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Representar negritude e deficiência é afirmar potência: a experiência profissional de uma mulher negra PCD na loja da Sephora

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A experiência de compra de pessoas negras com deficiência costuma esbarrar em barreiras visíveis e invisíveis. Não é só sobre encontrar o tom certo de base, é ter acesso real aos testers, a um tempo de atendimento que respeita o corpo, a uma linguagem que não infantiliza. Em espaços de prestígio, quando há representatividade e escuta, a jornada ganha leveza e autonomia.

Nas lojas da Sephora, essa presença tem mudado rotas. Tamires Cabral Ferreira, caixa na Sephora do Shopping Cidade Jardim, descreve uma relação com a beleza que começou no cuidado e se ampliou para a expressão. “A primeira lembrança que me vem à mente é da minha adolescência, quando eu já era super dedicada ao skincare. Mais tarde, me apaixonei por maquiagem, especialmente pelas maquiagens artísticas. Hoje, ela é quase uma extensão da minha personalidade”, conta.

Do lado profissional, houve virada. “Antes da Sephora, eu nunca tinha tido uma oportunidade de trabalho formal. Como mulher negra com deficiência, cresci escutando mais ‘não’ do que qualquer outra coisa. Chegar à Sephora foi como abrir uma porta que parecia trancada por muito tempo”, diz Tamires.

O significado de estar ali extrapola a função. “Representar a negritude e a deficiência ao mesmo tempo é mostrar que existimos, que temos potência, sensibilidade, estilo e voz. É abrir caminho.” Na própria rotina, Tamires sintetiza a chave que virou. “A Sephora me mostrou que maquiagem não é sobre esconder, é sobre revelar.Estar nessa função é mostrar para outras meninas negras, com deficiência, que elas também podem estar aqui, sendo referência, sendo admiradas, sendo elas mesmas. E que beleza não tem molde fixo, ela se expande quando a gente ocupa com verdade”.

Tamires Cabral Ferreira, caixa na Sephora do Shopping Cidade Jardim – Foto: Divulgação

Ir a uma loja preparada é encontrar diversidade de produtos e um atendimento que considera o corpo e a rotina real de quem compra. Entre as dúvidas mais frequentes estão a escolha da base com subtom correto, contorno que valoriza sem acinzentar, finalizadores que definem sem ressecar e ferramentas que facilitem a aplicação com conforto. Quando a profissional ajusta linguagem, tempo e demonstração, o espelho devolve segurança e a cliente volta. “O que mais transformou minha rotina e até minha relação comigo mesma foi descobrir a maquiagem artística. E o mais bonito é que isso também mudou a forma como eu me enxergo. Hoje, eu não me vejo mais tentando me encaixar, eu me vejo criando. Criando beleza com o meu rosto, com a minha história e com as referências que carrego”.

O programa que dá vida a experiência da loja

Em paralelo a essas histórias, a Sephora lançou o Beleza sem Barreiras, um programa nacional de contratação e desenvolvimento para pessoas com deficiência, com 35 vagas em 28 cidades e etapas acessíveis conduzidas por um time diverso, incluindo recrutadoras, curadoras e professoras PCD, além de mentoria com lideranças e indicação como talento acelerado para o ecossistema LVMH. “Incluir apenas no backstage é esperado. Incluir também no protagonismo da loja, no mercado da beleza, é pioneiro. Rompe com a lógica capacitista e essa é a responsabilidade que assumimos”, afirma Marcele Gianmarino, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão da Sephora Brasil.

Marcele Gianmarino, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão da Sephora Brasil.

O censo mais recente da Sephora Brasil registra um quadro com diversidade crescente, presença de pessoas negras e de pessoas com deficiência também em posições de liderança e metas públicas até 2025, como contratar 50% de pessoas negras e 6% de PCD, acompanhadas de ações contínuas de letramento, acessibilidade e desenvolvimento.

É muito mais do que estar na loja, é abrir caminho. É mostrar para outras meninas negras, com deficiência, que elas também podem estar aqui, sendo referência, sendo admiradas, sendo elas mesmas. E que beleza não tem molde fixo ela se expande quando a gente ocupa com verdade.

