relatou a mãe em entrevista ao Mundo Negro. Ela também mencionou que a filha foi envolvida em situações de manipulação emocional por parte de colegas, descrevendo relações que classificou como “amizades abusivas, em que ela tinha que participar de algumas ações para ser aceita”.
A adolescente encontra-se internada em uma ala destinada a casos graves, dividindo espaço com pacientes em estado terminal. Um laudo sobre seu estado clínico deve ser emitido na segunda-feira, 5 de maio. Segundo a mãe, mesmo sob medicação, a filha “está em um estado lamentável”.
A mãe relatou que uma das situações mais traumáticas envolveu a gravação de um vídeo, no qual sua filha aparece em um momento íntimo com um estudante mais velho. O episódio teria ocorrido a pedido de três colegas da própria turma da jovem. “O que a psiquiatra relatou é que minha filha está sendo ameaçada, sofreu racismo e tem uma amizade abusiva na escola, e por conta disso ela planejou o ato”, contou. Segundo ela, o vídeo teria sido registrado sem o consentimento da adolescente. Embora ninguém saiba do paradeiro da gravação, a mãe encontrou no celular da filha uma conversa com o rapaz envolvido, na qual ele afirmava que havia “acabado com a reputação dela”. “Eu não sei o que tem no vídeo, mas com certeza essa conversa a afetou profundamente”, disse.
A mãe afirma ainda que dois alunos chegaram a ameaçar sua filha em relação ao suposto vídeo, fato que foi comunicado à coordenação da escola.
Fernanda, que tem outros dois filhos mais novos também matriculados na instituição, descreve a filha como “uma menina boazinha, que sempre ajudava, mas não aguentou a pressão do colégio”. O maior medo da mãe é que sua filha seja encaminhada para o CAPS (Centros de Atenção Psicossocial).
Posicionamento do colégio
O Mundo Negro teve acesso a um e-mail enviado por Fernanda ao colégio em agosto do ano passado. Na mensagem, ela relatava que a filha era alvo de xingamentos de cunho racista e que chegava a entrar em pânico ao ir para a escola, chorando diariamente.
A mãe da menina relatou que, apesar das reiteradas tentativas de comunicar à escola situações preocupantes envolvendo sua filha, a resposta institucional foi de negação e omissão. Segundo ela, “a coordenadora responsável, que era a Lucie, falava que não acontecia isso na escola”, minimizando ou desconsiderando os relatos de bullying. Em busca de apoio psicológico, a mãe procurou ajuda no campus universitário onde a escola está localizada, mas foi informada de que “não tinha acesso” ao serviço. Além disso, mencionou que participou de reuniões presenciais nas quais teve que assinar documentos, afirmando: “eu vou assinar termos quando eu ia nessas reuniões presenciais, sobre essas reclamações”, sem que, no entanto, medidas concretas fossem tomadas para proteger sua filha. Esse cenário gerou um profundo sentimento de impotência e culpa por parte da mãe, que, por algum tempo, chegou a duvidar do relato da filha diante da ausência de acolhimento por parte da instituição.
Após a internação da filha, ela relata que o Colégio Mackenzie enviou uma psicóloga à unidade hospitalar no mesmo dia do ocorrido, seguida pela chegada do coordenador pedagógico. Segundo ela, a escola demonstrou desconhecimento sobre a gravidade do que vinha acontecendo com a aluna. “Ele falou que não estava sabendo de nada. Mas eu mandei e-mail no ano passado contando que minha filha estava sofrendo racismo e quase repetiu o ano por causa disso”, afirma. A mãe conta que, durante uma conversa com a psiquiatra da filha, na presença do coordenador, foram apresentados prints de conversas e detalhados episódios de ameaças, discriminação e pressão por parte de colegas. No dia seguinte, a escola retornou com um pastor para orar pela estudante, dizendo que “tudo ficaria bem”, mas, segundo Fernanda, nenhuma medida concreta foi tomada desde então. “Na quinta-feira, eu pedi ajuda para conseguir um hospital mais adequado, e até hoje não me responderam. Deixaram a gente na Santa Casa, e agora querem transferi-la para o CAPS. Nada contra, mas foi dentro do colégio que tudo aconteceu, então eles têm responsabilidade. Minha filha precisa de tratamento digno”, desabafa.
