Home Blog Page 86

Professor e turista argentina são indiciados por racismo após imitar macacos em roda de samba no Rio

0
Foto: Reprodução/ Instagram/ Jackeline Oliveira
Foto: Reprodução/ Instagram/ Jackeline Oliveira

No primeiro Dia da Consciência Negra, oficialmente celebrado como feriado nacional no Brasil, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciou por racismo o professor Thiago Martins Maranhão, de 41 anos, e a argentina Carolina de Palma. O caso, que gerou ampla repercussão, ocorreu em uma roda de samba no Centro do Rio de Janeiro, onde os dois foram filmados imitando macacos durante a apresentação.

A delegada Rita Salim, titular da Decradi, afirmou que a investigação apontou discriminação racial no episódio. “A dança imitando macaco remete a todo um racismo que é histórico, uma comparação que é feita entre animais e pessoas negras, no sentido de desumanizá-las”, explicou. O inquérito já foi enviado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), e a pena prevista para o crime de racismo varia entre três e cinco anos de prisão.

Thiago, que vive em São Paulo, estava no Rio para participar de um fórum de educação musical. Em depoimento, afirmou que a dança fazia parte de uma expressão criativa e que, além de imitar macacos, também reproduziram movimentos de caranguejos, pássaros e até uma árvore. Carolina apresentou defesa semelhante por meio de seus advogados, negando qualquer intenção discriminatória.

“Isso não é permitido nem em tom de brincadeira, porque racismo recreativo é punido pela lei. Liberdade de expressão encontra limite no direito do outro e, no caso, feriu a dignidade da pessoa humana”, enfatizou a delegada.

As imagens do ato racista foram capturadas pela influenciadora e jornalista Jackeline Oliveira, que também testemunhou no inquérito. Para Jackeline, a repercussão do caso demonstra o impacto da mobilização coletiva nas redes sociais e na mídia. “Nenhum avanço nas questões raciais vem sem luta. O fato de esse caso avançar hoje, no primeiro Dia da Consciência Negra como feriado nacional, é simbólico e fundamental”, afirmou.

Jackeline destacou ainda que as denúncias de racismo têm ganhado mais força, refletindo uma sociedade mais atenta e disposta a combater a discriminação. Segundo o Instituto de Segurança Pública, mais de 1.700 denúncias de racismo foram registradas no estado do Rio de Janeiro em 2024. “Racismo não é brincadeira, é crime”, concluiu a jornalista.

Artistas brasileiros constroem uma linguagem e estética únicas do afrofuturismo

0
Foto: Reprodução - Capa do EP "Pirarucool, lançado por Gaby Amarantos em 2003

Texto: Ale Santos

Você já deve conhecer o Afrofuturismo graças aos filmes do Pantera Negra, ​​o primeiro é uma obra que revolucionou a representação negra no cinema, abraçando o afrofuturismo de forma inovadora. Ele nos apresenta Wakanda, uma nação africana tecnologicamente avançada que, ao mesmo tempo, honra suas raízes e tradições ancestrais. Essa fusão entre os elementos tecnológicos, principalmente a abordagem da ficção científica com o ancestral é a essência do afrofuturismo, reescrevendo narrativas dominadas por perspectivas eurocêntricas com nosso próprio olhar. 

O que talvez você não tenha reparado é que existem, mais e mais versões desse afrofuturismo, produzido com o olhar das populações negras brasileiras que difere bastante da comunidade negra estadunidense, principalmente no aspecto fantástico: Enquanto povos negros dos EUA precisam olhar para um Egito idílico em inúmeras obras para reconstruir sua ancestralidade, temos, no Brasil, as tradições e matrizes africanas vivas como no Candomblé e o culto aos orixás, sem contar as manifestações culturais que culminaram no nosso Samba, Axé e tantas outras características próprias nossas que estão ajudando a construir uma estética afrofuturista poderosa. 

A escritora de ficção afrofuturista, Sandra Menezes é simplesmente a primeira mulher preta afrofuturista a lançar um romance literário e ser finalista do Jabuti, o maior prêmio da literatura nacional, ela fala sobre essa relação íntima com a realidade do Rio de Janeiro em suas obras. “eu procuro já colocar as minhas próprias subjetividades. Sou uma mulher brasileira criada no Rio de Janeiro, no subúrbio, no zona norte do Rio de Janeiro. Então, eu tenho uma intimidade, diária, com vários tipos de universos que compõem uma história. Eu acho que cada um, dependendo da sua sensibilidade, das suas subjetividades, como brasileira, eu procuro colocar nas histórias de afrofuturismo as visões, as questões e as vivências que eu tenho no meu lugar.”

