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NYX Professional Makeup promove workshops para pele negra em São Paulo e no Rio de Janeiro

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Foto: Reprodução

Com o intuito de promover workshops de maquiagem para pele negra, a marca NYX Professional Makeup convidou a influenciadora Daniela da Mata para ensinar truques de beleza. A influenciadora, que soma mais de 45 mil seguidores em seu perfil no instagram @damatamakeup, comanda a primeira escola de maquiagem para pele negra e aborda, em suas redes sociais, temas de empoderamento e autoconhecimento.

O evento será realizado em cada uma das três lojas da NYX Professional Makeup. O primeiro será no dia 23 de julho, às 17h, no Pátio Paulista, em São Paulo. Em seguida, dia 24 de julho, às 17h, no Barra Shopping e dia 25 de julho, às 16h, no Shopping Rio Sul, ambos no Rio de Janeiro. A entrada é gratuita e os participantes terão desconto de 15% após cada aula, na loja do shopping em que foi realizado o evento.

Sobre a marca

A NYX Professional Makeup é uma linha de cosméticos profissionais de alta qualidade. A possui uma linha de bases fluídas, a Total Control Drop Foundantion, com 30 cores em portfólio e um amplo espectro de nuances para pele negra, por R$ 62. Criada por makeup artists e profissionais para ser usada por qualquer amante de maquiagem não importa gênero, idade ou etnia. A NYX Professional Makeup entrega inovação em produtos profissionais de qualidade excepcional comprometida com total autoridade de cores e tendências a preços acessíveis.

Mulheres negras são 81% das vítimas de discurso de ódio no Facebook, diz estudo

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Foto: CMT

Luiz Valério P. Trindade *

Pesquisa recente revela dados preocupantes no que tange à crescente tendência de disseminação de discursos de ódio, racismo e diferentes formas de intolerância nas redes sociais brasileiras. Em primeiro lugar, 81% das vítimas de discursos de racismo no Facebook são mulheres negras na faixa etária de 20-35 anos. Em segundo lugar, a maioria das pessoas que se engaja na prática de construção e disseminação de tais discursos preconceituosos (65,6% dos casos analisados) são rapazes jovens de 20 e poucos anos. Além disso, o estudo evidencia também que, grande parte destes discursos é transmitida por intermédio de piadas depreciativas contra mulheres negras.

Diante disso pode-se perguntar, por exemplo, o que está por trás destes discursos ou quais são suas motivações ideológicas. Primeiramente, é possível verificar a existência de uma forte crença de que o pseudo-anonimato das redes sociais representa uma espécie de blindagem segura que protege os indivíduos de serem localizados e responsabilizados civilmente por seus atos. Munidos desta crença, as pessoas liberam suas ideologias preconceituosas sem restrições e qualquer crise de consciência (embora, muito dificilmente o fariam cara a cara). Ademais, esta tecnologia digital lhes permite romper e/ou desconsiderar qualquer distância social que possa existir entre elas e o(s) alvo(s) de suas ofensas disfarçadas em piadas depreciativas, já que em 76,2% dos casos analisados, ficou claro que elas não tinham qualquer tipo de relacionamento prévio com a vítima (tanto online quanto off-line). A perigosa consequência direta disso é que, potencialmente, estes indivíduos podem ofender praticamente qualquer pessoa que lhes vêm à mente no ambiente virtual. Como se isso não bastasse, como os usuários estão conectados em rede, ao disseminar estas ideologias, estes indivíduos atraem inúmeros outros com pensamento semelhante e amplificam o volume e o alcance de seus discursos preconceituosos de formas que não se vê no contexto do dia a dia fora da internet no Brasil.

Já no tocante à motivação ideológica, fica claro que o racismo arraigado, influenciado por crenças na ideologia do branqueamento (ou seja, a crença de que a branquitude é sinônimo de modernidade, beleza, civilidade e progresso, enquanto que a negritude seria exatamente o oposto), representa um dos principais pilares de sustentação desta prática. Como as piadas fazem parte do dia a dia de grande parte dos brasileiros e são socialmente aceitas nos mais variados contextos, elas constituem um veículo bastante conveniente para transmitir ideologias preconceituosas e permeadas de estereótipos negativos reducionistas. Afinal de contas, elas são meras “brincadeirinhas” recitadas com o objetivo unicamente de “entreter”.

