Pouco mais de um mês após lançar o single “Reencontro”, que já passou a marca de um milhão streamings nos apps de música, ao lado de Alexandre Pires e o EP “Salgadinho Experience – Ao Vivo”, o cantor Salgadinho agora retoma seu projeto como mentor e professor de Cavaquinho. O sambista lançou na sexta-feira (14) o projeto on-line “Academia do Cavaquinho”, que ensinará técnicas de aprendizagem e aperfeiçoamento do instrumento para iniciantes aos músicos com experiência.
“Ensinar sempre foi uma das minhas paixões”, explica Salgadinho. “Desde que lancei a minha aula em VHS em 1993, sempre recebia milhares e pedidos do país inteiro para que retomasse o projeto. Devido a agenda cheia compromissos com a carreira artística, o projeto foi sempre ficando de lado. Agora, 27 anos depois e durante a quarentena, que acabou me proporcionando tempo, pude finalmente realizar essa vontade minha e de milhares de pessoas. Estou muito feliz”
Salgadinho se orgulha de ter formado e inspirado nomes como Lincoln de Lima, produtor musical do cantor Ferrugem, Fejuca, do Sambô, Marcelinho TDP (Turma do Pagode), Rodriguinho e muitos outros.
Nesta quarta-feira (19) é comemorado o dia do Historiador em celebração a data o historiador, professor e organizador do Wakanda in Madureira, Jonathan Raymundo compartilhou em seu Instagram o relato daquela que é mais “que uma disciplina é o tom com o qual se mede a saúde de um povo. O que se esquece e o que se lembra”.
A data foi instituída há oito anos por meio da Lei nº 12.130/2009, em homenagem ao nascimento do diplomata e escritor pernambucano Joaquim Nabuco (1849-1910). Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo foi um político, diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista brasileiro formado pela Faculdade de Direito do Recife. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Acreditamos que é necessario saber sobre o seu passado, mesmo que seja uma história de muita luta e sofrimento, para sabermos onde estamos e para onde queremos ir. Entendendo que “não existe poder sem conhecimento da própria história, pois, Ela é o conteúdo espiritual de um povo”.
Por fim, Jonathan Raymundo relembra a tese 7 de “Sobre o Conceito de História”, em que Walter Benjamin escreve: “Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe. Esses despojos são os que chamamos de bens culturais. Todos os bens materiais que o materialista histórico vê têm uma origem que ele não pode contemplar sem horror. Devem sua existência não somente ao esforço dos grandes gênios que os criaram, como à corvéia anônima de seus contemporâneos. Nunca houve um monumento de cultura que também não fosse um monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialista histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a contrapelo”.
Ou seja, é preciso fazer falar os vencidos e trazer a consciência o horror que existe em cada objeto de devoção e beleza. É preciso trazer a consciência a presença e a voz dos “derrotados”.
Bebes negros recém-nascidos nos Estados Unidos têm maior probabilidade de sobreviver ao parto se forem cuidados por médicos negros, mas três vezes mais probabilidade de morrer quando cuidados por médicos brancos, revelou um estudo noticiado pela CNN americana.
A pesquisa mostrou que a taxa de mortalidade de recém-nascidos negros diminuiu entre 39% e 58% quando médicos negros se encarregaram do parto, mostrando que o racismo pode aparecer até nos primeiros minutos de vida de uma pessoa negra.
De um outro lado, a taxa de mortalidade de bebês brancos não foi afetada pela raça do médico.
O estudo foi feito por pesquisadores da George Mason University que analisaram dados capturando 1,8 milhão de nascimentos hospitalares na Flórida entre 1992 e 2015 para o novo estudo, que foi publicado segunda-feira em uma revista científica americana.
As descobertas apoiam pesquisas anteriores, que mostraram que, embora as taxas de mortalidade infantil tenham caído nas últimas décadas, as crianças negras continuam significativamente mais propensas a morrer cedo do que suas contrapartes brancas.
“Surpreendentemente, esses efeitos parecem se manifestar mais fortemente em casos mais complicados e quando os hospitais dão à luz mais recém-nascidos negros”, escreveram os autores.
