Jana Janeiro – Sinfonizando os caminhos quilombolas no Brasil

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Jana Janeiro – Sinfonizando  os caminhos quilombolas no Brasil
Foto: William Gomes
Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

Jana Janeiro, escolheu ser uma  mulher negra que atua pela equidade. Acreditando que a educação transforma e empodera os sujeitos, ela vem reforçando as identidades negras pelos quilombos do Brasil. Formada em Turismo e pós-graduada em Gestão Cultural, ela atua como educadora transversal no Instituto Inhotim  formando educadores e instigando esses a ter uma  autonomia para além dos muros da escola.

Membro da  equipe de pesquisa no campo do patrimônio e comunidades quilombolas,  é gestora no projeto sociocultural Batuquenatividade, espaço onde desenvolve ações educativas que visa potencializar o território quilombola e suas tradições.

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 Mundo Negro: Qual é a estrutura educacional, econômica e cultural dos quilombos hoje no país?

Sabe-se que estrutura formal de educação tantos nos quilombos quanto nos centros urbanos, possuem uma grade curricular engessada e não inclusiva. Mesmo sabendo da Lei 10.639/03  que entrou em vigor em  2003, tornando-se obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro- Brasileira, não garante um aprofundamento do mesmo. Na perspectiva da economia e cultura, posso falar diretamente sobre a comunidade quilombola mineira na qual estou ligada.

Economicamente essas comunidades vivem do trabalho agrícola como plantações de feijão, milho e verduras orgânicas, esses não conseguem viver usufruindo de cultura quilombola tão rica e forte. Grande parte destes procura emprego na sede do município ou nas áreas de mineração, turismo e comércio.

Mundo Negro – As ações afirmativas  conseguem abarcar as necessidades das comunidades quilombolas, em especial quando se fala de educação e cultura? Quais os  desafios deste modelo de educação?

Não. E por conta disto, tentamos  através do projeto sociocultural Batuquenatividade,  atuar pela educação através da música. Hoje acredito que ele abarca um leque maior de atividades educativas  que permeiam as artes e a literatura e claro o crescimento compartilhado destas comunidades tão marcantes. Acreditamos que por meio das ações educativas não-formais promovemos a sensibilização dos participantes , valorizando as tradições e instigando a descoberta do mundo contemporâneo esse é o grande desafio.

Mundo Negro – Como seus projetos e atuação vem contribuindo para o fortalecimento e empoderamento destes?

Atuamos no incentivo e promoção  da educação ambiental e artística,  através de ações que abrangem para além dos muros da escola. Nosso empoderamento busca instigar os sujeitos envolvidos. Procuramos  que pinceis e tintas podem sim, serem utilizados em suportes não tradicionais. Para nós, a  arte pode estar nos muros e lixeiras, com fizemos no Rua Colorida apropriando dos espaços públicos. Em ações com o Pé de Lê, onde os livros são pendurados nas árvores e os participantes são incentivados a “colher” conhecimento.

O projeto hoje possui a Biblioteca Quilombê, espaço literário onde temos aproximadamente 100 exemplares de livros infantil, juvenil e adulto com a temática negra e/ou de autores negros, a comunidade pode ser re-conhecer nesse acervo literário. Acreditamos que o conhecimento transforma e dar poder de escolha e desperta a criatividade. Afinal, como diz Nelson Mandela “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

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