No entanto, ao disseminar estes discursos preconceituosos e racistas nas redes sociais, estes indivíduos estão, na verdade, negando legitimidade à crescente ascensão social das mulheres negras e “punindo-as” por ultrapassarem a linha invisível que separa as fortes hierarquias sociais e raciais brasileiras (em outras palavras, é como se dissessem que determinados lugares de destaque e privilégio não lhes pertence). Na medida em que elas deixam de ocupar predominantemente papéis sociais associados à subserviência e baixa escolaridade e assumem posturas muito mais ativas na sociedade e, sobretudo, associadas a maior escolaridade, isso causa um profundo incômodo nos defensores de ideologias preconceituosas. Enfim, o resultado desta prática perniciosa (que precisa ser fortemente desafiada e desconstruída) consiste no triste reforço e perpetuação de representações sociais negativas e limitadas das mulheres negras brasileiras.

Veja o estudo: https://soton.academia.edu/LuizValerioTrindade 

Sobre o autor:

Luiz Valério P. Trindade é doutorando em sociologia pela Universidade de Southampton (Inglaterra)

Alcione se declara para Iza “Nós, povo brasileiro, merecemos a artista que você é”

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Depois de emocionar o Brasil ao visitar o cantor Arlindo Cruz, a cantora Alcione dá mais um show de humildade e simpatia ao elogiar a cantora Iza, sem economizar nas palavras.

“Iza, além de cantar muito, nem precisava ser bonita… Mas é! É um acontecimento que dança, canta lindamente. Eu fico muito feliz em falar de Iza e para Iza”,  escreveu Alcione.

Confira o depoimento:

A mensagem repercutiu em vários perfis de outros artistas e a própria Iza respondeu pouco depois.

https://www.instagram.com/p/BlRMpl9Hb1O/?taken-by=iza

Mariele Presente: pais e irmã revivem o dia da morte da vereadora em vídeo

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Em 14 de março de 2018, a vereadora e defensora de direitos humanos Marielle Franco, de 38 anos, foi morta a tiros no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro, quando voltava de um evento no qual palestrava.

Mais de dez disparos atingiram o veículo, exatamente na direção em que Marielle se encontrava. Quatro destes disparos atingiram sua cabeça. Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, dirigia o carro e se encontrava no ângulo dos disparos. Ele também foi atingido por pelo menos três tiros nas costas e não resistiu aos ferimentos. Marielle e Anderson morreram no local.

Se o Brasil se chocou com essas mortes tão violentas imaginem os familiares da vítimas. E para que essas mortes não sejam esquecidas a Anistia Internacional lançou um vídeo onde os pais de Marielle e sua irmã, descrevem como como foi o dia e a maneira como souberam da morte da vereadora e exigem justiça.

“Essa dor não vai passar. Então, que levem o nome da Marielle cada vez mais alto”, Marinete da Silva, mãe de Marielle.

Marielle era uma notável defensora de direitos humanos no Rio de Janeiro, e muito conhecida por sua incansável atuação na cidade e região metropolitana. Já desde muito antes de ser eleita vereadora, se destacava por denunciar violações de direitos humanos, em especial contra jovens negros, mulheres e pessoas LGBT, além de abusos cometidos por policiais em serviço e execuções extrajudiciais.

A Anistia Internacional pede que a comunidade ajude a pressionar as autoridades assinando uma petição que pode acelerar o processo de investigação. Para saber mais acesse aqui. 

Clara Anastácia canta sua negritude e lança videoclipe do primeiro single: “Peixe”

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Dita como “promessa da música independente”, Clara Anastácia canta sua negritude e exalta a ancestralidade através de sua música, tendo como referência artistas vanguardistas como Metá Metá, The Internet, Céu e Erykah Badu e ainda dialoga com seus “ancestrais sonoros”, como Gilberto Gil, Clementina de Jesus, Elza Soares entre outros.

