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“Não existe justiça para pobre e preto”, diz esposa de Evaldo Rosa após Tribunal Militar absolver militares acusados de matar seu marido

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A esposa de Evaldo Rosa, Luciana Santos, se mostrou indignada nesta quarta-feira (18) após a decisão do Superior Tribunal Militar (STM), que reduziu as penas dos oito militares envolvidos na morte de seu marido e de Luciano Macedo, catador de latinhas, no Rio de Janeiro, em 2019. Ao deixar a corte, Luciana falou sobre sua frustração com o veredicto, dizendo que não acredita mais na justiça.

O STM acatou parte do recurso da defesa e reduziu as penas dos militares, que foram sentenciados a detenção em regime aberto, com penas que variam de três anos a três anos e seis meses. A maioria dos ministros seguiu o voto do relator, que considerou a morte de Luciano Macedo como homicídio culposo (sem intenção de matar) e absolveu os militares da acusação de homicídio de Evaldo Rosa, alegando não haver provas conclusivas sobre o disparo fatal. Anteriormente, em primeira instância, os 8 militares haviam sido condenados a penas de 28 a 30 anos de prisão por assassinato qualificado doloso.

“Uma decisão horrível, lamentável, triste. Muito complicado. Mas era um pouco de se esperar. Porque no país em que a gente vive a gente sabe que não existe justiça, principalmente para pobre e preto”, afirmou Luciana, visivelmente emocionada. Ela também disse que não pretende recorrer da decisão.

“Vou ver com os meus advogados pra ver o que a gente pode fazer. Mas por mim pararia por aqui mesmo. Não confio porque sabemos que a Justiça é muito falha, e algo que faz muito mal pra mim, pra minha família, pro meu filho. É como eu tivesse que voltar no início de tudo o que eu vivi seis anos atrás”, completou.

O caso remonta a abril de 2019, quando os militares abriram fogo contra o carro em que Evaldo Rosa estava com sua família. A perícia confirmou que 62 tiros atingiram o veículo, e nove dispararam contra o músico, que morreu no local. Luciano Macedo, que estava no local e tentou ajudar, também foi baleado e morreu.

A decisão gerou controvérsia, especialmente entre aqueles que defendem uma responsabilização mais rigorosa dos militares. A ministra Maria Elizabeth Teixeira, que votou divergente, criticou a alegação de legítima defesa e apontou que o episódio refletia uma violência estatal contra a população negra e pobre. Para ela, a quantidade de disparos afasta qualquer justificativa para o uso da força.

A sentença é final no âmbito da Justiça Militar, mas a constitucionalidade da decisão pode ser questionada no Supremo Tribunal Federal (STF).

MP-BA apura acusações de racismo religioso contra Claudia Leitte por substituir Iemanjá por Jesus em música

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Foto: Popline

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito civil após receber uma representação contra a cantora Claudia Leitte por sua postura discriminatória ao substituir Iemanjá, divindade de religião de matriz africana, na letra da música “Caranguejo”. Durante uma apresentação, a cantora trocou o verso “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu Rei Yeshua”, referência a Jesus Cristo em hebraico, o que gerou críticas e acusações de intolerância religiosa e racismo religioso.

A representação foi formalizada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO). O caso será analisado pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz, que decidirá se há elementos para abrir uma investigação.

Segundo Hédio Silva Jr., advogado das partes denunciantes, a alteração na letra “não é criação artística ou improvisação”, e a mudança não foi registrada oficialmente no ECAD. Caso sejam comprovadas irregularidades, a artista também poderá enfrentar acusações de falsidade ideológica.

O episódio reacendeu discussões sobre racismo e intolerância religiosa no Axé Music. Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador, criticou em suas redes sociais posturas que, segundo ele, desrespeitam as raízes da cultura negra. “Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas escolhe reescrever a história, o nome disso é racismo”, escreveu.

