O relacionamento de mais de dois anos entre a atriz Halle Bailey, protagonista da versão live-action de A Pequena Sereia, e o rapper DDG chegou ao fim. O anúncio foi feito pelo próprio DDG por meio de suas redes sociais, onde ele compartilhou um comunicado explicando a decisão do casal de seguir caminhos separados.
“Depois de muita reflexão e conversas sinceras, Halle e eu decidimos seguir caminhos separados. Esta decisão não foi fácil, mas acreditamos que é o melhor caminho para nós dois. Aprecio o tempo que passamos juntos e o amor que compartilhamos. Apesar da mudança em nosso relacionamento, nosso amor um pelo outro permanece profundo e verdadeiro”, escreveu o rapper.
Ele também destacou que a amizade entre os dois, que são pais de um bebê de 10 meses, permanece inabalada, apesar da separação. “Ainda somos melhores amigos e nos adoramos. Ao nos concentrarmos em nossas jornadas individuais e em nossos papéis como pais, valorizamos o vínculo que construímos e os belos momentos que compartilhamos. À medida que navegamos nesta transição, pedimos a sua compreensão e apoio”, concluiu DDG.
O casal deu as boas-vindas ao primeiro filho, Halo, em dezembro de 2023, e ambos parecem determinados a manter uma boa relação por conta da paternidade compartilhada.
A relação de Halle e DDG foi marcada por polêmicas, especialmente após o lançamento da música Famous, do rapper, em que ele expressou incômodo com a fama da então namorada. Na canção, DDG chegou a usar termos depreciativos ao referir-se a Halle, o que gerou uma enxurrada de críticas por parte dos fãs da atriz. Em um dos versos, ele disse: “A coisa mais difícil que eu fiz foi me apaixonar por uma vadia”, em uma aparente referência à fama da atriz. Além disso, ele se mostrou desconfortável com cenas de beijo de Halle em filmes, o que alimentou ainda mais as críticas de admiradores da atriz.
O cantor Péricles dá continuidade, pelo terceiro ano consecutivo, ao seu projeto voltado ao público infantil, e apresenta uma grande novidade para o Dia das Crianças deste ano. Em colaboração com Thiaguinho e o fenômeno da animação infantil Mundo Bita, a inédita canção “O Que é, O Que é o Amor?” chega às plataformas de streaming no dia 4 de outubro. O clipe oficial da faixa será lançado no YouTube simultaneamente nos canais de Péricles, Thiaguinho e Mundo Bita no dia 11 de outubro.
Péricles revelou que a motivação por trás do projeto está ligada à sua filha, Maria Helena. “Desde que minha filha nasceu, tenho lançado músicas voltadas para o universo infantil todo mês de outubro. O principal objetivo é construir boas memórias durante a infância, e a música tem essa magia. Não sei se o projeto continuará quando ela crescer, mas o importante é aproveitar esses momentos especiais com ela”, disse o cantor.
A parceria com o Mundo Bita, conhecido por suas animações com mais de 18 bilhões de visualizações e 13 milhões de inscritos no YouTube, nasceu após a participação de Péricles na temporada do projeto Rádio Bita Especial Samba. Chaps, criador do Mundo Bita, celebrou a continuidade da parceria. “Fazer música para criança é uma grande responsabilidade, e o Pericão é uma referência de pessoa boa. Nossa primeira canção foi um sucesso, e resolvemos continuar a parceria, agora com o Thiaguinho”, afirmou Chaps.
Além de Péricles e Thiaguinho, a música ganha destaque com a participação de um novo personagem animado: Maria Helena, filha do cantor. No clipe, Péricles e Thiaguinho entram no mundo lúdico do Bita para descobrir, com a ajuda das crianças, o verdadeiro significado do amor.
Thiaguinho também comemorou a nova colaboração: “Cantar com o Pericão é sempre uma honra. Fazer música para crianças é uma alegria, porque elas são puras, e quando a mensagem chega a elas, sabemos que estamos no caminho certo”, disse o cantor, que relembrou a forte conexão que ambos sempre tiveram com o público infantil desde a época do grupo Exaltasamba.