“As descobertas sugerem que os médicos negros superam seus colegas brancos ao cuidar de recém-nascidos negros.”
Os autores não especularam sobre as razões por trás da tendência, mas escreveram: “Com este trabalho, dá garantia para hospitais e outras organizações de saúde investirem em esforços para reduzir tais preconceitos e explorar sua conexão com o racismo institucional.” “A redução das disparidades raciais na mortalidade neonatal também exigirá a conscientização de médicos, enfermeiras e administradores de hospitais sobre a prevalência das disparidades raciais e étnicas”, acrescentaram os pesquisadores.
Quando tratados por médicos brancos, os recém-nascidos negros tinham cerca de três vezes mais probabilidade de morrer no hospital do que os recém-nascidos brancos, descobriram os pesquisadores.
“Surpreendentemente, esses efeitos parecem se manifestar mais fortemente em casos mais complicados e quando os hospitais dão à luz mais recém-nascidos negros. As descobertas sugerem que os médicos negros superam seus colegas brancos ao cuidar de recém-nascidos negros”, escreveram os autores.
“A redução das disparidades raciais na mortalidade neonatal também exigirá a conscientização de médicos, enfermeiras e administradores de hospitais sobre a prevalência das disparidades raciais e étnicas”, acrescentaram os pesquisadores.
Trazendo para realidade brasileira não é difícil imaginar uma situação diferente. Porém aqui seria ainda pior, porque o número de médicos negros é menor do que nos EUA.
A cantora, empresária e deusa Rihanna - Foto: Reprodução Instagram
Finalmente entre nós. A chegada da Fenty Beauty da cantora Rihanna no Brasil, nessa última terça, 18, foi algo muito celebrado pelas mulheres negras brasileiras. E isso não é somente pela cor da própria Rihanna, mas principalmente pela massiva mensagem de diversidade e inclusão que a marca defende aos oferecer 40 tons de base para o público. É muita coisa.
Se nos EUA o lançamento contou com mulheres de todos os tons de pele, dando preferências para as negras e comunidade gay, aqui no Brasil a Sephora já começou anunciando a chegada da marca nas lojas de forma equivocada, usando uma mão branca , magra e padrão segurando um gloss .
Post da Sephora Brasil anunciando a chegada da Fenty Beauty no Brasil – Foto: Reprodução Instagram
E só entrar no perfil da Fenty no Instagram para constatar que há pessoas brancas sim, mas elas não são a maioria. Em várias entrevistas durante o lançamento da marca, Rihanna explicava que o desejo de ter sua própria linha de maquiagem, surgiu pelas dificuldades que ela mesma tinha em encontrar produtos para ela por conta da cor.
Bases hidratantes da Fenty Beauty – Reprodução Instagram
“Foi muito difícil criar um produto que atendesse todos os tipos de tons de pele e ainda ficasse invisível. Eu já usei alguns pós translúcidos que no final me deixavam com marcas brancas no rosto”, explicou Rihanna durante a coletiva de imprensa para o lançamento da marca, que levou dois anos para ser concluída.
O modelo NeonMUA em foto para o perfil da Fenty Beauty – Foto: Reprodução Instagram
As primeiras postagens de influenciadores brasileiras para promover a linha mostraram uma curadoria preguiçosa e desalinhada com o propósito de frescor, diversidade e inovação da marca. Apesar de alguns dos nomes que a gente ama estarem na campanha e terem sigo pagos para promover os produtos, como Thelminha, Tia Má, Ludmilla e Preta Gil, os principais especialistas em maquiagem para negros do país ficaram de fora.
Thelminha posando com produtos Fenty Beauty – Foto: Reprodução Instagram
Daniele Da Mata fundadora da primeira escola de maquiagem do Brasil, e que maquia 10 em cada 10 celebridades negras, recebeu um presente da marca, mas sem proposta para fazer publicidade. “Nosso questionamento do dia de hoje é sobre a publicidades pagas. Eu recebi o kit, mas não recebi proposta de publicidade”. Da Mata foi a profissional escolhida para cuidar da maquiagem de John Boyega quando ele esteve no Brasil. Como não lembrar dela?
