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Retrospectiva Mundo Negro 2019 # 14 – “Juntos a magia acontece”: especial da Globo tem a família negra que a gente tanto esperou

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Já estamos quase na virada do ano e apesar do 14º fato ter acontecido na semana passada, ele jamais poderia deixar de fazer parte da nossa retrospectiva, afinal foi a cereja do bolo em um ano representativo em que finalmente estamos começando a sermos representados. Na nossa lista, quisemos mostrar a todo mundo que nossos talentos não estão em uma área ou nicho exclusivo. Tivemos pretos se sobressaindo nos esportes, nas artes, na moda, no jornalismo, e em tantas outras áreas.

Bom, encerrando nossa lista-incrível dessa retrospectiva empoderada temos ele, o especial de Natal Juntos A Magia Acontece. A magia aconteceu mesmo quando vimos uma família preta em horário nobre, em rede nacional, quebrando diversos paradigmas. E não é sobre drama é sobre representatividade. Milton Gonçalves, Zezé Motta, Camila Pitanga, Fabrício Boliveira, Luciano Quirino e a talentosa estreante Gabriely Mota formam uma família negra, mas sem um milímetro de estereótipos que vemos na TV e no Cinema.

Há uma pequena tensão racial em alguns momentos, mas já é de se esperar, afinal Papai Noel Negro, um dos temas do programa,  em um país como Brasil nunca seria uma unanimidade.

No entanto, o fato do núcleo familiar ser 100% negro, algo raríssimo de se ver na TV aberta, faz a narrativa nos deixar com a impressão que somos parentes daquelas pessoas.

As possibilidades de continuar a história deles em outros projetos é possível e não choca ninguém o fato da web se empolgar com essa possibilidade.

Como era a Família Santos antes da morte da Dona Neuza? Como André e Vera vão reconstruir sua relação? Jorge vai arrumar um emprego fixo e ajudar mais a esposa? Como fica a depressão do Seu Orlando depois de um Natal memorável? E os amigos da Letícia? Queremos saber mais sobres essas crianças.

Como muita gente comentou, o único problema do especial, foi ter durado pouco e por isso a gente quer sim, uma continuação dessas histórias. Aliás, merecemos.

Veja algumas manifestações, por meio das redes sociais, de pessoas que acham que a Família Santos tem que voltar.

Já estamos com saudade dos Santos.

Retrospectiva Mundo Negro 2019 # 13 – Versão brasileira de “O Rei Leão” tem IZA e Ícaro Silva como Nala e Simba

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Iza e Ícaro interpretaram Nala e Simba
Iza e Ícaro interpretaram Nala e Simba

Nossa retrospectiva está quase terminando, mas ainda não acabou. Vamos relembrar outro momento marcante? No 13º lugar, se na versão original de “O Rei Leão” temos Donald Glover e Beyoncé dublando Simba e Nala, no Brasil, a escolha da Disney foi pelo ator Ícaro Silva e a cantora IZA. O remake estreia nos cinemas no dia 18 de julho.

Em entrevista ao UOL Entretenimento, a cantora conta sobre a felicidade e gratidão de poder dar voz a Nala, já que sempre foi fã da animação original.

Uma amiga estava comigo na gravação e ela colocou a versão da Beyoncé […] Eu fiquei muito emocionada porque estava ouvindo a música de um filme muito especial para mim, emocionada porque a Disney estava fazendo uma nova versão e porque era a voz da Beyoncé“.

Já Ícaro, acredita na importância da participação de ambos, não só pela representatividade, mas por se sentir honrado em participar do projeto.

É muito importante também estar aqui com a Iza, porque ela ocupa um lugar muito interessante e lindo no mercado. Ela é uma popstar alçada pelo talento e preta, que me representa muito, que vai do pop brisa ao pop gospel. Então é muito orgulho estar com ela“, conta.

Assista o trailer.

Retrospectiva Mundo Negro 2019 # 12 – Lewis Hamilton é hexacampeão mundial da Fórmula 1

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Lewis Hamilton
Lewis Hamilton

Chegamos ao 12º lugar da nossa retrospectiva, e o fato que escolhemos foi o sexto título de campeão de Fórmula 1 conquistado por Lewis Hamilton (34), no dia 3 de novembro, nos EUA.  Ele está apenas um título atrás do recordista Michael Shumacher.

