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Anti-racismo: “Muitos brancos estão surfando na onda, mas têm muitos interessados”

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Bruno Gagliasso e Luana Genot ( foto Anderson Borde /AgNews )

Com a Alice há 6 meses em seu ventre e muita vontade de ter um mundo com oportunidades iguais para brancos e negros, Luana Génot é uma das novas potências brasileiras na luta contra o racismo.

À frente do ID-BR (Instituto Identidades do Brasil), ela viaja pelo país ( e exterior) levando reflexões sobre questões raciais para dentro de grandes empresas como Though Work, Coca-Cola , Bayer e se destaca por fazer eventos repletos de celebridades e líderes empresariais. E nada é por acaso. Genót admite que as pessoas brancas são importantes na luta pela igualdade racial.

Ela foi a acompanhante de Bruno Gagliasso, na ida do ator à delegacia,  no dia 27 de novembro, para registrar queixa contra Day Mcarthy, brasileira residente no Canadá, que usou seu Instagram para para fazer ataques racistas contra a pequena Titi, de 4 anos, filha de Gagliasso com a empresária Giovana Ewbank.

Ela conversou um pouco sobre esse episódio e de como a ID-R chama as pessoas brancas em espaço de poder, para discutir racismo, preconceito e discriminação racial no meio corporativo.

Mundo Negro – Você é próxima do Bruno Gagliasso e o acompanhou na delegacia quando ele foi dar queixa contra aquela mulher. Luana foi como ID-BR ou como amiga?

Luana Genót – Foi um pouco dos dois, é difícil separar as coisas. Eu o conheci através do Instituto quando o convidei para ser embaixador da campanha Sim a Igualdade Racial, então obviamente eu fui lá por isso, e porque ele também, dentro do possível que agenda dele permite, tem reverberado essa questão racial ,por que agora ele tem uma filha negra. Ele tem tido mais contato com essa questão desde que ele adotou a Titi. Mas eu estava lá também como cidadã, mãe e acho importante a gente se posicionar sobre o que a gente acredita.

O Bruno me escreveu no domingo quando eu estava voltando de Recife e me contou que havia acontecido um caso e que ele iria na delegacia no dia seguinte. Aí eu mesma me prontifiquei a acompanhá-lo.

Foto Anderson Borde /AgNews Luana: “Estava lá também como cidadã e mãe”

De que forma você acha que os brancos estão interessados na luta anti-racista? Esse ano tivemos muitos debates e eventos sobre questão racial. Você acha esse momento é um divisor de águas? 

Essa luta anti-racista tem que ser de todos. Há o interesse mais aguçado de muitos, muitos estão surfando na onda e muitos não estão interessados. A minha filosofia é, seja pelo amor ou pela dor, todos tem que abraçar essa causa de alguma forma, é uma causa de todos e que esteja cada vez mais em pauta e recebendo mais ações em prol das ações afirmativas.

A questão é que não sei se a gente é capaz de modificar a mentalidade das pessoas, mas o que eu sei é que gente precisa galgar mais oportunidade para comunidade negra e periférica. Quanto a isso, a luta anti-racista branca é importante, por que são eles que têm a caneta. Na maioria das empresas, que são um dos pilares  do Instituto, dentro de uma vertente que a gente trabalha sobre igualdade racial no mundo corporativo, a gente sabe que essa população é branca. Com eles se engajando nessa luta a gente consegue mais frutos, para colocar negros no mercado de trabalho e ter líderes negros. Esse ano tivemos muitas discussões e possibilidades. Fizemos nosso Fórum de Igualdade Racial e vimos outros eventos e vários comitês surgindo para discutir essa pauta. E que venham mais, que  a gente possa discutir isso ao longo do ano, não só em novembro.

Dentro dessa rotina de atividades do ID-BR,  quais são as maiores dificuldades em termos de mitos a serem quebrados, quando se fala com brancos em espaço de poder?

A maior barreira que nós temos enquanto Instituto é convencer que o racismo existe. Questão sobre a falta de qualificação dos negros é um estágio 2, o estágio 1 é realmente educar as pessoas de como racismo existe, de como a gente é racista e como reverberamos os racismo através das nossas ações, trocando de calçada quando vemos um homem negro, fazendo piadas, não defendendo uma vítima de racismo, enfim, o racismo está nas pequenas coisas e maioria tem dificuldade de enxergar.

O estágio 2 é convencer que existe o talento, mas eles não estão conectados com essas pessoas. Nosso desafio é conectar empresas e pessoas e sobretudo, no nosso caso, mudar a cultura das empresas para que elas estejam capazes e aptas pare receber de desenvolver essas pessoas.