Programa Beleza sem Barreiras

Quem pode se inscrever: pessoas com deficiência

Cargos: atendente de loja e caixa

Abrangência: 28 cidades, com etapas adaptadas e mentoria com lideranças

Diferencial: indicação como talento acelerado para o ecossistema LVMH e parceiros

Link para inscrição do programa sejaponte.com/Inscreva-seBelezaSemBarreiras 

Contato para dúvidas: sembarreiras@sejaponte.com

Privilégios cristãos comprovam mito da perseguição praticada pelo STF

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Foto: Gustavo Moreno/STF

Passados 135 anos desde que Deodoro da Fonseca instituiu famoso decreto demarcando fronteiras entre Estado e religião, entre interesse público e interesse religioso, o sistema jurídico e parte da jurisprudência permanecem apegados ao cristianismo compulsório herdado do período colonial e tratado ainda hoje como religião oficial de Estado.

É certo que a primeira Constituição republicana, a mais laica de todas as constituições, por assim dizer, inspirou fortemente a Constituição vigente, mas é também verdadeiro que frequentemente a proteção do sentimento religioso é tratada como exclusividade de um único segmento num país em que o IBGE cataloga milhares de expressões religiosas, sem esquecermos dos 10% de brasileiros ateus ou agnósticos.

Basta observarmos a menção a Deus no preâmbulo da Constituição Federal, a fixação de crucifixos em espaços públicos, a previsão do uso da Bíblia nos regimentos das casas legislativas, a mensagem religiosa nas cédulas do real  ou a proeminência dos feriados religiosos, leia-se cristãos.

No âmbito tributário, é visível a elasticidade atribuída à imunidade tributária das entidades religiosas, alcançando patrimônio, renda e serviços.

Entre imunidades e isenções, desonera-se o IPTU – Imposto Territorial Urbano (imóveis próprios ou alugados); ITR – Imposto Territorial Rural; IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores; Imposto de Renda; ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação. Em determinados estados e municípios há também benefícios incidentes sobre ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal de Comunicação e ISS – Imposto sobre Serviços.

Na seara das renúncias e isenções, o governo do capitão que trata quilombolas como animais promoveu verdadeira farra perdoando dívidas que custaram aos cofres públicos um prejuízo da ordem de 2 bilhões de reais, além de isentar contribuições previdenciárias sobre “salários” de pastores –  alguns deles bilionários, como é público e notório.

Não por acaso, portanto, o recenseamento de 2022 aponta que atualmente o Brasil possui mais CNPJ de organizações religiosas, 70% das quais neopentecostais, do que escolas e hospitais somados.

No plano legislativo, desde as câmaras de vereadores, passando pelas assembleias legislativas e alcançando o Congresso Nacional, proliferam-se as bancadas evangélicas. Lembremos também do republicano critério utilizado pelo capitão para indicar um nome para o Supremo Tribunal Federal: independentemente de notório saber jurídico ou reputação ilibada, bastaria que fosse “terrivelmente evangélico”.

Sim, conforme ele próprio vociferou há poucos dias – “O que vale pra mim é a lei de Deus” – confessando com todas as letras seu desprezo pela legalidade às vésperas de ser julgado pelo STF justamente por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, entre outros crimes.

Ainda que referida confissão seja tratada pelo processo penal como fato superveniente e, em regra, não possa influenciar o julgamento da ação penal 2.668, trata-se de mais uma prova de conduta pautada pelo embuste, fisiologismo e despotismo.

Para robustecer o quadro de privilégios jurídicos assegurados ao segmento cristão, basta lembrar que crescem as decisões judiciais que asseguram a apenados a remição/redução da pena em razão de participação em evento religioso, curso religioso à distância ou leitura da Bíblia.

À luz desse contexto, não merece qualquer crédito a chorumela segundo a qual pastores estariam sofrendo perseguição religiosa por parte do STF.

Lembremos que o Estatuto de Roma define perseguição religiosa como a “privação intencional e grave de direitos fundamentais”, coerente com definição do Estatuto dos Refugiados – “circunstância de fundados temores de risco à vida ou à liberdade em função de religião”.

No Brasil, a liberdade dos cristãos, notadamente dos neopentecostais é tão ampla que parte deles age impunemente para fazer dos conselhos tutelares ou das escolas públicas uma espécie infame de “puxadinho de templo religioso”.

