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Em Portugal, curso sobre racismo e xenofobia apenas com professores brancos é suspenso pela universidade

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Foto: Reprodução

Após repercussão internacional com críticas sobre um programa de pós-gradução sobre racismo e xenofobia apenas com professores brancos, em Portugal, foi cancelado. O curso oferecido pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa em parceria com o Observatório do Racismo e Xenofobia, uma entidade governamental, repercutiu negativamente nas redes sociais ao ilustrar todos os professores que faziam parte do programa.

“As reações foram compreensivelmente indignadas, e a universidade e o observatório retiraram a página do curso no mesmo dia”, disse a Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, organização negra e portuguesa que denunciou o curso nas redes sociais, em entrevista à Folha de São Paulo, nesta quinta-feira (17). “Um dos módulos tinha o título: ‘Mas o racismo existe mesmo?’. Ora, para quem sofre isso na pele todos os dias a pergunta é no mínimo insultuosa”, destacou.

“Entre o momento da aprovação do curso e o da sua operacionalização ocorreram diversas alterações. A principal foi a indisponibilidade de alguns formadores em lecionarem na pós-graduação. Isso motivou ajustes no programa, que acabou por não refletir os princípios da diversidade e inclusão”, defendeu Margarida Lima Rego, professora da universidade, em entrevista à agência de notícias Lusa, após o anúncio da suspensão do curso na terça-feira (15).

Segundo Cardoso, a expressão “racismo estrutural” foi mencionada pela primeira vez em um documento oficial português em 2021, quando o governo socialista de António Costa lançou o Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação. A criação do Observatório foi uma das recomendações desse Plano e, em 2023, foi implementado como um projeto acadêmico em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade Nova.

“Foi um projeto que nasceu torto”, disse Myriam Taylor, ativista na área de diversidade e direitos humanos, em entrevista à Folha. “Na universidade ninguém achou estranho [o Observatório ser formado por pessoas brancas], porque em Portugal foi normalizado o fato de que não existem pessoas racializadas em espaços de poder, e a universidade é um espaço de poder”, explicou.

Procurados pela Afrolink e pela Folha, o Observatório do Racismo e Xenofobia ainda não se pronunciou sobre o caso.

Inscrições para terceira edição do prêmio Fashion Futures, do Instituto C&A, encerram dia 21 de outubro

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Foto: Divulgação

As inscrições para a terceira edição do prêmio  Fashion Futures, promovido pelo Instituto C&A, ainda estão abertas!  Uma das principais premiações do setor de moda sustentável do país, o Fashion Futures vai receber até a próxima segunda-feira, dia 21 de outubro, inscrições de projetos e marcas que estão ajudando a moldar um futuro mais justo, diverso e regenerativo para a moda.

Este ano, a premiação deve contemplar quatro categorias abertas para projetos e marcas, além de duas categorias definidas por uma banca de especialistas. Entre as categorias disponíveis para inscrição estão: “Projetos Sociais na Moda”, que reconhecerá organizações que promovem impacto social e ambiental, “Inovações e Novos Materiais”, destinada a soluções tecnológicas e sustentáveis para o setor, “Circularidade e Marcas com Produção Sustentável” e “Diversidade e Redução de Desigualdades”, focada em empresas que promovem inclusão e equidade.

Os vencedores de cada uma dessas categorias receberão prêmios em dinheiro que variam de R$ 10 mil a R$ 50 mil, oferecendo um incentivo financeiro para o desenvolvimento contínuo de suas ações. Outra novidade é a escolha das 50 Personalidades Fashion Futuristas do Ano, que destacará influenciadores, jornalistas, ativistas e outros profissionais de renome no ecossistema da moda, reconhecidos por suas contribuições na construção de uma moda mais sustentável e socialmente responsável.

“Nosso objetivo com o Fashion Futures é destacar aqueles que estão na vanguarda da transformação da moda. Esta edição é um chamado para que o setor se comprometa ainda mais com práticas que promovam impacto positivo, tanto social quanto ambiental. Acreditamos que, juntos, podemos impulsionar mudanças significativas para o futuro da moda”, afirma Gustavo Narciso, gerente executivo do Instituto C&A.