Sua obra mais celebrada, O Céu Entre Mundos, é descrita como  um romance para ter notícias de quem veio antes de nós, pessoas cujas existências já eram futuristas no passado, pois pavimentaram estradas para que nós caminhássemos. 

Do outro lado do Brasil, cresce um movimento afrofuturista Amazônico, do qual tenho o prazer de presenciar. Na maior floresta tropical do mundo onde os povos negros e indígenas cruzam suas histórias e suas vivências, temos encontrado expressões próprias do contexto da tecnocultura local. Eu sempre cito as representações afroamazônicas presentes na música e nos clipes da Gaby Amarantos como ícones desse afrofuturismo da floresta. Uma das melhores formas de entender essa conexão é o PiraruCool, referência a um peixe muito presente na culinária regional. 

GC, um artista visual desse movimento do afrofuturismo amazônico contou um pouco dessa conexão com a ficção e a floresta. 

“Cresci ouvindo músicas de tecnobrega sem saber, e quando comecei meu trabalho como artista visual, a aparelhagem do “crocodilo prime” na época, estava ganhando espaço na cena musical de Belém. Então é uma questão de fascínio e lembrança dos jacarés quando vi pequeno, da música que sempre acompanhou minha vida e da tecnologia que está presente nas aparelhagens.”

Sua obra mais reconhecida é chamada de Príncipe Crocodilo Negro, que é exatamente uma das aparelhagens mais famosas da região. 

Acredito que temos muitas oportunidades de reimaginar com contexto próprio esse afrofuturismo, as oportunidades são infinitas, porque a história dos povos negros no território Brasileira é extremamente rica, em cada canto do país de Salvador à Minas Gerais ainda temos muito para nos inspirar na construção dessas histórias. Em meu recente livro, A Malta Indomável eu trouxe pro universo juvenil um pouco do que chamei de Hypercongado, com elementos também de cyberpunk esse livro é carregado de onças místicas, carros hipervelozes e um contexto escolas que muitos adolescentes pretos das periferias podem se identificar. 

Ainda existem inúmeros outros artistas visuais e escritores que estão contribuindo para essa construção do movimento afrofuturista brasileiro, alguns já são considerados até clássicos na literatura. Fica aqui meu convite para que vocês, interessados em afrofuturismo procurem os nomes que mais se conectam com suas regiões e tragam visões maiores para além dos super heróis da Marvel. 

Luminárias japonesas são retiradas do Beco dos Aflitos para resgatar memória negra na Liberdade

0

O Beco dos Aflitos, na Liberdade, região central de São Paulo, passa por transformações que buscam valorizar a história negra do bairro. Após anos de pressão por parte de ativistas e entidades ligadas ao movimento negro, as luminárias japonesas foram substituídas por iluminação de LED, ressaltando o contexto histórico do local, que abriga a Capela dos Aflitos e um antigo cemitério de escravizados.

A retirada das lanternas Suzuranto, ícones da cultura japonesa, foi celebrada por organizações como a Associação Amigos da Capela. “Essa é uma reparação histórica, dando visibilidade à Capela dos Aflitos, patrimônio tombado que simboliza a resistência e a memória dos nossos ancestrais”, afirmou a entidade em nota publicada pelo portal g1.

A Capela dos Aflitos, construída em 1779, foi erguida onde antes existia um cemitério destinado a escravizados, indígenas e condenados à forca e antecede a relação da cultura japonesa com a região. O jornalista Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro, destacou a importância da mudança. “A retirada das luminárias, que sobrepunham o significado do local, é um passo importante. Agora seguimos na luta pela sinalização turística, pela reforma da Capela e pela construção do Memorial dos Aflitos”, afirmou.

Em 2018, a descoberta de ossadas confirmou a existência do cemitério, até então documentado apenas em registros históricos.

Dois anos depois, a Prefeitura de São Paulo autorizou a desapropriação do terreno para a construção do Memorial dos Aflitos, que atualmente está em obras. A medida, no entanto, enfrentou desafios recentes: em novembro, parte de um prédio vizinho desabou sobre a área de escavação devido a uma obra irregular.

A Prefeitura afirmou que a substituição das luminárias foi uma resposta a pedidos de movimentos negros, buscando “equilibrar o respeito às diferentes camadas culturais e históricas do bairro”. As tradicionais lanternas japonesas permanecem no restante da Liberdade.