Por ser o único piloto negro da Fórmula 1, há quem cobre dele um posicionamento sobre questões raciais. Felizmente, Hamilton não esconde que o racismo sempre esteve presente na sua vida pessoal e profissional.

Não foram poucos os momentos que o próprio Hamilton deu ao racismo o crédito por muitas dificuldades em suas corridas. Quando perguntado o motivo pelo qual ele havia sido penalizado no Grande Prêmio de Mônaco de 2011, ele respondeu com tom irônico : “Talvez seja porque eu sou negro”.

O piloto também se posicionou sobre um episódio de racismo ocorrido durante as eliminatórias da EuroCopa 2020, onde a torcida de Montenegro cantou termos racistas contra os jogares negros do time da Inglaterra.

“É insano pensar que nestes tempos o racismo ainda é algo muito proeminente no mundo. Está realmente aqui, no mundo todo. É triste de ver. Não parece que vai mudar muito nos próximos anos. É ótimo ver gente se levantando e dando apoio, mas não parece ser algo que mudará em curto prazo, o racismo está longe de acabar”, afirmou o piloto hexacampeão.

 

Retrospectiva Mundo Negro 2019 # 11 – Maju estreia no Jornal Hoje

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Maju Coutinho
Maju Coutinho
Maju Coutinho

No nosso 11º lugar, temos a jornalista Maria Julia Coutinho, que assumiu a bancada do Jornal Hoje, da Rede Globo, no dia 30 de setembro. Após a saída de Sandra Annenberg para o Globo Repórter, Maju chega ao JH acompanhada de novidades. O estúdio foi reformulado, a bancada está mais alta e ela passa a comandar o jornal de pé, além de usar um dispositivo para exibir fotos e vídeos.

Nas redes sociais, a jornalista recebeu muitos elogios. Teve também quem fizesse criticas ao jornal, devido a quantidade de casos policiais exibidos. Maju também passou a interagir com o público. Antes de assumir a bancada, ela chegou a apresentar o jornal como plantonista aos sábados.

“Já estava acostumada a ficar de pé na previsão do tempo. Para mim, essa possibilidade de movimentação facilita a comunicação“, disse a apresentadora. Desde 2013, ela era protagonista da previsão do tempo de diversos jornais da Globo, incluindo o Jornal Nacional, do qual também foi apresentadora em alguns dias.

Maju afirmou que estava muito feliz com este novo desafio. “É adrenalina pura apresentar o JH. Vi pessoas que admiro muito passarem por ele. É uma honra estar nesse jornal vibrante, que vai ao ar no meio do dia, quando tudo está acontecendo. É pura adrenalina. Estou muito animada com este novo desafio“, contou em material divulgado pela Globo.

Retrospectiva Mundo Negro 2019 # 10 – A nova Ariel, no live action de A Pequena Sereia é preta

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A nova Pequena Sereia é preta
A nova Pequena Sereia é preta

 

No nosso décimo lugar temos a atriz e cantora Halle Bailey, de 19 anos, que vai interpretar Ariel, no Live-action de A Pequena Sereia, da Disney. O remake será produzido em 2020.

Halle e sua irmã Chloe, ganharam as graças do público e da rainha Beyoncé com suas músicas que tem uma balada de Pop e R&B, mas com letras bem reflexivas e psicodélicas. As duas também atuam juntos na série Grown-ish, spin-off de Black-ish.

Em entrevista para o Entertainment Weekly, o diretor do longa Rob Marshall, que também dirigiu O Retorno de Mary Poppins, diz Halle é perfeita para o papel, por diversos motivos:  “Depois de buscar de forma extensiva, vi que Halle possui uma rara combinação de coração, espírito, juventude, inocência e substância, e ainda de quebra tem uma voz gloriosa, ou seja, tem tudo que um papel icônico precisa”, detalha Marshall.

Em alguns sites já há protestos sobre a escolha da atriz, por conta do famoso cabelo ruivo de Ariel que provavelmente será castanho na nova versão do filme.  Há comentários dizendo até que a diversidade foi longe demais.

Porém a Disney ganha arriscando e colocando mais rostos e vozes negras nos remakes de seus filmes, onde o elenco sempre majoritariamente branco por décadas. A diversidade acontece por meio de histórias que podem ser contadas por personagens de qualquer etnia.

Já pensou uma Ariel de dread?