A Prefeitura de São Paulo abriu inscrições para afro empreendedores interessados em participar, gratuitamente, da IV Expo Internacional Dia da Consciência Negra 2024. Com 60 vagas disponíveis, o evento acontece de 22 a 24 de novembro no Pavilhão de Exposições do Anhembi e tem como objetivo promover a inclusão econômica da população negra e fortalecer o afro empreendedorismo em setores como artesanato, beleza, moda e tecnologia.
Composta por especialistas, a curadoria do evento será responsável por selecionar os expositores com base em critérios como técnica, criatividade e identidade dos produtos ou serviços oferecidos. Para se candidatar, os interessados precisam ser afrodescendentes, ter um CNPJ ativo em seu nome, estar cadastrados no Programa São Paulo Afroempreendedore fornecer fotos dos produtos que pretendem vender, além de oferecer opções de pagamento como cartão e Pix. As inscrições vão até o dia 30 de outubro e são feitas através de um formulário do Google.
Para muitos empreendedores negros, a Expo representa uma oportunidade única de conquistar visibilidade em um mercado ainda desigual. Ao abrir esse espaço, a Prefeitura busca assegurar que afro empreendedores tenham mais igualdade de oportunidades, oferecendo uma plataforma para que seus negócios possam crescer e se consolidar. Além disso, o evento também visa incentivar a economia solidária, promovendo o consumo consciente e colaborativo.
A Expo Consciência Negra se consolidou como uma das maiores vitrines do afro empreendedorismo no Brasil. Mais do que uma feira de negócios, o evento é uma celebração da cultura negra e um importante passo para garantir que os empreendedores negros tenham o reconhecimento e as oportunidades que merecem.
Nem Rihanna está sendo poupada sobre as inconvenientes perguntas a respeito de Diddy feitas a pessoas que não foram citadas nos processos até onde foi noticiado. Na última quarta-feira, 2, Rihanna foi abordada por um paparazzo ao sair de uma festa e respondeu com seu habitual humor afiado quando questionada sobre as festas do rapper e produtor Sean ‘Diddy’ Combs. O paparazzo perguntou à cantora se ela já havia participado de alguma dessas festas, e, diante do silêncio de Rihanna, ele insistiu: “Você se envolveu em alguma das ‘surpresas’?”
A empresária sorriu ironicamente e murmurou “isso é loucura” antes de entrar em seu carro. O breve momento foi registrado em vídeo, que rapidamente circulou nas redes sociais.
A empresária bilionária, que já foi vista em eventos e festas promovidos por Diddy no passado, não entrou em detalhes sobre as especulações que rondam as luxuosas e controversas celebrações organizadas pelo artista. Nem sobre as teorias da conspiração criadas por uma influenciadora e que citam seu nome.
A curiosidade em torno das festas de Diddy não é recente. Outros nomes do hip-hop já foram questionados a respeito. Em setembro, Joe Budden, durante um episódio de seu podcast, tratou de esclarecer os rumores: “Vocês podem me tirar da lista de nomes que acham que estão nessas fitas.” Budden, conhecido por suas opiniões contundentes, ainda comentou que as piadas a seu respeito haviam saído de controle.
Recentemente, a Netflix anunciou que está desenvolvendo uma série documental sobre as acusações de tráfico sexual e extorsão contra Sean “Diddy” Combs, com produção executiva de 50 Cent. O projeto, que também aborda alegações de agressão sexual e abuso violento, está sendo dirigido por Alexandria Stapleton e encontra-se em fase de produção.
