Rede de Observatórios da Segurança divulga números de mortes negras realizada pela Polícia no Brasil

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Rede de Observatórios da Segurança divulga números de mortes negras realizada pela Polícia no Brasil
Reprodução

Pelo terceiro ano consecutivo, a Rede de Observatórios da Segurança divulgou os números de óbitos negros realizado pela polícia. Os dados são das secretarias de segurança e foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Os números mostram que a polícia é o núcleo duro do racismo no Brasil: ao menos cinco pessoas negras são mortas por policiais todos os dias.

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Foram 3.290 mortes em ações policiais em 2021 nos sete estados monitorados pela Rede de Observatórios (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo).

Dessas, 2.154 vítimas eram negras – utilizando como referência o critério do IBGE que considera como negros a soma de pardos e pretos. Mas esse número é maior porque o estado do Maranhão não acompanha a cor das vítimas e, nos demais locais, há casos que não têm classificação racial – no Ceará o percentual de não informados chega a 69%.

Levando em consideração somente os casos com informação racial, nota-se que o percentual de negros mortos pela polícia é muito maior que a presença de negros na composição populacional em todos os estados monitorados. A Bahia continua com o maior percentual com 98%, mas é o Rio de Janeiro que tem o maior número absoluto com 1.060 vítimas.

“Pode não ser surpreendente, porque os dados se alteram pouco a cada ano, mas não deixa de ser chocante ver registrado, mais uma vez, uma distribuição racial tão radical de algum fenômeno social no Brasil. A pergunta é: o que precisa ser feito para as polícias entenderem que o racismo é um mal que afeta suas corporações e que precisa ser combatido?”, explica Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios.

Pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança ainda traz os dados em cada estado:

Bahia

Na Bahia, uma pessoa negra é morta pela polícia a cada 24h. Foram 603 mortes de pessoas negras registradas no último ano. O estado é o mais letal do nordeste, apresenta o maior número absoluto de mortes na região (nacionalmente fica atrás apenas do Rio de Janeiro) e tem o maior percentual de pessoas negras mortas pela polícia quando descartamos os não informados – 98%.

Pernambuco

O estado tem o segundo maior percentual de negros mortos entre os sete monitorados pela rede, com 96%. A cada quatro dias, uma pessoa negra é morta pela polícia. Esses números são puxados pela situação da capital Recife, onde todos os mortos pela polícia são negros.

Piauí

No estado, o percentual de pessoas negras mortas pela polícia é de 75%, e na capital, onde se concentra essa letalidade, chega a 83%. A incidência dessas mortes é maior em Teresina porque lá existe um maior contingente policial. Dos 6 mil homens do estado, quase 2 mil estão na cidade. Os casos são mais evidentes nas periferias da capital. O bairro com maior registro é Itararé.

Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro é o estado com maior registro. Dos 57 registros policiais com 3 vítimas ou mais, 30 deles apresentam totalidade de vítimas negras. Ao todo, foram 155 vítimas e 138 delas eram pretas ou pardas.

Rio de Janeiro e São Gonçalo são os municípios que mais matam pessoas negras no estado. Seguidos por outros cinco da Baixada Fluminense: Duque de Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Japeri e Nova Iguaçu. Na capital, as três áreas integradas de segurança mais letais para negros são Costa Barros, Jacarezinho/Méier e Realengo/Bangu.

São Paulo

O estado tem experimentado reduções seguidas nos números de letalidade policial nos últimos meses. O uso de câmeras nos uniformes dos agentes fez os números de mortes provocadas por esses profissionais despencarem, mas a cor dos mortos seguiu inalterada: 69% eram negros. Uma pessoa negra é morta a cada 72 horas.

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