Novembro Azul: Como a representatividade pode ajudar a salvar vidas

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Novembro Azul: Como a representatividade pode ajudar a salvar vidas

O movimento “movember”, fundado por dois homens brancos australianos, no dia 17 de novembro de 2003, aproveitando as comemorações do dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata inspirou o Novembro Azul no Brasil, criado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida em 2008, visando desconstruir o preconceito que ronda a masculinidade acerca do assunto.

No Brasil, dos quase 100 milhões de homens da população, 54 milhões são negros (pretos e pardos), conforme dados do IBGE/PNAD, o que nos torna maioria também nesse quesito. No entanto, essa representação populacional não está refletida nas campanhas de conscientização do Novembro Azul.

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Levanto essa reflexão devido a influência direta na saúde física de homens negros que a falta de representação traz, em razão das propagandas que são feitas pelo Governo Federal e pela principal entidade engajadora do assunto, o Instituto Lado a Lado, reforçam, através de suas peças comunicativas, o imaginário de que homens negros não precisam fazer exame de próstata e nem são o público-alvo da mobilização. Mesmo o contingente de homens negros justificando a necessidade de seu protagonismo na campanha Novembro Azul, em pesquisa realizada pela consultoria ETNUS, em menos de 5% dos materiais comunicativos da campanha há a presença de homens negros e quanto a negros como protagonistas, esse número cai para quase 0%.

Imagem: Etnus

Corroborando ainda mais a relevância de se incluir pessoas negras na comunicação do Novembro Azul, em um estudo feito pela Bristol University (England), sob a liderança do Dr. Chris Metcalfe, constatou-se que homens negros têm 3x mais chances de morte por câncer de próstata do que homens caucasianos. Alguns dos motivos apresentados são a predisposição genética dos afrodescentes e o comportamento social, pois, devido à falta de incentivo e conscientização de homens negros, esse grupo acaba por ser diagnosticado já em um estágio avançado da doença.

Diante desse cenário, vemos que o homem negro, além de ter três vezes mais chance de morte por câncer de próstata, ainda tem o agravante do machismo e a falta de conexão nas campanhas de conscientização. Nesse contexto, podemos notar a importância de se compreender que, por características étnico-raciais, inerentes aos indivíduos afrodescentes, existe a influência direta ou indireta na sua qualidade de vida e, como a falta da representação na comunicação, pode interferir significativamente na saúde dos homens negros.

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