Mestre Paulão Kikongo, líder da Kilombarte, abre processo contra pastor que chamou capoeira de “braço do diabo”

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Mestre Paulão Kikongo, líder da Kilombarte, abre processo contra pastor que chamou capoeira de “braço do diabo”

Kilombarte, associação de capoeiristas liderada pelo Mestre Paulão Kikongo, com apoio de capoeiristas de todo o país, ingressou hoje com representação na  Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro (DECRADI) contra pastor que postou vídeo contendo ofensas à capoeira e às religiões afro-brasileiras

No vídeo, intitulado “Capoeira Braço do Diabo”, o pastor afirma: “Quando um capoeirista, né, o cara da capoeira que é considerado um nível ‘não sei o quê’; eles dão uns nomes lá, um é ‘Coelho na toca”, é… é… é… é assim olha “onça da mata” é uma papagaiada a capoeira, que é um braço do diabo sobre a terra”. Segundo a transcrição da representação criminal da Kilombarte o pastor continuou: “A capoeira é um braço do diabo sobre a terra. Quem quiser tirar esse pedacinho para deixar rodar por aí afora (se referindo a recortar o vídeo e divulgar) e dê preferência para as igrejas que implantaram a capoeira dentro das suas organizações! Loucura! Eles não são igrejas, eles são terreiros de macumba”, afirma o pastor .

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Mestre Paulão Kikngo (Imagem: Redes Sociais)

“A capoeira constitui patrimônio cultural da humanidade, seu vínculo com a cultura e religiosidade afro-brasileiras é internacionalmente reconhecido e protegido pela Constituição Federal, leis federais, IPHAN e ONU. É ilegal, portanto, qualquer forma de ataque ou mutilação deste bem cultural”, argumenta Hédio Silva, um dos advogados que representam o Mestre. 

Em um país que o protestantismo cresce de forma acelerada, que tem uma bancada evangélica e um presidente com discurso fundamentalista não é de se estranhar que declarações como a do pastor venham a compelir fiéis a atacar terreiros e hostilizar quem professa a fé nas religiões de matriz africana. A ação da Kilombarte é salutar em buscar mostrar que não pode haver impunidade para tais práticas em um país com maioria da população preta e que busca consolidar sua jovem democracia promovendo o respeito à diversidade de crença. 

Mestre Paulão Kikongo (Imagem: Mapa da Cultura)

Lembrando que a roda de capoeira é tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, segundo a Unesco. 

Mestre Paulão tem profundo conhecimento da causa em que luta. Ele é jornalista, contabilista, Mestre em Patrimônio, Cultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e é considerado um dos maiores especialistas do país em Patrimônio Cultural Afro-brasileiro.  

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