A banca de avaliação do prêmio será composta por especialistas de destaque no universo da moda e sustentabilidade, incluindo nomes como Alê Farah, jornalista especializada em moda e sustentabilidade, e Daniela Falcão, fundadora da plataforma Nordestesse. A curadoria também conta com Patrícia Carta, editora-chefe da Harper’s Bazaar, e Kamila Merle, gestora nacional de moda no Sebrae.

Inscrições e mais informações podem ser obtidas no site oficial do Instituto C&A: https://institutocea.org.br/fashionfutures.

Dia Mundial da Menopausa: os desafios na detecção de câncer uterino em mulheres negras

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Foto: Freepik

Neste Dia Mundial da Menopausa, celebrado em 18 outubro, refletir a importância de falar sobre essa fase transitória e racializar sintomas e tratamentos, ainda é necessário. Pessoas que apresentam sangramento anormal após a menopausa costumam ser submetidas a um exame de ultrassom transvaginal, método não invasivo utilizado para identificar sinais de câncer uterino. No entanto, pesquisas indicam que esse exame é menos eficaz em detectar a doença em mulheres negras do que em brancas.

Pessoas negras com útero têm uma probabilidade maior de desenvolver câncer endometrial, um tipo de câncer uterino que afeta principalmente mulheres na fase pós-menopausa com mais de 60 anos. Estudos recentes sugerem que o uso frequente de alisadores químicos para cabelo pode ser um fator de risco. Além disso, mulheres negras apresentam o dobro de chances de morrer em decorrência dessa doença, tornando a detecção precoce ainda mais essencial.

Especialistas afirmam que as diretrizes atuais seguidas por médicos e radiologistas para interpretar os resultados do ultrassom transvaginal pode estar resultando em diagnósticos tardios para mulheres negras, especialmente entre aquelas que já possuem maior predisposição a formas mais agressivas de câncer endometrial.

“Uma coisa é clara em todos os aspectos: infelizmente, mulheres negras têm mais probabilidade de morrer de câncer endometrial”, disse o Dra. Onyinye D. Balogun, radio-oncologista do NewYork-Presbyterian Brooklyn Methodist Hospital, em entrevista ao TODAY.com, em agosto deste ano.

Em um estudo publicado em junho no JAMA Oncology, a Dra. Kemi Doll e sua equipe investigaram a eficácia das diretrizes atuais de ultrassom transvaginal entre pacientes negras, ao analisarem que mulheres brancas com câncer de endométrio apresentam uma taxa de sobrevivência de cinco anos de 84%, enquanto para as mulheres negras esse índice cai para apenas 62%.

“Quando você não está mais menstruando, a espessura da faixa endometrial deve ser mais ou menos estável”, explica. Se houver um aumento dessa espessura, isso pode ser um sinal de câncer endometrial. Nesses casos, a paciente será submetida a um exame mais invasivo, como uma biópsia, para analisar o tecido.

No entanto, um novo estudo indica que cerca de 1.500 mulheres negras, mais de 11% das pacientes com câncer endometrial (24 de 210 pessoas), tiveram medidas de espessura endometrial que estavam dentro do limite normal.

“Um ultrassom transvaginal é “uma boa opção” para ajudar as pessoas a evitar biópsias desnecessárias. No entanto, este estudo mostra que essa estratégia pode não ser adequada para pacientes negros”, afirmou a Dra. Kimberly Gecsi, diretora médica do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina de Wisconsin e membro do ACOG (Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, em tradução livre), ao TODAY.com.

Gecsi encaminhou o novo estudo para revisão por um comitê de especialistas do ACOG, que está planejando revisar os achados de pesquisas recentes que sugerem que o uso do ultrassom transvaginal para detecção de câncer endometrial em indivíduos negros pode não ser confiável.