FOTO 3X4: Valéria Monã, Animadora Cultural, Atriz, Coreógrafa e Diretora de Movimento

0
Foto: @robsonmaiavideo

Texto: Rodrigo Fança

Nesta coluna, cada texto será um retrato literário de vidas que ultrapassam molduras e inspiram pelo simples ato de existir com coragem e propósito. Um convite a conhecer histórias que transformam passos comuns em revoluções, revelando que, ao enxergar o outro, encontramos reflexos de nós mesmos.

VALÉRIA MONÃ é feita de chão e de asas. Filha da Baixada Fluminense – RJ, onde o concreto das ruas se encontra com o vento das histórias ancestrais, ela carrega nos pés o pó das batalhas e nas mãos o gesto de quem transforma. É filha de Wanda Ferreira, a ancestral estilista afro que desenhou mais do que roupas: traçou caminhos, afirmou identidades e bordou resistência. Foi Wanda quem a ensinou a ser mulher negra da base, porque é no chão que se finca raiz e se ergue o que é eterno.

Ainda menina, Valéria viu sua mãe criar o grupo Mosca, desafiando o tempo e as circunstâncias. Riu do ímpeto de Wanda desejando dançar e ouviu dela o desafio: “Você não dança”. E foi ali, aos 18 anos, que Valéria começou a escrever com o corpo a história que hoje reverbera em palcos, escolas e terreiros. A dança, para ela, nunca foi apenas arte; foi arma, foi reza, foi casa.

No terreiro de axé, encontrou não só um marco civilizatório, mas a bússola que orienta seus passos. Ali, sob o olhar cuidadoso de Omolu e o sopro incansável de Iansã, aprendeu que movimento é herança e futuro, e que a cultura negra é, antes de tudo, um ato de sobrevivência e criação.

Sua vida pulsa no encontro com os jovens do CIEP 175, José Lins do Rego, onde atua como animadora cultural. Ali, entre risos e passos, encontra sentido e renovação. “Estar com esses estudantes faz sentido à minha vida”, ela diz, e quem a ouve sabe que essa não é uma frase vazia. É ali, na base, onde os sonhos ainda são matéria-prima, que Valéria exerce sua potência transformadora.

A Companhia dos Comuns é sua extensão coletiva, o lugar onde a dança e o teatro se encontram para gritar contra o apagamento. Em peças teatrais como Contos Negreiros do Brasil e Oboró: Masculinidades Negras, Valéria dá corpo a narrativas negras que desafiam o silêncio imposto pela história. E foi com Oboró que ela recebeu o prêmio APTR de Melhor Direção de Movimento, reafirmando que seu gesto é mais do que técnica: é ancestralidade e invenção.

No cinema, brilhou em Cafundó, premiada como Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Cinema de Goiânia, e no teatro, levou o prêmio de Melhor Atriz no Festival Tamoio. Mas para Valéria, prêmios não são o objetivo final. São apenas marcos no caminho de uma vida que busca incessantemente o encontro com o que é verdadeiro. Inspirada pela mestra Carmen Luz, multiartista que faz da arte um território de luta, Valéria moldou sua visão: ser corpo é ser história, e o palco é onde essa história ganha voz e força.

Seus filhos, Ayinde Bakari e Akanni, e sua irmã Vânia Ferreira são seu eixo, sua razão, sua fonte de energia. É neles que encontra a força para continuar sonhando, porque, para Valéria, sonhar é saber o que é sonho. E ela sonha grande, com os pés no chão e o espírito no infinito.

Valéria Monã não dança para ser vista; dança para existir. É o movimento que diz o indizível, que carrega as dores e as alegrias de um povo que nunca deixou de sonhar, mesmo quando tudo dizia para desistir. Ela é corpo, palavra, resistência e amor. Um convite constante para lembrar que a arte, assim como a vida, só faz sentido quando nos move.

Silvio Almeida defende mudanças estruturais contra o racismo e critica individualismo neoliberal

0
Ministro dos Direitos e Humano e da Cidadania-Silvio Almeida.

No primeiro feriado nacional em celebração ao Dia da Consciência Negra, Silvio Almeida, advogado, filósofo e ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, publicou um extenso texto nas redes sociais com reflexões sobre o significado da data. A mensagem, marcada por críticas ao racismo estrutural e ao individualismo neoliberal, reforça a necessidade de conectar a luta antirracista às grandes pautas nacionais e globais.

Na publicação, Almeida afirmou que “não haverá vitória contra o racismo sem mudanças sociais profundas” e criticou o que chamou de “individualismo neoliberal”, que, segundo ele, reduz problemas sociais a estratégias de marketing. “Refletir sobre isso não serve para esconder o racismo presente na formação nacional ou ainda para nos jogar no individualismo neoliberal que reduz os problemas do povo brasileiro a puro marketing”, escreveu.

