Silvia Nascimento – Menos de 24 horas após Dilma Roussef pedir publicamente urgência na aprovação do projeto que reserva 20% de vagas para negros em concursos públicos federais, durante a abertura da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), em Brasília, algumas lideranças negras manifestaram suas opiniões não totalmente favoráveis à decisão da presidenta.
Douglas Belchior da Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora) questiona o real empenho do governo federal em sanar o que a própria Dilma classificou em seu discurso durante o evento como “consequências do longo período escravocrata”.
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“Embora o Governo promova politicas publicas inéditas e que visam sim diminuir as diferenças sociais, ele tem como matriz uma politica econômica que privilegia os ricos”, argumenta Belchior. Para ele é impossível que o governo consiga, por exemplo, defender interesses dos empresários de agronegócios que seja ao mesmo tempo compatível com a causa quilombola.
Frei David diretor-executivo da Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) umas das principais organizações educacionais negras do Brasil, também criticou alguns pontos da fala da presidente Dilma na abertura da Conferência.
Em entrevista para o portal Correio Nagô, o Frei afirmou que a presidenta saiu da omissão, mas optou pelo pior caminho ao enviar o projeto de cotas para o Congresso Nacional. “A Educafro apresentou documentações, fez até greve de fome e provamos que a Dilma poderia fazer o decreto e aprovar o projeto no dia seguinte. Quando ela mandou para o Congresso, me senti como um negro vendido”, lamenta o Frei.
Belchior e David esperam que a comunidade negra de posicione e cobre as promessas apresentadas, tanto as que se referem à inclusão de negros em cargos públicos, quanto as que combatem a violência contra os jovens negros, os dois principais temas abordados no discurso da presidenta ontem à noite.
Com colaboração de Paulo Rogério do portal Correio Nagô.
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