Anastácia acaba de lançar seu primeiro single, a música “Peixe“, com videoclipe produzido pela Distopia, com direção de Humberto Giancristofaro,  que também é roteirista, fotógrafo e montador do longa-metragem “Aquilo que sobra”, lançado recentemente no Festival de Cinema da Dinamarca.

Com elementos como água, frutas, fumaça, plastico, cabaças e espelho, “Peixe” se transforma em um grande rito de passagem que, no primeiro momento do clipe, mostra Clara Anastácia e suas companheiras em um ambiente claro e solar e que potencializa a figura da mulher negra como senhora da ação. O clipe dialoga o tempo todo com a figura da mulher negra como uma entidade empoderada e empoderadora. Peixe é pop, doce e cruel.

Assista!

Peça “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!” estreia temporada em São Paulo nesta quinta-feira

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Foto: Adeloyá Magnoni

Sucesso de público e critica, a peça “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”, estrelada por Hilton Cobra, celebra a genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia. O espetáculo estreia em São Paulo para uma temporada nesta quinta-feira (12) e fica até 5 de agosto, no SESC Pompéia.

Escrito pelo diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, especialmente para comemorar os 40 anos de carreira do ator baiano Hilton Cobra, com direção de Fernanda Júlia, do Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA), a peça mostra uma imaginária sessão de autópsia na cabeça de Lima Barreto, conduzida por médicos eugenistas (movimento que acreditava na seleção dos seres humanos com base em suas características hereditárias), defensores da higienização racial no Brasil, na década de trinta.

Foto: Adeloyá Magnoni

O propósito seria esclarecer “como um cérebro considerado inferior poderia ter produzido uma obra literária de porte se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças tidas como superiores?”. A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia, a obra não reconhecida e os enfrentamentos políticos e literários de sua época.

A narrativa ganha força com trechos dos filmes “Homo Sapiens 1900” e “Arquitetura da Destruição”, ambos cedidos gentilmente pelo cineasta sueco Peter Cohen. O cenário, de Marcio Meirelles, contribui para a força cênica juntamente com o figurino de Biza Vianna, a luz de Jorginho de Carvalho, a direção de movimento de Zebrinha e a música de Jarbas Bittencourt. Os atores Lázaro Ramos, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade, todos amigos e admiradores do trabalho de Cobra, emprestam suas vozes para a leitura em off de textos de apoio à cena.

Foto: Adeloyá Magnoni

Trazer Lima Barreto para o primeiro plano desse debate, encontrar um equilíbrio entre as reflexões sobre a eugenia e a vida e obra do escritor foi um desafio para Luiz Marfuz.

Obviamente estamos tratando de uma situação imaginária, um Lima idealizado. Ele sempre se colocou como um escritor militante; e isso é nitidamente visível não só nos romances, mas nas inúmeras crônicas em que defendeu suas ideias humanistas, com fortes doses de anarquismo e socialismo, posicionando-se contra a política, os governantes, o sistema econômico, as injustiças sociais. Mas a questão da eugenia não foi tratada por ele de forma direta e aberta. Então a arte cria um espaço para que Lima, após uma vida marcada pelo alcoolismo, loucura, a indigência cotidiana e a discriminação racial, retorne com a consciência dessas questões para defender suas ideias”, explica Marfuz.

Responsável pela direção do espetáculo, Fernanda Julia, que é diretora do NATA de Alagoinhas, conta como o trabalho que vem realizando no grupo teatral contribuiu no processo de direção. “O diálogo crítico e politizado sobre negritude é um disparador potente do fazer cênico do NATA. Esses elementos foram fundamentais para que eu percebesse quais caminhos trilhar na construção do espetáculo. Sou uma provocadora e problematizadora por natureza, e acho que a encenação deve seguir este caminho – provocar a reflexão e problematizar o que está posto.”, diz.

