O Dia Mundial da Alimentação será celebrado no próximo sábado, 16 de outubro. No Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do planeta, os números da fome estão em crescimento.
A Campanha #TemGenteComFome, nascida no seio de organizações do movimento negro, foi lançada em março de 2021 para enfrentar a fome e auxiliar famílias brasileiras naquilo que é um direito humano básico: a alimentação.
Com os R$ 18 milhões captados nos primeiros seis meses, 130 mil famílias receberam ajuda e foram distribuídos mais de 54 mil cartões de alimentação, 29 mil cestas básicas e 55 mil cestas com produtos orgânicos nos 27 estados. Os recursos também ajudaram a garantir empregos e renda para armazéns e mercadinhos locais e para agricultores familiares.
Para marcar a data internacional do dia 16/10 e lembrar a todos que a fome ainda está no horizonte diário de quase metade da nossa população, a campanha fará uma grande ação de distribuição de cestas básicas em 10 territórios simultaneamente: Rio Branco (AC), Maceió (AL), Salvador (BA), Cariacica (ES), Cuiabá (MG), Altamira (PA), Picos (PI), Porto Alegre (RS), Baixada Fluminense (RJ) e Zonas Sul e Leste de São Paulo (SP).
Um dos porta-vozes da campanha, o historiador Douglas Belchior afirma: “Não é possível não se revoltar com essa realidade de pessoas pegando ossos para comer num país que produz tanto alimento. O papel da sociedade civil é continuar se mobilizando e exercitando a solidariedade ativa ao mesmo tempo em que cobra o governo, cobra responsabilidade daqueles que dirigem os cofres públicos e que deveria estar investindo agora, neste minuto, para enfrentar a fome.”
A campanha, que ganhou a adesão de nomes como Gilberto Gil, Emicida, Camila Pitanga, Antônio Pitanga, Zeca Pagodinho, Sueli Carneiro, Elza Soares, entre outros, foi inspirada pelos versos do poeta Solano Trindade: “Se tem gente com fome, dá de comer”.
A ação do dia 16/10 será também o lançamento da segunda etapa deste grande movimento liderado pela Coalizão Negra por Direitos e por parceiros como Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, @342Artes, Nossas-Rede de Ativismo, Instituto Ethos Orgânico Solidário, Grupo Prerrogativas e Fundo Brasil. A campanha#TemGenteComFome é auditada pela empresa PP&C, que integra a holding Nexia.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou na noite desta quinta-feira (14) dois policiais civis por uma das 28 mortes da operação no Jacarezinho, em 6 de maio, considerada a mais letal da história do estado.
Os dois agentes responderão pelo óbito de Omar Pereira da Silva, no Beco da Síria. Um dos denunciados responderá pelos crimes de homicídio doloso e fraude processual. Outro agente é acusado pelo crime de fraude processual.
Os policiais denunciados são Douglas de Lucena Peixoto Siqueira e Anderson Silveira. De acordo com a denúncia, Douglas cometeu homicídio e fraude e Anderson Silveira cometeu fraude.
As fraudes que teriam sido cometidas foram:
remoção de cadáver
apresentação falsa de uma pistola glock .40 e um carregador
inserção de uma granada que, segundo os policiais, estaria em posse de Omar
Na comunicação da ocorrência, os policiais afirmaram que a vítima, antes de morrer, atirou uma granada contra eles. Douglas admite no registro de ocorrência do caso que foi ele que atirou em Omar.
A denúncia aponta crime de homicídio qualificado por dificultar a defesa da vítima (que já estava encurralada, desarmada e com um tiro no pé) e fraudes na lei 13869, de2019, artigos 23 e 25 (abuso de autoridade).
No próximo dia 23, a chef Aline Chermoula lança livro de culinária infantil para ajudar as famílias a reforçarem laços de afetividade a partir das práticas alimentares da culinária afrodiaspórica. A receitas são práticas e fáceis apresentam ingredientes muito utilizados nas cozinhas africanas e brasileiras, como abóbora, coco, inhame, batata doce e quiabo.