A maquiadora especialista em pele negra Daniele Da Mata – Foto: Reprodução Instagram
Tassio Santos do canal Herdeira da Beleza, outra referência em maquiagem para peles negras não foi convidado para nenhuma ação publicitária para promoção da make da Riri no Brasil e, obviamente, ficou indignado:
As criadoras de conteúdo negras usaram suas redes sociais para manifestarem sua frustração, afinal não é todo dia que uma marca com essa relevância global chega no Brasil.
E como se já não bastasse todo esse auê, a diretora de marketing online da Sephora resolveu entrar na discussão em um post da criadora de conteúdo Gabi Oliveira, para informar que a loja está pagando as influenciadoras e chegou até a marcar uma das escolhidas, a apresentadora Magá Moura. O tom não foi nada profissional.
Pensar em Fenty Beauty é sim pensar em uma linha maquiagem para mulheres negras de vários tons e que, por acaso, engloba tonalidades mais claras, para não ser contraditória e claro, faturar.
Difícil imaginar Rihanna aprovando um lançamento tão previsível e monótono.
Educação é um dos quatro eixos nos quais a missão estratégica do Fundo Baobá para Equidade Racial está focada. E não podia ser diferente: o racismo no ambiente escolar é um dos mais severos gargalos à equidade racial do Brasil.
Segundo os dados do IBGE, no ensino fundamental tem quase o mesmo percentual de entre crianças brancas e negras de 6 a 10 anos (96,5% e 95,8%, respectivamente). Na faculdade, a matemática é outra: na média, só 25,2% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam ou concluem o ensino superior. Só que o percentual de jovens de cor ou raça branca que frequentam ou concluem o ensino superior (36,1%) é praticamente o dobro do percentual de jovens pretos ou pardos (18,3%) na faixa de 18 a 24 anos.
Por trás desses números tem muita história: tem escola pública fraca, tem dificuldade para chegar – e para pagar – o cursinho preparatório. Tem racismo na escola. Tem tudo para fazer o jovem desistir.
É para transformar essa realidade entre jovens da cidade de São Paulo e região metropolitana que o Fundo Baobá está lançando, em parceria com a Fundação Citibank, criou o programa Já É: Educação para Equidade Racial. O programa inclui não só uma bolsa de estudos em cursinho preparatório para o vestibular, como também atividades voltadas para o enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo e para a ampliação das habilidades socioemocionais e vocacionais, incluindo programa de mentoria. Além da mensalidade do cursinho, as despesas de transporte e alimentação também serão custeadas ao longo do programa, que deve ter duração de 12 meses a partir de março de 2021.
Para se inscrever, você precisa ter entre 17 e 25 anos, já ter concluído ou estar cursando, em 2021, o 3º ano do ensino médio em escolas públicas e morar na cidade de São Paulo ou nas cidades da região metropolitana. Aberto a jovens de ambos os sexos, o Programa Já É prioriza jovens de sexo masculino, jovens transsexuais, jovens mães, jovens que tenham cumprido medidas socioeducativas, e jovens que residem em bairros, territórios ou comunidades periféricas.
Nesta segunda-feira (17) Michelle Obama fez seu discurso no Comitê Nacional Democrata, que segue inspirando uma legião de pessoas. Durante o discurso, o assunto mais comentado do Twitter foi a joia que a ex-primeira dama usava. “Alguém encontre o colar VOTE de Michelle Obama imediatamente, por favor, preciso usá-lo todos os dias pelo resto da minha vida”, escreveu uma usuária do Twitter.
“O colar VOTE de Michelle Obama é tudo de que preciso agora”. “Michelle Obama está falando há mais de cinco minutos e, no entanto, ninguém me forneceu um link para seu colar de VOTE ainda”, disparou outra pessoa.