 

 

Mulheres negras que inspiram: Samantha Almeida e a luta por representatividade no mercado da comunicação

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Por Silvia Nascimento

Nascida e criada na Rocinha, maior favela do mundo, Samantha Almeida, de 39 anos, inspira. Head de Conteúdo da Ogilvy Brasil, já liderou a área de conteúdo e redes sociais da Avon. Participou de coletivos de música, coolhunter e foi estilista por quase 15 anos. Se autoconsidera uma grande “experimentadora” conectada ao universo criativo.

Samantha é a prova viva que reinvenções são possíveis, Bacharel em Desenho de Moda, fez MBA em Administração e Varejo, além de vários cursos como Teatro, Astrologia, História da Arte. Nascida no dia de Oxum, 8 de dezembro, essa sagitariana é a primeira pessoa de sua família a concluir uma graduação.

Ela abraçou as surpresas e reviravoltas que sua vida deu, mudando de posições alguma vezes. Sua força interior e capacidade de se reinventar são inspirações para muitas mulheres. Confira agora a entrevista que a Silvia Nascimento fez com Samantha.

 

1) Faça uma breve apresentação. Onde você nasceu, formação, signo e um resumo da sua atuação profissional. Seus pais tem formação universitária ou vem da sua geração?

Meu nome é Samantha, sou nascida na comunidade da Rocinha no Rio de Janeiro no início da década de 80. Tenho 39 anos, signo de Sagitário nascida no dia de 8 de dezembro, dia de Oxum.

É impossível me apresentar sem falar dos meus pais. A vida que tenho hoje, meus acessos, minha carreira tudo é fruto dos sonhos mais improváveis deles, das suas renúncias, escolhas e também do apoio emocional. Os dois não tiveram formação universitária e antes de mim dois tios chegaram à universidade por meio do esporte, mas não tiveram condições de se formar. Pelas suas faltas, meus pais fizeram de tudo para que eu tivesse acesso à educação de qualidade, e quando digo tudo foi tudo mesmo.

Minha formação é bastante plural, sou Bacharel em Desenho de Moda, fiz MBA em Administração e Varejo e vários cursos como Teatro, Astrologia, História da Arte. Mas o que considero essencial na minha formação foram os colégios que formaram minha educação de base. Durante todo o ensino fundamental fui bolsista em alguns dos mais renomados colégios do Rio de Janeiro, neles desenvolvi amor pelo conhecimento e pensamento crítico além de aprender na prática a lidar com o racismo estrutural.

Hoje estou Head de Conteúdo da Ogilvy Brasil, antes disso liderei a área de conteúdo e redes sociais da Avon. Fui PR, participei de coletivos de música, coolhunter e estilista por quase 15 anos… sempre uma grande “experimentadora” conectada ao universo criativo.

2) O ator Donald Glover durante uma coletiva do filme O Rei Leão falou sobre a Síndrome do Impostor, de não se achar merecedor do sucesso que estava colhendo em alguns momentos da sua carreira. Essa síndrome afeta muitas mulheres e pessoas negras. Você algum momento duvidou da sua capacidade? Se sim, como resolveu esse problema?

A minha vida foi construída por surpresas, por desafios e muitas reconstruções. Talvez não tenha essa sensação porque não vivi mudanças ou sucessos repentinos. Tudo veio em pequenas etapas, passos lentos em uma sequência de escolhas. Boas e más. Cheia de erros, acertos e reajustes de rotas.

E isso desde sempre, muito criança minha mãe me colocou em situações de desconforto e confronto, então a sensação de “será que estou preparada pra isso?” ou “minhas deusas, eu não esperava por isso”, se tornaram motor de transformação e parte da jornada. Nunca me abandonou.

Para dimensionar o que estou dizendo, uma breve história: Comecei a ler bem cedo. Por causa desse desenvolvimento rápido, meus pais conseguiram uma bolsa de estudos em uma ótima escola na zona sul, porém os horários eram alternativos e variavam muito. Minha mãe, estudante e auxiliar de enfermagem não conseguia me levar para escola e não tínhamos dinheiro para pagar transporte particular. Então ela decidiu que eu iria para escola sozinha, aos 5 anos de idade.

Durante uma semana ela me treinou, ensinou o caminho e horários dos ônibus e onde pegar, descer e o caminho até a escola. O que eu deveria dizer se me perguntassem se eu estava sozinha, como e para quem pedir ajuda em caso de assédios masculinos, como me defender.