Cozinheirinhos da diáspora: saberes e sabores de nossa culinária ancestral e afetiva, é um livro ilustrado e interativo. A obra também ressalta instruções de boas práticas em cozinha, destacando os cuidados necessários para cozinhar prevenindo acidentes.
Mãe de duas crianças, Malu e Pedro, Aline sabe como pode ser desafiador introduzir alimentos na faixa de idade, entre os 2 e 12 anos. O paladar se forma em um ambiente competitivo, onde estímulos externos como propagandas de alimentos industrializados são bem comuns. Por isso, ela acredita que contar um pouco da história de cada ingrediente pode deixá-lo mais atrativo para esse público.
“Quero que as famílias levem as crianças mais vezes para a cozinha e pratiquem receitas que exaltam também a contribuição dos africanos na culinária do Brasil. Os pratos que eu cito no livro são nutritivos, saborosos e carregados de um legado cultural que precisa ser conhecido desde cedo”, explica a Chef.
Aline é pesquisadora da Culinária da Diáspora Africana pelas Américas, e no livro trabalha ingredientes diversos da diáspora africana em receitas práticas e modernas, como saladas, requeijão, bolos, sucos e panquecas.
O livro Cozinheirinhos da Diáspora, em formato e-book estará disponível para compra na plataforma Amazon, por R$ 25,00.
SERVIÇO:
Lançamento do Livro Cozinheirinhos da Diáspora
Dia 23/10, sábado, das 16h às 17h. Ao vivo, na plataforma Zoom. Para crianças de 2 a 12 anos, acompanhadas os responsáveis Inscrições a partir de 15/10, em inscricoes.sescsp.org.br.
Crianças submetidas a preconceitos e discriminações podem ter problemas emocionais e físicos. Educação Infantil pode ser um agente no combate e prevenção à discriminação
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 56,3% dos brasileiros se declararam pretos ou pardos em 2019. Essa maioria da população sofre e é prejudicada indistintamente com o racismo, que começa ainda na infância. As crianças pequenas são as primeiras a sentir seus efeitos e a educação infantil pode ter um impacto importante sobre isso.
Para contribuir com a adoção de políticas públicas afirmativas de combate à discriminação racial, o estudo dissemina conhecimento científico sobre os efeitos do racismo estrutural no desenvolvimento das crianças negras em seus primeiros seis anos de vida.
O estudo, coordenado por Lucimar Dias, pedagoga e Professora Associada da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mostra que a educação infantil é um dos primeiros e mais importantes ambientes de socialização da criança e é nesse espaço que ocorrem as interações sociais que impactam diretamente o desenvolvimento dos pequenos. Nesse contexto, relações saudáveis podem contribuir positivamente para a aprendizagem, enquanto experiências negativas são prejudiciais.
De acordo com a publicação, se as crianças convivem em espaços que oferecem como experiência relações sociais em que a imagem do negro é construída a partir de referências negativas, é de se esperar que isso afete seu desenvolvimento emocional.
Um dos principais impactos, aliás, se dá justamente na aceitação da imagem. É na primeira infância que o ser humano começa a notar as diferenças físicas. Sendo assim, é fundamental que nesse período a criança se sinta aceita, acolhida e valorizada. “Quando a criança passa por uma situação racista, ela pode construir um sentimento de desvalorização, de rejeição da própria imagem, de inibição e dificuldade de confiar em si mesma. Isso afeta, inclusive, no seu processo de socialização”, explica Lucimar.
Além disso, o racismo traz implicações negativas para a saúde mental de crianças e adolescentes, como maior incidência de sintomas de ansiedade e depressão. “Também não podemos deixar de elencar outra consequência dessa discriminação: o estresse tóxico. Essa situação pode interromper o desenvolvimento saudável do cérebro e de outros sistemas do corpo, aumentando o risco de uma série de doenças”, comenta a pesquisadora.
Estudos sugerem que doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes tipo 2, distúrbios respiratórios e imunológicos podem ter raízes em adversidades vividas na primeira infância, como o racismo.
