A Holanda anunciou nesta quarta-feira (19) a devolução de 113 bronzes de Benin para Nigéria, marcando um momento significativo para a herança cultural africana. Essas peças foram saqueadas por tropas britânicas no final do século XIX e, estão mantidas até hoje em um museu holandês.
Em 1897, soldados britânicos invadiram o antigo reino de Benin, situado onde hoje é a Nigéria, e roubaram esculturas produzidas entre os séculos XVI e XVIII. Esses artefatos, que retratam a realeza, animais, divindades e símbolos da cultura edo, foram rapidamente comercializados e exibidos no Wereldmuseum, em Leyde.
“Com esta restituição, contribuímos para a reparação da injustiça histórica que permanece até os dias de hoje”, afirmou o ministro holandês da Cultura, Educação e Ciência, Eppo Bruins.
Foto: FREEK VAN DEN BERGH / ANP / AFP
Além peças expostas no Wereldmuseum, o município de Roterdã também devolverá outros seis objetos saqueados na mesma invasão colonial.
A Nigéria tem lutado há anos pelo retorno dessas obras sagradas. Para Olugbile Holloway, diretor-geral da Comissão Nacional Nigeriana de Museus e Monumentos, essa será a maior devolução “de antiguidades de Benin diretamente relacionada com a expedição punitiva britânica de 1897”. No comunicado, ele ainda declarou: “Esperamos que seja um bom exemplo para os outros países do mundo”.
Em primeiro lugar eu gostaria de registrar minha admiração pela dançarina de Axé Music Lore Improta; que é casada com um homem negro; e, que vive no estado mais negro do Brasil. Isso não é um ataque à pessoa, à profissional, à família e às pessoas que a admiram e trabalham com ela. Este texto é sobre o que representa o Axé Music para mim, para a Bahia e para o povo preto.
Rolando o Instagram do perfil @elaoglobo (Jornal o Globo) vi uma foto perfeita de uma mulher linda, loira e muito parecida com a Barbie. Passei para o lado (são quatro fotos) e só depois fui ler a legenda. Logo me revirei no sofá ao ver nas primeiras frases da legenda que era Lore Improta em uma celebração aos 40 anos de Axé Music, em um ensaio inspirado no Chiclete com Banana.
Lore Improta protagonizou um ensaio marcante em homenagem aos 40 anos do Axé Music, ritmo que mistura vários elementos musicais como o samba, o reggae, e o rock, além de conjuntos instrumentais e vocais de origem africana. Em bate-papo com ELA, a influenciadora fala sobre a essência do movimento que revelou artistas como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown, e há quatro décadas arrasta multidões.
Estamos em 2025 e a recente exposição da cantora que recusa cantar Iemanjá já deveria ser um sopro de consciência racial na escolha de qualquer pessoa não preta para estampar essa celebração.
A primeira música de Axé Music que escutei na vida eu tinha 6 anos, na rádio da minha cidade (Viçosa – MG) e era uma batida gostosa que no refrão dizia: “hê ihê ihê; Sakalavas oná é; Ihá ihá ihá, Sakalavas oná á; Madagascar, ilha, ilha do amor” – uma música do Olodum. Essa é a única música que eu lembro da minha infância e foi uma das primeiras expressões do Axé Music – ritmo que eu sou apaixonado.
De Axé Music eu entendo, vivo e sinto esse ritmo que me faz ser feliz. Por mais que eu goste das bandas de sucesso do passado como Araketu, Olodum, Timbalada, É o Tchan, Pagodart e artistas como Margareth Menezes, Márcio Vitor, Carla Visi e Ivete (impossível não mencioná-la); eu também entendo a construção de uma nova pegada do Axé Music que se baseia nos últimos anos no Pagodão Baiano (que eu também adoro).
Mas a pergunta é: por que a escolha de uma mulher branca para estampar uma matéria de 40 anos do Axé Music? Para os mais antigos, como eu, teríamos Margareth Menezes, Luís Caldas, Caldas, Olodum, Carlinhos Brown, Banda Mel, Tatau do Araketu, Xandy do Harmonia, Beto Jamaica e Cumpade Washington (que está numa polêmica de transfobia), Bell Marques, Olodum, Timbalada, Xande Harmonia – e por falar nele, eu até aceitaria Jacaré, Scheilas e Carla Perez. E para quem é da nova geração, poderíamos ter Léo Santana, Tonny Sales, Psirico ou Márcio Vitor. E, não causaria nenhum espanto se tivéssemos Ivete Sangalo ou Daniela Mercury na capa sobre 40 anos de Axé Music; afinal, elas são rainhas.