Heinz retira do ar propagandas acusadas de racismo e emite pedido de desculpas

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Foto: Heinz/Divulgação
Foto: Heinz/Divulgação

A multinacional Heinz foi alvo de críticas severas nos últimos dias devido a dois anúncios publicitários lançados internacionalmente, ambos acusados de perpetuar estereótipos racistas sobre a população negra. As campanhas, veiculadas no Reino Unido e em outros países europeus, foram rapidamente removidas após protestos públicos, e a empresa emitiu pedidos de desculpas formais, reconhecendo o impacto das peças.

O primeiro incidente ocorreu com uma campanha criada pela agência VML, destinada a promover molhos em embalagem “família” da Heinz no Reino Unido. Um dos principais anúncios da campanha foi distribuído em diversos pontos do metrô de Londres e apresentava um cenário familiar: um casal recém-casado saboreando uma refeição ao lado dos pais do noivo, que são brancos, e da mãe da noiva, uma mulher negra.

O detalhe que não passou despercebido nas redes sociais foi a ausência do pai da noiva, o que provocou uma enxurrada de críticas ao retrato familiar. Muitos viram na peça publicitária uma perpetuação do estereótipo de que pais negros são frequentemente ausentes na criação dos filhos.

A crítica mais notável veio do jornalista e escritor britânico Nels Abbey, que apontou o problema em seu perfil no X (antigo Twitter), onde escreveu: “Acredite ou não, mulheres negras também têm pais”. A fala de Abbey rapidamente ganhou força entre os usuários, gerando um debate sobre como estereótipos raciais ainda permeiam campanhas de grandes marcas. Com a pressão aumentando, a Heinz decidiu retirar a campanha do ar e divulgar um pedido de desculpas, afirmando que não houve intenção de ofender, mas reconhecendo o impacto negativo da mensagem.

“Compreendemos que esse anúncio possa ter reforçado estereótipos negativos de forma não intencional. Nossas desculpas são sinceras, e vamos continuar a escutar, aprender e melhorar para garantir que isso não volte a ocorrer”, declarou a Heinz em comunicado oficial.

Entretanto, essa não foi a única controvérsia que a marca enfrentou nos últimos dias. Em uma segunda campanha, dessa vez voltada para o Halloween, a Heinz voltou a ser criticada por reproduzir estereótipos raciais, com foco na representação de pessoas negras.

A campanha, desenvolvida pela agência Gut e veiculada em vários mercados europeus, trazia o slogan “It Ha-Ha-Has to be Heinz”, em referência ao personagem Coringa. A ideia central era mostrar consumidores com os lábios cobertos de ketchup, em uma clara alusão ao sorriso do vilão icônico dos quadrinhos.

No entanto, uma das peças mais polêmicas retratava um homem negro com o rosto coberto de ketchup, gerando acusações de que a imagem remeteria ao “blackface” — uma prática racista historicamente usada para ridicularizar pessoas negras. O uso exagerado do ketchup nos lábios foi comparado às antigas caricaturas racistas, que distorciam as características físicas de pessoas negras, especialmente os lábios, para reforçar estereótipos desumanizantes.

A reação foi imediata. Diversas pessoas denunciaram a campanha nas redes sociais, apontando que, embora a proposta pudesse ser inofensiva à primeira vista, a associação visual feita com o blackface não podia ser ignorada, especialmente em um contexto cultural tão sensível. “É preciso entender que a história por trás dessas caricaturas é dolorosa e está intimamente ligada à opressão racial. Mesmo que não tenha sido intencional, o impacto é inegável”, comentou um ativista nas redes sociais.

Com o aumento das críticas, a Heinz mais uma vez recuou, removendo a campanha de circulação e emitindo um novo pedido de desculpas: “Estamos sempre buscando ouvir e aprender com nosso público global. Lamentamos profundamente o impacto causado por essa campanha e vamos trabalhar para garantir que erros como esse não voltem a acontecer”, disse um porta-voz da Heinz.

