Cris Vianna é Sofia, uma assistente virtual intuitiva da primeira áudio série brasileira do spotify, que já estreou na plataforma e tem roteiro com formato podcast, contando uma história de drama ficcional.
Sofia é a uma áudio série baseada em Sandra, uma produção original da Gimlet, empresa comprada pelo Spotify em 2019. Além do Brasil, o Spotify também lançou versões nacionais em outros países.
No elenco, podemos encontrar Monica Iozzi dando vida para Helena, uma das milhares operadoras de Sofia, com uma vida conturbada e prestes a se divorciar de Dani, que é feito por Hugo Bonemer. Podemos ouvir, também, a atuação de Otaviano Costa com o personagem Carlos.
Cris Vianna dar a vida a uma assistente virtual inteligente que sabe tudo sobre a vida de seus seguidores: desde as batidas do coração, o histórico de compras aos eventos mais obscuros de sua vida.
“A Sofia é um desafio, pois qualquer movimento [físico] dá diferença na voz. Escolhi gravar a Sofia descalça, o tempo todo. As minhas emoções refletem na voz. Ela é uma mulher controlada. Fazê-la foi um equilíbrio grande”, comentou Cris Vianna na coletiva online de estreia.
Os atores prometeram ainda momentos de muitas risadas, principalmente nos últimos episódios, além de momentos de tensão, felicidade, alegria e tristeza.
A atriz Javicia Leslie acaba de ser anunciada como a nova protagonista da série “Batwoman”. Ela entra na vaga de Ruby Rose que deixou a produção. Será a primeira negra a viver a heroína da DC Comics.
De acordo com o site Entertainment Weekly, a personagem será o alter ego civil da nova Batwoman, a Ryan Wilder, um completo oposto de Kate interpretado por Rose na primeira temporada. Na descrição oficial da personagem, Ryan está prestes a se tornar Batwoman. Ela é simpática, bagunçada, um pouco pateta e indomável.
“Estou extremamente orgulhosa de ser a primeira atriz negra a desempenhar o papel icônico de Batwoman na televisão e, como mulher bissexual, tenho a honra de participar deste programa inovador que foi um pioneiro para a comunidade LGBTQ +”, disse Leslie em entrevista.
Leslie é reconhecida por trabalhos como as séries “God Friended Me”, “The Family Business”, “MacGyver” e o filme “Always a Bridesmaid”.
A segunda temporada, chegará em breve.“O estúdio e a emissora estão comprometidos firmemente com a segunda temporada de ‘Batwoman’ e seu futuro a longo prazo e nós, juntos da talentosa equipe criativa da série, estamos ansiosos pela sua nova direção, incluindo a escolha de uma nova atriz principal e membro da comunidade LGBT nos próximos meses”, afirmavam as responsáveis pela produção.
O programa que tem como tema abordar a pluralidade do universo feminino, estava atualmente sob comando de Camila Pitanga, mas já foi comandado por Taís Araujo entre os anos de 2006 e 2009.
E em sua nova temporada, que está sendo gravada remotamente terá novamente a atriz Taís Araujo como apresentadora, a atriz já deixou alguns spoilers em sua conta no instagram, e de casa postou uma selfie com uma convidada mais que especial, Alcione.
https://www.instagram.com/p/CCcM7U-AzMd
O retorno do programa ainda não tem uma data de lançamento, mas em breve veremos Taís Araujo nas telinhas novamente.
A cantora Rihanna tem uma marca de lingerie, Savage X Fenty, uma grife de roupas, Fenty, e uma empresa de cosméticos, a Fenty Beauty.
A Fenty Beauty é uma marca de cosméticos lançada em setembro de 2017 pela cantora. A marca é popular por sua ampla inclusão em tons de pele e gênero, especialmente sua fundação Pro Filt’R. O lançamento original da fundação incluiu 40 tons, desde que foi expandido para 50.
A Fenty Beauty faz sucesso no mundo todo, mesmo não sendo oficialmente comercializada em todos os continentes. Ou seja, muitos acabam por decidir importar os produtos, sem a possibilidade de comprar em uma loja nacional.
Para que o produto seja comercializado no Brasil, ele precisa ser credenciado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e ser aprovado por este órgão. E, cinquenta produtos da empresa foram registrados no órgão da ANVISA. Assim, este seria o primeiro passo para uma loja Fenty Beauty no Brasil ou o começo das vendas da marca em alguma loja de departamentos, por exemplo.
