Quatro policiais de Minneapolis foram demitidos na terça-feira (26) após a morte de um cidadão americano negro durante uma abordagem policial violenta, o que provocou indignação nesta cidade do norte dos EUA e comoção entre famosos e anônimos que estão cansados de “ficar triste por nosso povo morrer desnecessariamente”, como escreveu a modelo Naomi, em seu Instagram. Viola Davis, Michael B Jordan e Lupita Nyong’o também prestaram homenagens e solidariedade a George Floyd e sua familia.
“Todos os quatro policiais de Minneapolis envolvidos na morte de George Floyd foram demitidos”. Ser negro nos Estados Unidos não deveria ser uma sentença de morte”, escreveu no Twitter o prefeito, Jacob Frey. Pouco antes, durante uma coletiva de imprensa o prefeito concordou que era normal as pessoas ficarem com raiva.
Alguém que passava no local do ocorrido com Floyd filmou por 10 minutos a prisão que ocorreu na última segunda-feira (25) à noite e a transmitiu ao vivo no Facebook Live. Nas filmagens, um policial branco mantém o homem negro, de bruços no chão, enquanto aperta o seu pescoço com o joelho.
Na filmagem é possível ver George Floyd pedindo ajuda por minutos por não conseguir respirar e estar sentindo dor, enquanto o policial diz para ele permanecer calmo. Floyd foi levado a um hospital, onde morreu pouco depois; Confira:
Um porta-voz da polícia disse que o George parecia bêbado ou drogado, resistiu ao ser preso por policiais por um crime de falsificação. Daniela Gomes, brasileira que vive nos Estados Unidos publicou que descobriu que George Floyd morreu “por que o dono do comércio achou q ele ia passar um cheque sem fundo. Ele não passou o cheque, o cara só viu o talão, achou que o cheque não teria fundo e chamou a polícia, que sufocou um homem preto até a morte”.
Agora que consegui ler mais informações, descobri q George Floyd morreu, pq o dono do comércio achou q ele ia passar um cheque sem fundo. Ele não passou o cheque, o cara só viu o talão, achou que o cheque n teria fundo e chamou a polícia, que sufocou um homem preto até a morte.
— Dr. Daniela Gomes (@danielagomesphd) May 27, 2020
Depois de algemá-lo, o policial teria “percebido que o suspeito tinha um problema médico” e chamou a ambulância, segundo o porta-voz.
O advogado da família de Floyd, Benjamin Crump, denunciou “uso abusivo, excessivo e desumano da força” por um delito “não violento”. O chefe da polícia local indicou que o FBI investigará o ocorrido.
A gente aprendeu na escola que a senzala era onde negros escravizados viviam nas fazendas e terras dos seus donos. Porém hoje no Twitter, o ex presidente Lula disse que ele também veio de lá, e foi o único a sair desse espaço e chegar na casa grande.
“Eu fui o único peão da senzala a chegar na casa grande. E o que nós fizemos foi estabelecer direitos para quem não tinha. Eu quando vejo um filho de pedreiro entrando na universidade penso que valeu a pena.”
Eu fui o único peão da senzala a chegar na casa grande. E o que nós fizemos foi estabelecer direitos para quem não tinha. Eu quando vejo um filho de pedreiro entrando na universidade penso que valeu a pena.
Ela ainda seguiu atacando um grupo, que ele acredita não pertencer: a elite branca.
Parece que Lula confundiu senzala com alguma outra coisa, o que é muito desonesto com quem descende de pessoas que realmente viveram lá e sofrem com as consequências até hoje. E aí que criamos a confusão de quem ser pobre branco e negro é tudo a mesma coisa.
Pessoas essas, com uma aparência bem diferente a do Lula, que se fosse negro, talvez nem tivesse sido eleito presidente do Brasil.
No início deste ano, a cantora Lizzo veio ao Brasil para um pocket show fechado no YouTube Space do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Nessa quarta-feira (27), o YouTube disponibilizou toda a apresentação na plataforma de vídeos como parte do projeto YouTube Music Night.
O YouTube Space Rio, é um espaço para gravação de vídeos exclusivo aos criadores com mais de 10 mil inscritos. Lizzo tem cerca de 1,88 milhão de inscritos no seu canal oficial e 22,6 milhões de visualizações em canções só no último mês. Durante o pocket show, a artista, que foi uma das protagonistas do pop mundial em 2019, cantou alguns de seus maiores sucessos, como “Truth Hurts”, “Good as Hell” e “Juice”.
O presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo, tem mostrado quando preocupação com pessoas brancas vítimas de “racismo” durante a pandemia do coronavírus.
Em sua conta no Twitter, ele diariamente se posiciona contra os negros de esquerda que para ele são tão racistas quando os brancos. “O racismo do branco precisa ser denunciado e punido. O do preto também, mas a esquerda não deixa. Pretos racistas formam seu mais aguerrido exército. São vitimistas e ressentidos. Massa de manobra”, disse Camargo.
E para proteger os brancos que sofreram ataques e resgatar sua dignidade pública, a Fundação Palmares lançou o selo “Palmares garante que você não é racista”.
“O selo da Fundação Cultural Palmares pretende restaurar a reputação de pessoas que injusta e criminosamente foram tachadas de RACISTAS em campanhas de difamação e de execração pública promovidas especialmente pela esquerda. Ou seja, limpar a imagem pública das pessoas atingidas”, detalha o presidente da Palmares.
Em uma entrevista à Carta Capital a filósofa Djamila Ribeiro, corrige o conceito de racismo reverso. “Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui”, explica a intelectual.
Ajuda aos Quilombolas
Dentro de alguns dias, a Fundação Cultural Palmares lançará um edital para selecionar 200 projetos de artistas afro-brasileiros, residentes em comunidades quilombolas ou autodeclarados pretos ou pardos.
Os projetos, cujos os vencedores serão premiados em dinheiro, devem ser nas categorias de: Música, Dança, Teatro, Leitura, Escrita e Oralidade, Narrativas Folclóricas, Culinária Tradicional e Artesanato.
Revoltante! Para quem acha que racismo acaba quando negros acendem socialmente, vejam esse caso. Na noite de terça, 26, a jornalista Luanda Vieira da revista Glamour, recebeu a médica e vencedora do BBB20 Thelma Assis para uma live no perfil da revista no Instagram.
Luanda, que também é negra, estava conversando com Thelminha sobre questões raciais, quando a ex-BBB20 teve que fazer uma pausa na resposta para alertar para uma grande quantidade de comentários racistas que apareciam nos comentários e pedir para que as pessoas denunciassem.
“Antes de responder sua pergunta gostaria de pedir para as pessoas que estão nos assistindo para denunciarem os comentários racistas. A gente está aqui falando de racismo estrutural e ainda tem gente que tem coragem de colocar comentários racistas numa live tão importante como a nossa”, disse a médica que ainda acrescentou “Isso tem acontecido em todas as minhas lives e mostra que vivemos num país infelizmente racista e isso se pronuncia em todos os sentidos, seja nas redes sociais, seja de forma velada, seja de forma explícita e o que a gente tem que fazer é isso, denunciar”.
Durante live, Thelma se mostra totalmente incomodada e se posiciona sobre os comentários racistas recebidos durante o ao vivo e pede para os seus fãs denunciarem. Também relata que isso acontece em TODAS as suas lives nas redes. Racismo é crime. Denuncie! pic.twitter.com/H335GZhjOG
Em uma live com o outro ex-BBB, o ator e produtor Rodrigo França , ambos sofreram ataques racistas.
As mulheres negras são as maiores vítimas de crime de ódio na Internet. De acordo com uma reportagem da Agência Brasil, um estudo feito entre 2012 e 2016 pelo pesquisador brasileiro e PHD em Sociologia Luiz Valério na Universidade de Southampton, na Inglaterra, mostrou que 81% das vítimas de discurso depreciativo nas redes sociais são mulheres negras entre 20 e 35 anos.
Após a Live , Thelma se posicionou com uma postagem:
Em um live para o site afro-americano The Grio a jornalista e empresária Oprah Winfrey teve falas filosóficas sobre o atual momento que o planeta vive por conta da pandemia do coronavírus.
A jornalista Natasha Alford perguntou a Oprah como fazer pessoas que estão fora do grupo de risco se sensibilizarem em relação as que têm grandes chances de contrair o vírus, no caso, a comunidade negra.
Para ilustrar sua resposta, a apresentadora usou uma experiência que ela viveu quando participou de uma ação de caridade na África do Sul. Ela acredita que as pessoas são impactadas quando elas se enxergam no outro.