Hilton Cobra, que criou a Cia dos Comuns em 2001, com o propósito de trazer à cena uma cosmovisão artisticamente negra especialmente no âmbito das artes cênicas, fala da motivação para encenar o espetáculo. “É importante e providencial discutir eugenia e racismo a partir de Lima Barreto. Também é um reconhecimento à Lima – um autor tão pisoteado, tão injustiçado, que pensou tão bem esse Brasil, abriu na literatura brasileira ‘a sua pátria estética’, os pisoteados, loucos, os privados de liberdade – esses são os personagens de Lima Barreto. Acredito que ele deve ter sido, se não o primeiro, um dos primeiros autores brasileiros que colocaram esse ‘submundo’ em qualidade e com importância dentro de uma obra literária”.

Foto: Adeloyá Magnoni

Há um ano em cartaz, “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”, já foi apresentado para mais de 10.000 espectadores cumprindo temporada no Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Porto Alegre e Teresina, onde colheu diversos elogios do público e crítica. O espetáculo foi encenado também na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty/RJ, onde o escritor foi o homenageado. Em Salvador, foi contemplado com o Prêmio Braskem de Teatro/2017 de melhor texto (Luiz Marfuz), tendo sido indicado ainda nas categorias melhor ator e melhor espetáculo e no Rio de Janeiro contemplado com o 4º Prêmio Nacional de Expressões Cultuais Afro-brasileiras.

A peça fica em de 12 de julho a 5 de agosto, quinta, sexta e sábado, às 21h30. Domingos, às 18h30. O Sesc Pompeia fica na Rua Clélia, n° 93. Para mais informações, acesse: https://www.sescsp.org.br/unidades/11_POMPEIA.

Espetáculo “O Pequeno Príncipe Preto” está em cartaz no Teatro Glauce Rocha até dia 29 de julho

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O espetáculo, que conta a história de um príncipe que passa por vários planetas, com a missão de plantar as sementes da empatia, amor, respeito, coletividade, generosidade e aprendizado familiar, tem texto e direção de Rodrigo França, especialista em filosofia para crianças e pesquisas relacionadas à cultura negra.

O Pequeno Príncipe Preto” tem performance de Junior Dantas, que integra há 9 anos a Cia. OmondÉ, iluminação de Ana Luzia Mollinari de Simoni e João Gioia, cenário de Mina Quental. As músicas originais foram compostas pelo musicista João Vinícius Barbosa, que também assina a direção musical e arranjos.

Foto: Reprodução

A peça traz aos palcos um personagem negro, como condutor da narrativa, para auxiliar a quebra de paradigma e contribuir na reflexão acerca da hierarquia da cultura afro. Com diferentes linguagens, o infantil exalta a valorização da cultura negra e retrata o quanto é bonita a diversidade de cada povo. “O Pequeno Príncipe Preto” cumprirá temporada até o dia 29 de julho, no Teatro Glauce Rocha, aos sábados e domingos, sempre às 16:00.

Foto: Reprodução

O espetáculo discute o empoderamento e a autoestima de crianças e adolescentes negros que não se vêem representados na maioria dos livros, bonecas e bonecos que lhes são oferecidos. Permeado por canções e brincadeiras, o espetáculo semeia o entendimento sobre a importância da valorização de questões como: diversidade, cultura, amor, generosidade, empatia e respeito, além de ressaltar a influência do aprendizado familiar para que as crianças cresçam fortalecidas.

A classificação é livre e a entrada sujeita a lotação. O Teatro Glauce Rocha fica na Avenida Rio Branco, 179 – Centro (RJ). Para mais informações, ligue: 21 2220-0259.