Os dois episódios refletem uma realidade cada vez mais presente no mundo corporativo: as marcas precisam estar atentas às questões sociais e culturais ao desenvolver suas campanhas. O público, especialmente nas redes sociais, está mais crítico e vigilante, cobrando posturas que reflitam maior responsabilidade e sensibilidade diante de questões raciais e de identidade. No caso da Heinz, as duas polêmicas servem como um lembrete de que a comunicação deve ser mais inclusiva e atenta à diversidade, para evitar a perpetuação de estereótipos nocivos.

65% das crianças em situação de trabalho infantil no Brasil são pretas ou pardas, diz IBGE

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Foto: Flickr/Cícero R. C. Omena (CC)/Divulgação
Foto: Flickr/Cícero R. C. Omena (CC)/Divulgação

Na manhã desta sexta-feira (18), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou novos dados preocupantes sobre a realidade do trabalho infantil no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), crianças e adolescentes pretos ou pardos representam quase dois terços (65,2%) dos jovens em situação de trabalho infantil no país. Este número é superior à proporção dessa mesma população entre os jovens de 5 a 17 anos, que é de 59,3%.

A pesquisa revela, contudo, uma queda significativa no número total de crianças e adolescentes em trabalho infantil no Brasil. Entre 2022 e 2023, houve uma redução de 14,6%, passando de 1,881 milhão para 1,607 milhão de menores de idade nessa condição. Embora seja um avanço, os dados destacam que a desigualdade racial continua a ser um fator determinante nessa realidade, o que traz à tona a necessidade de políticas públicas mais efetivas para combater o problema.

Outro ponto de destaque da pesquisa é o rendimento médio mensal das crianças e adolescentes que trabalham. O valor médio registrado foi de R$ 771. No entanto, ao se observar a diferença por cor ou raça, a disparidade é evidente: enquanto crianças e adolescentes brancos recebiam, em média, R$ 875, o valor para pretos e pardos era de apenas R$ 707.

Além disso, para aqueles que estavam envolvidos nas chamadas piores formas de trabalho infantil, atividades classificadas na Lista TIP (Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil), o rendimento médio foi de R$ 735. Este segmento é composto majoritariamente por meninos (76,4%) e crianças de cor preta ou parda (67,5%).

Geograficamente, o trabalho infantil no Brasil se concentra principalmente nas regiões Norte e Nordeste. O Nordeste, com seus 506 mil jovens afetados, é a região que registra o maior número absoluto de casos. Já a região Norte apresenta a maior proporção relativa, com 6,9% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil.

Outro dado relevante é a relação entre trabalho infantil e programas de assistência social. Segundo o estudo, 78% das crianças e adolescentes em domicílios beneficiados pelo Programa Bolsa Família são pretos ou pardos, enquanto 20,4% são brancos. Esse dado reforça a interseção entre vulnerabilidade social e desigualdade racial no país.

Apesar da redução do trabalho infantil como um todo, a nova edição da PNAD Contínua expõe um quadro alarmante de desigualdade racial. Crianças pretas e pardas continuam a ser a maioria esmagadora entre os jovens que vivem em condições de trabalho, especialmente nas suas formas mais perigosas e degradantes.

Juiz aponta falhas em caso de assassinato do pai de Michael Jordan e pede libertação de condenado 28 anos depois

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Foto: Getty Images

O juiz Gregory Weeks, que presidiu o julgamento de Daniel Green, condenado pelo assassinato de James Jordan, pai do astro da NBA Michael Jordan, em 1996, entrou com um pedido na última terça-feira, 15, junto à comissão de liberdade condicional da Carolina do Norte para libertar o réu, que cumpre prisão perpétua. Weeks afirmou que novas evidências, não divulgadas no julgamento, poderiam ter alterado o veredicto.

James Jordan foi morto em 1993, enquanto dormia no banco do passageiro de seu carro, de acordo com a acusação. O corpo foi encontrado em um pântano na Carolina do Sul, duas semanas após o crime. Green, na época com 18 anos, e seu amigo de infância, Larry Demery, foram acusados de tentar roubar o carro de Jordan, resultando no assassinato.