Papel da educação infantil no combate ao racismo
A educação tem sido um importante lugar de reprodução deste problema, mas ela também pode contribuir para ser espaço de mudança. Segundo a publicação, o racismo está presente em diálogos e ações no cotidiano de crianças e educadores. Nesse sentido, um processo educacional que desconsidera esse fator, expõe os pequenos ao risco.
Nesse ambiente, diferenças como cor da pele, tipo de cabelo e gênero afetam a socialização, contribuindo para a aproximação, aceitação ou proibição em um grupo social. “Um dos casos mencionados no estudo, por exemplo, traz a história de uma criança que ficou sem dormir após ter seu cabelo comparado ao de uma bruxa. É importante que os professores estejam preparados tanto para identificar e agir em situações como essa não se repitam quanto para acolher a criança que sofreu essa a violência”, comenta Lucimar.
Para a acadêmica, uma das causas da propagação do racismo é não incluir questões de raça como uma variável fundamental na formação dos profissionais da educação infantil. Isso permite que crianças negras deixem de ser protegidas e prejudica a construção da identidade positiva delas , prevista inclusive nos princípios éticos da educação infantil. “Estudos têm demonstrado que formações de professores voltadas à educação das relações étnico-raciais leva os profissionais a mudarem suas práticas e estarem mais atentos a necessidades pedagógicas que respeitem a identidade racial negra”, diz.
Vale ressaltar que, no Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNE). instituem a obrigatoriedade da inserção da cultura afro-brasileira e africana nos currículos e incluem a educação das relações étnico-raciais. Essas normativas ajudam a combater o racismo nas interações sociais das crianças e ajudam na construção de identidade negra.
Para conferir o estudo Racismo, Educação Infantil e Desenvolvimento na Primeira Infância, basta clicar aqui
Mulher preta, filha de pessoas escravizadas, Antonieta de Barros sempre lutou e acreditou que os professores são agentes de mudanças na sociedade. Ela nasceu em Florianópolis, Santa Catarina em 11 de junho de 1901, filha de Catarina e Rodolfo de Barros. Foi criada pela sua mãe, pois ficou órfã muito cedo. Sua mãe trabalhou como doméstica na casa do político Vidal Ramos, o que facilitou nos estudos, aos cincos anos de idade foi alfabetizada numa escola particular.
Na finalidade de ajudar pessoas carentes, ela fundou o curso particular Antonieta de Barros, em 1922. Sofreu muito na sociedade, por ser mulher preta e pela sua classe social. Mulher corajosa em demonstrar seus ideais, ela venceu o preconceito e foi considerada umas das melhores educadoras da sua época.
Uma carreira promissora fez com que ela entrasse para a nossa história, criou e dirigiu o jornal A Semana, em Florianópolis, mantido até 1927. Assumiu o mandato de deputada estadual de 1935 a 1937. Trabalhou muito e logo instituiu o Dia do Professor, celebrado em 15 de Outubro, e o feriado escolar (Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948).
Uma das suas frases mais marcantes sem dúvida é “Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da Fé.”
Nilma Lino Gomes tem uma trajetória pessoal, acadêmica e profissional inspiradora. Sua força e potência não se restringem a ela, são ventos fortes que a extrapolam. Uma força ancestral que atravessa tempos e gerações. A educação antirracista e luta social e política são fundamentais para a emancipação dos sujeitos e é nessa perspectiva que nossa entrevistada atua.
Ela é Professora Titular Emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Teve uma formação de excelência dentro e fora do país. Estudou na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Universidade de Coimbra, nas áreas de Educação, Sociologia e Antropologia.
Nilma desenvolveu pesquisas, publicou inúmeros artigos, organizou e escreveu livros sobre temas como relações étnico-raciais, formação de professores e diversidade étnico-racial, políticas educacionais, desigualdades sociais e raciais e movimentos sociais e educação, sempre com foco na atuação do movimento negro brasileiro.
Em 2013 ocupou o cargo de reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), tornando-se a primeira mulher negra nessa função.
Entre os anos de 2015 e 2016 foi Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos do governo da Presidenta Dilma Rousseff. Além da forte e constante atuação nas Associações de Pós-Graduação no país.