A imagem pode conter: 8 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé e texto
II Fórum Sim à Igualdade Racial em São Paulo

No caso da Titi um homem branco (Gagliasso) convocou toda a sociedade para pensar e falar sobre racismo e anti-racismo e houve uma comoção nas redes sociais. Há quem diga que a voz dele fala mais alto do que uma pessoa negra, mas se a fala é sobre combate ao racismo, não é algo positivo para todos?

Quando eu fui com o Bruno na delegacia eu falei que ele deveria usar esse lugar de fala que ele tem enquanto homem branco, que é capaz de gerar comoção nas pessoas, que é muito diferente de quando é uma pessoa negra. É só notar o que sai na mídia, tem uma comoção seletiva.

Ouso dizer que se fosse a Titi crescida falando sobre racismo, as pessoas provavelmente minimizariam mesmo ela sendo filha do Bruno. Apesar dessa comoção seletiva, eu acredito que quando tivermos pessoas como ele, usando o lugar de fala dele para ser aliados na luta anti-racista, eu acho super positivo. Não tem como negativar algo que está dando voz e espaço para uma luta que deve ser de todos. O discurso do Bruno é esse, de que deve ser uma causa de todos. Quando pessoas falam para mim que admiram minha causa, eu acho uma fala errônea, a causa é nossa. Eu acredito que com mais vozes teremos mais potencia e aliados. Bruno tendo noção dessa comoção seletiva, isso é positivo, ele pode problematizar isso e dizer “Olha quando aconteceu aquilo com a Taís não teve tanta voz”. Ele  entende que não é protagonista e sim aliado e que ele precisa reverberar para que a  gente tenha igualdade racial de verdade, não só no papel.

 

“Abolicionista ou escravocrata?” O show de Elisa Lucinda no Roda Viva

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Elisa Lucinda durante o Roda Viva

No livro do Brasil, a escravidão está há pouquíssimas páginas atrás da nossa história contemporânea. É um passado intercalado com o presente. Isso explica porque os debates sobre questões raciais, como o que foi apresentado no programa Roda Viva na noite de ontem, 11 de dezembro, são sempre intensos e acalorados. Fomos silenciados por séculos. Há muito a ser dito, corrigido, enaltecido e principalmente questionado e contestado.

A mesa foi composta pela Alexandra Loras , o antropólogo e pesquisador da USP – Universidade de São Paulo, Hélio Menezes,  a pesquisadora de políticas públicas da USP  Natália Neris e atriz e escritora Elisa Lucinda, que levou as redes sociais a loucura com suas pontuações poderosas, destemidas e carregadas de uma altivez de quem sabe da sua importância e dos seus antepassados para a construção da história do Brasil. Tanto isso é verdade, que ela disse, com toda a honestidade, que esperava  ser o centro da roda, local onde fica o principal entrevistado do programa semanal da Cultura. “Posso falar uma coisa”, disse Elisa encarando o mediador desastroso, Augusto Nunes. “Eu achei que o programa era comigo”, completou a poetisa sabendo que teria legitimidade para estar lá.

Essa foi algumas das AFROntas de Elisa, que prova como temos que ouvir quem tem história para contar, quem viveu em outras épocas e tem uma capacidade de análise em primeira pessoa que são preciosíssimas, já que o negro como contador da sua própria história é algo recente.

Lucinda narrou a sua indignação com a história de uma amiga branca que tinha orgulho em dizer que as empregadas trabalham há gerações em sua família. “A filha da minha empregada é juíza. Aqui na minha casa não tem essa coisa de continuar a obra da escravidão não.”, destacou a atriz, sobre como ela mesma lida com quem trabalha para sua família e ainda trouxe questões de privilégio branco, resquícios escravocratas presentes no cotidiano para debate.

“Há quem ainda reproduz a escravidão (…) Há cotas para brancos,, nunca tive um gerente negro. A gente tem que parar de não ver esse assunto (racismo). Tem uma hora que o tronco da história tem uma corda que bate na mão de cada um de nós, e nessa hora a gente tem que saber que lado a gente está, se você é um abolicionista ou escravagista?”, finalizou Elisa.

O antropólogo Hélio Menezes foi um outro grande destaque da mesa, trazendo números, nomes, se mostrando bem preparado para atualizar conceitos sobre negritude brasileira, sem esquecer, por exemplo, da Lei 10.639, de 10 anos, que trata do ensino de cultura afro-brasileira e africana nas escolas. “É função da escola educar também para diversidade racial”.