Era o que faltava, portanto, pretender transformar liberdade religiosa em impunidade penal religiosa.

Impunidade reivindicada, a propósito, para atacar as instituições democráticas tanto quanto para ultrajar e perseguir diariamente as religiões afro-brasileiras, cujos adeptos(as) estes sim têm fundadas razões para temer por sua liberdade e integridade física, psíquica e moral. 

Hédio Silva Jr., Advogado, Mestre e Doutor Direito pela PUC-SP, ex-Secretário de Justiça do Estado de São Paulo (2005-2006), fundador do Jusracial, é autor de “Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial: Teoria e Prática, Vol 1”, Ed. Emó.

Issa Rae lança novo livro “Eu deveria estar mais inteligente agora”, com reflexões sobre a sua trajetória

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Foto: Divulgação

Issa Rae, criadora da série ‘Insecure’, acaba de lançar oficialmente o seu novo livro de ensaios ‘I Should Be Smarter Now’ (Eu deveria estar mais inteligente agora). A obra chega pela Amazon Original Stories, um selo da Amazon Publishing, disponível para leitura e traz reflexões pessoais, histórias inspiradoras e lições aprendidas ao longo de sua trajetória.

No livro, Rae mergulha nos bastidores da construção de seu império criativo, mostrando como se manteve fiel à sua visão mesmo diante dos altos e baixos de Hollywood. “Esta coleção é parte confissão, parte reflexão e parte ‘aqui está o que eu gostaria de ter sabido’. Mas, principalmente, é só eu sendo honesta sobre a jornada estranha e maravilhosa de ter grandes sonhos até torná-los realidade”, disse à People em uma entrevista recente.

A editora Julia Sommerfeld destaca que o livro captura a evolução criativa de Issa: “Do sonho de infância com maletas à gestão do seu próprio império midiático, a evolução criativa de Issa é hilária e inspiradora. Estes ensaios capturam sua jornada notável com a sagacidade, a sabedoria e a sinceridade que fizeram milhões de pessoas se sentirem reconhecidas.”

A coletânea reúne seis ensaios, abordando temas como autoconhecimento, colaboração e carreira, incluindo textos como “O negócio de ser eu” e “Brincando bem com os outros”. Rae lembra de sua infância “se comportando com autoridade empreendedora em um telefone de brinquedo em seu quarto”, até a descoberta “do superpoder da colaboração enquanto permanecia assumidamente ela mesma.”

Em “A Geografia da Criatividade”, ela revisita Los Angeles, sua cidade natal, e reconhece a cidade como sua “verdadeira musa”. Em “Eu vejo você me vendo”, Rae detalha a transição de adolescente desajeitada para uma carreira consolidada sob os holofotes de Hollywood.

Já no ensaio “A Arte da Procrastinação Estratégica”, a atriz e escritora fala sobre sua tendência a procrastinar, mas como isso não a impede de ser multitarefa em sua vida pessoal e profissional. A coletânea se encerra com “Eu Quase Sei o Que Estou Fazendo”, em que Rae compartilha aprendizados de uma carreira em constante evolução e a importância de acreditar em si mesma.

Com humor, honestidade e inspiração, “Eu deveria estar mais inteligente agora” promete ser leitura obrigatória para quem sonha e trabalha na construção de grandes projetos.

Gabrielle Union diz que família de Dwyane Wade demorou a confiar nela por causa da diferença de idade

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Foto: Reprodução/Instagram

Gabrielle Union, 52, abriu o coração sobre os desafios que enfrentou para conquistar a confiança da família de Dwyane Wade, 43, no início do relacionamento, especialmente por causa da diferença de idade entre eles. O casal participou recentemente do podcast IMO, de Michelle Obama, acompanhado do irmão da ex-primeira-dama, Craig Robinson.

Durante a conversa, Wade falou sobre o vínculo forte que mantém com a irmã Tragil desde a infância. Union contou que, no começo do namoro, em 2009, a irmã de Wade desconfiava de suas intenções, já que ela era mais próxima da idade da atriz.