O colar dourado com as letras V-O-T-E (vote) é da BYCHARI, uma joalheria de propriedade de negros com sede em Los Angeles, informou o site da CNN. De acordo com o site, o acessório é feito sob encomenda e pode ser arrematado no e-commerce da marca com valores entre US$ 300 e US$ 400, dependendo do tamanho das letras e do comprimento da corrente.
No Brasil, 10,7 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa, de acordo com o estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda. Dentre os que têm deficiência auditiva severa, 15% já nasceram surdos.
Ser surdo já é motivo de discriminação, ser negro é motivo de racismo. Um surdo negro possui um duplo preconceito? Para isso entrevistamos* três surdos negros para que possamos compreender e abraçar essa causa.
MUNDO NEGRO: Enquanto surdos, qual a maior dificuldade que enfrentam socialmente?
GUILHERME SOUZA: Nem todos os lugares tem acesso a libras, tais como hospitais, cinema, palestras, hospitais, escola, delegacia.
MATHEUS NASCIMENTO: As mudanças são difíceis para a sociedade. As pessoas pensam que é estranho (ser surdo), sempre pensam negativo. E a polícia militar sempre ter dúvida, pensar que sou bandido e eu não sou; provar isso é bem difícil, a falta de comunicação… Eles acham que sou ouvinte.
ERLIANDRO FÉLIX: A minha maior dificuldade é a limitação na comunicação, quase sempre falha, na sociedade, por exemplo, eu escrevo o português como segunda língua, mas a pessoa não-surda não entende a minha escrita, além disso, eles, escrevem o português formal e eu não consigo ter a compreensão.
MUNDO NEGRO: Enquanto negro e surdo, passaram por alguma situação negativa e/ou constrangimento marcante?
GUILHERME SOUZA: A dificuldade de comunicação com a polícia. Infelizmente somos parados por sermos negros e os policiais não nos entendem.
MATHEUS NASCIMENTO: Um momento marcante foi um policial pedir minha identidade. Eles sempre tem dúvidas de quem sou. A cada dia piora a comunicação e a polícia nunca consegue entender.
ERLIANDRO FÉLIX: Sim, já me senti constrangido, um dia, fui no seminário dos negros com um intérprete de Libras, me olharam como uma pessoa incapaz.
MUNDO NEGRO: Se sentem abraçados pela luta do movimento negro dentro das questões relacionadas a deficiência auditiva?
GUILHERME SOUZA: Me sinto bem pois tenho amigos e familiares dentro desses grupos (sociais).
MATHEUS NASCIMENTO: Tenho poucos amigos e tenho minha namorada, que também é negra. Agradeço muito ao meu melhor amigo que me apoia muito.
ERLIANDRO FÉLIX: Não, porque não sou deficiente auditivo, mas sim surdo, tenho a minha língua e a minha cultura.
MUNDO NEGRO: Como podemos, efetivamente, mudar a situação do negro surdo no Brasil?
GUILHERME SOUZA: Na minha opinião é possível mudar a situação do Brasil unindo os surdos e negros na luta contra esses preconceitos para um futuro melhor.
MATHEUS NASCIMENTO: É difícil eles (a sociedade) ajudarem. Ainda tem o racismo e nós, surdos, ainda sofremos com a acessibilidade. Acho que os surdos (mudaremos) lutando juntos contra o racismo
ERLIANDRO FÉLIX: Então, os negros precisam conhecer a comunidade surda e o movimento dos negros surdos, além de pensar como acessibilidade do acesso dos negros surdos no mundo negro não-surdo. Pensar a política pública foco nos negros surdos.
MUNDO NEGRO: Qual maior erro os ouvintes cometem que fere a autoestima e inclusão do surdo?
GUILHERME SOUZA: (Não respondeu)
MATHEUS NASCIMENTO: Os ouvintes acham que os surdos não são capazes. Mas nós, surdos, somos capazes sim. Acham que somos um problema. A sociedade precisa ter empatia com os surdos.
ERLIANDRO FÉLIX: O pensar que os negros são iguais, que os surdos são iguais, que os deficientes são iguais, que os cegos são iguais.
Entrevistamos, também, a Karol Lopes, mulher negra e intérprete de LIBRAS.