O ex-ministro também destacou a importância de entender a consciência negra como parte de um projeto nacional amplo, voltado para o enfrentamento das desigualdades estruturais do Brasil. Almeida apontou que ações como a exaltação da africanidade e as políticas de cotas, embora essenciais, não são suficientes para combater a violência e o trabalho precário que afetam majoritariamente a população negra. “A consciência negra deve também ser uma consciência global”, acrescentou.

A publicação, que repercutiu amplamente, trouxe ainda uma citação do ativista sul-africano Steve Biko, reforçando que a luta antirracista deve transformar a posição das pessoas negras na sociedade. O texto reafirma o papel de Silvio Almeida como uma das principais vozes do debate público sobre racismo estrutural, especialmente em uma data que carrega forte simbolismo histórico e político.

Estudo aponta que 62% dos consumidores negros priorizam marcas com representatividade; Confira nossas dicas

0
Foto: Reprodução/Freepik

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, feriado nacional celebrado nesta quarta-feira, 20 de novembro, é também oportunidade para refletirmos sobre a importância da representatividade e do consumo consciente dentro da comunidade negra. Em 2024, um estudo realizado pela Data Makers em parceria com a Black Influence reforça que o consumo vai além de uma simples transação comercial — ele pode ser uma ferramenta de empoderamento e transformação social.

O Black Consumers, que ouviu 744 pessoas pretas e pardas de todas as regiões do Brasil, revelou que 64,85% dos entrevistados dão preferência a marcas que apoiam ou se identificam com a causa negra. Mais da metade, 57,41%, afirmou que pagaria mais por produtos ou serviços alinhados com essa causa. Ao mesmo tempo, a relação entre o consumidor negro e as marcas não se baseia apenas em preferências: 56,25% dos respondentes disseram que boicotariam ativamente empresas que desrespeitem a população negra, enquanto 45,65% já deixaram de consumir de marcas por falta de apoio ou por desrespeito à comunidade.

A representatividade também foi apontada como essencial. Cerca de 62% dos entrevistados destacaram que a presença de pessoas pretas e pardas influencia positivamente a relação com uma marca, enquanto 58,78% afirmaram consumir mais de marcas que empregam essa diversidade. No entanto, o desafio ainda persiste: setores como beleza (13,7%), serviços financeiros (12,56%), educação (12,1%) e moda (11,59%) foram identificados como os mais deficitários em atender as necessidades dessa população.

Com a proximidade da Black Friday, marcada para a última sexta-feira de novembro, esse cenário se apresenta como uma oportunidade para reforçar a valorização de empreendedores negros e suas marcas. É um momento estratégico para consumidores engajados investirem em produtos que representem não apenas qualidade, mas também propósito.

Confira as indicações de produtos do Mundo Negro:

Cosméticos

Com produtos dedicados a cuidar da pele negra e dos cabelos crespos e cacheados, marcas criadas por empreendedores negros estão dedicadas a suprir as necessidades de cuidados estéticos da nossa comunidade, oferecendo produtos que abrangem toda nossa diversidade.

Creme Para Pentear Cabelos Crespos Negra Rosa 500ml – R$ 29,90 (COMPRE AQUI)
Hidratante Corporal Yabás – R$ 58,80 (COMPRE AQUI)
Refil – Shampoo Vegano P/ Dreads – Removedor De Resíduos (COMPRE AQUI)

Vestuário

A moda é um dos pontos altos da cultura negra. Tanto quando se trata de novas tendências ou quando a estratégia é incorporar a elas elementos que viajam diretamente de África, como as estampas e tecidos característicos de diferentes povos da terra mãe.

Country Is Black – Camiseta Oversized 100% Algodão 26.1 – R$ 199 (COMPRE AQUI)
Vestido Curto Afro Rainha Nzinga – R$ 49,90 (COMPRE AQUI)
Jardineira Akili – R$ 119 (COMPRE AQUI)

Acessórios
E para quem é apaixonado por acessórios que carregam mensagens poderosas, trouxemos indicações de anel, brinco e colar que são ótimas opções para quem procura algo mais discreto ou para pessoas que querem causar impacto.

Colar De Buzios Natural – R$ 275,50 (COMPRE AQUI)
Maxi Brinco Afro Dandara – Punho Cerrado Em Acrílico – R$ 69 (COMPRE AQUI)
Anel Ajustável Latina Poetnico – R$ 79 (COMPRE AQUI)

Acessórios de moda

Também selecionamos alguns acessórios de moda que podem compor seu look, deixando-o mais bonito e ainda fortalecer os empreendedores negros.