Natália Neris levantou a questão do genocídio negro, trazendo dados do recém divulgado Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, que mostra que jovens negras (mulheres de 15 a 29 anos) tem o dobro de chances de serem assassinadas, comparado com brancas na mesma faixa etária. Ela ainda falou da página do Facebook que administra a Preta Acadêmica. “Recebemos muitos depoimentos de mulheres negras que tiveram dificuldades para fazer mestrado e doutorado, mas elas nunca falam de meritocracia”, explicou Neris.

Convidamos negros, chamamos o Pelé 

A mediação do jornalista Augusto Nunes, que também é colunista da Veja, e que aliás tomou o lado de Willian Waack depois do escândalo do “coisa de preto”, mostrou não só uma falta de preparo para lidar com o assunto, o que já mostra subestimação em relação ao tema e entrevistados,  mas  também não tentou nem disfarçar suas ponderações carregadas de argumentos  problemáticos como  “a turma do politicamente correto”, “não chamamos negros porque são muito poucos” ou “ como fica  a situação dos brancos pobres”, provocação padrão de quem quer deslegitimar articulações em busca de igualdade.

Pelé, Lázaro Ramos e Hélio de La Penha, foram os nomes que ele conseguiu lembrar de convidados negros chamados para o centro da roda, quando Elisa Lucinda questionou sobre a presença de negros no programa.

A alta movimentação nas redes sociais durante o Roda Viva serve para provar que falar de questões raciais desperta interesse, mesmo fora do mês de novembro. Há tanto para se discutir, debater e aprender, que qualquer emissora que decidir ter um programa sobre negritude, não terá problemas de pauta e nem audiência.

Katiúscia Ribeiro- Resgate Filosofal Negro

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Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

Para os grandes pensadores, a filosofia tem como objetivo estimular a consciência, o pensamento e alimentar posições questionadoras que a torna não um saber, mas uma reflexão sobre o saber. Esse é um dos grandes estímulos para Katiúscia Ribeiro, mestre e doutoranda em Filosofia.  Sua inquietação sobre a destruição de conhecimentos, saberes e culturas pela ideologia branca/ocidental é o que traz sentido para sua trajetória pessoal e acadêmica.

Com livros e artigos que versam sobre como a filosofia africana contribui para problematizar pressupostos eurocêntricos na formação de uma nova geração de professores, em especial na educação básica. Katiúscia é nossa consciência na garantia do não banimento social e exclusão das oportunidades educacionais para a população negra.

Mundo Negro- Como a filosofia africana explica a condição humana negra e seu legado?

A filosofia africana percebe que o sujeito preto teve toda a sua compreensão de mundo destroçada pelos processos coloniais, esses responsáveis por aniquilar toda e qualquer subjetividade que possa fazer dessa mulher ou desse homem sujeito de sua própria história.

Mundo Negro- Que contribuição ela dá a sociedade nos tempos atuais?

A contribuição mais efetiva da filosofia africana é constatar que em uma sociedade racista que apresenta diariamente fatos que reafirmam o local de subalternidade e violência racial, mantendo a população preta em condição de subserviência, a filosofia africana nos permite refletir sobre o racismo com honestidade e responsabilidade. Refletindo o lugar do outro e principalmente reconhecendo neste outro a humanidade aniquilada pelos adventos do racismo. Uma filosofia que se pretende … Uma filosofia descolonizadora.

Mundo Negro- Como a idéia de identidade na perspectiva filosófica africana, pode contribuir para uma educação mais humanizada?

 

A filosofia africana torna-se a ferramenta primordial na reconstrução imagética do sujeito africano e de África. , integrando o diálogo antirracista, inexistente nos espaços escolares, tornando os alunos brancos menos refratários a diversidade étnico-racial e construindo na criança negra a referência positiva frente a sua história. Uma vez que reconhece nos africanos aqueles que também puderam e podem construir para a compreensão sujeito e ver que esse é aquele ser que pensa , reintegrando o mesmo o local de humanidade antes esquecido.

Valdineia Soriano – A arte que desenha a mulher

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Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

Valdineia Soriano nasceu destinada a ser imortal. Atriz do Bando de Teatro Olodum desde sua formação em 1990 é produtora de diversos espetáculos baianos e tem hoje uma imagem consolidada neste cenário teatral. Ela escolheu  discutir  o  passado para não deixar que a história negra desapareça. Sua experiência de palco envolve mais de 30 montagens, entre elas “Essa é a nossa praia”, Medeamaterial (de Heiner Muller), Cabaré da RRRRRaça, A infantil Áfricas,  Ó, Paí, Ó, Bença e  Dô. Na TV, sua consagração vem com Ó Paí, ó! O Curioso, quadro do Fantástico dirigido por Lázaro Ramos e Mister Brau.