MUNDO NEGRO: O intérprete de Libras desempenha um papel importante na inclusão do deficiente auditivo. Como leigos, como podemos ajudar?
KAROL LOPES: Bom, eu sempre defendo que não temos que ajudar os surdos. Quando alguém vê essa frase de imediato, é assustador. Mas vou explicar: as pessoas com deficiência não precisam de ajuda. Elas precisam que seus direitos sejam garantidos. Os brancos não têm que ajudar os negros. Têm que garantir que eles tenham uma vida plena com acesso a tudo o que deveria ser seu por direito. E isso está claro para nós. Mas sempre que falamos sobre pessoas que têm alguma deficiência, queremos ajudar. Eu sei que a intenção é boa, mas é um discurso capacitista e assistencialista que coloca a pessoa com deficiência num lugar de dependente das pessoas vistas socialmente como “normais”. É assim que vejo como precisa ser nossa relação de modo geral.
É claro que existem dificuldades por causa da surdez. Mas as maiores dificuldades que percebo que os surdos encontram no dia a dia são as pessoas. As maiores barreiras são atitudinais. Se a gente de fato pensasse no próximo, as diferenças entre nós seriam só um detalhe. Se nós assumirmos pequenas atitudes, já conseguimos melhorar significativamente as questões de acesso. A gente só precisa parar nas mínimas coisas do dia a dia e pensar: “será que todas as pessoas estão tendo acesso a isto?”.
Um exemplo muito simples, mas que pouquíssimas pessoas prestam atenção são as legendas. Os surdos não têm acesso aos filmes nacionais ou infantis, porque entende-se que se aquele material está em português, todo mundo consegue entender. Os surdos não têm acesso a muitos vídeos das redes sociais porque as pessoas não legendam. Uma coisa que tenho batido muito na tecla é sobre stories. Eu sei que dá trabalho, mas não toma tanto tempo assim legendar o que a pessoa está falando. Legenda é o ideal? Não. Mas já é alguma coisa. Já é um bom começo! A gente precisa parar de sentir medo do diferente e se aproximar. É só se aproximando, tendo contato, que vamos conseguir entender um pouco melhor o que essas pessoas vivem. A maior “ajuda” que podemos dar é apoiar as lutas sociais para a garantia de direito de todas as pessoas.
Intérprete de LIBRAS Karol Lopes / Acervo pessoal
MUNDO NEGRO: Enquanto intérprete de libras e mulher negra, o que observa na relação da sociedade para com o negro surdo?
KAROL LOPES: Eu comecei a dar uma atenção maior a esta temática quando atuava como intérprete numa escola e um dia, numa aula de artes, a proposta era fazer um autorretrato e as meninas pretas se desenharam loiras dos olhos azuis. Aquilo mexeu muito comigo, porque eu estava passando pelo meu processo de aceitação e ver aquela cena doeu. Foi aí que eu percebi como as pautas raciais não estavam chegando em todos os espaços.
A gente sabe que esse não é um assunto muito bem vindo em muitas casas. Então imagina como se dá esse processo numa família onde sequer há comunicação com o filho surdo.
Djamila Ribeiro fala no livro dela “O que é lugar de fala” sobre conceito de “não lugar”, que diz respeito ao fato de as pessoas terem seu direito de acesso restrito a determinados lugares e/ou camadas sociais devido às estruturas preestabelecidos. Ela apresenta uma hierarquia social onde a mulher preta fica em último lugar, depois do homem branco, mulher branca e do homem negro. A mulher negra ocuparia então um não lugar, pois seria o outro do outro (homem branco, mulher branca e homem negro). Na relação com pessoas pretas surdas eu percebo que isso se agrava ainda mais (em outras relações também). Porque essa dupla diferença faz com que essas pessoas estejam cada vez mais abaixo nessa hierarquia.