A principal testemunha do caso foi Demery, que alegou que Green teria puxado o gatilho. Contudo, Weeks revelou que um teste forense conduzido no carro de Jordan foi inconclusivo quanto à presença de sangue, o que não foi informado durante o julgamento. O juiz destacou que essa omissão tem “assombrado” sua consciência por quase três décadas.

A defesa de Green sustenta que ele não cometeu o homicídio, mas ajudou Demery a se livrar do corpo, após ter sido chamado pelo amigo. Em carta à comissão, Green expressou arrependimento: “Todos os dias vivo com o remorso e a dor pelas decisões juvenis que tomei.”

A comissão de liberdade condicional deve deliberar sobre o caso nas próximas semanas. Michael Jordan e Gregory Weeks não comentaram o pedido, e a família Jordan permanece em silêncio.

Governo sanciona lei que inscreve o engenheiro abolicionista, André Rebouças, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

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Retrato de André Rebouças - Paulo do Valle Junior - Museu Paulista da USP

Na última quinta-feira, 17, o Diário Oficial da União (DOU) publicou a sanção da Lei 15.003, de 2024, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que inclui o nome de André Pinto Rebouças, engenheiro e importante figura do movimento abolicionista brasileiro, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O livro é depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

André Rebouças foi o primeiro engenheiro negro a se formar pela Escola Militar e destacou-se como um dos principais articuladores da causa abolicionista no Brasil. Além de seu papel fundamental na luta pela libertação dos escravizados, Rebouças contribuiu para a engenharia brasileira, projetando importantes obras de infraestrutura, como a estrada de ferro que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá, no Paraná.

A inclusão de Rebouças no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria teve início com o Projeto de Lei (PL) 10.390/2018, que tramitou no Senado como PL 1.774/2024. Sob a relatoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), o projeto foi aprovado em setembro pela Comissão de Educação e Cultura (CE) em caráter terminativo, sendo posteriormente encaminhado para sanção presidencial.

Engenheiro e abolicionista

Nascido em 1838 na cidade de Cachoeira, Bahia, André Pinto Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças, advogado autodidata e deputado pela Bahia, e de Carolina Pinto Rebouças. Formado em engenharia militar em 1860, Rebouças participou da Guerra do Paraguai e, na década de 1880, passou a dedicar-se ainda mais ao movimento abolicionista, ao lado de figuras como Joaquim Nabuco.

Após o fim do Império e a morte de d. Pedro II, de quem era amigo, Rebouças exilou-se na África, onde buscou contribuir para o desenvolvimento do continente. Desiludido com as condições de exclusão e pobreza que encontrou, viveu seus últimos anos na Ilha do Funchal, em Portugal, onde faleceu em 1898, aos 60 anos.

Com a nova lei, o legado de André Rebouças é reconhecido oficialmente como parte da história de luta pela liberdade no Brasil.

Com informações da Agência Gov.

Com protagonismo negro, ‘Volta Por Cima’ supera antecessora, ‘Família é Tudo’, e faz Globo bater recordes de audiência

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Foto: Globo/Fabio Rocha

Após enfrentar uma série de novelas de baixa audiência e críticas negativas na faixa das 19h, a Globo celebra o desempenho promissor de Volta Por Cima, protagonizada por Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira. A trama, que estreou em 30 de setembro, já demonstrou crescimento significativo nos índices em relação às produções anteriores Família É Tudo e Fuzuê, conforme revela um estudo exclusivo obtido pela reportagem da Contigo.

Segundo o levantamento realizado pela emissora, mais de 56 milhões de brasileiros acompanharam os capítulos exibidos entre 30 de setembro e 4 de outubro, considerando apenas quem assistiu à novela em tempo real, sem incluir o público do Globoplay. A primeira semana rendeu uma média nacional de 20,7 pontos no Painel Nacional de Televisão (PNT), com 36,6% dos televisores do país sintonizados na história de Madá (Jessica Ellen). Esse resultado representa um aumento de 7% em relação à semana inicial de Família É Tudo.