“Então, quando conheci a família dele, as irmãs mais velhas, que são mais próximas da minha idade, [se mostraram] imediatamente receptivas. Nos damos bem no bairro. Mas com Tragil, porque ela tem sido a protetora… Ela tem sido a vigilante. Ela tem sido a guardiã para manter [Dwyane] são e para que ele faça tudo o que precisa fazer sem interferência de ninguém”, contou Union. “E antes de eu chegar à fase de esposa, quando estávamos no começo, acho que Tragil e a mãe dele perguntavam: ‘O que você quer? Quem é você, sua senhora mais velha? O que você quer?'”, relembrou.

Gabrielle Union e Dwyane Wade (Foto: Larry Marano/Getty)

O relacionamento de Union e Wade começou após o término dos primeiros casamentos de ambos. Wade se separou da biógrafa Siohvaughn Funches em 2007, enquanto Union, havia se divorciado do ex-jogador da NFL Chris Howard em 2005.

Refletindo sobre as preocupações da família de Wade, Union disse: “Eu pensei: ‘Na verdade, nós dois acabamos de nos divorciar, então estamos meio que na mesma situação. Eu não tive um filho aos 20 anos, ainda não tenho filhos e não estou correndo atrás disso, então estou bem. Tenho minha própria conta bancária, então estou bem. Eu simplesmente gosto dele, vamos ver no que dá.”

A atriz reconheceu que levaram alguns anos para construir confiança mútua, mas hoje a relação é harmoniosa. “Agora é fácil, porque estamos todos do mesmo lado”, disse.

Hoje, Union e Wade formam uma grande família: além dos três filhos de Wade de outros dois relacionamentos e o sobrinho, eles são pais de mais duas crianças.

“Não vou renunciar”: Diretora do Banco Central americano afirma que demissão anunciada por Trump é ilegal

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Foto: Saul Loeb/AFP/Getty Images

Após o presidente Donald Trump anunciar a demissão de Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano), ela afirmou nesta segunda-feira (25) que ação é ilegal e não irá renunciar.

Nomeada em 2022 pelo presidente Joe Biden, Cook se tornou a primeira mulher negra a assumir o posto na instituição, sendo referência internacional em economia e políticas públicas. Em nota divulgada por seu advogado, Abbe David Lowell, ela reafirmou que continuará exercendo suas funções: “Não vou renunciar. Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022.”

Trump comunicou a decisão pelas redes sociais, alegando “justa causa” e citando acusações ligadas a hipotecas. A medida, no entanto, é considerada inédita e juridicamente frágil, já que pode ameaçar a independência do banco central americano.

“O presidente Trump alegou ter me demitido ‘por justa causa’ quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, afirmou Cook ao destacar a ilegalidade do republicano.

Lowell reforçou que todas as medidas legais serão tomadas para barrar o afastamento, que classificou como uma tentativa inconstitucional de interferir na autoridade monetária dos Estados Unidos.

Ao usar a brecha da lei de criação do Fed que prevê a possibilidade de demissão “por justa causa”, Trump abre um embate sem precedentes com a instituição, colocando em xeque tanto a estabilidade do banco central quanto a representatividade histórica de Cook no comando da política econômica dos EUA.

“A Rainha do Funk”: trajetória de Tati Quebra Barraco será contada em cinebiografia

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Foto: Reprodução/Instagram

A trajetória de Tati Quebra Barraco, uma das pioneiras do funk, vai ganhar as telonas. O filme “A Rainha do Funk” está em fase de pré-produção, uma cinebiografia que promete revisitar a vida da artista consagrada pelo hit ‘Boladona’.

O longa será dirigido por Susanna Lira (Mussum, um Filme do Cacildis), com roteiro de Maíra Oliveira, a partir de argumento de Vanessa de Araújo Souza. A data de estreia ainda não foi divulgada.

Segundo a produtora Viralata, o filme irá mostrar a trajetória de Tati para além do palco, destacando sua origem na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e sua experiência com a maternidade precoce antes da fama.

Nascida como Tatiana dos Santos Lourenço, Tati Quebra Barraco começou a vivenciar o universo dos bailes da Cidade de Deus ainda na adolescência. Aos 13 anos, já era mãe e chegou a trabalhar como cozinheira em uma creche antes de ingressar na música. O reconhecimento nacional veio no início dos anos 2000, com o lançamento de seu primeiro álbum.