A revista Time publicou na última quarta-feira, 2, a lista das personalidades mais influentes da próxima geração, a ‘Time 100 Next‘. Entre as personalidades negras, a ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco é a única brasileira a integrar a lista, que também inclui o ator britânico Arão Pierre, o cantor norte-americano Shaboozey, o jogador de basquete Jaylen Brown, além da senadora do Quênia, Crystal Asige.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajajara, foi escolhida pela revista para escrever sobre Anielle Franco. No texto, Guajajara ressaltou que Anielle “é um farol de esperança e resiliência”, além de reforçar que ela é uma “líder política em ascensão”. Guajajara destacou sua atuação à frente do Ministério da Igualdade Racial e do Instituto Marielle Franco, que homenageia a ex-vereadora do Rio de Janeiro e irmã de Anielle, finalizando com: “Ela personifica coragem e dedicação, é uma amiga leal e uma líder que está conduzindo o Brasil rumo ao século XXI”.
Ao falar sobre o ator Aaron Pierre, a cineasta Gina Prince-Bythewood afirmou “Dizem que o talento está nas suas escolhas. Aaron escolheu usar seus imensos dons para dar vida e humanidade a personagens negros que, com muita frequência, não são agraciados com essa graça. Ele é um dos nossos próximos grandes nomes”. Pierre interpreta Malcom X na série ‘Genius: MLK/X’ do Disney Plus, além de ter dado voz a Mufasa no live-action de ‘O Rei Leão’.
A senadora do Quênia, Crystal Asige, é uma figura de destaque no parlamento, representando pessoas com deficiência e grupos de interesse especial. Além de sua atuação política, Crystal é uma premiada musicista e defensora dos direitos das pessoas com deficiência, sendo referência em mobilidade inclusiva e transporte. Com uma carreira marcada por seu trabalho em design universal e acessibilidade, ela lidera projetos que visam promover desenvolvimento inclusivo na África. Formada pela Universidade do Oeste da Inglaterra, Crystal também tem experiência como membro do conselho da Anistia Internacional do Quênia, além de ser uma pesquisadora publicada e consultora de diversidade, equidade e inclusão. Eddie Ndopu, defensor dos direitos dos deficientes na África do Sul, descreveu Asige como “uma verdadeira mulher renascentista, provando o que eu sempre soube— ter uma deficiência é compatível com uma vida extraordinária”.
Shaboozey, segundo artista negro a ocupar o primeiro lugar nas paradas country dos Estados Unidos, foi descrito pelo rapper Jelly Roll como alguém “genuíno com suas palavras”. “Ele é celebrado por muitas razões, sendo seu talento uma das mais óbvias”, pontuou Roll, que também disse que como nascido em Nashville, capital do Tennessee, nos EUA, sentir orgulho de ter Shaboozey como um representante da música country, onde o ritmo predomina.
A estrela do basquete Jaylen Brown tem se destacado não só pelo talento nas quadras, mas por ter recusado ofertas de mais de US$ 50 milhões de grandes empresas de tênis que patrocinam jogadores para lançar a própria marca, a 741, o que deve acontecer no dia 22 de outubro. Além disso, Brown tem promovido iniciativas para promover o empreendedorismo na comunidade negra em seu país. Colin Kaepernick, astro da NFL, afirmou que Jaylen Brown “não é apenas um atleta; ele é um farol de esperança, nos mostrando que o verdadeiro poder está em elevar os outros. Eu o apoio, inspirado pelo caminho que ele está abrindo para todos nós”.
Confira as demais personalidades negras que compõem a lista:
Uma coleção de 727 obras de arte afro-brasileira, atualmente em Detroit, nos Estados Unidos, será repatriada para o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador, no segundo semestre de 2025. A coleção inclui esculturas em ferro e madeira, pinturas, gravuras e objetos religiosos e folclóricos, muitos dos quais criados por artistas autodidatas. Essa será a maior repatriação de arte afro-brasileira já realizada.
O acervo foi reunido ao longo de três décadas por duas colecionadoras americanas, Marion Jackson, professora emérita de História da Arte da Universidade de Michigan, e Barbara Cervenka, artista e monja dominicana. As duas octogenárias começaram a frequentar o Brasil em 1992, visitando mercados e estúdios de artistas, e adquiriram peças que retratam a mistura de elementos culturais do país, com forte influência africana.