Produtora do Festival Internacional de Arte Negra: A Cena Tá Preta, ela não se cansa.  No cinema, integrou o elenco de Jenipapo (1994) e Ó, Paí, Ó (2006), de Monique Gardenberg, O Jardim das Folhas Sagradas (2006), dirigido por  Póla Ribeiro,  Tim Maia (2014) de Mauro Lima e Café com Canela (2016) de  Glenda Nicácio e Ary Rosa. Recentemente foi eleita melhor atriz no Festival de Brasília. Estamos falando de uma atriz que através de sua arte, luta para deixar que alguma dessas memórias de luta e esperança continue viva dentro de nós.

Mundo Negro –O Teatro Experimental do Negro, foi nossa primeira experiência teatral e através de suas histórias debateu uma tema que é atual até hoje: a ausência do negro na dramaturgia e nos palcos do Brasil. Neste sentido, qual a sua perspectiva sobre a presença negra feminina nos palcos?

O TEN ( teatro experimental do negro) foi o percursor na perspectiva da (o)  artista negra (o) poder dizer: “NÓS TAMBÉM PODEMOS E SABEMOS FAZER ARTE!”. Contudo, ainda é muito difícil viver de arte no Brasil, principalmente, sem pertencer a uma grande Cia, que seja patrocinada. A condição feminina na arte- cênica vem mudando, não é o ideal de visibilidade considerando a gama de atrizes negras que temos na “cena negra” mas, nós estamos conduzindo divinamente nossas trajetórias, com escritas, produções, direções, atuação e desta forma, pautando nossos temas, com o nosso olhar, sensibilidade e (RE) existindo seja no teatro, TV, cinema, circo, dança ou até mesmo nos bastidores destas produções!

Mundo Negro- Em que o Teatro contribui para que a atriz Valdineia seja uma referência na luta anti racista?

Verdadeiramente, é presunçoso de minha parte receber este lugar de referência. Eu sou apenas um corpo, que tem sua importância, a partir da minha arte e da minha postura política-cidadã, na luta para combater as formas do racismo! A minha arte me possibilita falar para muita gente, de todas as etnias e classes sociais, isso é ótimo, mas, eu faço parte de um corpo-coro enorme.

Mundo Negro- Você é atriz, produtora, conselheira, ativista, mãe, mulher e quiça o que mais. Como é ser múltipla neste cenário artístico? O que você mais tem a comemorar?

Cansativo. Eu adoro exercer essas funções, mas,  as vezes, só para respirar eu gostaria de ser cuidada (RS). O ano de 2017, tirando todos os golpes, foi e é um ano que vai entrar para minha estória enquanto atriz. Eu fiz muitos e bons trabalhos, tive bons encontros profissionais e ganhei um prêmio de extremo reconhecimento na cena brasileira, o troféu de melhor atriz do cinema de Brasília, essa será minha comemoração por um bom tempo. Mas, eu sempre espero uma surpresa…

 

 

 

Camila Toledo – Cancionando Mulheres Negras

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Foto: Urban Projec

 

Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

Artista versátil e ativista, Camila Toledo passeia entre estilos. Cantora de timbre marcante, sua presença no palco bem como seu compromisso racial são inconfundíveis. Essa artista vem atravessando fronteiras musicais com ritmos que passeiam pelo Blues, Jazz e Soul sempre buscando promover a arte e a provocação social através das pautas de empoderamento da mulher e dos artistas negros. Atualmente é voz que encanta na banda MotherFunky, que tem como repertório releituras de sucessos do Funk e Soul norte americanos e brasileiros com referência nos anos 70.

Camila brilhou no Especial Billie Holiday, espetáculo standarts de jazz que produziu em Porto Alegre – RS. E foi atração do Mississipi Delta Blues Festival (Caxias do Sul – RS) onde homenageou um dos maiores ícones do Blues, a cantora Etta James. Essa atuação que reverencia divas negras é um dos grandes motes da sua carreira artística.  Entretanto, ela não atua somente em frente dos palcos. Como produtora, idealizou o Festival Nos Outras realizado inteiramente por um coletivo feminino de produção e que buscou apresentar a cena de bandas de Porto Alegre formadas estritamente por mulheres

Mundo Negro – Qual seu olhar sobre o mercado musical quando se fala de cantoras negras?

