‘Cinco Tipos de Medo’, filme estrelado por Bella Campos e Xamã, está entre um dos grandes destaques na programação do 53º Festival de Cinema de Gramado e estreia no evento nesta quinta-feira (21). O longa dirigido por Bruno Bini é o primeiro longa-metragem do Mato Grosso a competir na mostra.
Na trama, Bella interpreta Marlene, enfermeira que vive um relacionamento abusivo com o traficante Sapinho (Xamã). Embora envolvido no crime, ele é visto pela comunidade como responsável pela segurança do bairro. A vida da personagem se complica ainda mais quando ela se apaixona por Murilo (João Vitor Silva) e teme por grandes consequências.
O enredo é inspirado em um episódio ocorrido no Jardim Novo Colorado, em Cuiabá, quando moradores se mobilizaram para pagar a fiança de um líder do tráfico, temendo que sua ausência ocasionasse na violência de facções rivais.
De volta à sua terra natal para gravar o longa e no ar atualmente em ‘Vale Tudo’, Bella Campos destacou o significado pessoal do trabalho em entrevista ao gshow: “Receber esse convite foi um presente. Estou vivendo um processo profundo de reencontro, inclusive com meu sotaque. Marlene é uma mulher brasileira em essência: resiliente, determinada e cheia de camadas.”
Para Xamã, a estreia no cinema também carrega uma mensagem de impacto social: “Quero dar humanidade ao personagem. A gente sabe que muitas vezes a criminalidade nasce da falta de opção, e o cinema é uma dessas opções. Fazer parte desse filme é também falar sobre caminhos possíveis”.
O tapete vermelho no Festival de Gramado se abre às 16h40 para a equipe do filme ‘Cinco Tipos de Medo’, e a exibição será às 18h.
As crianças negras precisam da nossa atenção. A escola deveria ser um espaço seguro para todas, mas os dados mostram o contrário. Entre janeiro de 2024 e julho de 2025, as escolas estaduais de São Paulo registraram4.554 casos de injúria racial — uma média de oito por dia.Os números fazem parte de um levantamento da Seduc-SP, publicado pelo Metrópoles a partir de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI). A maior parte das ocorrências aconteceu no interior (55,9%), seguida da capital (24,3%), região metropolitana (18%) e litoral (1,8%). Especialistas, no entanto, alertam para a subnotificação: a realidade pode ser ainda mais grave.
Esses números apenas confirmam o que muitas famílias negras já sabem. O racismo não espera a vida adulta para se manifestar. Ele atravessa a infância, se mostra no recreio, nas salas de aula, nos grupos de WhatsApp e, muitas vezes, até nas relações com professores. E sabemos que esse cenário não é exclusivo de São Paulo. Ele se repete em todo o país.
Falo também da minha experiência. Quando criança, ouvi “piadas” sobre meu cabelo. Minha mãe, sem letramento racial, tentava me proteger. Penteava meus cachos com escova até alisar a frente e prendia em rabo de cavalo. Eu nunca ia para a escola de cabelo solto. Era a forma dela de evitar as micro — que na verdade são macroviolências — do cotidiano escolar.
O jurista Adilson Moreira chama isso de racismo recreativo: quando o preconceito vem disfarçado de brincadeira, piada ou comentário “inofensivo”. Ele o define como um tipo de “racismo sem racistas”, porque quem pratica raramente reconhece a violência que causa. Mas, na prática, essas atitudes sustentam desigualdades, reforçam estereótipos e questionam a capacidade de pessoas negras ocuparem espaços de destaque. E Moreira lembra: essas ofensas não atingem só a vítima direta. Elas ferem a coletividade. Ser ridicularizado pela cor da pele não marca apenas uma criança — marca todo um grupo.
A escola, para minha geração, foi uma conquista. A Constituição democrática garantiu o acesso à educação pública, fruto da luta dos movimentos sociais. Esse espaço deveria significar aprendizado, convivência e desenvolvimento social. Mas para muitas crianças negras, ainda é também um lugar de violência e exclusão.