Espetáculo “Ray – Você não me conhece”: A entrega potente de um elenco extraordinário

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Foto: Ale Catan

Texto: Rodrigo França

O elenco de “Ray” é uma verdadeira celebração da excelência artística, reunindo intérpretes que são, simultaneamente, excepcionais atores e cantores.

César Mello (@cesarmellooficial) com uma presença marcante, entregando emoção e potência vocal que arrebatam o público. Sidney Santiago Kuanza (@sidney_santiago_kuanza) e Abrahão Costa (@abrahao_costaoficial) trazem profundidade e delicadeza às cenas, enquanto Luiz Otavio (@luizotavio.oficial) equilibra técnica e sensibilidade com precisão. Flávio Bauraqui (@flavio.bauraqui), em uma performance inesquecível, transita com maestria entre a dramaticidade e a leveza, arrancando aplausos e suspiros em cada aparição.

Leticia Soares (@letsoartes), com uma voz que parece abraçar o público, une carisma e domínio cênico. Luci Salutes (@lucisalutes), Lu Vieira (@luvieirali), e Roberta Ribeiro (@robertaribeiroeu) completam o elenco com atuações e interpretações vocais impecáveis, harmonizando o palco com energia e talento.

Foto: Ale Catan

Já as crianças Caio Santos (@caio.santoss24) e Victor Morais (@victordbmorais) iluminam a trama com atuações sensíveis e autênticas, que cativam e emocionam. É uma equipe que não apenas dá vida aos personagens, mas também eleva a narrativa a um nível sublime.

A direção musical de Claudia Elizeu (@claudiaelizeu) e André Muato (@muatomuato) é um espetáculo à parte. A escolha de manter as canções na língua original é uma decisão corajosa e acertada, que respeita a essência da obra de Ray Charles e permite que o público seja transportado diretamente para o universo do artista. A banda ao vivo, composta por piano, baixo, bateria e sopros, não apenas acompanha, mas é personagem ativa da narrativa, guiando o espectador pelas nuances emocionais da trama. Os arranjos são precisos, entregando tanto a força dos momentos apoteóticos quanto a delicadeza das cenas mais intimistas. É um trabalho que não só respeita o legado de Ray, mas também o reinventa com maestria para o palco.

Carmem Luz (@carmenfilmdance), que assina a direção de movimento, coreografia e preparação corporal, é um dos pilares na construção desse espetáculo. Sua expertise e sensibilidade são evidentes no modo como os atores habitam seus papéis, como se cada um fosse não apenas guiado, mas também desafiado a explorar camadas mais profundas de seus personagens. Carmem não apenas propicia técnica, mas também inspira uma compreensão mais ampla da história e da cultura afro-americana que permeiam o espetáculo. Seu trabalho é um lembrete de que, por trás de grandes produções, há mentes e corações que dedicam suas vidas à arte, e seu impacto vai além do que se vê no palco – Carmem é luz é uma das maiores artistas que este país tem.

Foto: Ale Catan

Os músicos — Luiz Otavio, Dan Motta, Jonas Ricarte, Johny Capler, Ramon Medina, e Rafael Gomes — são o alicerce sonoro da peça, entregando uma trilha ao vivo que pulsa com intensidade, guiando cada cena com precisão e arte. A simbiose entre músicos e elenco é tão perfeita que ambos se tornam um só organismo no palco, traduzindo a genialidade de Ray Charles em uma experiência sensorial única.

Um espetáculo transformador

“Ray”, escrito e dirigido por Rodrigo Portella e idealizado por Felipe Heráclito Lima, é mais do que uma celebração da obra de Ray Charles: é uma experiência que une música, teatro e história em um espetáculo inesquecível. A dramaturgia, ao explorar a relação entre pai e filho, toca em questões universais, ao mesmo tempo em que resgata um legado essencial para a cultura negra. A deslumbrante encenação propicia a integração perfeita entre elenco, direção musical, movimento e a força de uma equipe dedicada faz de “Ray” um espetáculo que não apenas emociona, mas transforma. Para quem o assiste, é impossível sair do teatro da mesma forma que entrou.