Neste dia dos professores, Nilma Lino Gomes conversou exclusivamente com o Mundo Negro. Ela falou sobre sua trajetória, sua ancestralidade e os desafios contemporâneos da docência, a política atual, a educação e a integração entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa, entre outros assuntos.
1- Como começou e qual é a importância da docência na sua vida?
Costumo dizer que o que sei fazer bem é ser professora. De fato, é o que sou. Esse é meu ofício desde que me formei no magistério em nível de 2º grau, como se falava no início dos anos 80. Mesmo tendo passado por cargos de gestão, ser professora engajada e antirracista é o que dá sentido à docência para mim.
A docência, para mim, é a minha escolha profissional, meu lugar de aprendizagem e a forma que encontro de lutar pela democracia, contra o racismo, pela justiça social e cognitiva.
Comecei trabalhando em creche comunitária, ou seja, na educação infantil, depois fiz concurso para a rede municipal de ensino de BH. Atuei até fazer o mestrado na Educação Básica, durante anos, até prestar concurso público para professora assistente na UFMG.
2- Qual é a importância da Lei 10.639/2003 no contexto político e social atual?
A Lei 10.639/03 é uma alteração da Lei 9394/96, a LDB. No atual contexto de ataques à democracia e às instituições democráticas a importância da Lei se destaca ainda mais. Ela vai na contramão das forças neoliberais, midiáticas, fundamentalistas, religiosas, reacionárias e racistas que se levantaram contra a democracia nesse momento político. A Lei 10.639/03 é um foco de resistência nesse momento em que a educação básica e o superior têm sido atacados pelo desgoverno federal e pelas forças reacionárias e negativistas. A Lei 10639/03, juntamente com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Religiões Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas, são eixos orientadores de uma educação democrática e antirracista.
3- Quais foram os maiores desafios enfrentados ao assumir a reitoria de uma universidade pública federal?
Os desafios foram: tornar o antirracismo uma dimensão estruturante das ações da reitoria; enfrentar o racismo institucional dissimulado; ampliar o intercâmbio internacional Sul-Sul com os países africanos de língua portuguesa; construir processos formativos internos junto com docentes, discentes e técnico-administrativos, para compreenderem a importância da UNILAB no contexto das Ações Afirmativas.
4- Como foi a experiência de gerir uma universidade que relacionava o Brasil e os países africanos de língua portuguesa?
Foi um desafio, uma honra e fruto de um trabalho coletivo e ancestral que se iniciou muito antes de mim.
A reitoria da UNILAB representou a possibilidade de construir ações, projetos, de ensino, pesquisa, extensão e intercâmbios internacionais na perspectiva Sul-Sul com os países africanos de língua portuguesa. Fui me reeducando cada vez mais a conhecer a África real e a importância do ensino superior para esses países. Pude também conhecer os dilemas desses países para a garantia dos direitos e, em especial, do direito à educação. Pude compreender que os pontos comuns que existem na nossa história ancestral com a África facilitam a construção de parcerias e trabalhos conjuntos. No caso da Educação Superior, para que ela se consolide, esses pontos comuns precisam se transformar em políticas internacionais eficazes para o Brasil e os países do continente africano. Caso contrário, ficarão somente no discurso.
Uma das principais premiações do audiovisual brasileiro elege os melhores do ano
A diretora e roteirista baiana, Ana do Carmo, foi indicada ao Prêmio ABRA de Roteiro, uma das principais premiações do audiovisual brasileiro, nesta quinta-feira (14). Finalista na categoria Prêmio Abraço – Excelência em Roteiro, a cineasta destaca a diversidade na edição deste ano.
“Nós, mulheres negras, que estamos fora do eixo Sul-Sudeste, sabemos o quanto é difícil furar a bolha que é o Cinema Brasileiro. Mas nós existimos, resistimos e estamos nos multiplicando pelos espaços. Então, as nossas conquistas nunca são individuais, são sempre coletivas. Porque uma vez que eu, por exemplo, enquanto uma mulher negra nordestina, daqui de Salvador, na Bahia, consigo ao lado dos meus colegas ocupar esse espaço, a gente mostra para outras pessoas que se parecem conosco, sobretudo os jovens, que estão chegando agora no mercado, que é possível, sim, a gente conseguir ter reconhecimento pelo nosso trabalho enquanto artistas”, comemora Ana.