Infelizmente, existe um lugar delimitado para as cantoras negras. Isso me remete ao livro “Solistas Dissonates” do Ricardo Santhiago que fala justamente do que se espera artisticamente de uma cantora negra e como isso é limitante. Acredito ainda ser difícil pra uma cantora negra conseguir se destacar se não for através de estilos como samba ou black music como funk, hip hop, funk ou rap. Mesmo assim, a representatividade que artistas como Ludmilla, Iza, Karol Conka nessa nova geração e artistas consagradas como Sandra de Sá, Alcione é fundamental. Penso que precisamos persistir porque o julgamento do trabalho de uma artista negra é maior: Sofremos com o racismo estruturante e todo seu pacote de predefinições. Acredito, por fim que vivemos um novo momento social. As redes sociais estão reinventando as relações como um todo, e assim, a forma de como o público vê as artistas. Isso tende a contribuir pra uma desconstrução deste cenário dando mais espaço para as artistas que originalmente seriam marginalizadas. Isso me dá esperança.

Mundo Negro – Como é militar através da música? Você sente que consegue da seu recado desta forma?

Sinto que consigo. Ser artista já é uma provocação. Mulher, um ato revolucionário. Negra e com um microfone? Um manifesto. Penso que tenho uma responsabilidade em ter o espaço que tenho. Na MotherFunky, destaco sempre em minhas falas e escolhas artísticas a necessidade de entendermos nosso contexto social. No Especial Billie Holiday, ao apresentar a história da cantora a provocação social é inevitável. Sinto que militar na música tem suas especificidades. É um lugar de pensamento mais etéreo, a provocação é política e social, mas pode ser mais poética. Penso que assim, pode ser mais pedagógica e gerar mais aproximação. Passeio muito me plateias brancas e isso me dá ainda mais responsabilidade. Preciso dizer as pessoas o que penso da forma certa para que a mensagem ressoe.

Mundo Negro – Cantar Jazz, blues ou Soul é contar a história de resistência negra. O que você supera ao cantar essas mulheres com histórias tão forte?

Eu exorcizo muitas das minha dores no palco ao cantar esses estilos. Afinal, muitos dos artistas que eu homenageio falam de dores que até hoje sentimos. Eu me fortaleço nas canções deles, aprendo sobre mim enquanto mulher negra e sei que como instrumento da arte deles, trago ora paz ora reflexão pros corações dos que me ouvem. Eu escolho cantar esses estilos porque cresci ouvindo isso em casa. Meu avô era jazzista e minha mãe fã das divas. Entendo que essa era uma das referências de representatividade para as gerações deles e tornaram-se referência pra mim. Referência de resistência e colocação no meio, apesar das limitações. Espero poder seguir meu processo de cura através da música negra, seguir como instrumento de comunicação da nossa luta.

 

 

 

Sereia negra: O guia de beleza de verão da afrobrasileira

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Foto: Adrian McDonald

Foto: Adrian McDonald

22 de dezembro é a data oficial da chegada do verão, mas de uma mulher negra para outra, vamos combinar que o sol, praia e piscina trazem aquele tensão e medo de perder as beleza dos fios, resultado de muita hidratação, investimento em low poo, cremes caros e horas de dedicação. Para pele vale o mesmo. Negras tendem a ter a pele do corpo mais ressecada e nessa época de grande exposição do corpo, cuidados redobrados são necessários. E para quem não vive sem make, também é preciso atenção, mas são tantas dúvidas.

Por isso entrevistei três grandes feras na área da beleza que são negras, especializadas em nós, mulheres negras: a dermatologista das celebridades negras Dra. Katleen Conceição, a maga dos cachos e tranças Chris Oliveira e a maquiadora preferida dos negros famosos, Daniele da Mata.

Dra. Kattlen, Daniele e Chris

Depilação

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Erika Januza toda lisinha

“Depilação na pele negra é coisa séria e só deve ser realizado por médicos,de preferência dermatologistas”, alerta Dra Katleen.  Ela explica que qualquer paciente de pele negra pode marcar consulta com um dermatologista da sociedade brasileira, até mesmo em hospitais públicos para ter uma orientação específica para que a depilação não cause estragos permanentes à pele.

A nossa pele tem maior tendência à foliculite, que é a inflamação onde saem os pelos. Durante um processo de depilação com cera, por exemplo, a região depilada pode ficar mais escura.

Os métodos de depilação a laser são indicados em alguns casos. Hoje eles conseguem medir a quantidade de melanina na pele agir com a frequência correta.

Para quem prefere a velha lâmina, que tende a causar mais foliculite, porém é um método mais barato e indolor, vale em investir em bons cremes para acalmar a pele depois do processo, como os que contém camomila.