Se o legado de Ray Charles é o de romper barreiras e criar pontes culturais, essa montagem cumpre, no palco, esse mesmo papel. Um convite à reflexão e à celebração de uma vida que mudou a música e a luta por direitos civis. A temporada no Teatro B32 é uma oportunidade imperdível para vivenciar o que há de melhor no teatro brasileiro contemporâneo. O espetáculo voltará em 2025. 

Ressalto que este texto não se propõe a ser uma crítica jornalística ao espetáculo, mas sim um olhar atento e apaixonado de alguém que é espectador, operário e amante da arte. É uma reflexão pessoal sobre as emoções, os detalhes e a grandiosidade que essa obra provoca em quem a vivencia. Uma celebração ao talento e à dedicação de todos os envolvidos, com a sensibilidade de quem também constrói e se inspira no universo artístico.

Ficha Técnica:

Elenco adulto: Cesar Mello, Sidney Santiago Kuanza, Abrahão Costa, Luiz Otavio, Flávio Bauraqui, Leticia Soares, Luci Salutes, Lu Vieira, Roberta Ribeiro. Elenco infantil: Caio Santos e Victor Morais. Músicos: Luiz Otavio, Dan Motta, Jonas Ricarte, Johny Capler; Ramon Medina e Rafael Gomes Idealização e Direção Artística: Felipe Heráclito Lima. Dramaturgia e Direção: Rodrigo Portella. Direção Musical e Arranjos: Claudia Elizeu e André Muato. Cenografia e Direção de arte: Gustavo Greco. Figurinos: Karen Brusttolin. Preparação corporal: Carmen Luz. Visagismo: Fabiane Monteiro. Tecladista e músico ensaiador: Dan Motta. Diretora Assistente: Glaucia da Fonseca. Programação Visual: Beto Martins. Fotos: Ale Catan. Consultoria de Dramaturgia: Luh Mazza. Colaboração de Dramaturgia: Milla Fernandez. Desenho de Luz: Gabriele Souza. Sound design: André Breda. Coordenação geral: Maria Angela Menezes. Direção de produção: Amanda Menezes. Produção executiva: Juliana Domingos. Assistente de produção: Carolina Camelo. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Manutenção de Mídias Sociais: Jéssica Christina. Gestão de Tráfego: Lead Tráfego. Captação de apoios: Gerardo Franco. Operador de som: Bob Reis. Camareira: Rosa. Gestão de projeto e prestação de contas: Felipe Valle e Mariana Sobreira (Fomenta Soluções Culturais). Supervisora de projeto: Juliana Trimer. Analista de projetos incentivados: Thiago Monte. Assistente de projetos: Bayron Alencar. Patrocínios: Chilli Beans e Hospital de Olhos. Apoios: Oncoclínicas, EAI?! e Casa Almeida. Apoio Institucional: Fundação Dorina Nowill para Cegos.

“Esse é um presente para a Nala e para os meus fãs”, diz Iza sobre clipe em que revela rosto da filha

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Foto: Reprodução

A cantora Iza presenteou os fãs na última quarta-feira (18) com o lançamento do clipe de sua nova música, “Como Posso Amar Assim?”, uma homenagem repleta de emoção para sua filha, Nala, nascida em outubro. Pela primeira vez, a cantora revelou o rostinho da pequena, encantando o público com esse momento especial e íntimo.

A canção, que surgiu após o nascimento de Nala, foi composta por Iza ao lado de Pedro Breder, Carolzinha e Bruno Calliman, e inicialmente faria parte de um novo álbum. Porém, a cantora decidiu lançá-la antes, como um single. “Resolvi lançar antes porque sei que meus fãs estão curiosos para ver o rostinho dela. É assim que eu gosto de me comunicar com meu público”, explicou.