“Nessa ação de natal na África do Sul, um dos meus produtores apareceu com um vídeo de uma criança comendo dentro de uma tina, mas era a mesma tina que um porco estava comendo. Eu disse que a gente não colocaria isso no ar porque aquilo desumanizava a criança e nos faz olhar a criança como ‘o outro'”, respondeu Winfrey.
Ela continuou a entrevista dizendo que em uma outra ação, em um orfanato , ela filmou uma festa de aniversário de algumas crianças as quais ela deu muitos presentes. “Essas crianças no orfanato, sorrindo, abrindo presentes, você podia sentir a alegria delas de forma palpável. Me lembro que depois, em 2002 uma mulher do Alabama nos ligou dizendo que ao assistir aquela festa, ela sentiu como se fosse uma festa de aniversário das crianças dela. E isso me fez pensar pelo motivo que não coloquei a criança comendo na tina do porco no meu programa, porque quando você vê outras crianças vivendo como suas próprias crianças, com festas, sorrisos, abrindo presentes você vê suas crianças naqueles rostos”, finalizou Oprah.
A COVID-19 tem exercido um impacto devastador, e as comunidades negras em todo o mundo têm sido as mais afetadas pela pandemia. Mesmo que a extensão total do seu impacto ainda esteja para ser determinada, essas comunidades estão desproporcionalmente propensas a contraírem e perecerem em função da COVID-19, comparando-se com o restante da população. Tecemos considerações a respeito do impacto da pandemia de COVID-19 no Brasil e nos Estados Unidos como ponto de partida para futuros estudos sobre populações negras em todo o mundo.
O Brasil é o maior e mais populoso país da América do Sul, com uma população de aproximadamente 210 milhões. A população negra constitui a maioria dos habitantes do país, representando 51,1% da população total.[1] Por outro lado, os Estados Unidos possuem uma população total de 328,2 milhões, sendo que a parcela negra representa apenas 12,1%. Uma comparação entre esses países pode, inicialmente, parecer incomum, especialmente porque historicamente esses países foram retratados como modelos contrastantes de raça e racismo. Por exemplo, um sistema de classificação racial e as leis de Jim Crow nos EUA, muitas vezes, foram justapostas ao contexto de mistura de raças, e as manifestações veladas e sofisticadas do racismo no Brasil. No entanto, o impacto contínuo da pandemia de COVID-19 no Brasil e nos EUA sugere que, embora existam diferenças, as comunidades negras em ambos países apresentam condições sociais semelhantes, tornando-as muito mais vulneráveis ao vírus do que suas congêneres nacionais.
Os primeiros casos de COVID-19 no Brasil foram relatados em São Paulo, no final de fevereiro de 2020. Os casos iniciais de infecção incluíram três homens brancos que haviam viajado para a Europa e foram diagnosticados ao retornarem para o Brasil. Cada um desses pacientes portadores do vírus recebeu tratamento no Hospital Israelita Albert Einstein, considerado o melhor hospital da América Latina.[2] Seus perfis, semelhantes, contribuíram para o esboço inicial[3] da COVID-19 como uma “doença de gente rica”. Aproximadamente, um mês após o primeiro caso confirmado no Brasil, a COVID-19 chegou à comunidade Cidade de Deus, um bairro predominantemente negro e economicamente desfavorecido no Rio de Janeiro. Desde então, o vírus se espalhou por todo o país, alastrando-se rapidamente para as periferias urbanas (principalmente habitadas por negros) e causando mortes, perdas e sofrimento expressivos.
No Brasil, o vírus tem sido desproporcionalmente mais letal para a população negra. Os relatórios epidemiológicos mais recentes do Ministério da Saúde[4] demonstraram que, apesar da população negra representar apenas 46,7% dos pacientes hospitalizados devido à síndrome respiratória aguda grave, ela corresponde a 54,8% dos óbitos por COVID-19. Mais recentemente, a “Agência Pública”[5] analisou relatórios epidemiológicos de 11 a 26 de abril, revelando que, as mortes causadas pela COVID-19 tinham triplicado entre a população branca, já na população negra, a taxa foi 5 vezes maior.
Padrões semelhantes relacionados à raça e mortalidade surgiram nos Estados Unidos, onde os negros americanos constituem menos de 13% da população, mas representam 27% de todas as mortes (mais que o dobro da proporção da população). Em maio de 2020, o Laboratório de Pesquisa APM[6] constatou que “a taxa de mortalidade para negros americanos é 2,2 vezes maior que a dos latinos, 2,3 vezes maior que a dos asiáticos e 2,6 vezes maior que a dos brancos”.