Reconhecida como pioneira e referência no funk, sua trajetória já havia sido retratada no documentário “Sou Feia Mas Tô na Moda” (2005), e agora será ampliada para as telas do cinema.

Sua pesquisa pode valer R$50 mil: L’Oréal Brasil premia estudos em pele e cabelo de pessoas negras, indígenas e transgêneras

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Foto: Freepik

O Grupo L’Oréal no Brasil abriu as inscrições para a segunda edição do Prêmio Dermatologia + Inclusiva, que reconhece pesquisas científicas voltadas para os cuidados com a pele e cabelo de pessoas negras, indígenas e transgêneras. Serão premiados quatro projetos com bolsas de R$50 mil cada, reforçando o compromisso da empresa com equidade racial e de gênero na ciência.

Segundo uma pesquisa do Datafolha em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, 58% das pessoas negras brasileiras nunca foram ao dermatologista, em comparação com 42% entre pessoas brancas. Para Nathalia Harnam, Diretora de Comunicação Científica do Grupo L’Oréal no Brasil:

“Acreditamos que a beleza deve ser refletida também na ciência. Por isso, o Prêmio Dermatologia + Inclusiva nasce do nosso compromisso em ampliar o olhar da dermatologia para a diversidade da população brasileira. Expandir o escopo da premiação este ano é uma resposta direta às lacunas históricas de representatividade e uma forma concreta de apoiar pesquisadores que estão construindo uma ciência que reflita a realidade do nosso país.”

A premiação será dividida em quatro frentes prioritárias: acne e pele oleosa; barreira da pele; couro cabeludo e fibra capilar; e fotoproteção e hiperpigmentação. Um júri de especialistas em dermatologia e diversidade selecionará os projetos, com anúncio dos vencedores previsto para início de 2026. Eduardo Paiva, Diretor de Diversidade, Equidade e Inclusão do Grupo L’Oréal, reforça:

“Com este prêmio, queremos estimular o avanço científico em direção a uma dermatologia mais representativa, que englobe todos os tons de pele, tipos de cabelo e identidades, refletindo a rica diversidade brasileira. É também uma forma de reconhecer pesquisadores que atuam na linha de frente por uma ciência mais inclusiva.”

As inscrições estão abertas até 4 de dezembro de 2025, e podem ser feitas pela plataforma oficial do prêmio: Dermatologia + Inclusiva. O resultado parcial será divulgado a partir de 23 de março de 2026.

Com essa iniciativa, a L’Oréal reforça seu papel de liderança global e local, conectando beleza, ciência e inclusão, e criando oportunidades concretas para que pesquisas reflitam a diversidade do Brasil e promovam saúde e autoestima para todos.

Obesidade: quando o cérebro decide mais que a força de vontade

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Foto: Freepik

Um treinador conhecido por ideias conservadoras e meritocráticas ganhou popularidade ao participar de um programa no YouTube em que debatia com 30 pessoas com obesidade. A meta era provar que emagrecer é uma escolha. O resultado foi a amplificação de estereótipos, a naturalização da gordofobia e a repetição de equívocos sobre um tema que a ciência já posiciona como doença crônica. A experiência cotidiana também desmonta a tese simplista. Todos conhecem alguém magro que come muito, é sedentário e não engorda, e também quem, mesmo comendo de forma equilibrada e se exercitando, enfrenta enorme dificuldade para perder peso. A explicação não cabe em slogans motivacionais, ela está no cérebro.

No especial apresentado por Oprah Winfrey sobre emagrecimento e novas terapias farmacológicas, especialistas colocam a discussão no lugar certo, o da evidência. A medicina contemporânea classifica a obesidade como doença crônica. Há uma década, a American Medical Association formalizou esse entendimento. A médica Fatima Cody Stanford, que participou do processo, afirma, “chamamos a obesidade de doença porque há mau funcionamento na forma como o corpo está operando”. Não se trata apenas de “comer demais e não se exercitar o suficiente”, e sim de uma disfunção real que atinge “mais de dois bilhões de adultos” e que, em muitos países, “mata mais pessoas do que a desnutrição”. A própria Oprah, que chegou a 107,51 kg, vocaliza a dúvida de milhões de pessoas, ser obeso é falta de força de vontade ou é uma condição tratável clinicamente.