O clipe mistura imagens do acervo pessoal de Iza com momentos da preparação para o parto, revelando o lado mais íntimo e sensível da cantora. “Foi diferente gravar com a Nala. Tudo foi pensado nos horários dela, e ela foi maravilhosa, ajudou o trabalho da mamãe e ainda olhou para a câmera algumas vezes”, contou Iza sobre a experiência inesquecível.

Além de ser um tributo à filha, a música é um presente de Natal para os fãs e pais que se identificarão com sua mensagem. “Espero que as mamães e papais cantem para seus filhos dormirem e que se emocionem tanto quanto eu. Nada melhor do que lançar isso às vésperas do Natal”, comemorou a artista.

“Como Posso Amar Assim?” transporta os fãs para uma experiência de amor e entrega, mostrando a transformação que a maternidade trouxe para Iza. “Hoje eu entendo que nada supera a oportunidade de ser mãe e nada é tão intenso quanto isso. A maternidade abre os nossos olhos para o que realmente importa”, refletiu a cantora.

Confira o clipe completo:

Ruanda oficialmente na corrida pela Fórmula 1

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Foto: Centric Hotel

Ruanda, um país que há décadas vem superando expectativas e desafiando estereótipos comumente associados a países africanos, está prestes a dar mais um passo ousado: sediar uma etapa da Fórmula 1. Isso não só poderá mudar o mapa da F1, como também ser uma grande vitrine para as conquistas de Ruanda nos pilares de ESG (sigla em inglês para as áreas ambiental, social e governança), já que o país tem se destacado globalmente como um exemplo de transformação. 

Em 2017, 23 anos após o genocídio que foi retratado no filme Hotel Ruanda, foi reconhecido pelo Fórum Econômico Mundial como um dos 10 países mais seguros do mundo. Esse nível de segurança é um reflexo direto de sua política de governança sólida e seu compromisso em criar um ambiente estável para residentes e visitantes.

Outro aspecto marcante é a limpeza do país. Em Ruanda, o uso de sacolas plásticas é proibido desde 2008, uma medida pioneira que tornou suas cidades, especialmente a capital, Kigali, um modelo de sustentabilidade ambiental. Imagine assistir a um Grande Prêmio da Fórmula 1 em um cenário limpo, organizado e alinhado com os objetivos globais de sustentabilidade!

Paul Kagame, presidente do país desde 2000, é conhecido por priorizar a reconciliação nacional, reduzir tensões étnicas e capacitar as mulheres, destacando-se como um defensor do empoderamento feminino. Ruanda, sob sua liderança, foi o primeiro país do mundo a ter um parlamento com maioria feminina, em 2003. Essa ênfase na igualdade de gênero coloca Ruanda como uma referência em governança moderna e impacta diretamente o desenvolvimento social.

O heptacampeão da F1, Lewis Hamilton é um dos grandes defensores do retorno do esporte ao continente africano, afirmou ser este o momento certo. Em entrevista à BBC News, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, expressou seu entusiasmo com a oficialização da candidatura: “Estamos muito felizes em anunciar que Ruanda está concorrendo para trazer a emoção das corridas de volta à África, sediando um Grande Prêmio de Fórmula 1.”

Não seria a primeira vez de uma F1 em solo africano, visto que Marrocos e África do Sul já sediaram, mas a última competição no continente aconteceu em 1993, quando a nação de Mandela ainda sofria com resquícios do apartheid, o que gerou boicotes e pressões para que a Fórmula 1 deixasse de correr no país.

Se concretizada, essa parceria entre Ruanda e a F1 representará muito mais do que corridas emocionantes, pois trará discussões importantes sobre como eventos globais podem colaborar para o desenvolvimento sustentável de países emergentes, mostrará ao mundo a beleza e a diversidade do continente africano, estará dando um importante passo para promover a diversidade e a inclusão no esporte, além de causar um impacto positivo na economia local, gerando empregos e atraindo turistas. Será um exemplo de como esporte, inovação e sustentabilidade podem caminhar juntos, enquanto Ruanda mostra ao mundo que a África é potência e merece estar no centro do palco global.