O Axé Music nasce dos tambores; do aquilombamento do povo preto em Salvador na energia que vibra naquela cidade – e que só tem lá. Explodiu sim com as coreografias; e, por isso se tornou sucesso comercialmente no Sudeste e e em todo Brasil (é difícil resistir aos movimentos coreografados em que se dança em grupo). Mas, antes, se espalhou pela periferia de Salvador e depois na alta sociedade. O povo preto trouxe ainda mais gingado por meio de uma sensualidade que só a gente tem ao dançar. É inegável a presença de África neste ritmo.
Num país racista e machista, vimos as mulheres pretas apagadas pelo próprio Axé Music – você não vai encher a mão contando quais cantoras pretas de Axé Music explodiram fora da Bahia. Talvez você consiga identificar apenas Margareth Menezes – que mesmo reconhecida nacionalmente não fez a mesma fortuna que as demais cantoras. E a gente sabe o porquê.
Em uma homenagem ao Axé Music eu esperava uma pessoa preta com traços negróides representando a raiz do Axé Music. Queria ver Brown, Olodum, Tatau, É o Tchan, Léo Santana ou um compilado de todos eles. E, para não fugir dos grandes ícones deste gênero, não deixaria Ivete Sangalo de fora.
Mas é aquilo, né? Eu não sou jornalista, não sou editor e sou apenas um fã número zero do Axé Music – o fã número 1 chegou depois de mim e eu diria pra ele: “Senta lá, Claudia!”. Se eu fosse alguém com poder de decisão para fazer uma celebração sobre os 40 anos do Axé Music, eu poderia ser lido como saudosista; mas nunca seria como alguém que apagou as principais características ancestrais de um movimento cultural.
A espera acabou! A quarta temporada de ‘The Equalizer – A Protetora’ estreia no Globoplay nesta quinta-feira, 20, prometendo mais tensão, ação e aquela dose certeira de adrenalina que já conquistou os fãs da série.
Com as três primeiras temporadas disponíveis na plataforma, a produção segue acompanhando Robyn McCall (Queen Latifah), ex-agente da CIA que não mede esforços – e nem perigo – para proteger quem mais precisa.
The Equalizer (Foto: Divulgação)
Nos novos episódios, o jogo fica ainda mais intenso quando uma ex-colega da CIA, Michelle Chambers (Ilfenesh Hadera), coloca McCall e sua equipe em uma situação arriscada. Com a mesma pegada investigativa e cheia de reviravoltas, a protagonista encara casos que desafiam seus limites, como o atropelamento de uma jovem em uma corrida de rua ilegal e a morte misteriosa de um figurão do mercado imobiliário em pleno metrô em movimento, e não vai descansar até encontrar os responsáveis.
Além das missões, Robyn também precisa lidar com dilemas pessoais, como a vontade de Dee (Laya DeLeon Hayes) de seguir carreira militar, além de uma visita da Tia Vi (Lorraine Toussaint) a um velho conhecido que pode precisar de ajuda.
O aguardado filme “Um Dia Daqueles” (“One of Them Days”), estrelado porKeke Palmere SZA, acaba de ganhar um trailer legendado em português, aumentando a expectativa para sua estreia nos cinemas brasileiros em 3 de abril de 2025.
Na trama, as melhores amigas e colegas de quarto, Dreux (Palmer) e Alyssa (SZA), enfrentam um grande desafio quando descobrem que o namorado de Alyssa gastou todo o dinheiro do aluguel. Desesperadas para evitar o despejo, elas embarcam em uma corrida contra o tempo, enfrentando situações caóticas que colocam sua amizade à prova.
Com Issa Rae como uma das produtoras, o filme dirigido por Lawrence Lamont e com roteiro de Syreeta Singleton, também conta com Lil Rel Howery, Janelle James, Maude Apatow e Katt Williams no elenco. Nos Estados Unidos, “Um Dia Daqueles” estreou em 17 de janeiro de 2025, arrecadando mais de US$ 35 milhões nas bilheterias, superando as expectativas iniciais.
