Com o avanço do coronavírus, as atividades culturais estão suspensas de modo geral. Neste cenário, museus promovem visitas virtuais por todo seu acervo. No Brasil, o Museu Afro veem promovendo este tipo de visita com uma temática diferente a cada semana.
Como forma de garantir que o público, aquele que pode, fique em casa, o museu promove também uma série de publicações em suas redes sociais, desvendando curiosidades e histórias por trás de fotografias e obras do acervo.
O Acervo do Museu Afro Brasil conserva mais de 5 mil obras que englobam diferentes áreas de múltiplos universos culturais africanos, indígenas e afro-brasileiro e as visitas são feitas através da plataforma Google Arts & Cuture que dá acesso a exposições sem você precisar sair de casa.
O escritor Colson Whitehead, que já havia sido premiado pelo seu romance “Underground Railroad”, foi anunciado, nessa segunda-feira (4), como o ganhador de mais um prêmio Pulitzer, dessa vez pelo livro “Reformatório Níquel”, no qual, por meio da história de um reformatório para menores infratores, discute a segregação racial nos Estados Unidos.
Com isso, Colson Whitehead se torna o primeiro homem negro a ganhar dois prêmios Pulitzer. O Pulitzer é um prêmio estadunidense outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque.
O júri do Pulitzer descreveu o romance de Colson como “uma narrativa poderosa de perseverança, dignidade e redenção humana”. Ambos os livro do autor são publicados no país pela HarperCollins Brasil e estão em catálogo.
Embaixador do kuduro nos principais festivais de música eletrônica, Kalaf Epalanga lançou o seu primeiro romance, no qual mistura música e imigração e tornou-se um dos autores negros com mais vendidos da 17ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho de 2019.
Nesta terça-feira (5), Kalaf, que diz escrever em “pretoguês” participará da live do Museu da Língua Portuguesa em comemoração ao dia Internacional da Língua. Na live, Epalanga promete fazer uma discotecagem afetiva e histórica de músicas de seu país e das relações musicais que constroem seu repertório pessoal, em conversa com o historiador Rafael Galante.
Kalaf Epalanga gosta de retratar a “voz dessa urbanidade contemporânea africana”, que acompanha os debates globais em relação ao gênero, raça, ecologia, identidade e outros.
Confira a programação completa do Museu da Língua Portuguesa:
TERÇA-FEIRA (05/05)
15h – Contação de histórias, com Fernanda Raquel
15h30 – Ortografia também é gente: uma conversa entre escritores
A poeta mineira Ana Elisa Ribeiro conversa com o escritor português Marco Neves, a escritora e artista visual de Guiné-Bissau Gisela Casimiro, o professor moçambicano Nataniel Ngomane e a poeta pernambucana Micheliny Verunschk sobre a palavra como instrumento para dar conta do que estamos vivenciando hoje.
16h30 – Performance “Silêncio”, com Eduardo Fukushima
Sozinho e com a cópia da chave que abre o portão do MLP o dançarino Eduardo Fukushima descobre um museu em silêncio. Apresenta no lugar completamente vazio pílulas coreográficas inspirada nas instalações do museu.
17h – Conexão musical: Angola, com Kalaf Epalanga
O músico e escritor angolano Kalaf Epalanga faz uma discotecagem afetiva e histórica de músicas de seu país e das relações musicais que constroem seu repertório pessoal, em conversa com o historiador Rafael Galante.
18h – Poesia na língua do Slam, com Roberta Estrela D’Alva e convidados do Brasil, Cabo Verde e Portugal
Slam com os poetas brasileiros Kimani (SP), Lucas Afonso (SP), Lews Barbosa (SP), Wellington Sabino (MG, vencedor do Slam da Língua Portuguesa, promovido pelo Museu da Língua Portuguesa na Flip 2019), Tom Grito (RJ), Bixarte (PB), Allan Jones (SE) e Tatiana Nascimento (DF); a portuguesa Raquel Lima e o cabo-verdiano Edyoung Lennon, ambos participantes do Flip Slam, também realizado pelo Museu na Flip.
Interprogramas: Exibidos entre as atrações
Peripécias Poéticas – A língua portuguesa, em suas diversas tonalidades, texturas e variações, é o grande elo de Peripécias Poéticas, sob curadoria do FESTLIP – Festival Internacional das Artes da Língua Portuguesa. São pequenos vídeos de poesia vividos por atores de diversos países que falam português, como Guiné-Bissau, Moçambique, Brasil, Portugal e São Tomé e Príncipe.