A repatriação das obras ocorre em um momento de crescente debate internacional sobre a devolução de patrimônios culturais adquiridos durante o período colonial ou por colecionadores ocidentais. No entanto, a diretora artística do Muncab, Jamile Coelho, destacou em entrevista ao jornal O Globo que este caso é diferente de outras devoluções recentes, como o manto tupinambá pela Dinamarca, pois as peças foram adquiridas legalmente, o que apresenta um novo desafio no processo de repatriação.
José Adário, conhecido como Zé Diabo, é um dos artistas cujas obras fazem parte da coleção. Aos 77 anos, ele falou sobre sua felicidade ao saber que 16 de suas esculturas de ferro, forjadas em homenagem aos orixás do candomblé, estarão expostas em Salvador. “É um mérito, porque esse é o museu mais belo de Salvador. Estava fechado há muito tempo, reabriu e isso é bom para a Bahia”, diz o artista.
A coleção será uma adição significativa ao Muncab, que reabriu recentemente após anos fechado, e promete revolucionar o acervo do museu. Segundo Coelho, as peças não só enriquecerão o museu, mas também estarão disponíveis para outros museus e curadores no Brasil e no exterior, promovendo um intercâmbio cultural.
O cantor e compositor Xande de Pilares lança, nesta quinta-feira (03/10), às 21h, o novo single “Banho de Folhas” em todas as plataformas digitais. A faixa é uma regravação da música composta por Luedji Luna e Emilie Lapa, conhecida por seu tema ligado às raízes afro-brasileiras e à espiritualidade. Nesta versão, o artista traz uma nova interpretação da canção com arranjos em ritmo de samba.
Este lançamento marca a volta de Xande de Pilares ao cenário musical, após o sucesso do projeto “Xande Canta Caetano”, que gerou uma turnê e rendeu ao artista duas indicações ao Grammy Latino, nas categorias de Melhor Álbum do Ano e Melhor Álbum de Samba/Pagode. Com “Banho de Folhas”, Xande busca dar continuidade ao seu sucesso, trazendo uma nova roupagem à canção original de Luedji Luna, agora com influências do samba.
O videoclipe de “Banho de Folhas” será lançado na sexta-feira (04/10), ao meio-dia. O clipe retrata a jornada espiritual do cantor e conta com a participação de Tia Glorinha, zeladora de santo e presidente da ala das baianas do Salgueiro. A produção explora temas de espiritualidade e purificação, refletindo a essência da música.
Xande de Pilares prepara o lançamento da regravação da música “Banho de Folhas”, da cantora Luedji Luna. Foto: Divulgação
A produção musical ficou a cargo de Xande e Luciano Broa, com o arranjo de Nelio Junior, que também executou o piano. A gravação contou ainda com a participação de Marquinhos dos Santos no baixo e Hebber Poggy na flauta. O single foi gravado no estúdio Cia dos Técnicos, com mixagem e masterização de Rodrigo Gavião.
Sete anos após a rejeição da sua música “Daddy Lessons” pelo comité de country do Grammy, Beyoncé alcançou um novo marco: o seu álbum “Cowboy Carter” será aceito na categoria de Melhor Álbum Country na próxima edição dos Grammy Awards, em fevereiro de 2025. Esta é a primeira vez que a artista, conhecida por seu domínio em gêneros como pop, R&B e rap, será considerada para um prêmio neste estilo musical. As informações são do The Hollywood Reporter.
A novidade ocorre após uma reunião do comitê de triagem realizada pela Recording Academy na semana passada. No encontro, os membros determinaram as categorias em que os álbuns ou músicas competirão e em quais categorias. Em 2016, a canção “Daddy Lessons”, parte do álbum Lemonade, foi submetida para consideração como country, mas o comité responsável rejeitou-a, argumentando que não se encaixava no gênero. A decisão causou controvérsia, já que a faixa trazia elementos claros de country, mas a Academia manteve a posição de que não se enquadra no estilo tradicional.