Com uma aprovação de 95% no Rotten Tomatoes, a comédia promete conquistar também o público brasileiro com sua narrativa envolvente e performances marcantes.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) fará hoje a leitura da sentença do caso que envolve Neusa Nascimento e Gisele Ferreira, vítimas de discriminação racial em um processo seletivo de emprego na empresa Nipomed, do setor de saúde, em 1998. A transmissão ao vivo será realizada pelo Instagram da CIDH, em parceria com a ONG CRIOLA.
O caso, que ganhou repercussão após ser denunciado no jornal Folha de S.Paulo, expõe falhas do sistema judiciário brasileiro e a impunidade em crimes de racismo. Em 2023, o Estado Brasileiro reconheceu perante a CIDH a violação dos direitos das duas mulheres, marcando o primeiro reconhecimento formal de um caso de discriminação racial pelo país.
Em 1998, Neusa e Gisele, ambas negras, interessadas em se candidatar às vagas de pesquisadora na Nipomed após verem um anúncio no jornal, foram barradas pelo dono, que afirmou que as vagas já estavam preenchidas. Horas depois, uma amiga branca de Neusa, com qualificações semelhantes, foi ao local e conseguiu ser contratada imediatamente. As vítimas denunciaram o caso à polícia, mas enfrentaram resistência e desdém dos delegados. Uma das delegadas questionou o impacto do episódio na vida de Neusa e arquivou o caso. Gisele, ao tentar registrar o boletim de ocorrência em outra delegacia, foi questionada se “tinha certeza de que a vaga era para ela”.
Com apoio do Instituto Geledés, organização antirracista de São Paulo, o Ministério Público confirmou a acusação em 1999. No entanto, o juiz absolveu o acusado. Após recurso, em 2004, o réu foi condenado a dois anos de prisão em regime semiaberto, mas a sentença foi extinta por prescrição. Um novo recurso destacou que o crime de racismo é imprescritível, mas o processo seguiu sem uma decisão definitiva.
Reconhecimento do Estado
Em 2023, o Brasil admitiu perante a CIDH a violação dos direitos de Neusa e Gisele. A Comissão Interamericana destacou o contexto geral de discriminação racial e a falta de acesso à Justiça para a população negra, especialmente mulheres. O relatório apontou que, apesar da condenação, não houve reparação às vítimas e que os mais de 20 anos de tramitação do caso configuram uma “demora excessiva e injustificável”.
A CIDH pediu a condenação do Brasil por violações aos direitos às garantias judiciais, à proteção judicial e à igualdade perante a lei, previstos na Convenção Americana de Direitos Humanos. A leitura da sentença, hoje, pode marcar um precedente histórico na luta contra a impunidade do racismo no país.
Foto: Cynthia Erivo ( Jeff Spicer/Getty Images) / Rolling Stone Brasil
A atriz e cantora Cynthia Erivo, indicada ao Oscar por sua atuação como Elphaba em “Wicked”, foi anunciada nesta quarta-feira (18) como a apresentadora do Tony Awards 2024, uma das principais premiações do teatro mundial. A cerimônia será realizada no Radio City Music Hall, em Nova York, nos EUA, no dia 8 de junho, com transmissão ao vivo pela CBS e pelo streaming Paramount+.
“Estou muito orgulhosa e animada por assumir esta gloriosa honra”, disse Erivo em comunicado para a imprensa internacional. “Estou ansiosa para conduzir a comunidade teatral em uma noite que celebra as performances maravilhosas que testemunhamos ao longo do ano. Espero poder estar à altura da ocasião”, afirmou a artista que já conquistou um Tony em 2016 por sua atuação em “A Cor Púrpura” e está a apenas um Oscar de alcançar o cobiçado status EGOT, concedido a artistas que venceram os prêmios Emmy, Grammy, Oscar e Tony.
Além de sua participação no Tony Awards, Erivo também foi escalada para o papel-título de “Jesus Christ Superstar”, produção que será encenada no Hollywood Bowl entre os dias 1º e 3 de agosto. A atriz já integrou o elenco do musical anteriormente, tendo interpretado Maria Madalena na versão conceitual de 2020, “Jesus Christ Superstar, She is Risen”, que contou com um elenco exclusivamente feminino.