Livros

Como conhecimento nunca é demais, indicamos livros que resgatam a história de matriarcas negras, mostram a luta de mulheres negras e enaltecem nossas crianças.

Faria tudo outra vez, de Mãe Marcia Marçal (Aruanda Livros) – R$ 49,90 (COMPRE AQUI)
Livro – Vozes que não se calam: cartas de um evangelho brasileiro, feminino e negro – R$ 49,20 (COMPRE AQUI)
Ôse – coleção de destinos: Volume 16 – R$ 115 (COMPRE AQUI)
Os cachinhos de Bia – R$ 25 (COMPRE AQUI)

Crianças autistas negras são 2,6 vezes mais propensas a receber diagnósticos errados antes do TEA

0
Foto: Freepik

Décadas atrás, pouco se sabia sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), o que levou a muitos diagnósticos errados ou até à ausência deles. No entanto, essa falta de diagnóstico ainda persiste na população negra. De acordo com um levantamento do Adapte, às crianças autistas negras têm 2,6 vezes mais probabilidade de receberem diagnósticos errados de transtorno de ajustamento ou transtorno de conduta, antes do diagnóstico de TEA. Além disso, os atrasos nos processos de avaliação de crianças negras podem alongar entre 1,5 e 3 anos o processo de diagnóstico de TEA.

“As crianças com autismo eram vistas como difíceis, distraídas ou desobedientes, em vez de serem reconhecidas como indivíduos com necessidades neurológicas específicas”, explica Thalita Possmoser, Vice Presidente Clínica da Genial Care. “Sem o diagnóstico, essas crianças não recebiam intervenções terapêuticas necessárias para seu desenvolvimento, o que poderia levar a uma série de dificuldades na vida adulta”.

De acordo com o Answer The Public, o termo “autismo adulto” é buscado cerca de 6.600 vezes por mês, o que evidencia uma demanda urgente por informações e suporte direcionado para essa população. Para muitas dessas pessoas, o diagnóstico correto só chega na vida adulta, quando os sinais são finalmente compreendidos como sintomas do autismo e não como comportamentos problemáticos.

Essa realidade é bem conhecida pelo ilustrador, ativista e homem negro Fábio Sousa, muito conhecido como Tio Faso, que só descobriu seu diagnóstico de autismo na vida adulta. “Na infância, não tive acesso ao diagnóstico porque os sinais que eu demonstrava eram considerados ‘preguiça’ pelos profissionais da época”, relata. A descoberta tardia trouxe para ele uma compreensão maior de si mesmo e o ajudou a respeitar seus limites. “Quando você descobre o autismo, você começa a se entender, saber seus limites, escolher as suas batalhas. Antes era tudo tentativa e erro e um monte de erro”, explica Faso.

Essa questão não é isolada e afeta muitos adultos negros, que cresceram sem o suporte necessário e enfrentaram julgamentos que afetaram seu desenvolvimento. Pesquisas apontam que as crianças negras têm menos probabilidade de receber o diagnóstico de TEA na idade adequada, o que limita o acesso a terapias e apoio educacional.

“Sem diagnóstico, muitos adultos enfrentam obstáculos em áreas essenciais, como emprego e relacionamentos, e podem se sentir desamparados e isolados”, afirma Thalita Possmoser. Ela explica que os terapeutas ocupacionais, juntamente com fonoaudiólogos e outros profissionais, podem fazer a diferença na vida das pessoas com autismo, especialmente quando o suporte é oferecido desde cedo.

O papel da intervenção precoce é inegável. Segundo o Ministério da Saúde, quando ocorre de 0 a 6 anos, a intervenção comportamental e o suporte educacional utilizam a neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de formar novas conexões – para promover o desenvolvimento de habilidades essenciais. “A neuroplasticidade permite que o cérebro infantil responda positivamente aos estímulos direcionados, ajudando a desenvolver habilidades sociais e de vida diária que impactam a independência e a inclusão social”, reforça Possmoser.

Para Tio Faso, o diagnóstico tardio trouxe uma nova perspectiva de vida. “Entender quem você é de verdade é empoderador, e me orgulho que meu filho saiba quem ele é desde o início. Ele não passará pelas incertezas que enfrentei”, comenta. Hoje, Faso é pai de uma criança de 5 anos diagnosticada com TEA e acredita que, com o diagnóstico adequado, seu filho poderá crescer em um ambiente de aceitação e desenvolvimento, sem enfrentar os preconceitos que ele enfrentou.

