Evento realizado no Viaduto Madureira, no Rio de Janeiro, Wakanda in Madureira reuniu música, arte, culinária e moda negra
No domingo, 7, aconteceu mais uma edição do Wakanda in Madureira, evento que mobilizou uma parcela significativa da população negra carioca. Um momento em que a sociabilidade preta urbana celebrou junto sua existência e resistência. O local escolhido pelos organizadores Raymundo Jonathan e Dandara Barbosa foi o Viaduto de Madureira.
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Mas por que este viaduto? A escolha foi intencional, pois é um lugar consagrado pela cultura negra. Em 1990, o Viaduto Negrão de Lima (como ele também é conhecido) foi cenário da criação de um bloco carnavalesco. É lá também que ocorre o famoso baile Charme. O Viaduto destaca-se como uma espécie de centro criador e divulgador da cultura negra do Rio de Janeiro. Situado num bairro com forte efervescência sociocultural, nasceram lá duas grandes escolas de samba: Império Serrano e Portela, além de ser marcante a presença do jongo e do Mercadão de Madureira (que já seria pauta de outro texto) e o Parque que leva o nome do bairro.
Na zona norte da capital fluminense, a música, a arte, a culinária e a moda negra foram exaltadas. A programação contou com grupos musicais, espaço de diversão para crianças e muita, muita dança. O encontro foi muito aguardado, foram sete meses de uma edição para outra. Marcaram presença, entre outros, a atriz Juliana Alves, o cantor Sérgio Loroza, o ator Drayson Menezes e o influencer Júlio de Sá, do “Carioquice Negra”.
O próprio Raymundo Jonathan em uma das suas falas no evento o definiu fazendo alusão ao processo colonial: “As pessoas indígenas deste país, as pessoas africanas neste país é quem civiliza este território, só que isso é uma disputa que a gente só vai vencer se a gente for junto. A gente sempre diz que: se o processo colonial separou as nossas famílias, o Wakanda é o grande convite para gente estar junto de novo. E juntos, restaurar o nosso modelo civilizatório. […] A gente é sempre marcado pela dor, mas hoje é dia de celebrar, de celebrar a vida, celebrar a melanina, celebrar nossos afetos […].
Entre abraços, sorrisos, olhares, danças e conversas o reencontro com algo que é tão humano: a felicidade.
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