A Globo, além de se destacar frente às emissoras concorrentes, comemora também sua liderança sobre as plataformas de streaming. O documento aponta que a audiência da novela foi 52% maior que a soma de todos os conteúdos de vídeo nos serviços de streaming, como YouTube e Netflix.

O perfil do público também chama a atenção. Apesar de Volta Por Cima contar a saga de uma família humilde, a audiência das classes A e B foi expressiva: 17,9 milhões de telespectadores pertencem a essas faixas de renda. Entre os jovens de 18 a 34 anos, foram 9,3 milhões de espectadores, enquanto 14,2 milhões de adultos entre 35 e 49 anos acompanharam os primeiros capítulos.

Alguns estados também apresentaram números marcantes. No Distrito Federal, a média foi de 19,5 pontos, o melhor desempenho desde a estreia de Haja Coração (2016). Florianópolis (18,6 pontos) e Belém (21,5 pontos) também se destacaram, com índices superiores aos da novela Vai na Fé. Em São Paulo, o principal mercado publicitário do país, a trama obteve 20,8 pontos, um aumento de 11% em relação à estreia de Família É Tudo.

Justiça do Rio absolve policiais envolvidos na morte do dançarino DG, 10 anos após o crime

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Foto: Reprodução/O Globo

Sete policiais militares envolvidos na morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, foram absolvidos pelo 1º Tribunal do Júri do Rio, nesta quarta-feira (16). O jovem de 26 anos foi encontrado morto no Morro Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio de Janeiro, durante uma operação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em abril de 2014. 

DG trabalhou no corpo de baile do programa ‘Esquenta‘, na TV Globo, durante quatro anos, e sua morte causou comoção nacional. À época, amigos afirmaram que ele havia sido morto por PMs após ser confundido com um traficante.

O policial Walter Saldanha Junior, apontado como o autor do disparo que matou o dançarino, foi inocentado. Ele chegou a ser preso após a morte do jovem, mas conseguiu um habeas corpus em 2015, para aguardar o julgamento em liberdade. “As hipóteses da perícia foram derrubadas, pois não corroboraram com a dinâmica dos fatos nem as lesões encontradas no corpo da vítima”, disse o advogado de defesa Marcos Espínola.

Os outros seis policiais, Rodrigo Vasconcellos de Oliveira, Rodrigo dos Santos Bispo, Rafael D’Aguila do Nascimento, Alessandro da Silva Oliveira, Eder Palinhas Ribeiro e Evandro dos Santos Dias foram absolvidos da acusação de falso testemunho.

Após os debates, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) se pronunciou pela inocência dos réus. Os jurados, por unanimidade, decidiram inocentar os policiais militares, e a juíza Alessandra Rocha Lima Roidis anunciou o veredito.

Relembre o caso

Em 22 de abril de 2014, segundo o Comando de Polícia Pacificadora (CPP), houve um confronto entre policiais e traficantes na noite anterior, e pela manhã foi achado o corpo do dançarino DG dentro de uma escola na parte alta da comunidade Pavão-Pavãozinho. Ele foi atingido por um tiro nas costas, que destruiu o seu pulmão e a parte de cima do braço direito. Segundo o Instituto Médico-Legal (IML), DG teve uma hemorragia interna.

De acordo com as investigações, mesmo ferido, DG tentou escapar dos tiros, saltando entre lajes e muros à sua frente. Ele foi visto andando de forma cambaleante e caindo até chegar a um muro onde desabou. Seu corpo foi encontrado com a camisa do avesso. Segundo relatos de amigos, DG estava na comunidade para visitar sua filha, que na época tinha 4 anos.

“Ele morreu à 1h com marca de espancamento. Mais de 12 horas depois a gente conseguiu ver o corpo. Estava em posição de defesa, todo machucado”, disse a Maria de Fátima da Silva, mãe e técnica de enfermagem.

Milionário norte-americano financia secretamente grupo de extrema-direita que promove falsas teorias sobre raça

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Foto: Reprodução

Uma rede internacional que busca influenciar o debate público com teorias desacreditadas sobre raça e eugenia tem operado secretamente com o financiamento de um multimilionário norte-americano do setor de tecnologia, conforme mostrou uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian.