Segunda edição do livro “Negros Heróis” será lançada na 25ª Bienal Internacional do Livro, em São Paulo

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A segunda edição da obra “Negros Heróis: histórias que não estão no gibi está de volta“, escrita pelo jornalista e fotógrafo, Roniel Felipe, tem 196 páginas e é divido em duas partes. A primeira retrata a luta de Laudelina de Campos Melo. Mineira e filha de uma escrava doméstica, Laudelina foi protagonista da sindicalização da classe doméstica. Já a segunda, narra a vida de Antonio Carlos Santos Silva, o TC Silva, que sofreu racismo desde a infância e ficou mais próximo da sua ancestralidade ao ter contato com os mais velhos de um quilombo no interior de Minas Gerais.

Roniel fará parte do time de escritores negros que ocupará o stand da Flinksampa durante a 25ª Bienal Internacional do Livro, que acontecerá no Pavilhão de Exposições Anhembi, das 19h às 22h.

Além de “Negros Heróis”, o autor irá comentar e disponibilizar para vendas suas duas outras obras: “Contos Primários de um Mundo Ordinário“, que conta com os traços do ilustrador Junião, e “Coisas que nunca contei, mas por sorte fotografei” coletânea de histórias e fotografias do autor campineiro.

As obras de Roniel podem ser obtidas pela internet. Basta enviar um e-mail para ronielfelipe@gmail.com. O Pavilhão de Exposições Anhembi fica na Avenida Olavo Fontoura, 1209 – Portão 1 – Santana, São Paulo.

Corpo e ancestralidade: Como construir autoestima sendo negra de pela escura?

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  • Por Priscila Fonseca * 

Nascida e crescida em Apucarana no interior do Paraná, como sou, onde 3,93% da população se declara como negra, assumir-me negra ainda é um desafio constante.

Moro há 6 anos em São Paulo e foi aqui onde tive espaços de reconhecimento e  a oportunidade de me reunir com mulheres negras e me encontrar nas falas, dores, alegrias, amores e potências.

Hoje me olho no espelho e gosto do que vejo, do tom da pele, de tomar sol, gosto dos meus traços, do meu cabelo, do meu jeito de andar…

Foto: Francesca Cosenza

Mas quando me lembro das vezes em que ouvi que nada em mim era belo, estremeço.

Meu desafio atual é ser leve, mesmo sentindo um peso constante nas costas, meu esforço é continuar com a coluna ereta, olhar nos olhos e respirar, por mais obvio, é desafiador permitir que o ar entre e saia sem pressa dos pulmões.

Aprendi desde pequena a me virar sozinha, então receber gentilezas e cuidados é um esforço que às vezes dói. Acho que já tomei consciência, mas ainda tenho dificuldade na ação.

Este ensaio fala sobre mim, do meu corpo, do que acredito e da minha ancestralidade, palavra recente e latente no meu vocabulário, não seria eu, se não tivesse buscado saber mais das histórias das minhas avós e se não tivesse buscado por terapia, para me reconstruir com as rejeições vividas na infância, com a falta de professores e colegas negros, terapia para entender que as referências que passavam na tv na infância e adolescência não representavam a realidade. Terapia para viver minha afetividade e sexualidade em plenitude. O autocuidado tem feito cada vez mais sentido, se cuidar para poder compartilhar.  Porém sempre, um exercício constante.

Foto: Francesca Cosenza

Acabo de voltar de uma experiência de trabalho na Amazônia, passei um mês visitando comunidades rurais, ribeirinhas, indígenas e quilombolas em 5 estados do norte e nordeste. Vivenciar em um Brasil que nunca me foi apresentado. Estar nos Quilombos em Mirinzal – MA, entre iguais foi uma experiência de cura, lá a infância demora na contação de história, no correr no terreno, no convívio com a natureza, no banho de rio, lá as crianças são leves, não carregam o peso do racismo.

Foto: Arquivo Pessoal

Foi potência conhecer pessoas que sabem dos seus bisavós, que conhecem a história da escravidão pelo ouvir dos mais velhos, que ouviram dos seus mais velhos e que sabem que o que está nos livros é história única.

Hoje celebro meu novo ciclo, celebro minha beleza, meus traços, minha cor,  meu corpo de mulher e negra, celebro os escritos das minhas referências, celebro os abraços das amigas que me acolhem na gargalhada e nas lágrimas, que não são poucas, mas são parte do que sou.

