Texto: Rachel Maia

O racismo ambiental, uma das pautas de grande repercussão no momento (principalmente em razão dos desastres ambientais nos últimos anos), interfere no desenvolvimento dos profissionais de várias maneiras, do desgaste resultante do deslocamento da residência para o emprego até a falta de oportunidades de trabalho por causa do CEP.

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A maioria das empresas localizadas na região central da cidade ou na grande metrópole costumam se sobressair em quesitos como empregabilidade e plano de carreira. No entanto, é comum que muitos talentos que residem em espaços periféricos, por mais qualificados, fiquem fora destes espaços e consequentemente, distantes do emprego ideal.

Racismo ambiental: o que é?

Em texto publicado no site do governo federal, na seção da Secretaria de Comunicação Social, em janeiro de 2024, destaca-se que a expressão racismo ambiental foi criada na década de 1980 pelo ativista Benjamin Franklin Chavis Jr., em meio a protestos contra depósitos de resíduos tóxicos no condado de Warren, no estado da Carolina do Norte (EUA), onde grande parte da população era negra.

No contexto brasileiro de hoje, o conceito é mobilizado para questionar uma ocupação territorial pautada em desigualdades e segregações. Na herança dos quase quatro séculos de escravidão, há o processo de marginalização de pessoas pobres e negras em periferias, favelas e comunidades, lugares que, muitas vezes, carecem de condições de segurança e sofrem com desastres ambientais (a exemplo das mortes causadas, no início deste ano, por chuvas e deslizamentos na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro). 

Desigualdade social 

De acordo com o Mapa da Desigualdade, moradores dos Jardins e do Itaim Bibi, bairros ricos da capital paulista, vivem 23 anos a mais do que quem mora em Anhanguera, no extremo norte de São Paulo. Dados como esse, divulgados em novembro de 2023 pela Rede Nova São Paulo e pelo Instituto Cidades Sustentáveis, evidenciam como a discriminação atua não só em eventos trágicos, como também ao longo da vida dos indivíduos. 

Pensando na organização de metrópoles do Brasil, temas como mobilidade urbana, gastos dos trabalhadores com o deslocamento casa-emprego-casa (segundo o banco Numbeo, os brasileiros gastam pelo menos 17% do salário mínimo com transporte público) e desafios para a propagação dos formatos remoto, híbrido e/ou flexível de trabalho (mais difundidos desde a pandemia de covid-19) são tópicos que necessitam de discussão, questões essas relacionadas ao debate sobre as regiões onde grupos vulneráveis estão, historicamente, alocados. 

Tenho estabelecido com empresas o projeto de olhar para o entorno das mesmas e, de maneira ampla, para as diversas realidades do país, a fim de construir juntos novas oportunidades para profissionais que, comumente, são excluídos (colocando os trabalhadores, inclusive, no centro do debate). Devemos, enquanto sociedade, criar ações para que nenhuma potência tenha seus sonhos interrompidos pelas distâncias – física e simbólica.

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