Na primeira semana ela contava que me seguiu chorando todo o caminho mas sem intervir, viu ali que eu havia aprendido tudo é que estava preparada. Digo que ali minha auto estima começou a se formar e meu medo do mundo a ruir. Pode parecer maluquice mas eu me lembro do caminho como se fosse hoje e da sensação de sentir minha mãe ao meu lado me protegendo e confiando em mim. E se ela confiava em mim, como eu não confiaria?

Hoje ela já não está entre nós, mas eu continuo sentindo a sua presença e a mesma sensação de confiança dela e em mim mesma.

3) Seu trabalho é muito ligado a atuação dos influenciadores no Brasil.

Engraçado você dizer isso, gosto dessa percepção. Pessoalmente sinto que o meu trabalho é ligado ao entretenimento.

Sou uma filha dos anos 80 e fui criada sendo influenciada pela linguagem de TV, cinema e teatro que eram muito populares na época. Por ser filha única, a TV muitas vezes fez o papel de melhor amiga e isso foi muito importante na forma como trabalho hoje.

A primeira vez que fui à um super evento musical foi aos 4 anos, chegada do Papai Noel no Maracanãzinho. Minha mãe contava que eu me perdi no meio da multidão e fui encontrada no palco junto com os atores do Sítio do Pica-pau Amarelo. Ou seja, eu sempre quis fazer parte do imaginário, do lúdico.

Quando cheguei ao mercado de comunicação sentia uma falta que ainda não sabia explicar, mas que depois se tornaria uma assinatura. Entendi que eu gostava de entretenimento mas que aquele que eu conhecia não contemplava pessoas como eu. Nem minha cultura. Nem as minhas referências. Nem minhas origens. Por isso quando comecei a liderar a construção de narrativas passei a inserir as faltas que eu sentia, que passavam obrigatoriamente por raça, gênero e classe.

  • Na perspectiva de conteúdo negro, como você avalia essa representatividade?

Precisamos separar o que é representatividade e representação. O que estamos vendo é a representação negra em conteúdo de grandes marcas, empresas e veículos que estão sendo criados pensando em atingir pessoas negras. Muito disso por exigência nossa, da audiência. Mas isso é só representação: histórias negras pela perspectiva de pessoas não-negras.

O que falta e com urgência, é representatividade que passa obrigatoriamente por empregabilidade. Isso acontece quando pessoas não-brancas liderando essas narrativas que falam sobre elas, pensam sobre elas e recebendo os lucros vindo delas.

  • As marcas estão investindo nos produtores de conteúdo de pele mais escura?

As marcas estão tateando essa possibilidade. Ainda perdidas em como e com quem falar já que a maioria das lideranças não são negras e/ou não entendem a importância e urgência em fazer esse investimento.

Lembrando que a maioria também não compactua verdadeiramente com uma cultura antirracista e muitos a desconhecem.

4) A imprensa negra ainda é vista com certo preconceito pelas marcas. Nos EUA Essence, Blavity, Travel Noir, são publicações online para negros com grande investimento em mídia. O que precisa para que marcas enxerguem o potencial do jornalismo feito para pessoas negras do Brasil?

Visibilidade do potencial negro de consumo desse jornalismo. Se por um lado as marcas estão entendendo o que tem de valor no jornalismo negro, nós negros também estamos descobrindo as vantagens de consumir conteúdos e produtos que sejam pensados para nós.

No ano em que a maior parte da população de declarou negra já dá para imaginar o tamanho da revolução possível quando começarmos a exigir de todas as marcas que consumidos, por meios ou menor que seja nosso poder se consumo, que eles se posicionem a favor da luta antirracista.

Eu sempre digo que no capitalismo, precisamos saber onde e em quem investir nosso dinheiro.

5) Como você cuida da sua saúde mental e da sua saúde? Você tem uma rotina de saúde/beleza? Cabe na agenda ou você se considera uma workaholic ?

Difícil essa pergunta após viver um ano como 2019, onde tudo coletivamente pareceu compactuar com nosso adoecimento e pessoalmente perdi a pessoa que mais construiu minha personalidade, minha mãe.

Contrariando as indicações médicas, intensifiquei o ritmo profissional a níveis muito estressantes mas fechei o ano com as metas que me dei. Não recomendo para ninguém mas foi assim que se desenhou, mas essa é uma rota que pretendo equilibrar em 2020.