“Só um pouco ocupada neste verão, mal posso esperar”, escreveu Erivo em sua conta no Instagram ao compartilhar a notícia. A produção será dirigida por Sergio Trujillo, vencedor do Tony, com direção musical de Stephen Oremus, também premiado com o Tony.
“Jesus Christ Superstar”, originalmente lançado como álbum conceitual em 1970, estreou na Broadway no ano seguinte e se tornou um clássico do teatro musical. A obra retrata a última semana da vida de Jesus Cristo e já foi adaptada para o cinema e para a televisão, incluindo uma versão ao vivo exibida pela NBC em 2018, com John Legend no papel principal.
A carreira de Erivo vive um momento de destaque. Além das indicações ao Oscar e sua participação em “Wicked”, ela reprisará o papel de Elphaba em “Wicked: For Good”, segundo filme da adaptação cinematográfica, previsto para novembro deste ano. Em entrevistas anteriores, a atriz destacou a importância de sua interpretação de Elphaba, personagem que considera uma “carta de amor” para mulheres negras e pessoas que se sentem deslocadas.
As indicações para o Tony Awards 2024 serão anunciadas em 1º de maio. A cerimônia promete celebrar os melhores da temporada da Broadway, com Erivo à frente de uma noite que deve reforçar seu lugar entre as grandes estrelas do teatro e do cinema.
A executiva brasileira Luana Ozemela, vice-presidente de Impacto e Sustentabilidade do iFood, foi convidada para integrar o Global Future Councils 2025, iniciativa do Fórum Econômico Mundial (FEM) que reúne especialistas globais para debater tendências e propor estratégias para um futuro mais inclusivo e sustentável. O mandato de dois anos terá início em março de 2025.
Luana, que também é cofundadora do Black Women Investment Network — primeira plataforma no Brasil a apoiar mulheres negras a se tornarem investidoras-anjo —, destacou que pretende contribuir com discussões sobre o impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho, um dos principais desafios da economia global.
O convite para integrar o Global Future Councils surgiu após a participação de Luana no Fórum de Davos deste ano, onde representou o iFood. A empresa foi a primeira plataforma digital a integrar a Work Alliance, iniciativa que estabelece padrões mínimos de renda, segurança e condições de trabalho para a cadeia de valor.
Historicamente, o Fórum Econômico Mundial tem pautado questões como inclusão social e desigualdades raciais e de gênero. Segundo Luana, esses temas ganharam ainda mais relevância no contexto do futuro do trabalho, da macroeconomia e do crescimento global.
“Minha expectativa é propor uma agenda de cooperação global, com estudos e compartilhamento de dados sobre flexibilidade, trabalho gig (independente), inteligência artificial e condições de trabalho dignas”, afirmou Luana em entrevista para a jornalista Miriam Leitão, publicada pelo jornal O Globo. Ela integra o grupo de trabalho sobre tecnologias emergentes, que terá a função de indicar temas emergentes e direcionar discussões promovidas pelo FEM.
A executiva ressaltou a importância de o Brasil ter representantes no conselho, que conta com cerca de 700 membros de todo o mundo. “Talvez não chegue nem a cinco brasileiros no grupo, mas é muito relevante, porque o Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo. Precisamos estar na mesa das discussões globais sobre o futuro”, disse.
Ela também destacou que a participação brasileira no conselho pode influenciar não apenas o país, mas toda a América Latina, dada a relevância regional do Brasil.
Fotos: Frank Masi/Columbia Pictures e Sony Pictures/Disney/Marvel Studios
Will Smith anunciou que a sequência do filme “Hancock” deve finalmente sair do papel e comentou o desejo de ter a Zendaya para se juntar ao elenco. O astro fez uma aparição surpresa na transmissão ao vivo de xQc no Twitch, nesta quarta-feira (19), onde respondeu a algumas perguntas dos fãs e soltou uma pista sobre o projeto.
“Tem uma ideia muito legal para ‘Hancock 2’. Ainda nem conversamos direito sobre isso”, disse durante a live. “Vou dar um pequeno spoiler… Zendaya está sendo considerada para um papel em ‘Hancock 2’”, comentou deixando os fãs empolgados.
Lançado em 2008, no filme, Smith interpreta um super-herói desajustado e alcoólatra que tenta recuperar sua memória e encontrar seu propósito. O elenco ainda contava com Charlize Theron, Jason Bateman e Eddie Marsan.