Além disso, a empresa detentora do registro, Avenue Hoche e a Sephora USA aparece no quadro de sócios neste portal de consultas. O credenciamento dos produtos está válido até 2030 e nenhuma confirmação foi dada.
No julho das pretas o curso “Casa PRETA” ganha sua edição “Mulher negra” o curso que tem como método o modelo de troca entre professores e participantes, tem em sua equipe pesquisadoras negras com pesquisas no campo do racismo e sexismo no Brasil.
A edição que seguirá linhas de pensamentos de nomes como Angela Davis, Bell Hooks, Lélia Gonzalez entre outras referências negras femininas, conterá 12 cursos que discutirão: poesia negra feminina, feminismo, sexismo e narrativas femininas africanas.
Cada aula terá 3 horas de duração e já tem suas datas definidas, mas o material será disponibilizado para a revisitação do aluno durante 30 dias.
O Coletivo Di Jejê é um espaço para produção de conhecimento sobre feminismo negro e a questão racial no Brasil, os interessados no curso podem acessar o site Diaspora Black para mais informações e aquisição.
Nos dias 9 e 10 de julho, acontece a primeira edição do Festival Crossover de Podcasters Negros, organizado pelo podcaster Hector Sousa em parceria com o coletivo Podcasters Negros, grupo que reúne produtores de podcast do Brasil e da diáspora africana.
Segundo a organização, o Festival surge do hiato que a podosfera tem, no que diz respeito à circulação e divulgação de conteúdo produzidos pelos podcasters negros em seus diferentes segmentos e temas: maternidade, cinema, música, comportamento, esportes, política e variedades.
O objetivo do Festival Crossover de Podcasters Negros é estabelecer um espaço de troca entre os diversos podcasts. Por conta do período de pandemia e para abarcar pessoas de todas as regiões, o festival acontecerá on-line através de lives no Youtube no próprio canal do festival.
Live 1 – 09/07 – 19h: Melhores filmes e séries negros
Participantes: Porém preto; Plano sequência; Negro da Semana
Durante nossa vida assistimos muitos filmes e séries, muitos deles nos marcaram e até influenciaram no que somos hoje. Quais são esses filmes e séries criado e protagonizados por pessoas negras? Quais são os melhores filmes e séries negros?
Live 2 – 09/07 – 20h: A influência da música nas nossas vidas
Participantes: Na ponta da língua; HYcast; Lado Black
Em tempos de smartphones, smart tvs e tantos eletrônicos multiusos, em todos eles temos acesso a música, por consequência acabamos utilizando elas em boa parte das nossas atividades. Mas a música está no nosso cotidiano apenas como uma trilha de fundo? Ou ela tem um verdadeiro significado em nossas vidas e molda nossa visão de mundo?
Live 3 – 10/07 – 19h: Família Preta
Participantes: Mães pretas pelo bem viver; Depois da roda
As famílias pretas são as que mais se encontram à margem da sociedade, são as que sofrem com o racismo e preconceito diário. Como essas famílias podem criar uma rede de apoio para lidar com a violência que sofrem. Como educar e ensinar as crianças a lidarem e enfrentarem o preconceito racial, e por vezes social também?
Live 4 – 10/07 – 20h: Quando o Futebol e a Política se encontram?
Participantes: 45 de acréscimo; Santa Melanina; Ogunhê
Por muitas vezes já vimos o futebol sendo usado como artifício político para alguém que está ou quer chegar no poder conquistar o apreço da população. Já vimos também dirigentes de futebol usando contatos e artifícios políticos para ganhar vantagens no jogo. Futebol e política estão interligados? Quando se encontram? Quais as consequências que um pode causar no outro?
Live 5 – 10/07 – 21h: A importância das narrativas negras na ficção
Participantes: O Lado negro da força; Quebradacast
Pessoas negras crescem sem se reconhecer nas obras que consome, seja filmes, séries, desenhos, livros, quadrinhos, etc. É muito comum nos depararmos com o protagonismo branco e personagens negros, quando existem, serem secundários e únicos na trama. Nos últimos anos temos visto uma crescente de obras não só protagonizadas, mas também criada por pessoas negras. Qual a importância de pessoas negros se reconhecerem nas obras que consomem? É significativa essa crescente de obras produzidas por pessoas negras? O negro está ganhando realmente espaço e representatividade dentro da cultura pop? Ou é um movimento das empresas para apenas ganharem dinheiro em cima da ‘diversidade?’
Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, vigoraram em várias partes do globo as teses eugenistas, tendo como principal base a pseudociência da Frenologia. Isto é, teses que defendiam um padrão genético superior para a espécie humana. Tais teses defendiam a ideia de que o homem branco europeu tinha o padrão da melhor saúde, maior beleza e maior competência civilizacional em comparação às demais “raças”, como a amarela (asiáticos), a vermelha (povos indígenas) e a negra (africana).
Nesse período, alguns intelectuais brasileiros incorporaram essas teses, e delas derivaram outra, por sua vez, aplicável ao contexto do Continente Americano: a Tese do Branquea¬mento.
A defesa do branqueamento, ou do embranquecimento, tinha como ponto de partida o fato de que, dado o processo de miscigenação na História Brasileira, os descendentes de negros passariam a ficar progressivamente mais brancos, a cada nova prole gerada.
No Brasil, era comum se defender o fator da miscigenação como algo positivo, por conta da sobreposição dos traços da raça branca sobre as outras, especialmente a negra e a indígena.
O que isso quer dizer? A miscigenação passou a ser vista como uma poderosa forma de branquear/higienizar a sociedade brasileira.
O antropólogo brasileiro eugenista, João Baptista de Lacerda, transcreve nitidamente o anseio pelo embranquecimento no seguinte trecho retirado de um texto publicado em 1911:
“A população mista do Brasil deverá ter, pois, no intervalo de um século, um aspecto bem diferente do atual. As correntes de imigração europeia, aumentando a cada dia mais o elemento branco desta população, acabarão, depois de certo tempo, por sufocar os elementos nos quais poderia persistir ainda alguns traços do negro.”
As lideranças do país no final do século XIX e início do século XX acreditavam que o território brasileiro era “sem futuro”, pois a quantidade populacional de não brancos era imensa. Identifica-se também, neste período, o começo da associação em forma de propaganda entre “mulata” e Carnaval, “negro” e “sexo”, entre outras congêneres.
Com o fim da escravidão, em 1888 (130 anos atrás), o Brasil não criou nenhum tipo de ação para incluir os negros no mercado de trabalho. Ao contrário, o país passou a fomentar a vinda de europeus que fugiam da revolução industrial para trabalhar aqui no país.
O Brasil, literalmente, dava terras e trabalhos para que esses brancos se misturassem aos nossos negros, e, dessa forma, tornassem a nossa sociedade cada vez mais branca nas próximas gerações. Foi a partir disso que a miscigenação passou a ser fomentada, como um plano de embranquecimento da sociedade brasileira. Estima-se que cerca de 2,5 milhões de europeus vieram ao país num período de 25 anos.
Na Europa, o ideal eugênico foi disseminado pelo inglês Francis Galton, primo de Charles Darwin (pai da Teoria da Evolução). Ele afirmava que a seleção natu¬ral também era válida aos seres humanos. Sua crença era de que a capacidade intelectual não é individual, e sim hereditária. Seu projeto analisou a árvore genealógica de aproximadamente 9 mil famílias e tentava justificar a ex-clusão de diversos grupos: deficientes, negros, asiáticos e todos que não se encaixavam no suposto “padrão europeu”. Além de Galton, outros grandes intelectuais endossavam essas teorias, que passaram a ser aceitas em diversos países do mundo.
Os primeiros traços do eugenismo no Brasil apareceram no final da primeira década do século XIX. Em 1917, o médico e farmacêutico Renato Kehl foi o responsável por ampliar e disseminar o eugenismo no Brasil. Kehl acreditava que a única forma do país prosperar era com um projeto que focasse no predomínio da raça branca, prezando pelo branqueamento da população negra.