O cerne dessa regulação está no cérebro. Segundo a Dra. Fatima, existem duas vias que influenciam o peso, a anorogênica, que reduz ingestão e armazenamento, e a orogênica, que “apoia o armazenamento de adiposidade”. Em pessoas com sobrepeso e obesidade, essa segunda via costuma estar “aumentada”, sinal de “disfunção na forma como o corpo está regulando o peso”. Oprah traduz essa realidade ao comparar respostas diferentes a comportamentos semelhantes, “Cory pode comer torta de maçã às 11:00 da noite e ele consegue fazer isso. Seu corpo defende um ponto de ajuste muito magro”. No seu caso, diz, “se eu fizesse exatamente os mesmos comportamentos, eu armazenaria mais excesso de adiposidade. Meu corpo está mais predisposto a armazenar mais gordura”, e brinca, “eu sou uma armazenadora de adiposidade”. A síntese é objetiva, “o cérebro sabe onde quer estar e fará o que puder para te levar de volta a esse peso. É por isso que você sempre volta e é nada que você fez de errado. É apenas que o cérebro é superpoderoso”.

Humanizar a discussão implica compará-la a outras doenças crônicas. A Dra. Melanie Jay lembra que “tem diferentes causas e é diferente para cada pessoa”, com influência de genética, ambiente alimentar, oportunidades de atividade física, estresse, trauma e até “medicamentos que causam ganho de peso”. Para reduzir o estigma, a psicóloga Rachel Goldman defende a linguagem de pessoa primeiro, “uma pessoa com obesidade”, tal como se diz “uma pessoa com câncer”. Oprah reforça, “ou uma pessoa que luta com a obesidade”, enfatizando que ninguém deve ser definido pela condição médica. Também é essencial lembrar que “nem todo mundo em um corpo maior tem obesidade”, já que o diagnóstico depende de saúde e funcionamento biológico, não de julgamento estético. Sima Sistani, CEO da WeightWatchers, admite que a própria empresa, “sem saber, introduz[iu] também a vergonha para as pessoas para quem dieta e exercício sozinhos não eram suficientes”, e resume, “a obesidade não é uma falha moral, é uma condição crônica recidivante”.

Com essa base neurobiológica, os tratamentos evoluíram. Mudança de estilo de vida segue essencial, porém, para uma parcela dos pacientes, não é suficiente para vencer o ponto de ajuste cerebral. Ganharam espaço os agonistas de GLP-1 e combinações que atuam nos centros de apetite e recompensa. Eles não são “atalho” nem “cura milagrosa”. A Dra. Fatima explica que “aumentam a via anorogênica” e “diminuem a via orogênica”, agindo diretamente no cérebro. Muitos pacientes relatam, “eu me sinto diferente, algo parece diferente”, porque os fármacos “vão direto à fonte do problema no cérebro”. A resposta, porém, varia. “Há pessoas que tomam os medicamentos e dizem, ‘espere um minuto, perdi dois quilos, por que essa pessoa perdeu 25 quilos’”. Nesses casos, “não é que você falhou no medicamento, é que o medicamento falhou no paciente”, o que indica a necessidade de avaliar outras vias e estratégias. Como compara Sima Sistani em analogia com hipertensão e colesterol alto, “você ainda precisa de intervenção de estilo de vida… mas para alguns, você precisa de um medicamento Statin”.

O que emerge desse corpo de evidências é um convite à empatia e ao cuidado responsável. Quem tenta mudar hábitos e ainda assim enfrenta dificuldade persistente para perder peso não está falhando, está lidando com circuitos cerebrais que defendem um ponto de ajuste. Alimentação equilibrada, sono adequado e atividade física ajudam pessoas com obesidade e todas as outras e fazem parte do tratamento, sem substituir acompanhamento médico. Culpa não trata ninguém. Tratar a obesidade como doença, com linguagem respeitosa, diagnóstico preciso e acesso a terapias eficazes, abre caminho para saúde e autonomia.

Quantas vezes uma mulher negra precisa recomeçar nesta sociedade? 