Cartas de um outro tempo – Projeto da Revista Pessoa, “Cartas de um outro tempo” capta a realidade dramática imposta pelo coronavírus, com a experiência do confinamento, medos e relações com o outro e o mundo. Para o Dia da Língua Portuguesa, cerca de 12 autores lerão, em vídeo, suas cartas.
Sabemos que a morte pela Covid-19 já tem seus grupos preferidos: velhos, negros e pobres. E o que dizer dos idosos e idosas negras pobres? Nos Estados Unidos, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) já apontou para uma letalidade proporcionalmente maior entre negros se comparados aos brancos. Isso quer dizer que, quando um negro adoece pela Covid-19, a chance de morrer é maior. E esse fato repete também na Inglaterra. E esse cenário é pior em muitos países do continente africano onde se nota até a “invisibilidade do problema” pela falta de informações pelos meios de comunicação. O Brasil já aponta para a mesma tendência quando diversos estudos, profissionais de saúde e pesquisadores falam da subnotificação de casos, principalmente nas regiões mais pobres do país ou onde há mais moradores negros, aqui incluindo Manaus, Salvador e São Luís do Maranhão.
Um dos últimos relatórios divulgados pela Vigilância de Saúde do município de São Paulo mostrou onde há mais óbitos pela Covid-19 (ver figura Figura acima: Óbitos confirmados e suspeitos por Covid-19 segundo Distrito Administrativo (DA) de residência. Município de São Paulo, 2020. Fonte: Boletim Semanal – 2 Covid – Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, disponível aqui.)
Pelo mapa se observa que os casos aumentaram nas regiões mais periféricas de uma das maiores capitais do mundo. Isso é muito significativo, já que nesses locais onde o Coronavírus tem causado mais mortes é onde a população negra mais reside, circula e se desloca a caminho do seu trabalho que fica em outras regiões do município. Cabe listar as consequências dessa situação de contaminação, adoecimento e morte pela Covid-19:
Nos territórios onde residem muitas pessoas negras é frequente a insuficiência dos serviços de saúde. Isso se constata quando o percentual de pessoas negras com Diabetes e Hipertensão superam o percentual de brancos com essas mesmas doenças. Não se discute aqui a falta de comprovação dos tratamentos. Aqui se verifica que o diagnóstico e a conclusão do tratamento para essas doenças são tardios ou inconclusos para as pessoas negras. E agora, com a Covid-19, não há profissionais de saúde em quantidade necessária e isso obriga muitos a fazerem horas extras e, consequentemente, aumentando o risco de um erro e diminuindo a imunidade desse profissional. Os materiais de proteção também estão em falta. Matéria publicada em 08 de abril relata as péssimas condições que muitos profissionais de saúde possuem para trabalhar em um dos principais hospitais da zona leste de São Paulo. “Todos estão com medo de trabalhar por falta de material, por falta de EPI”, afirmou outra funcionária. Ela disse que gastou R$ 300 do próprio bolso para comprar máscaras. “é um dinheiro que faz falta, mas é pra salvar a própria vida”. Confira em https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/04/08/funcionarios-do-hospital-tide-setubal-reclamam-de-mas-condicoes-de-trabalho-e-falta-de-equipamentos-de-protecao-para-o-coronavirus.ghtml
As pessoas negras com Diabetes, Hipertensão ou Obesidade podem possuir um risco igual ou maior de morrer se comparado a idosos. Idosos sem essas doenças podem ter mais chances de saírem vivos uma vez contaminados pelo Coronavírus se comparados a pessoas negras já com essas doenças (comorbidades). Mas, se antes as pessoas negras, por questões de trabalho, de deslocamento, de baixa escolaridade, de dificuldade de um bom atendimento já não conseguiam se cuidar, agora pode ser ainda pior, pois muitos serviços estão totalmente voltados para o enfrentamento da pandemia (que é esse aumento muito rápido de uma doença em diversos locais simultaneamente e em um determinado tempo);