Câmara de Salvador aprova projeto para adaptar capelos de formatura a cabelos afro

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Foto: Divulgação/Agência Gut//Vult

A Câmara Municipal de Salvador aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (17), o Projeto de Lei que estabelece que as escolas da rede municipal de ensino da capital baiana utilizem capelos adaptados para cabelos afro, cacheados, crespos e volumosos durante as cerimônias de formatura.

“A aprovação do projeto por unanimidade demonstra que esta Casa compreende a importância da inclusão, sobretudo no campo da educação. Esperamos que o prefeito tenha a sensibilidade de sancionar essa lei”, afirmou a vereadora responsável pela apresentação do Projeto de Lei nº 80/2024, Marta Rodrigues (PT).

A parlamentar destacou que a proposta visa combater o racismo estrutural, promover a inclusão e garantir que estudantes com cabelos afro sintam-se representados em eventos marcantes, como formaturas. “Os capelos têm um forte simbolismo para os estudantes e fazem parte de um rito de passagem. É constrangedor que muitos precisem segurá-los na mão em um momento tão importante porque o modelo não foi pensado para eles”, justificou.

A proposta também busca inspirar mudanças na esfera estadual e federal. “Os espaços de poder e produção de conhecimento precisam ser transformados para não reproduzir o racismo estrutural. Apesar da política de cotas ter ampliado o acesso de pessoas negras às universidades, esses espaços ainda valorizam a padronização estética eurocêntrica. A identidade e a estética do povo negro continuam sendo invisibilizadas. Espero que todas as instituições de ensino, incluindo as universidades, se adequem a essa nova realidade”, declarou Marta.

O projeto foi inspirado na campanha #RespeitaMeuCapelo, desenvolvida pela agência GUT São Paulo e pela marca de beleza Vult, em parceria com a grife baiana Dendezeiro. Salvador, com 83,2% da população autodeclarada preta ou parda, segundo o IBGE de 2022, é a cidade com maior população negra fora do continente africano.

Dicas de desapego e decoração ancestral para o fim de ano com a personal organizer Cora Fernandes

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Foto: Divulgação

Você tem o costume de fazer desapegos no fim de ano? Tirar roupas e calçados que estão parados no guarda-roupa ou jogar fora itens quebrados que estão acumulando em casa? Segundo a personal organizer Cora Fernandes, “o interessante é ter coisas úteis dentro da nossa casa, que nos atende quando precisamos”, diz em entrevista ao Mundo Negro

Para a personal organizer, essa prática é muito importante para fazer a energia circular, especialmente no fim do ano. “Não faz bem fazermos da nossa casa um museu sem significado. Fazer uma limpeza geral na casa de itens desnecessários e até mesmo pensar em um lugar especial para cada um deles, é abrir espaço para que o novo entre”, destaca. 

Leia a entrevista completa abaixo com dicas de como organizar e decorar a casa nas últimas semanas do ano:

Cora Fernandes (Foto: Reprodução/Instagram)

1- O final do ano é um período de muitos compromissos e expectativas. Quais são as primeiras ações que você sugere para começar a organização nessa época?

Como em toda época do ano, sugiro que comece pelo descarte. É através dele que também conseguimos detectar o que precisa de atenção, pois pegamos item a item para observar. Quando se fala em descarte já se pensa em jogar fora, mas também tiramos o que vai ser doado (doe o que é usável, e esteja em boas condições), observamos o que precisa de reparo como: costura, uma troca de bateria. Porque o interessante é ter coisas úteis dentro da nossa casa, que nos atende quando precisamos.

2- Por que desapegar de objetos é tão importante, especialmente no final do ano?

