Loja alegou respeito aos protocolos de segurança para impedir o acesso de Ana Paula Barroso, mas imagens da câmera de segurança mostraram clientes brancos sem máscara circulando no estabelecimento no mesmo dia.
O delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira dos Santos, informou, nesta terça-feira (19), que a loja Zara, que barrou a delegada Ana Paula Barroso em setembro deste ano, usava o código sonoro “Zara zerou” nos alto-falantes internos para indicar aos funcionários quais clientes deveriam ser vistos como “suspeitos em potencial”. Segundo o delegado, essas pessoas eram negras e usavam vestimentas simples para entrar no estabelecimento comercial. As informações são do G1.
Notícias Relacionadas
Netflix anuncia documentário sobre trajetória de Mike Tyson
ONU lança Segunda Década Internacional de Afrodescendentes com foco em justiça e igualdade
Os investigadores chegaram a este código a partir de informações fornecidas por uma ex-funcionária da loja. Ela informou aos investigadores que “a loja, quando identificava que uma pessoa estava fora do padrão de cliente e estava ingressando naquele estabelecimento, era dito no sistema de som a frase ‘Zara zerou'”.
De acordo com Sérgio, esses critérios denunciam o caráter discriminatório da política da loja. “Quem eram essas pessoas? Eram pessoas que estavam com vestimentas mais simples e pessoas de pele escura”, explicou.
A Polícia Civil do Ceará também apresentou imagens da câmera de segurança da loja, que mostram clientes brancos entrando sem qualquer tipo de impedimento, mesmo se alimentando e sem o uso correto da máscara.
“O material visual obtido por meio do circuito interno da loja revela o tratamento diferenciado dado pelo funcionário da loja à vítima. Nas imagens, é possível ver quando a vítima é expulsa do local, quando minutos antes, o mesmo funcionário atendeu uma cliente que, mesmo não consumindo nenhum alimento, não fazia o uso correto da máscara”, informou a Polícia Civil. O gerente da Zara, Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos, foi indiciado por racismo.
O que a loja diz
Na tarde de terça-feira, a Zara emitiu novo posicionamento a respeito das investigações policiais:
A Zara Brasil, que não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação, quer manifestar que colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos. Qualquer outra interpretação não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa. A Zara Brasil conta com mais de 1800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos.
Notícias Recentes
‘O Auto da Compadecida 2’: Um presente de Natal para os fãs, com a essência do clássico nos cinemas
Leci Brandão celebra 80 anos e cinco décadas de samba em programa especial da TV Brasil