“Embora o diagnóstico precoce de autismo esteja aumentando, as desigualdades socioeconômicas e raciais ainda são grandes barreiras, dificultando o acesso a cuidados especializados. Crianças autistas tornam-se adultos autistas, e o diagnóstico precoce e adequado contribui para uma sociedade mais inclusiva e compreensiva, onde todos são valorizados por suas singularidades.”, finaliza a profissional da Rede de Cuidado de Saúde Atípica.

A luta faz a lei: entenda a cronologia do “Feriado de Zumbi”

0
Foto: Divulgação/ Secretaria de Conservação

De Zumbi dos Palmares ao feriado nacional de 2024! Entenda a trajetória que transformou o 20 de novembro em um marco da luta pela liberdade, justiça e reconhecimento do povo negro. Uma data para honrar a história, celebrar conquistas e refletir sobre a importância da igualdade racial. 

Veja abaixo:

20 de novembro de 1695: Zumbi foi morto pelos bandeirantes. O Quilombo dos Palmares, liderado por ele, durou cerca de 100 anos e chegou a abrigar mais de 20 mil escravizados fugitivos na Serra da Barriga, em Alagoas.

Pintura de Zumbi feita por Antonio Parreiras em 1927. Crédito: Reprodução

20 de novembro de 1971: Oliveira Silveira e Conceição Lopes Fontoura, entre outros jovens negros(as) reúnem-se em Porto Alegre e lançam a proposta para reconhecimento do 20 de novembro como da consciência negra.

Acervo Oliveira dos Santos/Reprodução

20 de novembro de 1978: o Movimento Negro Unificado encampa a proposta gaúcha e lança uma campanha nacional pelo reconhecimento do 20 de novembro.

Foto: Jesus Carlos

20 de novembro de 1995: Alagoas institui feriado estadual em homenagem ao Herói Negro.

Foto: Beto Macário/BOL

20 de novembro de 1996: a lei federal n. 9.315/96 inscreve o nome de Zumbi dos Palmares no “Livro dos Heróis da Pátria”.

Foto: Moisés Nazário/Agência Senado

20 de novembro de 2003: LDB foi emendada pelo art. 79-B incluindo no calendário escolar o “Dia Nacional da Consciência Negra”.

Foto: Ascom/ Prefeitura Nova Venécia

20 de novembro de 2011: a lei federal n. 12.519/11 institui o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

20 de novembro de 2023: mais de 6 estados da federação e quase 1.300 municípios adotam feriado no dia 20 de novembro.

Foto: O Portal Vermelho

20 de novembro de 2024: lei n. 14.759/23 declara feriado nacional o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Texto: Hédio Silva Jr., Advogado, Doutor em Direito, fundador do Jusracial e Coordenador do curso “Prática Jurídica em casos de Discriminação Racial e Religiosa”

Continuamos sendo os únicos representantes dos nossos sonhos: 25 profissionais negros que você precisa conhecer

0

Até este momento, o novembro negro de 2024 vem sendo construído com base em nossa necessidade de reafirmar nossa capacidade de transformar dor em potência. As notícias boas são esparsas, mas até do que anos anteriores, mas mesmo quando as circunstâncias parecem nebulosas, encontramos força, lembrando que nossa luta nunca foi em vão. Eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer, como a Conceição Evaristo nos ensinou.

Parece, mas não estamos sozinhos e a inspiração nestes últimos dias deste novembro de caos vem através da representatividade, ou seja, aquela lista que todo ano nós garimpamos para que se torne tangível o que os inspire e relembre nossa grandiosidade quanto povo, quanto coletivo e o impacto de nossas contribuições para a sociedade. 

Resistimos e persistimos porque nossa existência é, por si só, um ato revolucionário. A celebração é necessária porque seguirmos em frente, construindo um futuro onde a dignidade e o orgulho preto sejam inegociáveis não seja somente mais um sonho dos nossos ancestrais que não conseguiremos realizar. 

Abaixo temos a nossa lista de inspirações tangíveis para 2024 com 25 profissionais negros que você precisa conhecer ( em negrito o link para perfil no Linkedin dos profissionais)

Sobre mulheres, confira nossa lista de mulheres pretas celebramos em julho.