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Foto: reprodução

Diego do Subúrbio

Em 1988, Vale Tudo apresentava Raquel como uma personagem que, mesmo passando por dificuldades, conseguiu se consolidar como empresária, referência de competência, independência e integridade.Sua trajetória de ascensão mostrava que a superação era possível, ela não precisou “recomeçar” para reafirmar sua dignidade ou posição social, e sua jornada inicial, vendendo sanduíches na praia, era apenas um ponto de partida transitório em sua construção como mulher empreendedora. No remake de 2025, porém, a narrativa coloca Raquel, agora uma mulher negra, em um estado de sobrevivência, vulnerável e dependente de personagens como Celina. Isso levanta questionamentos profundos, ela não estudou? Não se profissionalizou? Por que uma mulher que poderia ser símbolo de autonomia e referência para população negra volta a um ciclo de fragilidade? A escolha do roteiro, mesmo que intencional, sugere que a ascensão da mulher negra nunca é plena ou definitiva, reforçando estereótipos sobre precariedade e dependência, em contraste com a trajetória de Raquel de 1988. 

A honestidade de Raquel em 2025 não é apenas uma escolha moral diante da corrupção, é uma luta constante contra estruturas racistas que historicamente não permitem que pessoas negras permaneçam de pé. Sua queda, então, não é apenas pessoal, mas coletiva, refletindo histórias de mulheres negras empurradas para informalidade, obrigadas a sustentar famílias sozinhas, cujos caminhos foram interrompidos pelo racismo e pelo abandono do Estado. O recomeço de Raquel denuncia uma ferida profunda, a naturalização da instabilidade da população negra, como se cada conquista fosse temporária e frágil. A escritora Chimamanda Ngozi Adichie chamou de “o perigo de uma história única”: “O problema com os estereótipos não é que sejam falsos, mas que sejam incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história” 

Beatriz Nascimento, no livro “O Negro Visto por Ele Mesmo”, lembra que a vida da população negra é muito mais complexa do que a televisão costuma retratar: 

“ A TV veicula uma ideologia aparentemente calcada num dado da realidade socioeconômica, que é o fato de grande parte dos pretos ainda hoje serem integrantes dos extratos sociais mais baixos da população. Entretanto,mesmo nessa mobilidade, todos sociais. Nem todos os indivíduos são necessariamente nas profissões do setor de serviços, nem todos são serventes e escravos, profissionais liberais ou, comerciários, funcionários públicos, qualificados ou não, comerciários… Como no passado, tivemos pretos proprietários, livres, políticos e também profissionais liberais, ao lado de operários e serventes escravos.” 

Mesmo com coautores negros, nas salas de roteiro, a autoria principal das novelas ainda é majoritariamente branca, concentrando o poder de decisão sobre o que é contadao e como é contado. Quantos autores negros, ao longo dos 60 anos da TV Globo, receberam reconhecimento no mesmo nivel de Glória Perez, Walcy Carrasco ou Manuela Dias? A presença negra muitas vezes se limita à colaboração secundária, sem acesso à liderança criativa. 

É fundamental compreender que ter autores negros na construção de nossas narrativas não limita a criatividade, pelo contrário, enriquece o campo narrativo com experiências, referências e perspectivas autênticas. Não se trata de impedir que a branquitude conte histórias, mas de assumir a responsabilidade de contar narrativas negras de forma íntegra e com profundidade, especialmente em tempos em que estamos apenas começando a ocupar espaços de protagonismo. Romper com a lógica atual exige mais do que abrir portas, é preciso entregar as chaves. A Raquel de 2025 não deveria ser

colocada em vulnerabilidade apenas para simbolizar resistência, ela deveria ser representada com permanência, dignidade e complexidade, abrindo espaço para refletir quantas vezes uma mulher negra precisa recomeçar nesta sociedade e exigindo coragem do Brasil e da indústria cultural para enfrentar essa pergunta de forma honesta e transformadora. 