Meu lema é abrir espaço para o que realmente importa. Se você tiver tudo o que importa e usa dentro da sua casa, está tudo bem. Mas na maioria das vezes, não é isso que acontece. A casa é um lugar onde se constrói afeto, intimidade, vínculos, bem estar, porém  algumas são depósitos de coisas velhas, sem utilidade. Tem quem não acredite, mas eu sou daquelas que acredita que a energia tem que circular. Não faz bem fazermos da nossa casa um museu sem significado. Fazer uma limpeza geral na casa de itens desnecessários e até mesmo pensar em um lugar especial para cada um deles, é abrir espaço para que o novo entre.

Cora Fernandes (Foto: Reprodução/Instagram)

3- Você percebe alguma resistência das pessoas em relação ao desapego? Como lidar com isso?

O desapego é a parte mais temida, mas tem quem leva numa boa. A organização em si é uma movimentação para trazer bem estar e significados dentro da casa. Desapegar é um processo muito importante, e em muitos casos passar por ele é imprescindível, até mesmo porque o espaço não surge do nada, brinco que ainda não faço mágica. Organizar não é só comprar organizadores, dobrar, e sim uma administração de espaço, um processo que traz qualidade de vida e tempo.

4- Como incorporar elementos da ancestralidade ou da cultura negra para organizar um espaço?

Toda casa carrega uma identidade. Eu como uma pessoa preta, fiz parceria com uma artista para fazer uma pintura no corredor da minha casa, e pedi que nesse desenho tivesse elementos africanos. Esculturas, quadros, livros, porta-retratos, objetos que contém histórias e remetem à ancestralidade. Colocar organizadores de madeira, que é o material mais utilizado por povos africanos, para organizar alimentos na despensa, servir de cesta para toalhas que ficam no banheiro.

Sueli Carneiro se torna a primeira brasileira reconhecida como cidadã beninense

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Foto: @onawale__

A filósofa e militante brasileira Sueli Carneiro, uma das principais vozes do feminismo negro no Brasil, recebeu oficialmente o título de cidadã beninense na última terça-feira, 17, em uma cerimônia realizada na cidade de Cotonou, capital econômica do Benim. O evento contou com a presença de autoridades do governo local, como Olushegun Adjadi Bakari, Ministro das Relações Exteriores, e Yvon Detchenou, Ministro da Justiça e Legislação, além de representantes do ativismo e da cultura, incluindo Luanda Carneiro Jacoel, filha de Sueli, e a diretora do documentário “Mulheres Negras em Rotas de Liberdade”, Urânia Munzanzu.

Sueli é a primeira brasileira a ser agraciada com a cidadania beninense, concedida como parte de uma política de reparação histórica do governo local voltada para a comunidade afrodiáspora. O reconhecimento reflete um gesto simbólico que busca reparar as feridas deixadas pela escravização e reconectar descendentes africanos espalhados pelo mundo às suas origens no continente.

“A outorga contraria o vaticínio da porta do não retorno. As mulheres negras que estão fazendo essa travessia voltam para dizer que não esqueceram as suas raízes, o seu pertencimento e a sua ancestralidade”, afirmou Sueli durante a cerimônia.

A medida é embasada em uma legislação recente do governo do Benim, que busca promover a reconciliação histórica entre o continente africano e os descendentes das vítimas do tráfico transatlântico de escravizados. A ação foi destacada pelo presidente do Benim, Patrice Talon, durante sua visita ao Brasil em maio deste ano, como um compromisso de estreitar os laços entre África e a diáspora.

O momento histórico foi registrado pelas lentes do documentário “Mulheres Negras em Rotas de Liberdade”, que acompanha figuras como Sueli Carneiro, Conceição Evaristo e Erica Malunguinho em uma jornada pela África Ocidental — incluindo Senegal, Benim e Nigéria. O filme revisita rotas de tráfico de pessoas escravizadas e reflete sobre os conceitos de liberdade e ancestralidade por meio da perspectiva de mulheres negras brasileiras.

