O “Magical Negro” é mais um arquétipo racista do cinema

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O “Magical Negro” é mais um arquétipo racista do cinema
Will Smitch no filme "Lendas da vida"

Provavelmente você já assistiu um filme ou série em que o protagonista recebe conselhos ou orientações de um personagem negro, normalmente com um conhecimento que não se sabe muito bem de onde vem. As vezes é descrito como sobrenatural, outras apenas está lá, como um estereótipo do parceiro preto cheio de sabedoria que está na trama para fazer com que o protagonista branco cresça como pessoa. 

Spike Lee (“Infltrado na Klan”) usou o termo ‘Magical Negro’ (Negro Mágico) para nomear esse tipo de personagem muito comum na ficção, principalmente em Hollywood. Quem viu ‘Gladiador’ deve lembrar do escravo interpretado por Djimon Hounsou. Sua principal cena no filme é motivar o gladiador de Russel Crowe ao lembrá-lo que ele vai encontrar a família no mundo sobrenatural. 

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Gladiator (2000)
O personagem de Djmoun Hounsou parecia saber o que acontece no mundo sobrenatural


Talvez o exemplo mais famoso seja da vidente de Whoopi Goldberg em ‘Ghost – O Outro Lado da Vida’. Ela é uma trambiqueira que possui poderes sobrenaturais e tem trejeitos histriônicos. Serve tanto de conselheira como em uma das cenas empresta seu corpo ao fantasma de Patrick Swayze para que ele possa falar com sua amada. 

Esse tipo de artifício vende a imagem do preto como indivíduos despidos de verdadeira complexidade, reduzindo-os a conselheiros, pessoas cuja razão da existência é guiar o homem branco pelo melhor caminho, já que por algum motivo, poucas vezes explicado, os brancos são figuras infantis, incapazes de ver soluções óbvias para seus relacionamentos amorosos ou mesmo treinar esportes, como foi no filme ‘Lendas da Vida’, onde Will Smith tem como foco principal de vida ensinar Matt Damon a gingar no jogo de golfe. 

Foto de Ghost - Do Outro Lado da Vida - Foto 12 - AdoroCinema
Além de aguentar fantasma chato, a vidente de Whoopi Goldberg ainda teve de emprestar o corpo ao defunto

Em um primeiro olhar pode parecer um recurso narrativo de inclusão, mas com um pouco de atenção pode-se notar que esses personagens apenas flutuam como coadjuvantes superficiais, sendo subservientes á protagonistas brancos. Não há motivações da razão pela qual aqueles homens e mulheres pretas (o) acham que dedicar boa parte de suas vidas a educar gente branca os fazem ser pessoas melhores. 

Uma situação, inclusive bem parodiada é o negro que morre primeiro em filmes de terror. Normalmente vítima de auto sacrifício para fazer com que o grupo dos brancos escapem do perigo. 

Parece inofensivo, mas a persistência nesse tipo de arquétipo ajuda a criar um imaginário estereotipado sobre pessoas pretas na cultura popular. Estejamos atentos.

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