Além da segregação pela cor da pele, também defendia a exclusão de deficientes (físicos ou mentais), esterilização de criminosos e regulamentação de exame pré-nupcial (para garantir que a noiva era virgem), bem como exames asseguradores do divórcio caso a mulher tivesse “filhos ilegítimos” ou fossem comprovados defeitos hereditários em sua família. Promovia também a ideia de educação eugênica obrigatória nas escolas e teste para medir a capacidade mental em crianças de 8 a 14 anos. Kehl apresentou seus pensamentos em diversos congressos, e teve impacto em grupos de professores, médicos e adeptos do higienismo social. Assim, fundou-se, em 1918, a Sociedade Eugênica de São Paulo (SESP), primeira do tipo na América Latina. O grupo contava com grandes nomes, como Monteiro Lobato, Olavo Bilac, Belisário Penna e outros grandes intelectuais brasileiros.
Em 1911, João Batista de Lacerda utilizou o quadro “A Redenção de CAM” como ilustração de seu artigo intitulado “Sur les métis au Brésil” (em português livre, “Sobre os Mestiços no Brasil”) no I Congresso Universal das Raças, em Paris.
O Congresso reuniu intelectuais de todas as partes do mundo para debater a relação das raças com o processo de civilização. A obra de Lacerda, considerado um dos principais expoentes da “tese do embranquecimento”, saía em defesa da miscigenação, apresentando a positividade desse processo no Brasil e mostrando a suposta superioridade dos traços brancos aos negros e indígenas.
O quadro mostra uma mulher negra retinta, agradecendo por sua filha, já mais clara, ter se casado com um homem branco, permitindo que seu neto finalmente alcançasse o ideal branco do embranquecimento.
Na constituição brasileira de 1934, havia textos que tratavam da responsabilidade do Estado de fomentar a educação eugenista no país. Ou seja, há apenas 85 anos atrás, o Estado Brasileiro era declaradamente racista e acreditava nas teorias de superioridade racial branca, suportando a miscigenação para higienização do país.
Existiu um plano, pensado com cientistas e discutido em congressos, a fim de tornar o Brasil um país mais branco, porque, no imaginário dessas pessoas, negros eram inferiores. Tudo isso há menos de 100 anos, e tudo isso fundamentou toda a tensão racial que existe no Brasil, e também nos coloca dentro das discussões sobre o colorismo. O termo “colorismo” surgiu apenas em 1982, usado pela escritora Alice Walker, no livro “Se o presente se parece com o passado, como será o futuro?”, cujo objetivo foi abordar como as diferentes tonalidades de pele negra garantem inclusões ou exclusões na sociedade.
Aline Djokic, no Festival Marginal, diz que, ao contrário do racismo, que se orienta pela identificação do sujeito como pertencente a certa raça para poder exercer a discriminação, o colorismo se orienta somente pela cor da pele da pessoa. Isso quer dizer que, ainda que uma pessoa seja reconhecida como negra ou afrodescendente, a tonalidade de sua pele será decisiva para o tratamento que a sociedade a dará.
Jean Patton, em 1991, descreveu o sistema de classificação de peles negras, identificando 38 tons de peles negras, classificando-os em seis grupos, subdivididos em dois grupos de peles quentes, dois de peles frias e dois de peles neutras. Os nomes dos grupos foram inspirados em regiões, ritmos musicais e temperos.
• Calipso é uma pele quente e dourada, de tom médio, vivaz e alegre, como esse ritmo musical caribenho. Exposta ao sol, fica mais dourada.
• Spike é quente e avermelhada, de tom médio e tempero quente, como a palavra em inglês sugere. Exposta ao sol, fica mais acobreada.
• Saara, também amarelada, mas neutra e clara, lembrando os amarelos neutros das dunas desse deserto. Exposta ao sol, escurece num marrom café.
• Nilo é neutra, muito clara e fria, como a água do rio africano desse nome. Exposta ao sol, escurece e mancha, ficando meio cinzenta.
• Jazz é escura da cor de chocolate ou café, de fundo verde e fria, é intensa e imprevisível como o Jazz. Exposta ao sol, fica mais marrom.
• Blues também é fria, escura, de fundo azulado, profunda, lenta e melancólica, como esse ritmo musical. Exposta ao sol, fica mais azulada.
Sem entrar em maiores detalhes, é importante lembrar também que a pele branca não é única em tom.
Devido ao histórico brasileiro de fomento a miscigenação e embranquecimento, a discussão do colorismo no Brasil tem se mesclado à afroconveniência. Isso porque muitas pessoas brancas se aproveitam da autodeclaração — algo extremamente importante para a população preta no Brasil — para se afirmarem como negras e roubarem o espaço de protagonismo que temos lutado para conquistar em um país de maioria negra.