Agora, com Cowboy Carter, Beyoncé vê finalmente a sua música ser reconhecida no campo do country. O álbum mistura influências de country com o som característico da cantora, o que não impediu que fosse aceito na principal categoria do gênero. Esta será a primeira vez que Beyoncé concorre ao prêmio de Melhor Álbum Country, apesar da longa e premiada carreira que inclui múltiplas vitórias no Grammy em outros gêneros.
Se Beyoncé for nomeada, ela continuará a expandir o seu legado no Grammy, onde já detém o recorde de artista mais premiada da história da cerimónia. Em 2017, a cantora fez história ao ser nomeada em campos tão diversos como pop, rock, rap e R&B, todos no mesmo ano, com o álbum Lemonade.
Texto: Luciano Ramos – Especialista em Masculinidades
Alguns mitos giram no imaginário social ao falar e pensar no homem negro. Um deles é a hiperssexualização desse indivíduo. A ideia de que homens negros são aqueles conhecidos como os que possuem uma performance sexual invejável, os ditos “bons de cama” ou são aqueles que têm o “pênis grande”, também chamados vulgarmente de “pauzudos”, circula constantemente pela cabeça das pessoas no cotidiano. Isso, inclusive, é um fetiche para muitas pessoas. Essa ideia, que a primeira vista pode parecer elogiosa, tem as suas bases no racismo, ao mesmo passo que é uma cilada para esses homens. Vamos aprofundar o diálogo sobre isso!
Historicamente, os homens negros chegaram, sequestrados, advindos do continente africano, nos países onde foram escravizados para serem forças brutas de trabalho e para reproduzirem. A reprodução nunca esteve ligada à ideia de paternidade, mas à animalização do homem negro. No período da escravização, a valorização mercadológica dos homens escravizados estava relacionada à beleza, na perspectiva do “exótico”, à força física, à capacidade de reprodução e a pujança sexual.
Ainda no período da escravização, os homens negros ocupavam o imaginário das mulheres e dos homens brancos como aqueles que poderiam corresponder aos seus fetiches e eram vistos como sujeitos altamente viris. No período da abolição, o homem negro perde o seu papel social. O antropólogo Henrique Restier, no livro “Masculinidades Negras contemporâneas”, ao relatar sobre a perda dos papéis de “reprodutor” e “força bruta de trabalho” vai nos dizer que esse homem se transformou no “eunuco social”. Ele ainda vai dizer neste livro que esse homem não podia mais relacionar-se sexualmente com a mulher negra e, menos ainda, com a mulher branca (nos próximos artigos abordaremos com mais profundidade essa problemática). Logo, a leitura é que esse homem é o “problema social”.
Ainda com o passar do tempo, o homem negro segue visto sob a ótica da hiperssexualização. Do lugar do homem “pauzudo”, com performance sexual acima da média e animalizados. Da mesma forma que esses elementos podem soar como elogiosos e vantajosos para os negros em relação aos homens brancos é primordialmente uma grande armadilha, já que ele nunca será visto a partir da humanização. Espera-se sempre dele performances sexuais invejáveis, assim como ele se percebe no dever social de apresentar um pênis que corresponda às expectativas do senso comum.
Desde muito cedo, os meninos negros acreditam na ideia de que eles são mais viris, assim como as meninas possuem a mesma crença sobre eles. Vale ressaltar que as mulheres negras são hiperssexualizadas também. Porém, por meio do recorte de gênero, aqui seguiremos falando dos homens negros. O racismo aliado com o machismo forma uma mistura violenta que leva o homem negro à degradação social.
Os filmes pornográficos, por exemplo, retratam os homens negros como o “negão”, animalizando-os, e em relações com mulheres mais frágeis que eles, na maioria das vezes, em relações interraciais. Esse fato se apresenta também em filmes de comédia como no filme “As branquelas”, onde o personagem Latrell Spencer, interpretado pelo ator Terry Crews, é posto como o homem negro com pênis avantajado, onde o tamanho do seu pênis desperta medo nas pessoas.