Saúde mental eu cuido com atenção profissional, terapia e pequenos prazeres como estar com amigos. Esse tema me é muito caro, já tive crises de ansiedade e sempre tento escutar os limites do meu corpo.

Não me considero workaholic mas sou muito grata à tudo que o trabalho me deu, todas as oportunidades que criei para mim e para outros, então não posso negar que lido com a minha carreira sendo uma das prioridades da minha vida.

6) Quem tem influencia em termos de conteúdo? O que você assiste, lê e recomenda para mulheres negras que estão aí lutando pelo seu reconhecimento profissional?

Sou menos da técnica de como “fazer conteúdo” e mais das formas de se contar boas histórias. Porque conteúdo nada mais é do que o bom é velho poder de contar boas histórias.

O que me fascina são as pessoas, os transformadores, os pensadores do mundo.
Acho que depois de achar o que realmente interessa às pessoas é que se aplica a técnica. Os dois juntos que formam o bom conteúdo.

Minha maior influenciadora hoje é Alexandra Ocasio-Cortez uma política, ativista e organizadora comunitária dos Estados Unidos, congressista na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos por Nova Iorque. Assisti sua palestra no SXSW19 e desde então a sigo e admiro. Pessoas que pensam o mundo a partir da equidade me interessam muito.

Além dela tem a paulistana Igi Ayedun, uma artista multimídia na mais profunda concepção do termo, o Instagram dela é um MBA completo sobre os novos tempos.

Bom, e Djamila Ribeiro. Qualquer pessoa que queira pensar o mundo de hoje sob a perspectiva antirracista precisa seguir, ler, ouvir Djamila. O que mais amo nessa mulher negra é a capacidade de fazer conhecimento se tornar algo “pop”, acessível, simples. Temas complexos se tornam leitura rápida nas mãos dela e eu fiz dos seus livros meu único presente possível. Dou um livro de Djamila Ribeiro para todo mundo, em qualquer situação.

E sobre reconhecimento profissional, me desafio a repensar o que já vi, fiz ou acho saber. Atualmente estou revezando aulas da MasterClass de roteiros pra TV da Shonda Rhimes com as aulas on-line da Metodologia do Mesa e Cadeira. Gosto de misturar conhecimentos e sempre ter clareza que não sei o monte de coisas… Acho que esse é o melhor conselho profissional que poderia dar.

Retrospectiva Mundo Negro 2019 #9 – Miss EUA, Miss América, Miss Teen EUA, Miss Mundo e Miss Universo são mulheres negras

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Miss EUA, Miss América, Miss Teen EUA e agora a Miss Universo são mulheres negras
Miss EUA, Miss América, Miss Teen EUA e agora a Miss Universo são mulheres negras

Pela primeira vez os concursos de beleza mais badalados do mundo, Miss EUA, Miss Mundo, Miss Teen EUA, Miss América e agora Miss Universo,  tem como vencedoras mulheres negras.

É um fato histórico no mundo das misses.

Até 1920 mulheres negras eram proibidas de participar do concurso e mesmo depois da mudança das regras, o racismo ainda imperava. A mudança veio 50 anos depois e Janelle Comissing foi a primeira negra a vencer o Miss Universo em 1977.

Quando Zozibini Tunzi, da África do Sul foi nomeada Miss Universo nesse domingo, ela se juntou a um grupo histórico de mulheres negras juntamente com a Miss EUA 2019 Cheslie Kryst,  Miss Teen EUA 2019 Kaliegh Garris e Miss America 2019 Nia Flanklin. A jamaicana Toni-Ann Signh, de 23 anos venceu o Miss Mundo 2019.

https://www.instagram.com/p/B51_xYTlvst/

Miss Negras Brasileiras

Do Rio Grande do Sul, Deise Nunes foi a primeira negra a usar a faixa de Miss Brasil. Ela ganhou o concurso em 1986. Em 2016 e 2017 tivemos outras  mulheres negras como Miss Brasil. Raíssa Santana venceu em 2016 representando o Paraná e no ano seguinte Monalysa Alcântara venceu o concurso em nível nacional, pelo Piauí.