Os idosos negros possuem diversos fatores para também serem considerados um grupo de risco. Tanto pelo fato do racismo presente na nossa sociedade que dificulta o bom atendimento, fato esse comprovado no último dia 18 de abril quando um casal de idosos foram violentados das mais diversas formas e culminando no falecimento da esposa (https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/04/27/idoso-negro-e-acusado-de-roubo-em-hospital-e-esposa-morre-apos-confusao.htm). Ainda há as comorbidades presentes, a dificuldade em manter o isolamento adequado, pois muitas das pessoas idosas negras moram com outros familiares que trabalham na informalidade e não podem fazer o seu ofício de casa, há casas com poucos cômodos e isso faz com a exposição aumente, como crianças de famílias diferentes brincando juntas regularmente, um quintal compartilhado com outras famílias e a falta de cuidados públicos de higiene nas áreas comuns para os residentes do mesmo bairro;
Baixa Renda. Sim, sem dinheiro fica muito difícil seguir as recomendações. Nas regiões onde residem as pessoas negras e de baixa renda falta saneamento básico, falta água, falta sabão para lavar as mãos, falta a informação adequada, falta o acesso à internet para a continuidade dos estudos, para a tentativa do trabalho realizado de casa (home office), máscara, álcool gel e humanização por parte de alguns profissionais;
Repouso para os trabalhadores negros e isolamento social, quando possível. A escritora moçambicana Paulina Chiziane, na sua coluna do dia 21 de abril escreveu: “Que perguntem também como é que os africanos sobreviveram no cativeiro, no exílio e no minúsculo fundo do porão! Como puderam superar tantos séculos de privação de liberdade? A quarentena mundial dura alguns meses e toda a gente já sente saudades de ir à rua, respirar o cheiro do mundo. A privação da liberdade dos africanos durou séculos, e era exploração. A quarentena mundial não é prisão, mas sim proteção”. (https://www.revistapessoa.com/artigo/2990/carta-a-nataniel-ngomane). Em tempos atuais de pandemia não há as mesmas condições e oportunidades de isolamento e descanso para boa parte dos trabalhadores negros, principalmente aqueles que trabalham na informalidade e em trabalhos de muita demanda física e baixa remuneração.
Por esses e outros motivos peço que tente ficar em casa na medida do possível, procure se proteger da melhor maneira possível com os equipamentos que estiverem à sua disposição. Precisando ir a um serviço de saúde, que seja tratado com dignidade, como um cidadão que está doente e quer sair mais saudável. Exija isso! Há muitas pessoas nesse mundo que querem te ver depois dessa pandemia. Faça isso por você e por todas essas pessoas.
Alexandre da Silvaé doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) onde investigou os fatores determinantes da incapacidade funcional na perspectiva étnico-racial em idosos residentes no município de São Paulo e participantes do estudo SABE (Saúde e Bem Estar e Envelhecimento). Contato: alexandre.geronto@gmail.com
Lovecraft Country, série da HBO baseada na obra de Matt Ruff (Território Lovecraft, em português) e produzida por Jordan Peele e J.J. Abrams conta a história de Atticus Freeman (Jonathan Majors), que junto de sua amiga Letitia (Jurnee Smollett-Bell) e seu tio George (Courtney B. Vance), viajam pelos recantos mais racistas dos Estados Unidos da década de 1950 em busca de seu pai desaparecido.
No caminho, no entanto, ele encontrará, além de supremacistas brancos, horrores indizíveis na forma de monstros. “Isto se inicia com uma luta para sobreviver e superar tanto os terrores racistas da América branca como os monstros aterrorizantes que poderiam ser tirados de uma história de Lovecraft”, diz a sinopse oficial da série divulgada pela HBO.
Também foi revelado o primeiro trailer da série, a prévia mostra uma família enfrentando diversas ameaças ao redor dos EUA; Confira:
Além de Peele e Abrams, a série também conta com Bill Carraro (“Blade Runner 2049”); Yann Demange (da série “Diário Secreto de uma Garota de Programa”), Daniel Sackheim (da série “True Detective”); David Knoller (da série “Big Love”) e Misha Green (da série “Spartacus”) na produção executiva.
Seguindo a onda de “Live Show” o grupo Cidade Negra anunciou que fará a sua primeira live da quarentena, um show ao vivo pelo Instagram da rádio Mix Rio FM no dia 13, quarta-feira a partir das 19h00.
Atualmente formada por Toni Garrido, Bino Farias e Lazão, Cidade Negra que surgiu na cidade de Belford Roxo, no Rio de Janeiro em 1986 já embalou, e segue embalando, toda uma geração falando de amor, problemas sócio-culturais e filosóficos no ritmo do Reggae e Soul.