A Música Popular Brasileira recorrentemente coloca o homem negro no lugar do indivíduo hiperssexualizado. Ela se expressa pelo “negão de tirar o chapéu” ou pelo “negão cheio de paixão”. Se você acha exagero o que eu estou trazendo aqui, releia as letras dessas músicas e de tantas outras. É importante dizer que as músicas retratam as nossas vivências sociais. Dessa forma, elas expressam os nossos cotidianos. O racismo, por meio da hiperssexualização desse indivíduo, está dado e, muitas vezes, normalizado. Espera-se do homem negro um “animal sexual”, como se ele pudesse, somente, ocupar esse lugar.
Avançando para o final desse texto você pode estar se perguntando “então o homem negro não pode sensualizar?”; “o homem negro não pode ser admirado sexualmente?”. Obviamente sim, para ambas as perguntas, mas é importante dizer que ele não ocupa somente esses lugares, e essa agência deve ser dele. O corpo do homem negro não é público. Por outro lado, o tamanho do pênis não está ligado a raça (nenhum estudo prova isso), muito menos força e performance sexual.
Grupos com homens negros podem ser espaços saudáveis e seguros para desmistificar essas “verdades” a que esses homens são submetidos ao longo da vida. Portanto, esses grupos precisam retratar a hiperssexualização dos corpos negros. Por outro lado, nas escolas, é necessário abordar o tema com os meninos, para que desde cedo eles tenham acesso a esses diálogos, e, assim, sintam-se seguros para performar outros modelos de masculinidades, distantes dessas armadilhas.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) confirmando que foi importunada sexualmente pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, conforme publicado pela colunista da Folha de S. Paulo, Monica Bérgamo. Esta é a primeira vez que a ministra oficializa a denúncia dos casos de assédio, que teriam iniciado no final de 2022, quando ambos faziam parte do grupo de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O depoimento, que durou cerca de uma hora, foi colhido por uma delegada, gravado e já transcrito. Segundo Franco, as ‘abordagens inconvenientes’ começaram durante o período de transição e, com o passar do tempo, evoluíram para importunação física. Entre os relatos, ela mencionou que Almeida chegou a tocar sua perna por debaixo da mesa durante reuniões públicas e insistiu nas investidas por vários meses, apesar de seus apelos para que ele cessasse o comportamento.
Antes da denúncia oficial, Anielle Franco já havia relatado a pessoas próximas dentro do governo o comportamento do ex-ministro. Em suas tentativas de resolver a situação diretamente com Almeida, deixou claro seu desconforto e desejo de que as importunações parassem. No entanto, mesmo com as tratativas, ambos continuaram trabalhando juntos em pautas de interesse comum de suas pastas, mas o comportamento do ex-ministro não cessou.
Além do depoimento de Anielle, outras mulheres também procuraram a organização Me Too para relatar casos de assédio sexual envolvendo Silvio Almeida, mas até o momento, elas não tornaram públicas suas identidades.
O ex-ministro nega as acusações e foi demitido pelo presidente Lula em 6 de setembro, após o portal Metrópoles revelar que ele havia sido acusado de assédio sexual por várias mulheres. Após a demissão, Anielle Franco publicou em suas redes sociais que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”.
Silvio Almeida contratou uma equipe de advogados para defendê-lo das acusações, que inclui a ativista de direitos humanos Juliana Faleiros e os advogados Nélio Machado e Fabiano Machado da Rosa. A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) foram acionadas por Lula para apurar os esclarecimentos de ambas as partes.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, anteriormente chefiado por Almeida, também tem sido alvo de denúncias de assédio moral, com pedidos de demissão em série desde o início da gestão, em janeiro de 2023. De acordo com o UOL, pelo menos dez procedimentos foram abertos para investigar as acusações de assédio dentro da pasta.
OBS.: É importante ressaltar que a violência doméstica é um crime grave e que as mulheres têm o direito de denunciar seus agressores. Se você está em situação de risco, ligue imediatamente para o 190. Para denunciar e buscar apoio, entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher pelo número 180. Além disso, delegacias especializadas da mulher podem oferecer orientação e acolhimento. Lembre-se, você não está sozinha e há ajuda disponível 24 horas por dia.