Essas disparidades raciais não são coincidências, estando, entretanto, relacionadas com as condições sociais e econômicas semelhantes, enraizadas no racismo. Por exemplo, uma proporção significativa da população negra do Brasil vive em comunidades empobrecidas (favelas), áreas residenciais densamente povoadas e marcadas por altos índices de vulnerabilidades. Nos Estados Unidos, os negros americanos também têm muito mais probabilidade de residir em áreas densamente povoadas e caracterizadas por pobreza (resultado direto da segregação residencial e práticas racistas de moradia). Nos dois países, a vulnerabilidade econômica dos negros, as barreiras impostas à sua capacidade de praticar o distanciamento social e o acesso limitado aos serviços de saúde facilitam e aceleram o processo de transmissão da COVID-19.
No âmbito do trabalho, os trabalhadores negros de ambos os países estão mais propensos a serem considerados trabalhadores essenciais e mais propensos a enfrentarem circunstâncias econômicas que não lhes permitem ficar em casa, longe de seus locais de trabalho. O Brasil possui a maior população de trabalhadores domésticos do mundo, sua grande maioria formada por mulheres negras, cujas circunstâncias econômicas precárias exigem que as mesmas continuem trabalhando, mesmo em situação de pandemia, para sustentar suas famílias.
Embora os negros americanos não sejam a maioria dos trabalhadores domésticos nos Estados Unidos, 25% destes estão empregados no setor de serviços e 30% de todos os enfermeiros licenciados são negros, o que significa que os mesmos sejam desproporcionalmente forçados a continuar trabalhando durante a pandemia.[7] As funções desempenhadas, majoritariamente, por negros no Brasil e nos Estados Unidos, como motoristas de ônibus, balconistas de supermercado, atendentes de metrô, enfermeiras, trabalhadores de fastfood, assim também como agentes carcerários (e encarcerados), colocam-nos em um risco significativamente maior de exposição à COVID-19. Lembremos de Cleonice Gonçalves, trabalhadora doméstica e vítima fatal atribuída ao coronavírus no Rio de Janeiro que foi infectada por sua patroa[8], assim como o motorista de ônibus da cidade de Nova York[9] que morreu após um passageiro ter tossido sem cobrir a boca.
Finalmente, as disparidades raciais da COVID-19 podem também ser atribuídas às condições de saúde e menor acesso aos cuidados que os cidadãos negros recebem nos dois países. De acordo com o CDC dos EUA[10], para os residentes negros dos EUA, a falta de seguro de saúde, taxas mais altas de condições crônicas, estigma e desigualdades sistêmicas aumentam sua vulnerabilidade ao vírus. Da mesma forma, estudos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)[11] demonstram que 67% dos cidadãos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS são negros (pretos e pardos). A população negra no Brasil e nos Estados Unidos enfrentam maior prevalência de doenças como diabetes, tuberculose, hipertensão e doença renal crônica, que os colocam em um grupo de alto risco para o COVID-19.
Nitidamente, as atuais disparidades raciais relacionadas ao impacto da COVID-19 evidenciam que a população negra no Brasil e nos EUA são as mais afetadas e a previsão é de agravamento dessas consequências nos próximos estágios da pandemia. A urgência de diálogos e iniciativas transnacionais visando aperfeiçoar as condições de saúde, em ambas comunidades negras, tornam-se evidentes e necessárias. Nossa expectativa é que uma maior atenção ao impacto global do racismo e da desigualdade na saúde da população negra passe a fundamentar a implementação de iniciativas transnacionais visando superar ambos o racismo e a COVID-19. E, como sugerem as consequências dessa pandemia, a construção de solidariedades transnacionais não é opcional, é literalmente uma questão de vida ou morte.
Dra. Elizabeth Hordge-Freeman é Professora Associada de Sociologia na Universidade do Sul da Flórida. É mestre e Ph.D. em Sociologia pela Universidade Duke. É autora do livro A cor do amor: características raciais, estigmas e socialização em famílias negras brasileiras (2018, Edufscar). https://www.amazon.com.br/Cor-do-Amor-Elizabeth-Hordge-freeman/dp/8576004976
hordgefreema@usf.edu
Michel Chagas é militante do movimento negro, membro do Instituto Steve Biko. É especialista em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestre em Políticas de Desenvolvimento Internacional pela Universidade Duke. michelchagas@gmail.com
[1] A categoria negra representa a porcentagem agregada das pessoas que se identificam como pretos e pardos.