  1. Arthur Abrantes
    Engenheiro de Software
  1. João Batista Ribeiro
    Consultor Sênior com experiência em liderança financeira e controladoria
  1. Michael França
    Economista e Pesquisador, especializado em políticas públicas e economia inclusiva
  1. Adilson Moreira
    Professor e Consultor com foco em ESG, inclusão e diversidade
  1. Gabriel Matos
    Especialista em comunicação interna e DE&I, com atuação em iniciativas educacionais e diversidade
  1. José Marcos da Silva
    Gerente de Projetos, com foco em estratégias de mudanças organizacionais.
  1. Douglas Vidal
    Líder em conexões e relacionamentos para executivos negros, com foco em negócios e investimentos
  1. Fleury Johnson
    Médico e MBA, especialista em gestão de saúde e equidade
  1. Ian Nunjara
    Líder de políticas de inclusão e diversidade, com experiência em advocacy e gestão de talentos
  1. Daniel Garrido Fógos
    Especialista em parcerias estratégicas, com foco em ESG e transformação digital
  1. Nelson Edgar Leite
    Conselheiro com experiência em finanças e gestão de riscos no setor bancário
  1. Claudio F Silva 
    Profissional com experiência em gestão e estratégia de negócios em empresas de Tecnologia e Serviços
  1. Carlos Domingues
    Especialista em gestão de talentos, cultura organizacional e diversidade
  1. Mauricio Rodrigues
    Executivo sênior com conhecimento em negócios agrícolas, gestão de riscos e liderança de grandes grupos na América Latina.
  1. Niger Luiz Santos
    Executivo jurídico com experiência em direito empresarial, tributário, compliance e privacidade de dados.
  1. Denisio Liberato
    Atua no desenvolvimento de soluções financeiras e liderança em projetos alinhados às melhores práticas do setor.
  1. Guilherme Peixoto
    Advogado especializado em finanças e estratégias empresariais, com atuação em projetos que promovem diversidade e inclusão.
  1. Frederico Tinoco
    Gerente de soluções em pagamentos, com atuação no mercado financeiro
  1. Marcelo Leal
    Estrategista em tecnologia e nuvem, com foco em arquitetura híbrida
  1. Vítor Macabu
    Advogado empresarial com experiência em private equity, fusões e aquisições, direito bancário e societário
  1. Leo Oliveira
    Executivo de RH com ampla experiência em tecnologia, startups, aviação e indústria. Reconhecido por sua expertise em estratégia de talentos, design organizacional e desenvolvimento de liderança.

22. Oliver de Paula
Superintendente especializado em integração e centralização de dados corporativos, desenvolvimento de análises e geração de insights estratégicos. Atua no suporte à tomada de decisões e na promoção da transformação digital.

    1. Alberto Cordeiro
      Diretor com experiência em estratégias de M&A e transformação organizacional
    1. Eduardo Paiva
      Head de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I), lidera iniciativas estratégicas para promover inclusão e sustentabilidade no Brasil
    1. Tiago Barros
      Comunicador especializado em Relações Públicas, Comunicação Corporativa e Gestão de Reputação.

    Confira mais conteúdos como esse em nosso perfil no Linkedin.

    Brega funk, futebol de várzea e turismo de favela pelos olhos de diretores negros

    0
    Filme ‘Brega Funk, Ritmo e Sobrevivência’. (Foto: Hannah Carvalho)

    Procurando filmes sobre histórias reais para assistir no Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro? Recentemente, o projeto ‘Narrativas Negras Não Contadas – Black Brazil Unspoken’, lançou três curtas documentais dirigidos por cineastas negros, já disponíveis no catálogo de streaming da Max

    O filme ‘Favela Turística’ acompanhou três moradores da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, para discutir a relação do território com o turismo de estrangeiros. Com opiniões diferentes, Magda Gomes, moradora e pesquisadora de assuntos urbanos, é contra a objetificação da vida na favela, enquanto Rubinho, um guia turístico residente é a favor, e Antonio Carlos Firmino, ativista e fundador do Museu Sankofa, propõe uma interessante alternativa ao turismo predatório.

    O diretor Robson Dias, enquanto um homem negro e periférico, trouxe uma perspectiva crítica de cada entrevistado para reflexão. Ele gravou seu primeiro curta sobre esse tema na faculdade, em 2008. Se mudou para França em 2015 para obter o título de  mestre em documentário pela Aix-Marseille Université, e acaba de lançar seu novo curta questionando o turismo nas favelas.

    Filme ‘Favela Turística’. (Foto: Divulgação)

    “Hoje, minha perspectiva se divide entre ser morador da favela — porque, como dizem, a gente sai da favela, mas a favela não sai da gente — e ser cidadão francês, com minha filha, minha vida e meus negócios estabelecidos lá. Essa experiência me dá uma amplitude de abordagem muito singular, pois consigo ver tanto o ponto de vista do morador quanto o do estrangeiro”, garante o cineasta. 