O movimento negro sempre da importância da escolarização. É por isso que lutamos, há décadas, para reduzir as desigualdades raciais na educação. Conquistas como a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, e a matrícula obrigatória a artir dos quatro anos de idade são vitórias importantes. Mas sabemos: direito na lei não é sinônimo de justiça no cotidiano.
É doloroso reconhecer que o lugar que deveria proteger e formar também pode ferir. Cada ocorrência de racismo escolar deixa uma cicatriz profunda, que atinge a criança e a comunidade ao seu redor. Por isso, quando falamos em educação antirracista, não estamos tratando de um “tema extra” no currículo. Estamos falando de transformar a escola em um espaço que ensina, protege e valoriza todas as infâncias e adolescências.
O Brasil foi escolhido como palco para a chegada da Fenty Beauty Coffee Party, experiência gratuita que desembarca em São Paulo (30/08) e Salvador (06/09). A iniciativa faz parte de um movimento que tem ganhado força em várias partes do mundo: trocar as festas da madrugada por encontros diurnos, em torno do café, da música e de conexões reais.
As Coffee Parties surgem como resposta a um desejo coletivo de escapar do chamado “brain rot” — esse consumo excessivo de telas e conteúdos rasos — e recuperar espaços de troca, convivência e celebração cultural. E ninguém melhor do que a marca criada por Rihanna para traduzir esse espírito em uma experiência que une beleza, diversidade e lifestyle.
Durante as edições no Brasil, o público poderá viver uma imersão no universo Fenty Beauty: música, cafés especiais, interatividade e a experiência do Shade Matching, no qual profissionais ajudam cada pessoa a encontrar o tom ideal da base da marca — reconhecida justamente pela diversidade de cores disponíveis.
A Coffee Party reforça o compromisso da Fenty com a pluralidade e a inclusão, ao mesmo tempo em que insere o Brasil no circuito global do evento, que ainda terá edições no México, Caribe e outros países.
Fenty Beauty Coffee Party
São Paulo
Data: 30 de agosto, das 10h às 18h
Local: Lote Pinheiros — Rua Padre João Gonçalves, 80
Entrada: gratuita, com reserva online ou ordem de chegada
No próximo sábado, 23 de agosto, o Rio de Janeiro será tomado pela força ancestral das Matriarcas do Samba, em um show inédito que homenageia os 90 anos de nascimento de Candeia, um dos maiores compositores do samba e da música popular brasileira, às 19h30, no palco do Teatro Rival Petrobras.
Nascido em 17 de agosto de 1935, em Oswaldo Cruz, Candeia teve uma trajetória marcada pela genialidade e pelo compromisso com a cultura negra e popular, deixando um legado de mais de 150 composições, entre elas clássicos como “Preciso me encontrar”, “O mar serenou”, “Dia de graça” e “Filosofia do samba”.
A homenagem tem um valor ainda mais especial porque reúne herdeiras diretas dessa memória: o trio vocal é formado por Selma Candeia, filha do compositor, ao lado de Vera de Jesus, neta de Clementina de Jesus, e Nilcemar Nogueira, neta de Cartola.
Foto: Museu da Imagem e do Som/Divulgação
O espetáculo, intitulado “Matriarcas do Samba cantam Candeia 90 Anos”, contará ainda com participações especiais de Tia Surica, baluarte da Portela, da cantora Dorina, do cantor e compositor Leo Russo e do ator Ailton Graça, presidente da escola de samba Lavapés Pirata Negro (SP), que em 2026 levará para a avenida um enredo em celebração aos 90 anos de Candeia.
Além dos sucessos do próprio homenageado, o público também poderá reviver composições eternizadas por Clementina de Jesus e Cartola, como “Marinheiro só”, “Na hora da sede”, “O mundo é um moinho” e “O sol nascerá”, artistas que dividiram rodas de samba com Candeia em vida.
Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla, com valores entre R$ 50 e R$ 120.
Serviço Show“Matriarcas do Sambacantam Candeia 90 Anos” Local: Teatro Rival Petrobras (Rua Álvaro Alvim, 33 – Cinelândia, Rio de Janeiro) Quando: 23 de agosto (sábado), às 19h30 Ingresso: entre R$ 50 e R$ 120 Vendas Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/108212/d/327397 Duração: 90 min Classificação indicativa: Livre
Já tem algum tempo que o que aparece para mim sobre a novela Vale Tudo nas redes sociais tem me incomodado. E me incomoda mais ainda como algumas pessoas passaram a achar que racismo pode ser visto como entretenimento.