A “Live Show” faz parte do projeto CantePorNós, apresentado por Mix fm e a Sony Music Brasil. O ‘Cante por nós’ é uma projeto para levar entretenimento de qualidade para os ouvintes da rádio sem comprometer a saúde de ninguém.
A doação foi realizada por meio da Instituição social da cantora “BeyGood“, em parceria com o #startsmall, do CEO da Twitter e da Square, Jack Dorsey, para doar 6 milhões de dólares em financiamento a organizações que prestam serviços de bem-estar mental, por meio de uma importante parceria nacional com a UCLA.
Em comunicado publicado no twitter da instituição “BeyGood reconhece os imensos encargos de saúde mental e pessoal que estão sendo colocados em trabalhadores essenciais durante a pandemia do COVID-19”.
A iniciativa também fez parceria com a Aliança Nacional de Doenças Mentais (NAMI) para oferecer apoio local em Houston, Nova York, Nova Orleans e Detroit. O apoio pessoal ao bem-estar ajudará organizações como o United Memorial Medical Center, Bread of Life, Mathew 25 e muito mais. A campanha também distribuirá 1000 kits de testes rápidos, além de máscaras, luvas, vitaminas e suprimentos domésticos.
“Nas nossas grandes cidades, os afro-americanos compreendem um número desproporcional de trabalhadores nessas ocupações indispensáveis e precisarão de apoio à saúde mental e cuidados pessoais de bem-estar, incluindo exames e serviços médicos, suprimentos e entregas de alimentos, durante e após a crise”, diz o comunicado.
Além de Beyoncé, a Fundação Clara Lionel, da Rihanna, recentemente se uniu a Dorsey e JAY-Z do Twitter para doar mais de US$ 6,2 milhões para ajudar a financiar os esforços de ajuda ao COVID-19 em todo o mundo, incluindo populações vulneráveis em Nova York, Nova Orleans e Porto Rico.
Nesta semana, Tina Knowles-Lawson, mãe de Beyoncé, revelou que uma de suas melhores amigas, Sheila Campbell Christian, morreu de coronavírus. Christian era uma enfermeira e Beyoncé serviu como a menina de flor em seu casamento. “Perder nossos profissionais de saúde que lutam por nossas famílias e por nós é a coisa mais triste”, disse Lawson. “Por favor, leve a sério e fique em casa, se puder.”
Texto do Griottes.Narrativas – Coletivo de mulheres negras roteiristas – @griottes.narrativas
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A matéria publicada na revista “Marie Claire” no dia 1º de Maio, Dia do Trabalhador, traz entrevista com oito diretoras que ocupam as disputadas cadeiras de direção artística na Rede Globo de televisão. Entre falas sobre feminismo e enfrentamento ao machismo, conquistas individuais são celebradas como coletivas. Mas a foto que ilustra a matéria coloca essa celebração em alerta.
Joana Jabace, Luísa Lima, Dani Gleiser, Natalia Grimberg, Denise Saraceni, Monica Almeida, Maria de Médicis e Patricia Pedrosa (Foto: Victor Pollak)
Quando o título da matéria destaca “Mulheres no comando” e não “Mulheres BRANCAS no comando”, cria-se uma falsa sensação de igualdade. O título dá a entender que uma grande conquista foi feita por todas mulheres – quando, na verdade, é uma conquista única e exclusiva de mulheres BRANCAS, com sobrenome herdeiros de capital financeiro e artístico . Onde estão as mulheres negras? Onde estão as mulheres periféricas?
Está mais do que na hora de mulheres brancas questionarem-se sobre a conveniência do seu feminismo.
O feminismo que nos apaga e exclui não nos serve. Falar sobre a conquista de mulheres apenas com mulheres brancas não nos serve. É preciso enegrecer essa discussão. É preciso entender como o privilégio racial e, muitas vezes de classe, exclui mulheres.
Esse pacto velado e silencioso acordado entre pessoas brancas que afasta mulheres racializadas da possibilidade de ascensão e, consequentemente, dos espaços de poder, precisa ser questionado sempre. Afinal, antirracismo não é um mero discurso, é uma prática diária. Essa fala precisa tomar corpo e se transformar em ação e questionamento dos pares.