Proteção Solar e ações anti-ressecamento da pele

Proteção e hidratação nunca é demais. Que linda essa Daniela Martins. Reprodução / Site EGO

Já sabemos há um tempo que a pele negra também precisa de proteção contra os efeitos nocivos do Sol. A melanina forte não protege ninguém do câncer de pele, afinal além dos raios solares nossa pele também absorve a poluição. Os lábios grossos, também merecem atenção, por conta da delicadeza, da pele fina que queima e desidrata mais fácil. “Recomendo utilizar hidratantes à base de óleo de amêndoas, óleo de coco e macadâmia, principalmente hidratantes que podem ser utilizados dentro do banho”, indica Dra. Katleen para quem quer ter uma pele radiante.

Tranças, Dreads e laces ao Sol

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e atividades ao ar livre
A Youtuber mineira Maristela Rosa curtindo uma praia com seus dreads (Foto: Reprodução Instagram)

Chris Oliveira dá dicas para quem usa apliques, laces, lãs e afins, para ter aquele cabelão e não quer abrir mão na temporada de praia e piscina.

Laces: “ Não é indicado entrar na praia e piscina com lace pois corre sério risco de cair quando está só colocado sem pontos de costura, mas se costurado na base de tranças nagô, não tem problemas. Lembrando que a grande maioria são cabelos orgânicos e elas embaraçam com frequência tendo assim pouca durabilidade em especial na água com cloro e salgada do mar.”

Dreads: “Não existe nada muito especial nos cuidados de dreads na praia ou piscina, só com as brincadeiras de areia pois fica complicado lavar bem os dreads quando entra areia, mas vida normal, lembrando de secar bem depois de molhar para evitar mal cheiro.”

Hidratação com Tranças: “Não recomendo nem se quer usar condicionador com tranças e pior ainda hidratar, pois esses produtos causam resíduos e fica complicado tirar da raiz podendo assim causar caspa, só usar shampoo mesmo quando usa tranças, claro que a cada manutenção antes de refazer o processo deve sim hidratar bem o cabelo natural. Para a secagem desses cabelos recomendo usar duas toalhas e secador morno, secar bem, muito bem mesmo e não dormir com cabelo molhado.”

Make de verão para negras 

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Gaby Amarantos para capa da Boa Forma. Praia sim, cara lavada, jamais!

Daniela da Mata, uma das mais requisitadas maquiadoras para negras, que faz revistas e programas de TV,  dá dicas preciosas do que usar ou não usar na praia ou piscina além das tendências de cores.

Maquiagens recomendadas para praia e piscina, para ficar gatona durante o banho de sol:

“Para ficar bonita é importante um bom protetor solar, com tonalidades se possível, se não encontrar, misturar um pouco da base com o protetor adequado para o tipo de pele, para ter proteção, mas não ficar oleosa. Recomendo também um máscara de cílios, claro, a prova d’água, que abre o olhar e te faz sentir mais bonita e um batom mais para tonalidade cor de boca, mas tons mais quentes. Não seria um um tom vinho, mas algo mais aberto, tipo tons laranja e telha. Essas tonalidades na praia ficam bem suaves.”

O que evitar nos dias mais quentes?

“Base com cobertura alta e cremosa, com textura bastão, são produtos que geralmente não absorvem bem na pele, principalmente na negra que costuma ser mais oleosa, então tem difícil fixação. O ideal é uma base líquida fluída para ter mais absorção e cobertura. Tudo que é muito para o óleo tem que ser evitado porque no sol evidencia mais. No calor tudo pode, mas é importante ter cuidado na preparação da pele para não derreter toda.”

Quais são as tendência para mulheres negras no verão?

Iza e suas maquiagens incríveis

Daniele aposta numa sombra de tom rosa. “Por mais que seja um sombra que as pessoas não gostem tanto, rosa e bordô ficam incríveis na pela negra. Essa textura mais de gloss e molhada nos olhos também funciona legal e também, claro, o nosso famoso laranja mas mais aperolado. Então minhas apostas são essas tonalidade laranja, rosa, bordô e perolado. Tenho certeza que no verão vai ficar incrível. Aliás, eu já estou usando”.

Siga essas mulheres incríveis que me deram consultoria para  o Guia, em suas redes sociais.

DaMata Make Up 
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contatosdamata@gmail.com

Dra. Katleen Conceição
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https://dermatologiapelenegra.blogspot.com/

Chris Oliveira
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atende.ciadastrancas@uol.com.br

Garotas negras “quebram” a Internet dando conselhos amorosos

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As belezas do Estaremos Lá

Os tempos são outros e cada vez mais garotas, famosas ou anônimas, por meio da arte ou vídeos com depoimentos, têm usado as redes sociais para falar umas verdades para os garotos.