Não pretendo me aprofundar na discussão sobre afrocoveniência, mas é importante citar a necessidade do bom senso durante a discussão sobre o colorismo.
Apesar de existirem diversos tons de pele negra e a pigmentocracia conferir acessos e exclusões a pessoas negras pelo país, pessoas negras como eu não possuem dúvidas de sua negritude.
O racismo nunca me permitiu ter qualquer dúvida de que eu sou um homem negro, o que deve acontecer com a grande maioria das pessoas negras no país.
Pessoas negras de pele mais clara possuem uma passabilidade social maior, mas ainda sofrem com o racismo, principalmente por acessarem com maior facilidade ambientes brancos, onde o racismo pode ser ainda mais visível.
Dentro disso tudo, a noção de racismo se mescla com noções de preconceitos específicos, como o preconceito a traços que remetem à negritude. Mas possuir tais traços individuais não torna alguém negro também.
Muitas pessoas brancas possuem cabelos cacheados e podem até sofrer discriminações por isso, mas não deixam de ser brancas. Apesar de o cabelo crespo ser uma característica predominantemente negra, não é exclusiva. Um grande exemplo é a cantora Vitória do duo Anavitória que possui o cabelo cacheado e possivelmente sofreu discriminação por isso na infância, mas é indiscutivelmente uma mulher branca.
Brancos com nariz largo, cabelos crespos e lábios grossos podem acabar sofrendo discriminação, uma vez que essas características são ligadas a pessoas negras, mas isso não os torna negros, e isso não é racismo.
Da mesma forma, pessoas negras com traços mais próximos dos ligados aos europeus, com nariz fino, cabelos menos crespos, lábios menos grossos e pele mais clara, podem sofrer menos discriminação e encontrar maiores inclusões, mas isso não deixa de ser racismo e é sobre essas inclusões e exclusões que fala o colorismo.
Mas, afinal, dentro de toda essa discussão, como eu entendo se sou negro ou não?
A definição social de pessoas negras no Brasil, de acordo com as minhas observações, passa por 3 elementos: ascendência, fenótipos e leitura social.
A ascendência diz respeito à sua ancestralidade. Você é filho ou neto de pessoas negras? Se sim, há chance de você ser uma pessoa negra, mas isso não quer dizer que você seja. Afinal, eu possuo ascendência europeia e mesmo assim não posso me dizer um homem branco.
O racismo no Brasil é episódico, não genético. Se você possui a pele branca e os traços europeus, você será visto na sociedade como branco independente da cor da pele de seus pais.
Fenótipo diz respeito à cor de sua pele e seus traços. Pele escura, nariz largo, lábios grossos e cabelo crespo fazem com que você seja visto como uma pessoa negra. Embora, como eu já disse, possuir uma característica ou outra não te torne negro.
E, por fim, mas extremamente importante: a leitura social. Como a sociedade te lê? Quanto mais fenótipos negros você possuir, maiores as chances da sociedade te ler enquanto uma pessoa negra, e aí entra uma forma de análise e identificação muito interessante.
Considerando que estamos falando de grupos raciais e leitura social, essa análise pode ser feita através do que a YouTuber Xan Ravelli, do canal Soul Vaidosa, chama de “observação em grupo”. Isto é, a qual grupo social você acredita pertencer? Onde você se sente bem e acolhido?
Ao mesmo tempo, a fim de não contribuir com a afro-conveniência, é necessário analisar se o grupo social ao qual acredita pertencer te reconhece como membro.
Não existe uma possibilidade de análise exata da negritude de alguém. É necessário bom senso e, principalmente, cautela.
A ideia de nos separar em grupos surge também como tática da branquitude para nos controlar, o que é amplamente registrado.