Ela está concorrendo com mais cinco roteiristas, entre eles outro baiano, Allex Miranda, roteirista da série Casa da Vó, produção da Wolo TV. Este é o primeiro ano da categoria Prêmio Abraço – Excelência em Roteiro, que é voltada para novos roteiristas, que se destacaram no último ano pelas obras lançadas e também por sua atuação no mercado do roteiro brasileiro.
Com o objetivo de destacar a importância do roteiro na cadeia de produção da indústria audiovisual do Brasil e também valorizar os autores-roteiristas, o Prêmio ABRA de Roteiro realizará a premiação no dia 04 de novembro, em formato virtual devido ao isolamento social. A votação, tanto dos indicados, quanto dos vencedores, é realizada por membros associados da Abra em dois turnos.
Idealizado pelo Coletivo Iabás, o Encontro Negro de Contadores de Histórias – Embondeiro 2021 terá como protagonismo histórias pretas e os saberes ancestrais das matriarcas da Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte. O evento, que acontece neste sábado (16), apresenta ao público 15 contadores de histórias, uma roda de conversa com as matriarcas, além da atração musical de encerramento com o grupo Orisamba. Toda a programação on-line e gratuita será exibida pelo canal do Coletivo Iabas no Youtube.
O evento trará a diversidade de histórias das tradições africanas na África e na diáspora. Histórias de bichos, de gente e sobre orixás. O elenco contará com: Adriana Vieira, Aline Costa, Anderson Ferreira, Ariane Maria, Cida Araujo, Elaisa de Souza, Eneida Baraúna, Evandro Nunes, Fabiana Brasil, Flávia Filomena, Jéssica Tamietti, Marcus Carvalho, Teily Assis, Vanessa Anastácio e Wellison Maurício. A abertura será com Pai Ricardo, coordenador da Associação de Resistência Cultural Afro-brasileira Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente (CCPJO) e sabedor de conhecimentos sobre as ervas, os toques e cuidados com os tambores, as cantigas, as benzeções e rezas.
Para Chica Reis, uma das organizadoras, ouvir as anciãs e contadores pretos é essencial para conhecer o outro lado da história de Belo Horizonte, uma forma de descobrir a capital pela perspectiva de quem a construiu: “tem um provérbio que diz que enquanto o leão não souber contar as suas histórias, só as histórias dos caçadores virão e as histórias dos caçadores sempre dizem que os leões morrem, que os leões são caçados”. O Encontro Negro de Contadores de Histórias é uma oportunidade de conhecer a história da cidade e cultura brasileira já que os envolvidos têm muitas histórias e que por vezes não encontram espaços para chegarem a mais pessoas.
As matriarcas
Um dos destaques da edição é a roda de conversa com as matriarcas Iolanda, Marlene e Dona Geralda, Dona Osiva, Joaquina e Noeme. As matriarcas, moradoras da Pedreira e do Buraco Quente, são guardiãs de saberes e tradições, foram convidadas para partilhar suas histórias e vivências de um matriarcado com características muito próprias da Pedreira. “As matriarcas representam uma amostra das mulheres dentro da Pedreira que é o lugar de gestora das famílias. Nesse sentido elas têm uma referência muito grande com o matriarcado africano, porque cuidam da economia, além de cuidar dos filhos e netos”, destaca Madu Costa, escritora e arte-educadora, também organizadora do Encontro.
Pai Ricardo e Bloco Orisamba
Pai Ricardo, responsável pelo (CCPJO) destaca que o evento é “uma oportunidade de fazer algo pela Pedreira e pelas populações do local ao voltar os olhares para dentro e construindo com os moradores de lá um encontro que ressalta a importância da Pedreira que é o berço da confluência e transferência dos costumes, da culinária e histórias da região da Lagoinha”. O Grupo de Samba e Bloco Orisamba, que também é coordenado pelo Pai Ricardo, encerra a festividade reforçando a mensagem que o Encontro quer passar: a Pedreira Padro Lopes é um local que pulsa cultura e tradição.