Quando alerto alguém sobre como é problemática a fala da personagem Odete Roitman para o aprendizado e consolidação de uma cultura racista em nosso país, ouço como resposta “mas está mostrando a realidade, muitas pessoas falam isso”. O problema é que, assim como na dramaturgia, na vida real muitas pessoas são racistas, nada é feito e o racismo continua se cristalizando.
Ou você acha que um chafalhão e um tapa na cara são respostas à altura para uma violência racista?
Já vi comentários inclusive condenando a atitude das mulheres negras que revidaram à violência racista, como se alguém fosse capaz de ter controle diante de uma violência sofrida. Mas das mulheres negras até isso é exigido.
Para mim, essas cenas explícitas de racismo ensinam racismo e não denunciam o racismo. E as consequências sofridas pela agressora deseducam mais ainda, ao passo que consideram “bem feito” somente um tapa na cara contra alguém que cometeu um crime.
Por causa dessas narrativas, muitas pessoas negras, ao sofrerem racismo, silenciam e naturalizam essa violência!
Por causa dessas narrativas, algumas pessoas se acham no direito de serem racistas, já que na novela essa violência é transmitida às claras e até com ar de deboche.
Querem denunciar o racismo na dramaturgia? Façam da forma correta, criem narrativas em que o racismo é duramente criminalizado, em que os racistas respondem judicialmente pelo crime cometido e são punidos por isso.
Continuar mostrando o racismo no horário nobre como entretenimento só fortalece práticas racistas e deseduca. Estou errada? Me fala nos comentários.
No Senegal, uma experiência comunitária tem mostrado que a mudança no comportamento dos homens pode salvar vidas. Trata-se da Escola para Maridos, um programa criado para ensinar a chamada “masculinidade positiva”, conceito que estimula o respeito aos direitos das mulheres, a divisão das tarefas domésticas e o cuidado com a saúde familiar.
Atualmente, o Senegal conta com mais de 20 escolas e cerca de 300 homens participantes, todos escolhidos por serem figuras respeitadas em suas comunidades. Entre eles estão líderes religiosos, ex-combatentes e maridos que se tornaram referência de comportamento. Esses homens passam por formações e depois atuam como multiplicadores, levando a mensagem da igualdade de gênero para outros homens e famílias.
Um dos nomes mais atuantes é o do imã Ibrahima Diane, que usa seus sermões de sexta-feira para falar sobre violência de gênero, HIV, partos hospitalares e direitos reprodutivos. A iniciativa tem mostrado resultados concretos: cada vez mais homens acompanham as mulheres nas consultas médicas, apoiam partos seguros e compartilham responsabilidades no lar.
Apesar dos avanços, os desafios ainda são grandes. O Senegal registra uma taxa de 237 mortes maternas a cada 100 mil nascimentos e 21 mortes neonatais por mil nascidos vivos, números ainda distantes das metas estabelecidas pela ONU para 2030. Nesse cenário, o engajamento masculino é visto como um aliado fundamental para a melhoria da saúde pública e a proteção das mulheres.
O sucesso do programa já inspira outros países da região. Níger e Togo começaram a implementar suas próprias versões da Escola para Maridos, demonstrando que o modelo pode ser replicado como estratégia de combate à violência de gênero e ao estigma que ainda afeta as mulheres em grande parte da África Ocidental.
Mais do que uma política pública, a iniciativa reforça uma lição importante: educar homens é também cuidar das mulheres.
A tentativa de proibição do açaí, tucupi, maniçoba, e sucos de fruta in natura, nos espaços dos eventos da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025), que será realizado em Belém (PA), continua repercutindo negativamente nas redes sociais. Para Bruna Crioula, nutricionista, pesquisadora e comunicadora alimentar, “o que nos afasta da comida de verdade é a colonização.”
Após críticas, a organização da COP30 recuou e alterou o edital de contratação dos restaurantes oficiais do evento, que acontece em novembro. A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), responsável pelo documento, publicou uma errata após pressão do governo federal, após “análise técnica”, e garantiu a inclusão de alimentos tradicionais da culinária paraense, como o açaí e o tucupi.