Traição, mentira, ciúmes, não importa. Elas ligam a câmera para dar conselhos, broncas e indiretas mostrando que as mulheres negras de hoje valorizam quem as valoriza.

Esses tipo de mensagens são uma injeção de coragem para quem não tem aquela amiga sincerona, ou não se sente confortável para se abrir com alguém.

As meninas do Estaremos Lá têm praticamente um playlist só para falar de relacionamentos e alguns dos seus vídeos já ultrapassaram a casa de um milhão de visualizações.

Tá precisando de uma motivação para fazer a fila andar? Aperte o play.

“Quem quer dá jeito, pede crédito para o amigo, roteia a Internet…faz alguma coisa”.

E se ele não ligar ???Marque suas amigas e decidam juntas.Insta: @stella.yeshua

Posted by Estaremos lá on Monday, October 23, 2017

 

“A mulher consegue ter 20 contatinhos e tratar todos como único. não se iludam não irmãos!”

 

QUANDO A PESSOA NÃO TE ASSUME(Bebida da Blue Sweet)

Posted by Lais Oliveira on Thursday, November 9, 2017

“Você não tem que ter medo de ficar sozinha, você tem que ter medo de ser infeliz”.

https://www.facebook.com/Jojotodynho/videos/384083785394998/

Gabrielle Union “Ser negro rico e famoso não te livra do racismo”

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“Quando LeBron James  subiu em um dos maiores palcos do mundo e no dia seguinte tinha a palavra crioulo pichada no seu muro, o que você diz para as suas crianças? Que não importa o quanto você conquista coisas na vida, você continua sendo só um crioulo? ” . Essa foi a provocação da atriz americana Gabrielle Union, em entrevista ao portal The Root.

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Durante a o bate-papo a atriz de 45 anos, é bem sincera sobre sobre como funciona o racismo nos EUA. Para ela, muitos acham que celebridades não vivem situações de racismo, machismo ou homofobia.

Union, que sofreu sucessivos abortos, ama ser mãe dos filhos do seu marido o jogador de basquete  Dwyane Wade e a questão racial é sempre assunto entre eles.

“Quando você olha para essas crianças que têm sido criadas acreditando que o caráter das pessoas é o que mais importa, temos que ensinar, que elas não podem agir como seus amiguinhos, que respondem para os professores ou autoridades. Você não tem o luxo de andar nas ruas de lugares badalados, sem estar sempre alerta, porque seus vizinhos podem te matar e não serem responsabilizados, usando a desculpa de que estavam se sentindo ameaçados pelo seu corpo negro desarmado”.

A atriz diz que o racismo se faz presente entre negros ricos, quando na escola seus filhos são a minoria. Mães negras, na visão dela, nunca dormem bem quando seus filhos estão fora de casa porque “a nossa negritude tem sido demonizada, tornada como fonte de ameaça e inferiorizada.”

“É impossível ser negro e se  valorizar, se glamorizar sem ter experimentado os -ismos-, isso não é real”, finaliza a atriz.

“AfroeducAÇÃO no Cinema” terá sessão especial de cinema negro para crianças

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(Texto : Divulgação)

No sábado, 16/12, às 11h, o Espaço Itaú de Cinema, do Shopping Frei Caneca, recebe mais uma sessão “AfroeducAÇÃO no Cinema”, em co-realização com o Clube do Professor.

Haverá a exibição de quatro curtas-metragens brasileiros que discutem a identidade negra no Brasil. Serão projetados os documentários “Disque quilombola”, de David Reeks, e “Lápis de cor”, de Larissa Fulana de Tal; além das animações “Imagine uma menina com cabelos de Brasil”, de Alexandre Bersot, e “Salu e o cavalo marinho”, dirigido por Cecília da Fonte.

Após a projeção, haverá debate com o público, com a participação dos realizadores dos filmes, sob a mediação da escritora especializada em literatura negra infanto-juvenil, Heloísa Pires Lima.

Sobre os filmes:

Disque quilombola (Brasil, 2012, 13′)

Dir.: David Reeks

Sinopse: Crianças do Espírito Santo conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória. Por meio de uma genuína brincadeira infantil, os dois grupos falam de suas raízes e desvelam o quanto a infância tem mais semelhanças do que diferenças.

Imagine uma menina com cabelos de Brasil (Brasil, 2010, 10′)

Dir.: Alexandre Bersot

Sinopse: O cabelo, a fronteira final. Entre caretas e escovas, as viagens em busca de aceitação.