Agradeço o olhar sensível da Francesca, mulher que me apresentou referências fotográficas de mulheres negras de pele escura, que cuidou da luz para que minha pele ficasse natural e me acolheu nas minhas inseguranças.

Celebro Oxum, Ogum, Nossa Senhora, Deus e os Pretos Velhos.

Sendo o que sou reconstruo minha história, fortaleço meu vórtice e sigo.

* Priscila Fonseca coordena o Programa Rede na Associação Vaga Lume. É empreendedora social e profissional de Relações Públicas, pós-graduanda em Comunicação Popular e Comunitária pela Universidade Estadual de Londrina. Já trabalhou na Associação Palas Athena, Ashoka Brasil e na Associação Acorde. É idealizadora do Projeto Salomé – Mulheres Negras Escrevivendo a Própria História.

 

Marcha das Mulheres Negras de São Paulo acontece no próximo dia 25 de julho

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Em seu terceiro ano de Marcha, mulheres negras de toda a cidade de São Paulo tem um encontro marcado na Praça Roosevelt, no próximo dia 25 de julho, em um “exercício de escuta e irmandade que coloca as pautas das mulheres negras na centralidade das discussões políticas“.

No dia que também se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, Dia Nacional da Mulher Negra e Dia de Tereza de Benguela, as mulheres se unem com o proposito de marchar contra a violência, contra a misoginia, machismo e seguem em luta exigindo uma solução para a morte de Marielle Franco, ainda sem respostas.

Foi disponibilizada uma vakinha para contribuir e ajudar na construção do ato. Acesse: https://www.kickante.com.br/campanhas/marcha-das-mulheres-negras-sp-2018-1.

Confira a nota da organização:

Seremos milhares como todos os anos, marchando “Por nós, por todas nós e pelo Bem Viver”, na certeza de que quando uma mulher negra avança, ninguém fica para trás. Vem marchar com a gente!

Crianças são bem-vindas, vai ter creche, mas vamos garantir que as mães que queiram marchar com suas crias o façam com apoio e segurança. Mulheres indígenas e afro-indígenas marcham com a gente pelo segundo ano reafirmando nossa aliança de parentesco e fortalecendo mutuamente as nossas lutas.

A Marcha das Mulheres Negras de SP segue sendo um espaço multipartidário e multi-religioso que se pauta pelo debate necessário sobre as questões de gênero, raça e classe.

Somos muitas e a nossa força está na pluralidade de vozes. Todas, todos e todes são bem-vindes. Lembrando que o protagonismo do ato em sua plenitude é das mulheres negras: as cisgêneras e as trans; as héteras e as lésbicas e bis; as organizadas e as autônomas; as religiosas e as ateias; e toda diversidade de mulher negra alinhada com o projeto emancipador da Marcha que começa com a manutenção da nossa vida.

Exigimos o fim do genocídio negro que recai sobre nossas famílias, e o fim do feminicídio que afeta de modo mais permanente e cruel os nossos corpos. Marcharemos por todas mães que perderam seus filhos e filhas. Marcharemos por Dona Marinete, mãe de Marielle Franco, marcharemos por Bruna, mãe de Marcus Vinícius e por Sueli, mãe de Brenda assassinada na semana passada em Poá.

Marcharemos exigindo justiça para todos esses casos ao denunciarmos o estado racista e machista. A não resolução do assassinato de nossa irmã Marielle segue sendo uma ferida aberta. Exigimos uma resposta do estado, afinal, quem matou e mandou matar Marielle e Anderson?

Não esqueceremos, assim como não esquecemos a brutalidade de como Cláudia Ferreira foi morta e a injustiça presente no assassinato de Luana Barbosa! Estamos em marcha por todas nós, por justiça aos nossas mulheres mortas! Até que todas sejamos livres“.

Para mais informações, acesse a página do evento: https://www.facebook.com/events/163952674479129.

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