“O que foi chamada de postura culturalmente preconceituosa eu chamo de racismo alimentar. Justiça climática não existe sem equidade racial e o respeito as culturas alimentares originárias de um povo é central nessa discussão. É assim que organizações multilaterais/internacionais – chamem do que quiserem -, compreende que a vida tem que ser: pasteurizada pela indústria de alimentos, pelo agronegócio e grandes corporações que são os principais negociadores que tem sentado nessas mesas de negociação”, escreveu Bruna Crioula nas redes sociais, em repúdio ao racismo alimentar.
“Vitrine lobista como bem falou Tainá Marajoara (@iacitata_ ), pensadora e cozinheira indígena que nutro profunda admiração. A COP30 com suas polêmicas e incongruências passará. O que sempre existiu antes dela e seguirá resistindo para além é a cultura alimentar amazônica que é indígena, ribeirinha, quilombola e contracolonial”, destacou.
Agora, o novo edital ainda determina que pelo menos 30% dos insumos adquiridos venham da agricultura familiar e prioriza empreendimentos coletivos e sustentáveis, como cooperativas, associações, grupos quilombolas, povos indígenas, mulheres rurais e comunidades tradicionais da região.
Entenda o caso
A polêmica começou quando a versão inicial do edital listou alimentos e bebidas considerados de “alto risco de contaminação” e, por isso, proibidos no evento – entre eles, o açaí, o tucupi, sucos de fruta in natura e a maniçoba. A medida foi vista como um desrespeito direto à cultura paraense e gerou revolta na web, especialmente entre chefs e representantes da gastronomia local, o que fez a organização da COP30 voltar a atrás.
Em nota, a organização disse que as recomendações do edital valem apenas para os espaços oficiais da conferência, não se estendendo a outros pontos de Belém ou do Pará. Segundo o documento, a definição do cardápio é responsabilidade da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), que segue critérios da Vigilância Sanitária nacional e local, incluindo orientações sobre produtos alimentícios.
Os menus apresentados poderão passar por ajustes para atender às exigências do edital, como diversidade de alimentos e segurança dos participantes. Nesta terça-feira (19), será realizada uma audiência pública para ouvir os candidatos à operação da alimentação da COP30.
Para encerrar a publicação nas redes sociais em crítica à organização da COP30, Bruna Crioula relembrou uma frase do Nêgo Bispo: “Mesmo que queimem os símbolos, Não queimarão os significados. Mesmo queimando o nosso povo, Não queimarão a ancestralidade.”
No dia 21 de agosto, o documentário belga “Trilha sonora para um golpe de Estado”, indicado ao Oscar 2025, será exibido em sessão gratuita, às 19h, no MIS (Museu de Imagem e Som), em São Paulo. O filme combina jazz, política e lutas por independência em um relato impactante sobre o assassinato de Patrice Lumumba e a história do Congo. Em parceria com a Pandora Filmes, os ingressos gratuitos devem ser retirados na bilheteria da instituição com uma hora de antecedência.
Com depoimentos e apresentações de nomes como Malcolm X, Louis Armstrong, Nina Simone, John Coltrane, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Abbey Lincoln e Max Roach, o filme revela a violência do processo de colonização do Congo Belga e acompanha a luta do país por independência. Após a sessão, haverá debate com a professora de Relações Internacionais Natalia Noschese Fingermann.
Foto: Divulgação
Dirigido por Johan Grimonprez, o documentário reconstitui os últimos meses antes do assassinato de Patrice Lumumba, primeiro presidente democraticamente eleito do Congo, em 1961. Entre os eventos retratados, está a invasão do Conselho de Segurança da ONU pelos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, em protesto, enquanto Louis Armstrong é enviado para o país como uma cortina de fumaça dos planos norte-americanos de depor Patrice. A partir desse episódio, Grimonprez expõe as conexões entre imperialismo, capitalismo e jazz, contextualizando as tensões políticas internacionais da época.