Desde 2009, houveram muitos rumores sobre a sequência. Peter Berg, o diretor, e Theron chegaram a confirmar que haviam discussões para a execução do projeto, mas o principal desafio era reunir os envolvidos.
Durante a live, Smith também surpreendeu ao falar sobre a sequência de “Eu Sou a Lenda 2”. “Eu e Michael B. Jordan sentamos por uma semana e trabalhamos em coisas relacionadas aos personagens, e Akiva Goldsman, o roteirista, está juntando tudo”, declarou.
Will Smith e Michael B. Jordan atuarão juntos pela primeira vez e parece que já está dando muito certo. “Eu amo trabalhar com esse cara”, afirmou a estrela de “Eu Sou a Lenda”, que foi lançado em 2007.
O governo Trump está impondo um prazo de duas semanas para que escolas e universidades dos Estados Unidos eliminem iniciativas de diversidade, sob pena de perderem financiamento federal.
Em um memorando divulgado na última sexta-feira (14), o Departamento de Educação determinou o fim do uso de “preferências raciais” em admissões, concessão de auxílio financeiro, contratações e outras áreas. As instituições devem descontinuar qualquer prática que trate alunos ou funcionários de maneira diferente com base na raça dentro do prazo anunciado.
Faculdades em todo o país estão avaliando os riscos e considerando se devem defender práticas que consideram legais. A nova diretriz pode impactar diversas áreas do ambiente acadêmico, desde o processo de inscrição e critérios de admissão até a composição de clubes estudantis e discussões em sala de aula.
O memorando argumenta que há discriminação generalizada na educação, especialmente contra estudantes brancos e asiáticos. “As escolas têm operado sob o pretexto de que selecionar alunos por ‘diversidade’ ou eufemismos semelhantes não é selecioná-los com base na raça. Não mais. Os alunos devem ser avaliados de acordo com mérito, realização e caráter”, disse Craig Trainor, secretário assistente interino para direitos civis.
A diretriz recebeu forte oposição de grupos de direitos civis e associações universitárias, que apontam uma linguagem ambígua capaz de desencorajar qualquer iniciativa que aborde questões raciais, mesmo que legalmente defensável.
“Criar uma sensação de risco em torno da realização de um trabalho que possa promover campi diversos e acolhedores é muito mais um objetivo do que uma declaração clara da lei existente”, disse Jonathan Fansmith, vice-presidente sênior de relações governamentais do Conselho Americano de Educação, que representa reitores universitários.
A medida amplia uma ordem executiva de Donald Trump que proíbe programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Como justificativa legal, o governo cita a decisão da Suprema Corte de 2023 que proibiu o uso da raça como critério em admissões universitárias.
“Simplificando, as instituições educacionais não podem separar ou segregar alunos com base na raça, nem distribuir benefícios ou encargos com base na raça”, afirmou o memorando.
Na segunda-feira, o Departamento de Educação anunciou ainda o corte de US$ 600 milhões em subsídios para organizações que treinam professores, alegando que esses programas promovem conceitos “divisivos” como DEI, teoria crítica da raça e ativismo pela justiça social.
A incerteza em torno da aplicação da nova política ficou evidente na audiência de confirmação da indicada à secretaria de Educação, Linda McMahon. Quando questionada se o ensino da história afro-americana poderia conflitar com a diretriz, McMahon disse que não tinha certeza.
A School Superintendents Association alertou seus membros de que a orientação não é juridicamente vinculativa e que cortes no financiamento envolveriam investigações prolongadas. “Não temos certeza se um distrito deve fazer algo além de ler as orientações, conversar com seu consultor jurídico e avaliar o interesse da comunidade em manter os programas existentes”, disse Sasha Pudelski, diretora de advocacia da associação.
A nova diretriz também impacta diretamente admissões universitárias, sugerindo que algumas faculdades podem estar tentando contornar a decisão da Suprema Corte. O uso de redações para identificar indiretamente a raça dos candidatos, por exemplo, foi explicitamente vetado. O Juiz Presidente John Roberts afirmou que as universidades podem considerar como a raça afetou a trajetória de um estudante, mas não podem usar esse fator como um critério oculto para admissão.