Embondeiro, árvore de raízes profundas
Depois de uma viagem das idealizadoras para Angola, o Encontro Negro de Contadores de Histórias de Minas Gerais ganha um nome ainda mais simbólico: Embondeiro, árvore popularmente conhecida no Brasil como Baóba. O nome do evento foi escolhido pela força e significado da árvore, que tem raízes profundas, dá fruto e alimenta, além de acolher com sua sombra. Magna Oliveira, contadora de histórias e organizadora do evento, explica que Embondeiro representa a força que emana da periferia: “o Embondeiro está dando vários recados: sobre a importância de contar histórias pretas, além da escolha da equipe preta. Enfim, é um evento dentro da periferia que abraça as pessoas da comunidade”.
Sobre o Coletivo Iabás
O Coletivo Iabás é composto por três mulheres negras contadoras de histórias: Chica Reis, Magna Oliveira e Madu Costa que se conheceram para a produção da 4° edição do Ayó Encontro Negro, que passou por Minas Gerais em 2018 e foi idealizado pela pesquisadora e produtora Nathália Grilo Cipriano. Após essa produção, fundaram o Coletivo Iabas, em 2018. Além de viajar pelo país contando histórias, ao longo dos últimos anos reuniram contadores de histórias negros de Minas Gerais e de outros estados em eventos com apresentações, gastronomia e arte protagonizada por artistas negros.
Serviço:
4° Edição do Encontro Negro de Contadores de Histórias – Embondeiro 2021
O Youtube como sabemos, é uma plataforma que de certa forma ajudou a dar visibilidade a vários temas e pessoas que dificilmente seriam vistas nas grandes mídias, possibilitando a democratização do conhecimento.
Muitos profissionais negros da educação utilizam a rede para compartilhar seus conhecimentos, o que não é um trabalho fácil, ainda mais tendo que conciliar com o trabalho formal. Pensando em enaltecer e valorizar esses mestres, facilitei a sua vida e te trago hoje essa lista maravilhosa de professores youtubers!
Bora fortalecer o trabalho desses guerreiros e guerreiras da educação, afinal só educação salva vidas!
Aza Njeri – Filosofia
Jessé Duarte – Matemática
Jéss Machado – Geografia, Geopolítica, História e Sociologia
Dirigido por Rodrigo França, musical infantil idealizado, roteirizado e protagonizado pela artista brincante Verônica Bonfim é inspirado em personagem real e busca reforçar a autoestima e cultura afro-brasileira.
“O sol anda devagar, mas atravessa o mundo inteiro”. O provérbio africano que orienta o pensamento de Verônica Bonfim expressa sua alegria pela estreia do espetáculo infantil “A menina Akili e seu tambor falante, o musical”, idealizado e com direção artística, produção associada, texto e músicas assinados por ela. Ainda que aos poucos, obras de autores negros estão conquistando seu espaço e chegando ao público – como é o caso da própria Verônica, cujo livro homônimo lançado em 2016 pela Editora Nandyala Livros, chega agora adaptado aos palcos.
Com direção assinada por Rodrigo França e Valéria Monã na Co-direção, supervisão do roteiro da pesquisadora Aza Njeri e direção de arte do Estúdio Roncó, com pesquisa de Nathália Grilo e criação de Adriano Cipriano, direção musical de Cláudia Elizeu e Co-direção do Grupo Dembaia, a montagem estreia dia 16 de outubro às 16h no YouTube do Oi Futuro. O público vai poder assistir à transmissão do espetáculo no bistrô do Oi Futuro, sempre às 14h e 16h aos sábados e domingos, a partir do dia 17 de outubro.
