Assassinatos à sangue frio em primeiro plano seguidos de sorrisos e cenas de dança. Essas são as imagens que mais ficaram na minha cabeça depois de assistir ao vídeo “This is America” do Donald Glover, também conhecido como Childish Gambino.
A bomba, dirigida por Hiro Murai, foi lançada no sábado à noite, e já conta com mais 16 milhões de visualizações no Youtube, até a segunda de manhã quando esse texto foi escrito.
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A temática do trabalho é a questão do desarmamento, muito discutida nos EUA, onde as forças mais tradicionais da terra do Tio Sam não abrem mão do direito de se defender por conta própria, esquecendo das que aproveitam desse direito para cometer crimes. Esse “direito” resultou na morte de muitas pessoas inocentes, inclusive dentro de um igreja, no caso Massacre da igreja de Charleston, onde 9 pessoas, todas negras, foram mortas a tiros por Dylann Roof, em 17 junho de 2015. E uma das cenas mais fortes da obra prima de Glover, faz menção a essa tragédia.
O clipe é uma experiencia para ser assistida mais de uma vez, até porque na primeira, acabamos agindo da forma esperada e calculada por Murai. Depois do tiro, nossos olhos se hipnotizam com a beleza, carisma, movimentos de Glover, e os jovens negros que o acompanham, deixando passar o caos que acontece em segundo plano, onde há muitas mensagens sublimares, outra bem explicitas mesmo, envolvendo a tormentosa relação entre a comunidade negra e a polícia.
O Twitter foi uma das redes onde os brasileiros mais repercutiram sobre esse tapão na cara da sociedade chamado “This is America” e eles me ajudaram bastante a tentar entender alguns frames do vídeo:
Não sei se vocês reparam, mas a música e a confusão param quando ele fuma. Fora que ela vai para um lugar alto e parece feliz. Mulher, carros, etc… Vi que o beck é meio que a representação de um refúgio, mas depois você é trazido de volta ao caos (final do clipe) pic.twitter.com/kur22bvY3n
— Gabi Oliveira (@depretas) May 7, 2018
eu já assisti #ThisIsAmerica 71 vezes e ainda tô boquiaberta com a consciencia corporal desse homem. é simplesmente incrível como os movimentos oscilam entre rigidos e descontraidos (isso aqui eu classifiquei com base nos meus conhecimentos em porra nenhuma) e a relaçao que eles
— thauane (@teagarj) May 7, 2018
https://twitter.com/FalaRenata/status/993371055749296128
Em um momento do vídeo, ao fundo tem uma imagem de um homem à cavalo. É uma referencia ai livro “Behold the Pale Horse”, escrito um ex-agente do serviço secreto da Marinha americana, que jogou no ventilador muitos podres escondidos em arquivos secretos, que falavam inclusive da motivação racial por trás da morte do presidente JFK.
https://twitter.com/workwthecoach/status/993178510897373184?s=12
A dança é uma distração ou refúgio?
So much of this video is immediately missed because of the dancing. But the dancing also serves as a metaphor. It is cultural identity. It is self defense. It is a survival tool. #ThisIsAmerica pic.twitter.com/37jap2PmXL
— Francesca (@oceanrelics) May 7, 2018
E você, o que mais te chocou, intrigou com esse vídeo. Alguma similaridade com o que acontece no Brasil?
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