[2] Hospital Israelita Albert Einstein, Diferenciais, https://www.einstein.br/sobre-einstein/diferenciais
[11] A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) é uma sociedade científica cujo papel principal se dá no âmbito do desenvolvimento de uma especialidade médica que presta atendimento de excelência às condições clínicas mais prevalentes de pessoas e populações. Os estudos mencionados acima são resultado do grupo de trabalho Saúde da População Negra da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, disponível em https://www.sbmfc.org.br/noticias/gt-de-saude-da-populacao-negra-manifestacao-sobre-ausencia-de-dados-da-covid-19-desagregados-por-raca-cor/
Estão abertas as inscrições para o Edital de Equidade Racial na Educação Básica, que financiará pesquisas e reconhecerá artigos científicos que apontem soluções para a redução das desigualdades étnico-raciais e de gênero nas escolas. Realizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) e Itaú Social, o valor total de investimentos é de R$ 3 milhões. As inscrições estão abertas até o dia 13 de junho, exclusivamente no site do edital (editalequidaderacial.ceert.org.br).
A divulgação dos resultados ocorrerá no dia 15 de setembro e, após esta data, está prevista a primeira oficina de trabalho, a apresentação dos projetos e artigos selecionados e a assinatura do termo de outorga. Em outubro, as pesquisas deverão ser iniciadas.
A iniciativa conta com a parceria do Instituto Unibanco, Fundação Tide Setubal e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Em construção desde abril de 2019, o edital busca articular e mobilizar escolas, redes, coletivos, centros de pesquisas e organizações da sociedade civil (OSCs) para viabilizar e fortalecer estratégias de enfrentamento das desigualdades raciais e de gênero na educação.
Segundo dados de 2017 levantados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de analfabetismo é mais alta entre os negros do que entre os brancos: 9,3% ante 4%. O estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em 2018 aponta que 39% de estudantes pretos e 34% de pardos apresentam trajetórias escolares não lineares, marcadas por reprovações e abandono, já entre brancos o percentual é de 22%.
Esses resultados, de modo geral, reafirmam que o risco de repetência é maior para o alunado negro.
“O trabalho com equidade racial na educação básica é uma oportunidade para que o povo brasileiro conheça mais a sua história, reconheça igualmente seus diferentes talentos e valorize uma perspectiva de desenvolvimento que inclua a população em toda sua rica diversidade. Além disso, promover a equidade na educação básica significa garantir iguais oportunidades de aprendizagem a todas as crianças e adolescentes” , explica a diretora executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), Cida Bento.
Categorias
O Edital de Equidade Racial está dividido em duas categorias: Pesquisa aplicada e Artigo científico. Os interessados podem concorrer apenas com uma proposta em cada categoria.
Na categoria Pesquisa aplicada, podem se inscrever pesquisadores mestres ou doutores, que já possuam ou estabeleçam cooperação formal com escola(s) pública(s) ou rede de ensino municipal ou estadual ou, eventualmente, com um terceiro ator, uma organização da sociedade civil – OSC da área da educação. Serão selecionados 15 projetos de pesquisa aplicada, que receberão um aporte de R$ 150 mil cada, além de uma bolsa no valor de R$ 3 mil para o pesquisador coordenador, no período de 18 meses.
Já na categoria Artigo científico, podem participar graduados, mestres e doutores, desde que o artigo seja inédito e a titulação do autor tenha sido obtida há no máximo cinco anos. Dois artigos de cada modalidade receberão reconhecimento financeiro.
As modalidades e os valores são: Graduados: R$ 3 mil; Mestres: R$ 5 mil e Doutores R$ 8 mil. Também receberá menção honrosa um artigo de cada modalidade.
Para garantir a transparência em todo o processo seletivo, as cinco instituições realizadoras e parceiras formam uma estrutura de governança, com o apoio de um conselho consultivo constituído por profissionais da temática racial, educação básica, assim como fomento e organização de editais de pesquisa.
Ato Nacional em memória de João Pedro, assassinado em 18/05.