Lápis de cor (Brasil, 2014, 14′)

Dir.: Larissa Fulana de Tal

Sinopse: O documentário ” Lápis de Cor” aborda a representação racial no universo infantil e a maneira como um determinado padrão de beleza afeta a auto-imagem e auto-estima de crianças negras. Para tratar desta questão, a realizadora proporá a um grupo de 05 crianças, uma dinâmica de produção de desenhos. Através dos desenhos nos quais se autorepresentarão e revelarão o que imaginam ser e a maneira como se vêem.

Salu e o cavalo marinho (Brasil, 2014, 13′)

Dir.: Cecília da Fonte

Sinopse: O filme conta a história de Mestre Salustiano, um dos artistas populares mais famosos do Brasil. Filho do rabequeiro João Salustiano, Salu logo cedo sonha em participar de um grupo de Cavalo Marinho, folguedo típico da região onde mora.

Sobre a sessão AfroeducAÇÃO no Cinema:

A proposta de realização de cineclubes, dentro do projeto AfroeducAÇÃO no Cinema, em parceria com o Clube do Professor e o Espaço Itaú de Cinema, tem como foco proporcionar diálogos com os realizadores dos filmes do chamado Cinema Negro Brasileiro.

As sessões bimestrais “AfroeducAÇÃO no Cinema” tiveram início na cidade de São Paulo, em 2011, motivadas pela necessidade de conhecer e valorizar a cultura e a identidade negras, por meio de uma metodologia transformadora, direcionada, principalmente, a educadores(as) interessados(as) na aplicação da Lei Federal 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira na Educação Básica.

Para isso, a AfroeducAÇÃO escolheu a promoção de cineclubes como estratégia, tendo em vista a capacidade de sensibilização e de mobilização do audiovisual. Neste processo de troca de experiências e de conhecimentos, os(as) participantes também são despertados(as) para a possibilidade de trabalhar com as produções exibidas como recursos pedagógicos, conforme os preceitos da educomunicação, a fim de permitir que as vivências dos(as) aprendizes façam parte de suas aprendizagens.

A ideia central é garantir, principalmente, aos educadores participantes dos cineclubes a abordagem de aspectos da história e da cultura dos povos afrodescendentes com conteúdos e aplicabilidade em diversas disciplinas (História, Geografia, Língua Portuguesa, Literatura, Matemática e Ciências), tendo o cinema como motor para leitura crítica do mundo e produção autoral.

 

Confira aqui o vídeo do projeto.

Serviço:

Quando: 16 de dezembro, às 11h (distribuição dos ingressos a partir das 10h30)

Onde: Espaço Itaú de Cinema (Shopping Frei Caneca)

Entrada Gratuita e aberta a pessoas de qualquer idade

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/191608844750341/

 

Mais informações:

Site: www.afroeducacao.com.br

Facebook: www.facebook.com/Afroeducacao

Instagram: https://instagram.com/afroeducacao/

Twitter: https://twitter.com/afroeducacao

YouTube: https://www.youtube.com/user/afroeducacao

Em “A Volta pra casa” Rincon Sapiência descreve a realidade de quem necessita do transporte público no Brasil

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“É hora de voltar pra casa, trabalhador só quer chegar bem. Infelizmente não tem asas e precisa das ruas e das linhas do trem. A condução está tão cara, conforto é algo que não tem. Mas o trabalhador encara essa rotina sem nunca depender de ninguém”.

Se você é um trabalhador ou trabalhadora, se você é estudante, estagiária, universitária ou esteja em qualquer outra realidade brasileira onde dependa do transporte público, depois de horas estudando e/ou trabalhando, é muito difícil que você não se identifique com os versos de “A Volta pra casa”, música composta, interpretada e produzida por Rincon Sapiência.

A faixa, que faz parte do álbum “Galanga Livre” – que recentemente venceu 3 categorias do Prêmio MultiShow: Artista Revelação, Melhor Produção e Melhor Capa – relata as angustias de homens e mulheres que precisam utilizar o transporte público brasileiro todos os dias. Na letra o MC trata da precariedade deste transporte, da violência urbana, do medo que as mulheres sentem até chegar em casa, do cansaço do estudante que trabalha, vai pra faculdade e volta bem tarde pra casa.

No dia 27 de novembro “A Volta pra casa” ganhou um videoclipe, disponível no YouTube, onde homens e mulheres negras são retratados dentro desta rotina. O vídeo traz um olhar artístico, cuidadoso e delicado para uma realidade dura e, ao mesmo tempo, corriqueira para os que não têm dinheiro para um “carro blindado” e muito menos asas pra voltar pra casa.

Assista ao videoclipe de “A Volta pra casa”:

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