De acordo com a matéria, filmagens obtidas por meio de uma investigação revelaram a existência da Human Diversity Foundation (HDF), organização formada há dois anos. Seus membros têm usado podcasts, vídeos, uma revista online e artigos de pesquisa para disseminar uma ideologia perigosa sobre a suposta superioridade genética de certos grupos étnicos. Tais teorias, baseadas em racismo científico, já foram utilizadas para justificar a violência e escravização de povos africanos, por exemplo.

A organização Hope Not Hate, dedicada ao combate ao racismo, começou a investigar o grupo após identificar o organizador inglês da fundação, um ex-professor de estudos religiosos, em uma conferência de extrema-direita. Imagens gravadas foram compartilhadas com o jornal The Guardian, que realizou uma investigação conjunta com a Hope Not Hate e parceiros na Alemanha. Segundo as gravações, o HDF recebeu mais de US$ 1 milhão de Andrew Conru, um empresário de Seattle que fez fortuna com sites de namoro. Após ser abordado pelo Guardian, Conru retirou seu apoio, afirmando que o grupo parecia ter se desviado de sua missão original de “pesquisa acadêmica não partidária”.

Embora continue sendo uma organização marginal, a HDF faz parte de um movimento que tenta reabilitar a chamada ciência racial como um tópico de debate público. Essa ideologia, também conhecida como racismo científico, busca provar a existência de diferenças biológicas entre raças, sugerindo, por exemplo, que a desigualdade entre grupos seria explicada principalmente pela genética, e não por fatores externos, como a discriminação.

A Dra. Rebecca Sear, diretora do Centro de Cultura e Evolução da Universidade Brunel, descreveu essa ideologia como uma “ameaça perigosa” com objetivos políticos e consequências graves no mundo real. “O racismo científico tem sido usado para argumentar contra políticas que visam reduzir desigualdades entre grupos raciais”, afirmou. Segundo ela, tais ideias também são usadas para justificar políticas de imigração mais restritivas, como a exclusão de populações consideradas de “baixo QI”.

As investigações mostram que o HDF, embora pequeno, é parte de uma rede maior de extremistas que promovem essas ideias e tentam influenciar as instituições acadêmicas e políticas. Um dos organizadores do grupo, em uma conversa gravada, discutiu abertamente a ideia de “remigração” — um eufemismo para a deportação em massa de minorias étnicas. “Basta pagar para as pessoas voltarem para casa”, disse ele.

Essa retórica tem ganhado força em movimentos de extrema-direita, como o partido Alternative für Deutschland (AfD), na Alemanha. Em um evento realizado em Londres no ano passado, o ativista Erik Ahrens, conhecido por sua ligação com o AfD, foi gravado incentivando os presentes a se unirem a um “clube secreto” dedicado a restaurar o poder da “sociedade branca”. Autoridades alemãs consideram Ahrens um extremista de direita perigoso, especialmente em relação à radicalização de jovens.

A investigação revelou ainda que Matthew Frost, um ex-professor britânico e editor da revista online Aporia, também esteve envolvido com o HDF. Frost ajudou a promover o conteúdo do grupo por meio de podcasts e artigos, que, embora apresentados como análises acadêmicas imparciais, reforçam as mesmas ideias pseudocientíficas.

Especialistas têm alertado que a disseminação dessas ideias pode ter impactos profundos, tanto no discurso público quanto nas políticas de imigração e direitos civis. “A pureza racial é um conceito fantasioso”, disse o geneticista Dr. Adam Rutherford, da University College London. “Ela não existe, nunca existiu e nunca existirá, mas ainda assim continua a servir de base para ideologias racistas.”

Apesar das alegações de seus membros de que estariam envolvidos apenas em “pesquisa acadêmica”, os laços do HDF com figuras extremistas e a promoção de teorias pseudocientíficas mostram os perigos da reabilitação de ideias racistas no cenário atual.

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