Mobilização que lembra a morte de João Pedro e de milhares de jovens mortos nas favelas está marcado para 18 horas desta terça-feira (26)
A Coalizão Negra por Direitos convocou um manifesto em homenagem ao sétimo dia da morte de João Pedro Mattos Pinto, 14 anos. João foi morto em casa, na segunda feira (18) durante uma operação policial Federal e Civil ordenada pelo Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo. O crime foi muito comentado por autoridades e celebridades brasileiras, já que logo depois de baleado na barriga, o menino foi levado para ser socorrido pelos mesmos policias do atentado e a família só teve noticia de seu paradeiro no dia seguinte, quando o corpo de João já estava no IML.
O manifesto conta com mais de 500 entidades e movimentos que saem em defesa dos Direitos Humanos, a rede organizadora do ato (@coalizaonegra) pede que os usuários usem nas redes sociais as hashtags #VidasNegrasImportam, #ParemDeNosMatar, #JustiçaPorJoãoPedro e #AlvosDoGenocídio.
Na mesma semana, policiais em operação balearam e mataram João Vitor, 18 anos, e Rodrigo Cerqueira, 19 anos, que estavam recebendo cestas básicas no Morro da Providência e na Comunidade de Deus, respectivamente. Foram três jovens mortos, três vidas seladas em apenas quatro dias e em comunidades diferentes do Rio de Janeiro, a única semelhança entre os casos são a cor de suas peles e a forma da morte. Os três foram mortos pelo o Estado do Rio de Janeiro.
João estava brincando dentro de sua casa, que recebeu 72 tiros, no mínimo, durante o confronto policial dentro da favela do Rio, um desses tiros acertou a barriga do menino, que não resistiu e se tornou mais um para contabilizar o número de mortes por “bala perdida” em crianças no Estado. Só ano passado, foram mais de cinco crianças mortas da mesma forma nas favelas do Rio de Janeiro e mais de 15 baleadas.
Aghata Félix, 8 anos, baleada dentro de uma Kombi.
Kauan Peixoto, 12 anos, saiu para comprar um lanche.
Kauan Rosário, 11 anos, atingindo no confronto Polícial X Bandido em Bangu (RJ).
Kauê Ribeiro, 12 anos, voltando para casa durante confronto policial.
Jenifer Cilene, 11 anos, em frente ao bar da mãe no conjunto Bairro Carioca.
Em entrevista para a revista Marie Claire, a professora e mãe de João Pedro, Rafaela Pinto (36), falou que sua filha mais nova de apenas 4 anos não para de perguntar onde está o irmão. “Senti e sinto algo que não desejo para ninguém. Já consolei muitas pessoas que perderam filhos, mas eu não conseguia imaginar como era essa dor. É algo que a gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Sempre tive muito, muito medo. Quando aconteciam essas operações policiais, ficávamos todos dentro de casa, porque é onde a gente se sente seguro. Como explicar, então, que uma criança, dentro de casa, pode ser alvejada pela polícia? É inaceitável. Saber que meu filho estava dentro de casa e levou um tiro… Está sendo muito difícil ficar aqui, pois estou cercada de lembranças, e não vejo mais João Pedro.”
João entra na estatística brasileira em que um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos. Um dado desumano, que faz lembrar a possibilidade dos jovens e crianças negras não concluírem seus sonhos, pois eles são tirados de forma cruel diante de confrontos que atingem uma população inteira. Depois das crianças serem mortas de maneira tão frívolas, vem o pedido de desculpa ou a decretação de luto pelo Estado. Um luto eterno, que mata três jovens em apenas quatro dias nas favelas do Rio.
Dono de hits como como Inaraí e Recado à Minha Amada, o cantor Salgadinho já arrecadou 5 toneladas de alimentos antes da sua live beneficente, que acontece na sexta-feira (29). As doações foram feitas pelas lojas Marabraz em ação que tem como objetivo arrecadar dinheiro e alimentos para os profissionais da área de entretenimento, uma das mais afetadas devido ao COVID-19.
“Foi uma maneira que encontramos para auxiliar milhares de profissionais da indústria do entretenimento, creio que a indústria mais afetada com tudo isso. Fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar. Muita gente está passando necessidade e espero que possamos ajudar muita gente com isso”, diz Salgadinho.
A Live Show acontece a partir das 20h no canal oficial do cantor no Youtube, trazendo no repertório um mix de todos os álbuns da carreira solo, em ordem cronológica, até os sucessos dos primeiros álbuns do Katinguelê. “Em tempos de quarentena, devemos nos doar ainda mais para fazer com que as pessoas fiquem em casa e ajudar a achatar a proliferação desse vírus. Vai ser um grande espetáculo e uma maneira de aliviar um pouco das saudades dos shows”.