Para Sueli, que carrega décadas de ativismo pela equidade racial e de gênero, a cidadania beninense transcende o reconhecimento individual e reforça a importância de um diálogo entre Brasil e África. “Voltam também para reivindicar: não aceitamos que vocês nos esqueçam!”, concluiu.

A iniciativa abre precedentes para que outros países africanos sigam o exemplo do Benim, sinalizando um novo capítulo nas relações políticas e culturais entre os dois lados do Atlântico.

Com informações de Geledés

Iza anuncia lançamento de música e clipe em homenagem à sua filha, Nala

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Foto: Tom Barreto

A cantora Iza compartilhou com seus seguidores a novidade de que lançará, nesta quarta-feira (18), às 21h, uma nova música acompanhada de clipe, em homenagem à sua filha, Nala, nascida em outubro deste ano. Em suas redes sociais, a artista divulgou imagens com a bebê, embora ainda sem revelar o rosto da menina. A cantora escreveu na legenda da publicação: “Como posso amar assim? 21h música e clipe”.

Apesar de manter a imagem de Nala preservada, Iza já havia mostrado anteriormente registros com a filha, incluindo um reels publicado na última segunda-feira (16), onde aparece cantarolando a canção com a bebê no colo. Outros artistas, como Jeniffer Nascimento, Tia Má e Sheron Menezzes, também se juntaram à celebração da nova música, compartilhando momentos ao lado de seus filhos e cantando a canção.

Em entrevista à revista Quem, Iza contou que o apoio familiar tem sido essencial para conciliar a maternidade com sua retomada à vida profissional. “Tenho uma família muito incrível e que é muito participativa. A Nala foi muito esperada pela minha família. Além do pai, com quem divido as responsabilidades, tem os avós, tios… Todo mundo acaba e revezando. A Nala é uma criança muito amada. Esse apoio todo é fundamental para retomar os compromissos profissionais”, afirmou a artista.

Iza deu a luz à Nala, sua filha com o jogador de futebol Yuri Lima, no dia 13 de outubro deste ano, no Rio de Janeiro. Em um comunicado enviado à imprensa, a assessoria da cantora afirmou: “No dia 13/10/24, às 7:52, nasceu Nala, no Hospital Perinatal da Glória, no Rio de Janeiro, sob os cuidados do médico Dr. Bruno Wunder de Alencar. O parto foi cesariana e tanto a mãe quanto a bebê estão bem”.

Pele negra utilizada como prova para condenação criminal. E a assustadora explicação do Judiciário (Parte I)

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Jovens grafiteiros do DF criam um painel com o tema Juventude Negra e a PazArquivo/José Cruz/Agência Brasil

Texto: Hédio Silva Jr.

Ao longo das décadas o racismo tem impactado decisões judiciais e práticas policiais no Brasil. Desde a condenação injusta de Tiago Afonso dos Santos em 1992, baseada unicamente na cor da pele, até a perpetuação de estereótipos que associam criminalidade a pessoas negras, o histórico expõe desigualdades que persistem.

Em decisões que utilizam a pele negra como prova para condenação criminal, afirmações como esta não envergonhavam o judiciário brasileiro: “A afirmação da vítima de não encontrar condições para reconhecer os agentes não conflita com a afirmação de ser um deles de cor negra e reconhece-lo já que o reconhecimento se dá pela segura memorização visual de diversos traços característicos de uma pessoa, ou de somente um, a cor”.

Casos recentes, como o julgamento sobre perfilamento racial no STF, mostram como jovens negros continuam sendo tratados de forma desproporcional em abordagens policiais e decisões judiciais. Entretanto, 2024 trouxe avanços com a aprovação do Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um marco que atende antigas demandas do Movimento Negro e propõe mudanças no olhar do Judiciário.