Willie Lynch, proprietário de escravos no Caribe e conhecido por manter seus escravos disciplinados e submissos, após ser questionado sobre seus métodos de dominação, escreveu uma carta na qual detalhava utilizar as diferenças entre negros para dominar. Em suas palavras:
“Verifiquei que, entre os escravos, existe uma série de diferenças. Eu tiro partido destas diferenças, aumentando-as. Eu uso o medo, a desconfiança e a inveja para mantê-los debaixo do meu controle. Eu vos asseguro que a desconfiança é mais forte que a confiança; e a inveja, mais forte que a concórdia, respeito ou admiração. Deveis usar os escravos mais velhos contra os escravos mais jovens e os mais jovens contra os mais velhos. Deveis usar os escravos mais escuros contra os mais claros e os mais claros contra os mais escuros. Deveis usar as fêmeas contra os machos e os machos contra as fêmeas. Deveis usar os vossos capatazes para semear a desunião entre os negros, mas é necessário que eles confiem e dependam apenas de nós. Meus senhores, estas ferramentas são a vossa chave para o domínio, usem-nas. Nunca percam uma oportunidade. Se fizerdes intensamente uso delas por um ano, o escravo permanecerá completamente dominado. O escravo, depois de doutrinado desta maneira, permanecerá nesta mentalidade, passando-a de geração em geração”.
– Carta de Willie Lynch
Ou seja, utilizar nossas diferenças para nos separar é uma ótima forma de nos manter ocupados guerreando entre nós. E como meu mano Coruja Bc1 diz em sua letra “Lágrimas de Odé”:
“Não deixei a guerra entrar em nosso terreiro. Se é nós contra nós, nós que morre primeiro”
Discutam sobre esse assunto.
Não permitam que brancos sejam afroconvenientes com a nossa luta, mas, ao mesmo tempo, não nos fechemos em um só tom de pele negro ou um único traço ancestral. Somos diversos, devemos discutir nossos privilégios, inclusões e exclusões, mas acima de tudo, devemos estar unidos. Sempre!
George Floyd disse aos policiais mais de 20 vezes que não conseguia respirar antes de morrer, de acordo com as transcrições recém-divulgadas de câmeras corporais usadas por agentes de Minneapolis, no estado americano de Minnesota, que documentam os últimos minutos de Floyd morto por asfixia por policiais que o detiveram em 25 de maio. Ele também exclamou várias vezes que os policiais o estavam matando.
As transcrições oferecem um dos relatos mais completos e dramáticos dos momentos antes da morte de Floyd, que desencadeou um grande movimento nos EUA contra o racismo e o uso indiscriminado da força pela polícia. Elas foram apresentadas a um tribunal estadual de Minneapolis na terça-feira (7), como parte da tentativa de um ex-policial, Thomas Lane, de ver canceladas as acusações de que ele ajudou e incentivou o assassinato de Floyd.
“Dá um tempo, cara. Não consigo respirar. Não consigo respirar”, disse Floyd, de acordo com uma das transcrições. “Eles vão me matar. Eles vão me matar. Eu não consigo respirar. Eu não consigo respirar.”
Floyd morreu depois que outro policial, Derek Chauvin, pressionou o joelho em seu pescoço até que ele parasse de respirar.
Chauvin, que estava na polícia havia há 19 anos, enfrenta acusações de homicídio agravado pela morte de Floyd e pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado. Lane, Alexander Kueng, eram policiais novatos, e Tou Thao, também enfrentam até 40 anos de prisão se forem condenados por acusações de ajudar e favorecer o assassinato de Floyd. Todos os quatro policiais foram demitidos depois do crime.
Os documentos apresentados ao tribunal nesta semana incluem 82 páginas de transcrições de câmeras corporais e a transcrição de 60 páginas de uma entrevista com Lane, ao lado de seu advogado, feita por investigadores da polícia de Minnesota.
Na entrevista, quando lhe perguntaram se ele sentia que Floyd estava em uma emergência médica, Lane respondeu:
— Sim, eu senti que talvez algo estivesse acontecendo.
No final da entrevista, Earl Gray, advogado de Lane, contestou quando um investigador perguntou a Lane se ele achava que ele ou Chauvin haviam contribuído para a morte de Floyd.
— Você não vai responder a isso — disse Gray.
Lane não respondeu à pergunta.
Os arquivos entregues também incluem, segundo Gray, fotos de dentro do carro onde Floyd estava sentado quando Lane se aproximou dele. Os policiais foram chamados depois que um funcionário de uma loja relatou que Floyd havia repassado uma nota falsificada de US$ 20. Segundo Gray, as imagens mostram duas notas falsas de US$ 20, amassadas, entre o console central e o banco do passageiro.
Mesmo antes de ser jogado no chão, Floyd reclamou que estava em apuros, alegando aos policiais que estavam tentando levá-lo a um carro da polícia que era claustrofóbico e não conseguia respirar.