 

Retrospectiva Mundo Negro 2019 #8 – “Sobrevivi!! Hoje acredito em milagre!!”: Gloria Maria celebra a vida após a remoção de tumor no cérebro

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“Sobrevivi!! Hoje acredito em milagre!!”: Gloria Maria celebra a vida após a remoção de tumor no cérebro
“Sobrevivi!! Hoje acredito em milagre!!”: Gloria Maria celebra a vida após a remoção de tumor no cérebro

No oitavo lugar da nossa retrospectiva, temos Glória Maria: Todo mundo ficou em choque com a notícia da cirurgia de emergência da jornalista Glória Maria, em novembro. Em uma postagem do Instagram, Glória agradeceu aos fãs e deu detalhes do que aconteceu, e não lamenta, só agradece. A jornalista estava com um câncer no cérebro e desmaiou devido ao inchaço que salvou a sua vida.

Se ela não tivesse batido a cabeça a ponto de desfalecer, não teria descoberto o tumor no cérebro que poderia matá-la a qualquer momento, como ela mesma explica em detalhes: “A primeira ajuda de DEUS. Estava com uma bomba relógio já acionada no meu cérebro. Mas Deus tenho certeza agora gosta de mim. Enviou o mensageiro dr Paulo Niemeyer para me resgatar. Ele montou uma operação de guerra. Corrida contra o tempo! 6 h de cirurgia”, detalhou a jornalista que já está em casa.

https://www.instagram.com/p/B5BKt-_hCAh/

 

Retrospectiva Mundo Negro 2019 #7 – O adeus a Ruth de Souza

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O sétimo fato que marcou a comunidade preta brasileira neste 2019 foi triste: A morte de Ruth de Souza. Fazendo uma singela adaptação da palavra Ubuntu, muito da arte negra no cinema, TV e teatro, é por que Ruth Souza, em julho, aos 98 anos,  existiu. “Ela veio antes de todas nós. Ela veio antes da Chica Xavier, ela veio antes da Lea Garcia, antes da Zezé Motta. Ela veio antes de muitas antes de nós”, destacou Taís Araujo em seu Instagram.

Na dramaturgia Negra, Dona Ruth inventou a roda sim, sendo a primeira mulher preta em vários momentos da sua vida profissional, como por exemplo, sua encenação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1945, no espetáculo “O Imperador Jones” (“The Imperator Jones”), do dramaturgo americano Eugene O’Neill (1888-1953). Como Taís Araújo bem descreveu em seu Instagram

A atriz sempre disse em suas entrevistas, que interpretar a poeta Carolina de Jesus, foi seu trabalho preferido. “Eu até esquecia quem eu era”, ilustrava a atriz.

Ruth de Souza chegou a dar aula de alfabetização para pessoas pobres que queriam se tornar atores, mas não sabiam ler. Ela conta um pouco sobre sua própria história nessa homenagem da Ancine:

Retrospectiva Mundo Negro 2019 #6 – A fala histórica de Roger Machado e casos de racismo no esporte viraliza

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A Internet parou para repercutir a fala do técnico do Esporte Clube Bahia nesse final de semana.  O time de Roger Machado, foi derrotado pelo Fluminense, de Marcão. Os dois, são os únicos técnicos negros da série A do Campeonato Brasileiro.

Após a partida o técnico deu uma entrevista histórica, sendo o primeiro técnico a falar para imprensa sobre a questão racial no Brasil de forma tão elucidativa, sem cometer erros e ainda  destacando questões como feminicídio, educação e até questões carcerárias.

https://www.instagram.com/p/B3j-DwfFMyR/

O Brasil é o país do futebol e também um dos países mais racistas do planeta. A presença de negros no esporte precisa ser discutida .  Por que temos tantos atletas negros experientes sem trabalho e só dois, como líderes de times importantes nacionalmente?

Durante sua palestra no TEDxUnisinos, Márcio Chagas, considerado um dos melhores árbitros da história do futebol nacional, não economizou em detalhes para contar como o racismo esteve presente em todos os momentos de sua carreira, desde o início aos 10 anos de idade, onde sua inteligência era elogiada, e sua cor lamentada, até o momento que ele decidiu se aposentar e hoje é comentarista.

Marcio Chagas (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele lembra durante a palestra, que os xingamentos quando era atleta eram tão intensos, que antes de começar o jogo, ele tinha que se aquecer sozinho no vestiário, longe dos colegas que se preparavam em campo.

“Negro sujo, volta para África, escória, macaco. Tem uma (ofensa racista) que me marcava muito: matar negro não é crime, é adubar a terra”, contou Chagas.