Confira os detalhes:

1. “A afirmação da vítima de não encontrar condições para reconhecer os agentes não conflita com a afirmação de ser um deles de cor negra e reconhece-lo já que o reconhecimento se dá pela segura memorização visual de diversos traços característicos de uma pessoa, ou de somente um, a cor”. 

2. Era 1992 quando o antigo Tribunal de Alçada Criminal, atual Tribunal de Justiça de São Paulo, condenou Tiago Afonso dos Santos, sem antecedentes criminais, a quase seis anos de prisão pelo fato único de ser negro.

3. Repare que a vítima não reconheceu o acusado; não sabia indicar altura aproximada, peso, idade, compleição física, formato do rosto, cabelo; nada! Lembrava apenas que era preto. É preto, logo, é bandido: tá condenado.

4. Anos depois, em 2019, uma Juíza Criminal de Campinas confirmou, digamos assim, a existência de um estereótipo de bandido no Brasil. Segundo ela, “Vale anotar que o réu não possui estereótipo padrão de bandido, possui pele, olhos e cabelos claros, não estando sujeito a ser facilmente confundido”. Resumo da ópera: a pele é branca, não deve ser bandido!!!

5. No ano seguinte, em 2020, o reconhecimento de pessoas voltou a baila num julgamento histórico do Superior Tribunal de Justiça – STJ. A Corte passou a decidir que condenação criminal não pode basear-se exclusivamente em reconhecimento fotográfico. 

6. Desde 1941 já havia lei nesse sentido mas passaram-se 80 anos até que fosse levada a sério pelo Judiciário. Por que? Segundo o próprio STJ, a grande maioria das pessoas condenadas com base em fotografias é negra, preta, não é branca enfim. 

7. Daí a origem dos famosos e sinistros “Álbuns de Suspeitos”, utilizados em Delegacias de Polícia de todo o país. No Ceará, por acaso, um desses álbuns exibia a foto do empresário e estrela negra do basquete mundial, Michael Jordan, norte-americano, “fichado” como suspeito de crimes… Seria cômico se não fosse trágico.

8. Já em 2024 o tema do “estereótipo de bandido” foi amplamente debatido no STF tanto no julgamento do porte de drogas para consumo pessoal quanto no perfilamento racial. 

9. Para o STF, um jovem negro abordado com pequena quantidade de maconha rapidamente é considerado traficante. Um branco transportando volume muito maior é tratado como inofensivo usuário. 

10. O STF também reconhece que o problema não se resume à intenção do policial; envolve obviamente validações conscientes de Delegados de Polícia (esse sim autoridade policial), Ministério Público e Judiciário. 

11. Mas o ano que se encerra também trouxe ventos de mudança: no último dia 19 de novembro o Conselho Nacional de Justiça – CNJ aprovou o “Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial”, uma espécie de guia de orientações para que juízas e juízes atentem para o impacto nefasto do racismo no sistema de Justiça. 

12. Lembremos que a aprovação do “Protocolo” atende antigas reivindicações de intelectuais e líderes como Abdias Nascimento e Lélia Gonzales e da própria agenda do Movimento Negro. Um dos estopins para o surgimento do MNU, aliás, foi exatamente a morte brutal do jovem negro Robson Silveira da Luz, torturado e morto numa Delegacia de Polícia paulista. 

13. Devemos reconhecer também o trabalho obstinado de juízas e juízes negras(os) assessores do CNJ, entre eles a Dra. Adriana Alves dos Santos Cruz, Dra. Karen Luise Vilanova Batista de Souza e Dr. Edinaldo César Santos Júnior, responsáveis pela elaboração do “Protocolo”. 

14. Qual sua opinião? Semana que vem voltaremos a esse tema.

Texto: Hédio Silva Jr., Advogado, Doutor em Direito, fundador do Jusracial e Coordenador do curso “Prática Jurídica em casos de Discriminação Racial e Religiosa”

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