Nós, roteiristas negras, vemos com grande preocupação a ausência de diversidade racial entre aquelas que, em última instância, dão forma a nossa atividade de criar e contar histórias. Para além de contar as histórias produzidas pela emissora, os profissionais criativos neste processo são responsáveis pela memória audiovisual de nosso país e é assombroso que em 2020 o grupo de maior grupo de comunicação da América Latina siga contribuindo com o projeto de branqueamento do nosso imaginário.
Não à toa, o nome de Cleissa Martins, mulher negra, autora do especial de Natal “Juntos a Magia acontece” (foto de destaque) , foi apagado da matéria ao mesmo tempo em que o nome das autoras, Carla Faour e Julia Spadaccini, de “Segunda chamada”, mulheres brancas, foram exaltados.
Esse apagamento sistemático não se encontra apenas nas dependências da Rede Globo, mas em todas as demais emissoras e Players. Se fizessem uma foto com as mulheres no comando no SBT, Record, Band, Rede TV, HBO, Netflix, seria diferente?
Estamos enfrentando hoje uma das maiores crises humanitárias dos últimos anos. É um momento para reflexão sobre o mundo que queremos quando tudo isso passar. Começar a pautar questões raciais e fazer um compromisso com a diversidade (e por que não dizer proporcionalidade, já que somos 55,8% da população brasileira?) de fato pode ser um bom caminho para repararmos algumas das feridas deixadas pela escravidão e pela colonização, um processo que beneficiou e ainda beneficia a branquitude e seus herdeiros independente do gênero.
Griottes.Narrativas – Coletivo de mulheres negras roteiristas – @griottes.narrativas
E se a gente comparar a produção e qualidade das fotos da Manu e Rafa a indignação aumenta. Compare a luz e textura dos cabelos nas fotos abaixo.
Compare com a foto das outras finalistas Manu Gavassi [📸: Isabella Pinheiro/Gshow], Thelma Assis[📸: Isabella Pinheiro/Gshow] e Rafa Kalimann ! [📸: Artur Meninea/Gshow]As fotos de Manu e Thelma foram feitas pela mesma fotógrafa Isabella Pinheiro.
Tem fotos no ensaio com erros básicos de maquiagem para pele negra que deixaram a campeã com a pele acizentada, o que poderia ter sido corrigido na edição das fotos.
Felizmente nada disso diminuiu a beleza real da Thelma, ela só merecia uma finalização mais caprichada, no padrão Globo até porque com tantas artes com o rosto dela feitas por fãs durante o BBB20 não podemos dizem que faltou inspiração.
Tem fotos dela na casa fazendo mais jus a beleza dela, do que o ensaio da Globo.
A ausência de pessoas negras em espaços de poder se tornou mais natural do que a luz do dia. Para pessoas brancas e privilegiadas que não conviveram com pessoas negras em ambientes acadêmicos e de trabalho, o olhar está tão acostumado com a branquitude em espaços de poder, que eles não percebem que tem algo errado, quem tem um grupo representativo (54% da população) ausente. Essa é algumas das possíveis explicações para a reportagem da revista Marie Claire sobre mulheres poderosas e influentes dentro da Rede Globo.
“Mulheres no comando: Conheça as diretoras por trás dos maiores sucessos da Globo” é a matéria escrita por Joana Dale que faz uma mini biografia de oito diretoras da emissora responsáveis por produções de muito sucesso incluindo o especial de natal “Juntos a Magia Acontece”, de direção Maria de Médices ( texto de Cleissa Regina Martins) , “Segunda Chamada” dirigido por Joana Jabace e Mister Brau que teve Patrícia Pedrosa na direção .
A foto de destaque da matéria chega ser ofensiva para mulheres negras que atuam na área de produção do audiovisual. É como se elas não existissem.
O coletivo Potências Negras, que tem entre os membros, muitas mulheres atuantes na área de cinema e TV, publicou seu perfil no Instagram um manifesto com críticas à publicação.
“Até quando mulheres negras serão invisibilizadas? Até quando a falsa meritocracia será utilizada para reproduzir a exclusão de mulheres negras em espaços de poder? E nós, mulheres negras, não somos mulheres?”, diz o texto da postagem.
O manifesto ainda faz uma provocação em relação ao feminismo. “O movimento ‘Mexeu com uma mexeu com todas’ foi liderado por mulheres brancas e poderosas da emissora, em defesa da figurinista vítima de assédio. Exigimos essa mesma força para combater a invisilidade de mulheres negras”.