    Já o outro filme lançado com apoio do projeto aborda o brega funk, um gênero musical em ascensão no Brasil, que não sai das paradas musicais e tem transformado histórias. Entre elas, a de três jovens negros das periferias de Recife (PE), dois dançarinos e um produtor musical, que buscam pela grandeza da profissionalização.

    O documentário ‘Brega Funk, Ritmo e Sobrevivência’ mostra que, enquanto eles lutam pelo sonho de trabalhar apenas como dançarinos, Lucas da Silva “Ninho” e Josias Carvalho “Nego Baia” também trabalham como entregador e mecânico, respectivamente. Como produtor, Marley no Beat impulsiona não só a sua carreira na indústria, como a de outros artistas. 

    Bastidores do filme ‘Brega Funk, Ritmo e Sobrevivência’. (Foto: Hannah Carvalho)

    “Documentar a vivência desses jovens que aspiram ser bailarinos profissionais dentro das periferias do Recife, ou em qualquer outra periferia do mundo, deixa claro que temos dentro de nós, enraizado, uma história de resistência e transformação a partir da permanência e manutenção da cultura”, afirma o diretor Will Souza.

    “Historicamente, a dança foi e é uma expressão vital nas comunidades negras ao redor do mundo, remontando ao período da diáspora africana, onde a dança serve como uma forma de preservar tradições, contar histórias e afirmar identidades em meio à opressão. Com a institucionalização da dança, surgiram padrões eurocêntricos que frequentemente excluem a participação e a expressão dos corpos negros”, reflete. 

    Para Will, o documentário visibiliza e honra os desafios enfrentados pelos jovens que “ainda se deparam com estereótipos, preconceitos e barreiras de acesso dentro de uma indústria musical que lucra e publicita o resultado desse esforço”. 

    Bastidores do filme ‘Brega Funk, Ritmo e Sobrevivência’. (Foto: Hannah Carvalho)

    “Essa prática não apenas registra, mas também legitima suas histórias, permitindo que o legado cultural dos povos negros se expanda e se solidifique em espaços artísticos. A intenção é que se abra espaço para que a dança se torne um campo mais inclusivo, onde todas as identidades possam florescer e contribuir para a riqueza cultural da arte, mas sem ignorar a importância de incentivar, reconhecer e remunerar quem sonha em subir no palco”, conclui.

    Já o filme ‘Primavera só Floreia em Solo Fértil’ aborda a luta pela preservação da cultura do futebol de várzea, que movimenta a paixão pelo esporte nas periferias, além da socialização, o lazer, a educação e a economia. No entanto, a diretora Laís Ribeiro mostra como as comunidades estão perdendo seus espaços comunitários para a especulação imobiliária, ao  documentar a história de luta do time Sociedade Esportiva Vila Primavera, da zona leste de São Paulo, fundado em 1955.

    A cineasta entrevistou o seu avô, Giba, presidente veterano do Primavera, para contar a história do time. Ribeiro passou, praticamente, a vida inteira nesse campo de futebol perdido na Vila Primavera/Sapopemba e agora um mercado foi construído no local. Com essa produção, Laís pretende incentivar a luta de outros clubes.

    Bastidores do filme ‘Primavera só Floreia em Solo Fértil’. (Foto: Divulgação)

    “Eu acredito que o ‘Primavera só Floreia em Solo Fértil’ aborda questões que muitas vezes não são debatidas no âmbito público com a atenção que deveriam ter. Quando uma várzea morre, vão com ela sonhos, a criação de laços comunitários, opções de esporte e lazer, promoção de saúde e morre também uma parte da cultura do futebol, daqueles que amam jogar e o esporte, mas não são necessariamente jogadores profissionais”, disse a diretora.

    “Eu espero que a luta desse curta incentive outras várzeas, que não tem tanto poder político ou financiadores, a lutarem pelas suas memórias e pela continuidade de suas existências. É um movimento possível e necessário!”, finaliza otimista. 

    O projeto ‘Narrativas Negras Não Contadas – Black Brazil Unspoken’ é uma iniciativa da Warner Bros. Discovery Access. Com o objetivo de apoiar criadores negros brasileiros em início de carreira no audiovisual, o projeto oferece recursos e incentivos em um setor que ainda enfrenta a sub-representação, para impulsionar a entrada no mercado nacional.

    Bastidores do filme ‘Favela Turística’. (Foto: Divulgação)

    “Há uma esperança renovada de que o mercado finalmente compreenda que não somos um nicho, mas uma praça prioritária de consumo, criteriosa e interessada nas nossas próprias histórias e narrativas”, celebra Robson Dias

    Esse é um conteúdo pago por meio de uma parceria entre a Warner Bros. Discovery e site Mundo Negro.

    error: Content is protected !!