Além disso, o memorando estabelece que eliminar requisitos de testes padronizados com o objetivo de aumentar a diversidade racial pode ser ilegal. Nos últimos anos, dezenas de universidades abandonaram os testes SAT e ACT, argumentando que eles favorecem alunos de famílias mais ricas.
O memorando também mira bolsas de estudo destinadas a estudantes de determinadas origens raciais. Ainda há debate jurídico sobre se a decisão da Suprema Corte se aplica à ajuda financeira, levando algumas instituições a revisarem os critérios de elegibilidade de seus programas de bolsas.
A Associação Nacional de Administradores de Auxílio Financeiro Estudantil afirmou que não há consenso sobre o impacto da diretriz e que está analisando as possíveis consequências para os estudantes.
“A última coisa que os estudantes precisam ao fazer planos sobre como pagar a faculdade é a incerteza sobre quando ou se receberão a ajuda financeira da qual estão contando”, disse a associação em comunicado.
O governo Trump pediu a eliminação do Departamento de Educação. O Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk já cortou dezenas de contratos considerados desnecessários.
Em uma vitória para a equipe DOGE, um juiz federal rejeitou uma ação que tentava impedir o acesso do órgão a registros federais de empréstimos estudantis. A decisão afirmou que a University of California Student Association não conseguiu provar que sofreu prejuízos diretos.
O comediante Trevor Noahgerou debates nas redes sociais após sugerir que a segregação poderia ter sido mais benéfica para a população negra dos Estados Unidos. A declaração foi feita no último episódio de seu podcast What Now?, em uma conversa com a professora Ruha Benjamin, especialista em Estudos Afro-Americanos da Universidade de Princeton. O tema surgiu no contexto dos recentes debates sobre os retrocessos na luta por direitos civis sob a nova gestão de Donald Trump.
Durante a conversa, Noah argumentou que, ao separar os aspectos negativos e opressores da segregação, a população negra poderia ter se fortalecido economicamente e socialmente, focando no desenvolvimento de suas próprias comunidades, negócios e instituições. “Se olharmos para o que aconteceu depois da integração, veremos que muitos dos nossos negócios foram destruídos. Nos disseram que agora poderíamos ir a qualquer lugar, mas não conseguimos manter o que era nosso”, afirmou Noah. Ele também citou a Finlândia como exemplo de um país que funciona melhor quando seus cidadãos estão alinhados em objetivos comuns.
A professora Benjamin concordou que a integração não trouxe necessariamente benefícios ao serem inseridos em instituições marcadas por ansiedade racial, hierarquia e supremacia branca. “Não faz sentido ser aceito em um sistema que nunca nos quis lá dentro para começo de conversa”, disse Benjamin. Noah acrescentou: “A ideia de que a integração automaticamente resolveria nossos problemas ignora o fato de que fomos inseridos em um sistema que não foi feito para nós prosperarmos.”
A repercussão nas redes sociais foi imediata. Enquanto alguns internautas criticaram Noah, acusando-o de hipocrisia e sugerindo que ele vive em um bairro predominantemente branco, outros disseram que ele estaria “cancelado” por defender ideias associadas à segregação. “Trevor Noah quase certamente mora em um bairro quase todo branco”, escreveu um usuário do X/Twitter. Outro comentou: “Se um branco dissesse isso, seria taxado de racista e nunca mais apresentaria o Grammy”.
Por outro lado, algumas vozes saíram em defesa do comediante, argumentando que ele não estava defendendo a segregação, mas questionando os desafios da integração dentro de um sistema racista. “As pessoas não estão entendendo o que Trevor Noah está dizendo. Ele não está defendendo a segregação, mas questionando a eficácia da integração quando o próprio sistema é estruturado para oprimir negros e pobres”, escreveu um usuário.
A polêmica chegou até o comediante D.L. Hughley, que chamou a fala de Noah de “a coisa mais estúpida que já ouvi”. Em entrevista ao TMZ, Hughley criticou sul-africanos falando sobre raça nos EUA, mencionando Noah e Elon Musk. Apesar da crítica inicial, ele também reconheceu que a integração trouxe desafios, como a fuga de brancos e a falta de recursos para crianças negras ao ingressarem em escolas e bairros brancos. O debate continua intenso, mostrando como o tema da segregação e da integração racial ainda provoca divisões dentro e fora da comunidade negra.