O musical narra a história de Akili, uma menina africana que vive numa pequena aldeia chamada Adimó e que junto com seu melhor amigo, um tambor falante de nome Aláfia, seguirá numa jornada para se tornar uma Griote, uma contadora de histórias, guardiã da tradição oral do seu povo. Uma aventura conduzida por uma narrativa que valoriza a ancestralidade e os valores civilizatórios africanos, apresentando uma África plural, cheia de riquezas, com uma diversidade de povos, línguas, cores e, sobretudo, positiva, para contrapor ao que é comumente retratado pela cultura ocidental. Embora a infância brasileira ainda seja marcada por protagonistas brancos, obras como a de Verônica nascem para fazer brilhar o sol da ancestralidade africana no universo infantil.
“O livro foi escrito para ser um musical desde a sua concepção inicial, em 2014, quando brincava com Akili, a neta do cientista social e escritor Dr. Carlos Moore, um grande amigo e uma das maiores referências no combate ao racismo no mundo. Ela foi minha inspiração quando tinha dois anos e hoje, aos nove, leu o roteiro, sugeriu coisas e amou tudo. É uma linda menina, inteligente, adora dançar, pintar e é muito estudiosa”, apresenta a autora, que dá vida à protagonista no palco.
Instrumento ancestral de comunicação oral, o tambor é personagem central da peça. “É ele quem anuncia a partida e a chegada, quem nos leva de volta para casa, seja na Bahia, Minas Gerais, Cuba ou África… O tambor que foi “demonizado” na cultura ocidental, recebe na história o status que merece. Pulsando as batidas do coração, ele é um guia da menina Akili e é tocado por várias mulheres durante o espetáculo, pois também quero trazer essa discussão: o lugar de meninas e mulheres é onde elas quiserem, inclusive tocando tambor. É um espetáculo feminino, onde a matripotência é representada por todas as mulheres que estão em cena”, sublinha.
“Estamos em um momento espetacular, onde narrativas diversas, que sempre tiveram pouco espaço ou nenhum, estão nos palcos, livros e no audiovisual. E é benefício para toda sociedade, não é favor. A personagem sonha e subverte qualquer lógica ocidental, onde meninas não podem tocar tambor. Akili nos ensina que é necessário resgatar as nossas tradições, onde um povo sem saber do seu passado não consegue vislumbrar um potente futuro ou viver plenamente o seu presente”, analisa o diretor Rodrigo França.
O espetáculo brincante é permeado por uma miscelânea de linguagens com uma trilha executada ao vivo, a partir de pesquisa sobre sonoridades africanas do Grupo Dembaia e dança, a partir da direção de movimento de Valéria Monã, uma referência da dança Afro no Brasil. Elementos que estarão em cena para expandir as referências positivas da negritude, fortalecendo o protagonismo negro por meio do encantamento, da empatia e da valorização da identidade. “Sou do interior da Bahia e corria descalça, jogava bola, brincava de boneca e bola de gude. Essa menina que fui / sou vai emprestar à personagem todo o encantamento que tem uma criança em qualquer lugar do mundo – quando este não ceifa sua beleza, alegria, potência, liberdade e leveza de só ser criança”, pondera Verônica.
A história sobre amor, afeto, amizade, laços e valorização do feminino e das raízes ancestrais é ainda uma homenagem à Mãe África com toda a riqueza e beleza que reside no continente, em toda a sua pluralidade. “Temos pouquíssimas produções teatrais voltadas para as crianças e suas famílias com foco em histórias afro referenciadas. É uma lacuna de muito tempo, mas que hoje, felizmente, estamos conseguindo avançar um pouco”, entusiasma-se a artista.
Considerando a questão da construção da autoestima e desconstrução do auto ódio na população negra, falar sobre referências negras é ponto crucial do texto. “Estamos falando de e para um público que precisa crescer amando a sua imagem e a dos seus semelhantes e não se odiando. Estamos falando de um país com 54% da população autodeclarada negra, de um público em formação e que queremos ver crescer. Estamos falando para e sobre essas famílias que precisam se ver representadas nas histórias infantis, para acreditar numa possibilidade de resgate da beleza, força, potência e sabedoria que lhes foi negada/roubada”, encerra.
“A menina Akili e seu tambor falante,o musical” é patrocinado pela Oi, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – Lei do ICMS, tem apoio institucional do Instituto Identidades do Brasil e como laboratório oficial a Hilab.