Conversei com o jornalista e lutador de Karatê Diego Moraes, repórter do Esporte Espetacular sobre o racismo e presença negra no esporte nacional.

“Dentro do esporte, o racismo estrutural é percebido tanto do lado da mídia quanto do lado das posições de comando dentro dos clubes e times. São poucos jornalistas negros nos principais veículos, poucos dirigentes de clubes de futebol, poucos dirigentes quando o assunto é delegação de Jogos Pan-americanos e Olímpicos. Quando falo poucos, significa algo fácil de contar…1,2,3,4…Com muito esforço encontramos 10”, detalha Moraes.

Para ele o lugar do negro ainda é em maior parte como atleta, mas mesmo assim, os brancos ainda têm vantagens quando falamos em investimentos, como patrocínios, por exemplo.

“Quando se exige recursos pra se tornar atleta de alto rendimento, o número de negros é escasso. Vimos um número significativo no futebol, basquete, no boxe, no atletismo. Mas no golfe, no tênis, na natação, na Fórmula 1, até mesmo no Karatê, esporte que eu pratico, só temos 1 negro atual campeão mundial de 12 categorias em disputa, o alemão John Horne. E aí, ainda é tranquilo falar que as oportunidades são para todos? Viver e sentir na pele ninguém quer, já que isso tudo é mimi”, finaliza o jornalista-atleta.

Casos históricos de racismo no esporte 

Diego Moraes me ajudou a levantar alguns casos históricos de racismo no esporte brasileiro. Infelizmente, casos como Roger Machado, de pessoas do meio esportivo que se posicionam contra o racismo, são bem raros.

Negro não tem reflexo 

Moacir Barbosa Nascimento
Imagem pertencente ao acervo do C.R. Vasco da Gama, autor não informado

“Negro não tem reflexo”, “Negro não pode ser goleiro”. Esses foram algum dos títulos usados para descrever a atuação de Moacir Barbosa do Nascimento, ex-goleiro da Seleção Brasileira.

No final da Copa do Mundo de 50, ao tomar um gol da seleção do Uruguai que resultou na derrota do Brasil, Barbosa foi vítima de um linchamento pela imprensa que além de o responsabilizar pelo resultado, associou sua “falha” a sua cor da pele. Não por acaso, a seleção teve poucos goleiros negros. Dida foi o primeiro negro a representar a seleção brasileira no gol após Barbosa, isso 56 depois.

Aranha chamado de macaco

Aranha (Foto : Arquivo pessoal)

A Internet ajudou a aumentar a repercussão do emblemático caso do de Aranha, então goleiro do Santos, alvo de xingamentos racistas em massa vindos da torcida do Grêmio em uma partida em 2014, pela Copa do Brasil.

Ele além de ser xingado de macaco pela torcida adversária,  também foi responsabilizado por alguns torcedores do Grêmio pela expulsão do time da Copa do Brasil.

“Já ouvi várias vezes que estava me aproveitando da situação para me colocar como vítima. Em alguns casos, quem sofre injúria racial no Brasil é visto como culpado”, disse o atleta à revista Veja, em uma entrevista de 2017.

O saco de supermercado é branco, o de lixo é preto

Nory diz que foi tudo brincadeira. Um vídeo divulgado antes do Pan-Americano em maio de 2015 mostrou Arthur Nory, Fellipe Arakawa e Henrique Flores, fazendo piadas de conotação racial contra o  colega Ângelo Assumpção, campeão no salto sobre o cavalo na etapa da Copa do Mundo de Ginástica em São Paulo.

“- Seu celular quebrou: a tela quando funciona é branca… quando ele estraga é de que cor? (risos) … O saquinho do supermercado é branco … e o do lixo? É preto!” – dizem os demais atletas, em coro.”

“Os dirigente não me acompanharam no Japão” 

Aída dos Santos (Foto: Arquivo pessoal)

Aída dos Santos foi a única mulher na delegação que disputou os Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio, no Japão.

Em uma entrevista ao jornalista Roberto Salim, ela revelou ter passado por um grande sufoco durante os jogos. Além de não falar japonês, Aída foi abandonada pela delegação.

“Eu ficava triste, mas não ligava. Ia à luta, como fui na Olimpíada de Tóquio, quando os dirigentes não me acompanharam ao estádio para a disputa do salto em altura”, detalhou a ex-atleta.

Perfis diferentes, épocas diferentes, mas que mostram como o Brasil trata os atletas de pele escura.

 

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