Durante minhas pesquisas, o que tenho percebido é que há um apagamento da identidade negra de pessoas com deficiência. Porque não são assuntos amplamente discutidos. Quando você pesquisa artigos, teses ou coisas do tipo, a maioria das produções encontradas são focadas na deficiência. Como se pessoas com deficiência estivessem isentas de sofrer por outras questões sociais como cor, classe social, gênero, sexualidade, entre outras. Mas também fico muito otimista ao perceber que produções com esta temática vêm ganhando força e crescendo. É importante que esses assuntos sejam discutidos e chegue nos lugares mais vulneráveis da sociedade. Existe a organização de um movimento negro surdo que vem se tornando cada dia mais forte e estruturado. Esse movimento precisa de visibilidade. Ele precisa ser visto, compreendido e apoiado.
*A entrevista contou com a ajuda de Lívia Maria Queiroz, do “1 Minuto de Libras”, estudante de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e com Karol Lopes, intérprete de LIBRAS negra.
“Ser negro, no Brasil, já é pensar três vezes em cada situação, em cada local que você vá, em cada convite, em cada olhar na rua. A gente vai, infelizmente ou felizmente, criando níveis de entendimento sobre a realidade”, contou o ator Fabrício Boliveira, via live, em entrevista ao “Conversa Preta”, o novo programa da Rede Bahia, emissora afiliada à Globo na Bahia, que estreou no ultimo sábado (15).
A proposta do especial é ajudar a construir uma sociedade antirracista e igualitária. De acordo com dados do IBGE do ano passado, 56,2% da população do país declara ser preta ou parda, enquanto 42,7% é branca. Ainda assim, o racismo está diariamente presente no cotidiano da população e a cor da pele é o principal fator na construção das desigualdades.
A cantora Margareth Menezes, uma das vozes mais potentes da música brasileira, também participou do primeiro episódio do programa. A artista destacou que sempre precisou investir na própria carreira, inclusive fundando um selo, o Estrela do Mar, por não ter interesse de empresários. Sobre o “Conversa Preta”, ela afirmou que o programa “abre uma porta que vai trazer um retorno muito especial e de mudança”.
A jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, parceira do programa Encontro com Fátima Bernardes, pediu: “Que programas como esse multipliquem na televisão aberta! Queremos falar sobre nós e por nós”.
O especial também vai ao ar nos próximos dois sábados, na Rede Bahia. Para assistir em outros estados, acesse o Gshow (gshow.com/conversapreta) ou o Globoplay do programa.
Da sala de games que tem em casa, Projota recebe convidados e, entre uma conversa e outra, disputa partidas de videogame. Essa é a premissa do Projota Game Room, programa que o rapper paulista lança no YouTube no próximo nesta terça-feira (18). Com mais de seis milhões de inscritos em seu canal musical na plataforma, o músico abre agora mais um espaço de diálogo com o público, dividindo outra de suas paixões.
“A primeira coisa que comprei com o dinheiro da música foi um videogame”, conta o pai de Marieva, que aproveita o sono da bebê para disputar partidas com a mulher, a atriz Tâmara Contro. “A gente bota a neném para dormir e vai jogar na sala”.
O novo canal contará com episódios inéditos às terças e quintas-feiras, às 19h, e também com pílulas em formato de IGTV para o Instagram. “É um convite para todos que gostam do meu universo entrarem na minha sala de games”. Serão quatro quadros fixos, misturando as pelejas eletrônicas e bate-papos sobre música e jogo com convidados do mundo esportivo e das artes.
O evento beneficente terá inicio no final de semana dos dias 26 e 27 de setembro com o tradicional “mesão da Esperança” , em que famosos atendem às ligações dos populares que querem fazer doações. No entanto, neste ano eles não se aglomerarão em um único estúdio para fazer isso, já que os mesões serão em formato virtual.
O show, que é o carro-chefe da programação do evento, está programado para acontecer no dia 28 de setembro, apresentado direto dos Estúdios Globo. Já os números musicais ocorrerão à distância. As atrações ainda não foram divulgadas.
Junto de Jessica Ellen e Maju Coutinho estarão: Fátima Bernardes, Luis Roberto, Tiago Leifert, Luciano Huck. Além disso, haverá a participação especial de Pedro Bial, Serginho Groisman e Ana Maria Braga.