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A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) só tem recursos para manter as portas abertas até julho deste ano. A informação foi dada pela reitora da instituição, Denise Pires de Carvalho em artigo no jornal O Globo. O orçamento de 2021 da instituição é semelhante ao orçamento de 2008, quando a instituição tinha 34 mil estudantes de graduação. Hoje, são 57 mil.
Para Aza Njeri, professora doutora em literaturas africanas e pós-doutora em Filosofia Africana pela UFRJ, a precarização da universidade é presente há muitos anos nas faculdades de Ciências Humanas, mas classifica o momento atual como “avassalador”.
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“O fechamento de uma das maiores universidades do mundo – a UFRJ figura entre as 250 melhores universidades do mundo, à frente de universidades como a Sorbonne, por exemplo, tem um impacto avassalador. Agora, a gente tá falando de não ter dinheiro para pagar contas básicas, como água, internet, saneamento e segurança”, explica.
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Antes de chegar a esse ponto, outros cortes já vinham acontecendo nas universidades do Brasil. De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o corte de verba para as políticas de permanência nas universidades federais foi de R$ 177 milhões em todo o Brasil. Muitos estudantes só conseguem se manter estudando por meio deste incentivo.
“A gente sabe que estudar é caro, e estamos em um cenário de pandemia em que as pessoas estão perdendo emprego, estão perdendo as casas, estão passando fome. Então, o apoio das Universidades para que não haja um abandono dos estudos é essencial, e isso também não vai mais ter”, lamenta.
Na avaliação de Renato Emerson dos Santos, professor adjunto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Regional da UFRJ, os cortes de orçamento na UFRJ e em todo o Brasil revelam o desejo de impedir que a produção de conhecimento revele dados e informações importantes sobre a realidade do Brasil.
“A Universidade faz pesquisas que ajudam a revelar o quadro da nossa sociedade. Se não tem essas pesquisas, não temos como produzir diagnósticos e formular políticas de mitigação, por exemplo, dos impactos da pandemia. Outros órgãos também passaram por isso, como o IBGE e o INPE, em 2019, quando o órgão começou a revelar o aumento do desmatamento da Amazônia” relembra o professor.
Mas qual seria, então, a perspectiva de reversão do cenário de encerramento das atividades da UFRJ? Para Renato Emerson, só há um caminho. “Nossa perspectiva é lutar. Não há outra perspectiva para nós, a não ser lutar pela recomposição do financiamento público à universidade. A universidade brasileira tem que ser pública, gratuita, de qualidade e democratizada. Nós, através do Movimento Negro, conseguimos trazer a democratização como uma meta da universidade, e é exatamente neste momento que os ataques são mais radicalizados”, define.
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