O Mundo Negro entrou em contato com a assessoria de imprensa do Colégio que afirmou que durante o episódio, ela foi socorrida pela equipe da escola. Segundo o assessor, um relacionamento entre a garota e um colega do ensino médio foi publicizado, o que a levou ao ato. “Não sei de onde surgiu o negócio de homofobia e racismo”, afirmou. A escola também afirma que deve se posicionar após conversar com a garota, o que ainda não tem data determinada, considerando que a adolescente está hospitalizada.
Ajuda financeira
A mãe da adolescente trabalha na área de educação e cultura, e por conta da saúde da filha está afastada das atividades profissionais por tempo indeterminado. A mulher, que é mãe solo de 3 crianças.
Onde buscar ajuda
Se você estiver enfrentando um momento difícil e precisar de ajuda imediata, o Centro de Valorização da Vida (CVV) está à disposição. O CVV oferece um serviço gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, disponível para qualquer pessoa que precise conversar. Para falar com um voluntário, você pode enviar um e-mail, acessar o chat pelo site ou ligar para o número 188. O atendimento é confidencial e está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Além disso, o CVV, em parceria com o UNICEF, disponibiliza um canal de escuta exclusivo para adolescentes entre 13 e 24 anos chamado “Pode Falar”. Este serviço, também anônimo, é voltado para adolescentes que precisam de acolhimento e desejam conversar sobre suas dificuldades. O atendimento pode ser feito via chat online ou WhatsApp. Para mais informações sobre horários de atendimento, consulte o site.
Nota do Colégio Presbiteriano Mackenzie
O Colégio foi surpreendido com uma aluna do 9º ano que foi encontrada precisando de auxílio no banheiro do Mackenzie. O primeiro atendimento foi realizado pelo bombeiro civil, juntamente com a médica pediatra do colégio. A aluna foi encaminhada à Santa Casa pela ambulância do próprio colégio, acompanhada pela coordenação pedagógica e pela pediatra. O contato e o apoio à família têm sido contínuos.
A orientação educacional e a psicóloga escolar, que já acompanhavam a aluna e sua família, seguem prestando suporte. A direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido, nos dias seguintes e continuam acompanhando a situação de perto.
Nos últimos dias, algumas ilações sobre o episódio têm sido divulgadas, muitas delas desprovidas de fundamento. Em respeito à aluna e à sua família, optamos por não alimentar especulações. Todo o acompanhamento está sendo conduzido com responsabilidade, cuidado e discrição, diretamente entre as partes envolvidas.
Não é possível afirmar quais foram as causas do evento. Trata-se de uma adolescente que goza de todo o respeito, dignidade e consideração por parte do Colégio, assim como todos os nossos alunos. Internamente, estamos apurando todas as informações que possam elucidar a ocorrência. A aluna será ouvida assim que estiver em condições de se pronunciar no ambiente pedagógico.
O Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços) tornou-se palco de um caso que reacendeu a discussão sobre o significado da literatura marginal. Durante uma mesa que dividia com o escritor Wesley Barbosa no dia 29 de maio, a escritora Camila Panizzi Luz fez declarações que associaram o movimento à criminalidade, gerando reações e levando à sua retirada do evento. O caso expôs a necessidade de se compreender essa produção literária que emerge das periferias como forma de resistência e expressão cultural.
A literatura marginal, também chamada de periférica, surgiu na década de 1970 como uma resposta ao apagamento das vozes das comunidades marginalizadas. Diferentemente do que sugeriu Camila em sua fala – “Nunca fui presa, mas agora sou da sociedade” -, tratam-se de obras que retratam as vivências das periferias urbanas, muitas vezes através de publicações independentes e distribuição alternativa em saraus e eventos comunitários. “Para mim, é mais do que um movimento. É uma forma de dizer: “nós também estamos aqui”. Ela nasce das brechas onde ninguém quis olhar, das vielas, dos quilombos urbanos, das aldeias que resistem cercadas por muros e silêncios. É uma escrita feita com a alma exposta, com o corpo presente, com as dores e delícias de quem vive à margem — mas nunca calado. Essa literatura importa porque ela rompe o apagamento”, destaca o escritor e diretor Rodrigo França para o Mundo Negro.