Marcado pela Guerra Fria, pelos movimentos pan-africanistas, pelas mudanças na ONU e pelas lutas por direitos civis nos EUA, o século 20 é apresentado como cenário de revoluções e disputas de poder que moldaram o mundo moderno.
Além da indicação ao Oscar, o aclamado documentário acumula 35 indicações em festivais e premiações, incluindo o European Film Awards e o Sundance Film Festival. No Rotten Tomatoes, o filme mantém 97% de aprovação da crítica e do público.
Foto: Divulgação
Serviço | Doc.MIS – “Trilha sonora para um golpe de Estado”
Data: 21/08, às 19h
Local: Auditório LABMIS – Avenida Europa, 158, Jd. Europa, São Paulo
Ingresso: gratuito (retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do MIS)
Quase cinco décadas após o lançamento de ‘A Voz, o Violão, a Música de Djavan’ (1976), o cantor Djavan anunciou nas redes sociais que está finalizando no estúdio o seu 26º álbum de inéditas. Intitulado ‘Improviso’, o disco terá 12 faixas e chega às plataformas digitais no dia 13 de novembro.
O músico alagoano, ícone da música brasileira, ainda anunciou que haverá uma turnê especial para celebrar os 50 anos de carreira, para a alegria dos fãs que acompanham sua obra ao longo de gerações.
Mais informações sobre o projeto e datas da turnê devem ser divulgadas em breve, mas já deixou os seguidores animados com as novidades.
“Eu ouvi TURNÊ??? 😍😍😍😍 Ja tô com a roupa de ir!”, escreveu uma fã na publicação feita no Instagram do Djavan. “Queremos show em Angola”, disse outro seguidor com expectativas para shows internacionais.
Mãe e filha, que juntas somavam mais de 12 milhões de seguidores nas redes sociais na época do inquérito, foram responsabilizadas por entregar uma banana e um macaco de pelúcia a duas crianças negras, em tom de deboche, durante um vídeo publicado em 2023, em São Gonçalo (RJ).
Além da prisão, a sentença determinou que ambas paguem indenização de R$ 20 mil para cada vítima, valor corrigido monetariamente.
As duas ainda poderão recorrer em liberdade, mas estão proibidas de publicar conteúdos semelhantes nas redes sociais ou de manter contato com as vítimas. Após o trânsito em julgado, serão expedidos mandados de prisão e cartas de sentença.
Racismo recreativo contra crianças negras
Na decisão, a juíza Simone de Faria Ferraz, da 1ª Vara Criminal de São Gonçalo, destacou que os presentes oferecidos — banana e macaco de pelúcia — são símbolos historicamente associados a estereótipos racistas. Ela apontou que o episódio configurou “racismo recreativo”, previsto na Lei 7.716/1989, agravado pelo fato de ter sido cometido em contexto de entretenimento e por mais de uma pessoa.
A juíza ressaltou que as influenciadoras “animalizaram” as crianças e “monetizaram a dor”. Os vídeos tiveram consequências graves para as crianças que passaram a sofrer bullying e isolamento social. O menino de 10 anos, chamado de “macaco” na escola, desistiu do sonho de ser jogador de futebol. Já a menina de 9 anos passou a brincar sozinha e precisou de acompanhamento psicológico.
Defesa das famílias
Para os advogados Marcos Moraes, Felipe Braga, Flávio Biolchini e Alexandre Dumans, do Escritório Modelo Nilo Batista (SACERJ), responsáveis pela defesa das famílias, a condenação representa um marco. “A sentença projeta-se para além do caso concreto: ela afirma que a infância negra não pode ser objeto de humilhação recreativa e que o racismo estrutural deve encontrar resistência efetiva no judiciário”.
O comunicado ainda reforça que a decisão transforma “a memória histórica de impunidade em compromisso real com a igualdade e a dignidade humanas”.
Já o advogado Mário Jorge dos Santos Tavares, que representa Nancy e Kerollen, declarou ao g1 que respeita a decisão da Justiça, mas discorda do resultado. Segundo ele, as rés “as rés sempre colaboraram com o processo e confiam que a Justiça reconhecerá sua inocência. Por isso, será interposto recurso ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, visando a reforma da condenação”.
A defesa já anunciou que irá recorrer ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.