Apoie a continuidade e permanência de Diego na universidade pública através da sua vaquinha via Pix: diegodosuburbio.contato@gmail.com e mais informações no perfil @diegodosuburbio

Raquel perdeu a paladar: os riscos de entrar numa sociedade acreditando na boa fé do sócio

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Foto: reprodução

Na novela que tem movimentado debates sobre negócios e confiança, Raquel se viu vulnerável após Celina vender sua parte da empresa para Odete. Com 65% das quotas, Odete finalizou as atividades da sociedade, deixando Raquel e Poliana, que detinham o restante, sem poder de reação. O episódio, embora ficcional, levanta uma discussão real sobre como muitos empreendedores entram em sociedades confiando apenas na amizade ou no sonho, sem atenção para a proteção legal.

A contadora Juliana Lourenço, especialista em empresas familiares e sociedades, explica que o contrato social funciona como um “manual de convivência” da empresa. Segundo ela, quem tem menos quotas precisa garantir no contrato social direitos que protejam sua participação:

“Muita gente entra numa sociedade confiando apenas na amizade ou no sonho, mas esquece que contrato social é como o ‘manual de convivência’ da empresa. No caso da novela, a Raquel e o Poliana ficaram vulneráveis porque não havia cláusulas de proteção. Quem tem menos quotas precisa garantir no contrato social direitos como: cláusula de preferência (para ter chance de comprar as quotas antes que entrem terceiros), quóruns qualificados para decisões estratégicas — como venda da empresa, entrada de novos sócios ou dissolução — e acordos de não liquidação sem unanimidade. Sem esses cuidados, os sócios minoritários podem ser surpreendidos, infelizmente.”

Ela reforça que o contrato social não deve ser apenas um documento padrão:

“Meu conselho é: nunca assine um contrato social ‘padrão’, geralmente tem nas Juntas Comerciais dos Estados do Brasil, que é onde registramos os contratos para abertura ou alteração do CNPJ. É fundamental personalizar as cláusulas para refletir a realidade daquela sociedade e prever mecanismos de proteção tanto para quem tem a maioria quanto para quem tem a minoria. Uma boa assessoria contábil e jurídica no início evita muita dor de cabeça depois.”

Juliana também destaca a importância de pensar estrategicamente nas cláusulas de sucessão, que muitas vezes são usadas apenas de forma básica nos contratos:

“A cláusula de sucessão também precisa ser estratégica.”

Por fim, ela explica que essas cláusulas podem ir muito além de simplesmente definir se herdeiros entram ou não na sociedade. É possível determinar se eles terão voz ativa, ou apenas direito ao valor da cota, considerando o valor real da empresa, seus clientes e contratos ativos:

“Se geralmente as cláusulas de sucessão são básicas, tipo assim, elas definem se os herdeiros entram ou não, mas elas podem definir se os herdeiros entram ou não, se o herdeiro entrar, pode definir se ele tem voz ativa ou não. E se ele não entrar, geralmente nos contratos está escrito que o herdeiro só tem direito ao valor da cota, que vai ser apurada num balanço especial com a data do spoiler, ou seja, a data da morte. Só que os balanços contábeis têm uma fotografia do que aconteceu até aquela data. E aí, o que poderia ter nessa cláusula estratégica: a empresa vai pedir um estudo de valor da marca, de contratos já fechados. Então, a minha empresa tem hoje 130 clientes ativos, com uma mensalidade X, contratos por prazo indeterminado. Isso gera valor de mercado para a empresa, não é só o que está no contrato social. E aí, a maioria dos contratos com cláusula de sucessão, todos têm a cláusula de sucessão, mas não tem isso como estratégia. E aí, só o ordeiro acaba tendo direito. Aquilo é só o que está no que está escrito ali e não realmente o que tem direito.”

Para o universo negro empreendedor, que historicamente enfrenta barreiras de acesso a capital e redes de apoio, esse cuidado é ainda mais urgente. Entrar em uma sociedade sem proteção legal é um risco duplo: além de comprometer a segurança financeira, pode minar o reconhecimento e a autonomia de empreendedores negros dentro de seus próprios negócios.

O caso de Raquel, mesmo que ficcional, serve como alerta: amizade, confiança e sonhos compartilhados não substituem planejamento estratégico e contratos bem estruturados. Para quem quer empreender com segurança, a recomendação é clara: invista em orientação contábil e jurídica, personalize suas cláusulas e nunca subestime o valor de um contrato social pensado para proteger todos os envolvidos.

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