A certa altura, de acordo com uma transcrição, ele disse:
— Mamãe, eu amo você. Diga aos meus filhos que eu os amo. Eu estou morto.
As transcrições se concentram nos momentos mais dramáticos da contenção de Floyd pelos policiais.
Depois que Floyd diz que os policiais vão matá-lo, Chauvin responde:
— Então pare de falar, pare de gritar, é preciso muito oxigênio para conversar.
Enquanto Floyd estava sendo dominado no chão, de bruços, com o joelho de Chauvin pressionado em seu pescoço, Lane perguntou se Floyd deveria ser virado de lado.
Chauvin respondeu:
— Não, ele vai ficar onde nós o pusemos.
Lane disse que estava preocupado com o fato de Floyd estar passando por uma emergência médica.
— Bem, é por isso que chamamos uma ambulância — retrucou Chauvin, de acordo com uma das transcrições.
— Tudo bem, imagino — respondeu Lane, acrescentando logo depois: — Acho que ele está desmaiando.
Naquele momento, um pessoa que passava gritou:
— Ele nem está respirando agora, mano, você acha legal? Você acha legal, certo?
Os arquivos foram o mais recente esforço de Lane, que segurou as pernas de Floyd enquanto ele estava no chão, para argumentar que não teve responsabilidade na morte do segurança, conforme os promotores dizem.
A antiga banda de country Lady Antebellum, recentemente decidiu mudar seu nome para ”Lady A”, que antes era só um apelidado dado pelos fãs do grupo. O que motivou a mudança, foram os protestos do movimento ”Black Lives Matter” algumas semanas atrás. ”Antebellum”, é uma palavra em latim que significa ”antes de uma guerra” e faz alusão ao período antes da guerra civil nos EUA, quando a escravidão ainda era permitida no país. Quando anunciaram a mudança nas suas redes sociais, há cerca de um mês, o grupo explicou que escolheram o nome por causa do estilo arquitetônico da casa onde tiraram as primeiras fotos da banda, no inicio da carreira.
Entretanto o nome escolhido por eles, ”Lady A”, já é o nome artístico usado há 20 anos pela cantora de blues Anita White. Ambas as partes se mostraram interessadas em resolver a questão, porem não chegaram a um acordo ainda, já que a antiga Lady Antebellum se recusa a pagar o valor de 10 milhões de dólares exigidos pela cantora de blues, para que eles possam usar o nome, sendo assim, decidiram entrar com um processo no tribunal para assegurar o direito de assinarem como Lady A. Metade do valor seria doado a causa Black Lives Matter, e a outra parte ficaria para a Cantora.
No Instagram, a cantora de 61 anos compartilhou um storie que dizia ”Você finalmente entende que seu nome é racista e decide mudar, mas para isso processa uma mulher negra que já usava o mesmo nome há 2 décadas”. No processo, o grupo alega ter adotado o termo ”Lady A” alguns anos atrás, e não encontraram oposições. Eles também disseram que esperam uma mudança na atitude de Anita White em relação ao assunto.
O cantor John Legend, é o convidado de Pedro Bial no Conversa com Bial desta quinta-feira (9). No bate-papo, o artista, que já ganhou Emmy, Grammy, Oscar e Tony, falará sobre racismo, protestos nos Estados Unidos, amor e, claro, sobre música.
O artista tem acompanhado de perto os movimentos contra as mortes de negros nos Estados Unidos e a pandemia do novo coronavírus. Envolvido em causas, ele levanta o debate sobre o tema em “Bigger Love”, seu novo álbum.
O videoclipe de “Bigger Love” conta com diversos registros de pessoas em diferentes momentos da quarentena, uma dessas pessoas é o brasileiro João Diamante. O chef de cozinha lidera o projeto social Diamantes na Cozinha, que promove a transformação social por meio da gastronomia e dá o exemplo com uma campanha de doação de alimentos direcionada a comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia.
“Então eu realmente pensei se era o caso de lançar esse tipo de música. Eu também pensei que, neste momento, as pessoas precisam de um pouco de alegria, amor e conexão humana. E eu acho que a música pode ajudar em certos aspectos”, disse Legend ao divulgar a música.
‘Conversa com Bial’ vai ao ar após o Jornal da Globo.