Nova fábrica da Heineken em Minas Gerais pode destruir o sítio arqueológico onde foi encontrada Luzia, a primeira Mulher negra das Américas

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Nova fábrica da Heineken em Minas Gerais pode destruir o sítio arqueológico onde foi encontrada Luzia, a primeira Mulher negra das Américas
Imagem: divulgação

No final dos anos 90 e início de 2000, a comunidade científica ficava em alvoroço e não era para menos, foi realizada a reconstrução do crânio da primeira mulher das Américas, encontrada na Gruta Vermelha IV, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerias em 1975, a qual, foi nomeada como Luzia, uma mulher negra. A descoberta é considera inestimável para a história da humanidade e dos povos das Américas.


No entanto, o local em que Luzia foi encontrada corre sérios riscos de desaparecer, uma grande multinacional do conglomerado da cerveja, a Heineken, está construindo uma cervejaria no local e ao que parece, segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) que embargou a obra dias atrás, se fábrica for concretizada, trará danos irreversíveis para o conjunto de grutas, cavernas e lençol freático do sítio arqueológico onde Luzia foi encontrada.
A justificativa da Heineken e governo do estado de Minas Gerais, é que a nova fábrica criará centenas de empregos à população local.

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Mas, a pergunta que fica: não há outro local para a empresa construir sua fábrica? O lucro justifica colocar em risco a memória de um povo? E as consequências irreparáveis ao local? A fábrica pode ser construída em outro lugar que não coloque em risco um patrimônio nacional e da humanidade.
A história já nos mostrou que empresas chegam, delapidam tudo e depois vão embora e o que fica para nós, só escombros.
Não sou desfavorável que a empresa construa a fábrica, mas não nos arredores de um santuário e de um espaço tão importante às pessoas negras.


Recentemente, tivemos no Brasil um precedente, o caso do Sítio Arqueológico “Cais do Valongo”, quando as obras do “VLT” foram interrompidas. Penso que a empresa Holandesa Heineken e o atual governo de Minas, precisam olhar com muito cuidado, a final, a “força da grana que ergue e destrói coisas belas”, não pode imperar.
Uma pergunta que fica para refletirmos, se o fóssil encontrado na Lapa Vermelha fosse de um europeu, a Heineken construiria a fábrica lá? Estamos diante de mais um apagamento da história e da memória da população negra.


https://guiadacervejabr.com/secretaria-mg-obra-heineken-impacto-significativo-sitio-arqueologico/
https://minasfazciencia.com.br/2020/05/04/a-descoberta-do-esqueleto-de-luzia-e-a-vida-de-seres-humanos-ha-11-mil-anos/
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2018/09/03/interna_ciencia_saude,703637/por-que-o-fossil-de-luzia-e-importante-para-a-ciencia.shtml


Sara Araujo – Pós graduanda em história da África e da Diáspora Atlântica – sommelière de Cerveja.

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