Rodrigo França – Foto: Reprodução/TV Brasil
O escritor Ale Santos, autor de “Rastros de Resistência”, explicou em entrevista o equívoco da associação com criminalidade: “É, sem dúvida nenhuma, uma extravagante ignorância do significado da palavra marginal que é estar à margem de algo, afastado ou socialmente desprezado. O sentido que ela aplicou é o sentido racial, porque historicamente no nosso país, as populações marginais são negras e foi construído esse olhar enviesado pelo racismo de que essa marginalidade que deveria ser acolhida, é conectada ao crime”.
Ale Santos – Imagem: Divulgação
Obras e autores de literatura marginal
À pedido do Mundo Negro, Rodrigo França e Ale Santos indicaram autores fundamentais para compreender a diversidade da literatura marginal, com ênfase em vozes indígenas, negras e periféricas. França destaca obras como Metade Cara, Metade Máscara (Eliane Potiguara), Poemas da Recordação e Outros Movimentos (Cuti) e Negra Nua Crua (Mel Duarte), Outros Contos Indígenas (Daniel Munduruku), Luanda, Lisboa, Paraíso (Djaimilia Pereira de Almeida), Eu sou Macuxi (Julie Dorrico) e Um Exu em Nova York (Cidinha da Silva), que abordam resistência, identidade e ancestralidade. Já Ale Santos menciona autores que estão despontando no cenário literário, como Thiago PHZ, um dos vencedores do Prêmio Conceição Evaristo de afrofuturismo pela Fundação Palmares, Sandra Menezes, que foi finalista do Prêmio Jabuti e Preto Michel, que trabalha com a literatura periférica nas baixadas de Belém do Pará.
Camila participava do painel “Raízes e Asas: Literatura e Artes Sem Fronteiras – O Encontro de Mãe e Filha na Terra Natal” ao lado de sua mãe, Ivana Panizzi, quando convidou o autor Wesley Barbosa, que acabara de conhecer, para se juntar à mesa e apresentar seu livro Viela Ensanguentada – ele, que é de Itapecerica da Serra e integra o Coletivo Neomarginais (com estande próximo ao palco), estava no festival para divulgar sua obra. Durante a fala de Wesley, Camila questionou: “Como que faz para ser uma neomarginal?”, ao que ele respondeu: “Ah, basta você ser você mesma”; ela então perguntou: “Ai, vocês querem ser minha editora ou gráfica?”, e Wesley disse: “Vamos conversar”, Camila então continua: “Vamos, por favor! Eu quero ser uma neomarginal, gente. Olha que tudo! Camila Luz, neomarginal. Nunca fui presa, mas agora sou da sociedade, né?”.
O trecho da conversa viralizou nas redes sociais e gerou críticas não só aos comentários, como também à postura de Camila durante a conversa. É possível notar o desconforto de Wesley durante os questionamentos da outra autora. Em suas redes sociais, Wesley compartilhou o vídeo do evento e escreveu na legenda a frase “Também nunca fui preso!”, em resposta à fala de Camila. Em outra publicação, ele destacou: “Não queria fiar conhecido por ter sofrido racismo e sim por meus livros.
A produção de Camila emitiu nota afirmando que houve “uma fala infeliz” que pode ter sido “mal interpretada”, mas que a escritora “tem consciência de seus privilégios”.
O caso no Flipoços revela os desafios que persistem para a literatura marginal, desde a dificuldade de acesso ao mercado editorial até o combate a estereótipos. O episódio termina por destacar justamente o que o movimento sempre defendeu – a necessidade de ampliar as vozes que contam as muitas histórias do Brasil: “É o elitismo, principalmente no circuito tradicional (feiras, bienais), as pessoas que ocupam esse espaço seguem padrões que às vezes são distantes dos autores marginais, vem da academia ou são nepobabys literários de famílias de autores tradicionais”, destacou Ale Santos. “Não apenas quem está nos palcos, mas os curadores, quem escolhe os participantes e criam essa dissonância de colocar autores negros ao lado de pessoas completamente ignorante sobre nossos trabalhos”.