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Aclamado em festivais, filme cearense ‘Cabeça de Nêgo’ estreou na Globoplay

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Imagem: Divulgação

Trazendo uma narrativa um manifesto contra o racismo e a precariedade do sistema educacional no Brasil, o filme ‘Cabeça de Nêgo’ chegou em 20 de novembro no Globoplay. Dirigido e roteirizado por Déo Cardoso, o longa foi inspirado no movimento de ocupação de escolas ocorrido em São Paulo, em 2015.

Contando a história de Saulo, um jovem engajado em impor mudanças em sua escola e que tem como principal referência os Panteras Negras – partido político dos EUA que tinha como foco principal a defesa da comunidade afro-americana. Após ser alvo de racismo e reagir ao insulto, ele é expulso, mas se recusa a deixar as dependências do colégio até que a justiça seja feita. O ato dá início a uma grande mobilização coletiva.

Marcando a estreia de Déa como direto, ele disse que o filme busca provocar inquietações, sentimentos e questionamentos em seu público. Além de Lucas Limeira, que vive o protagonista Saulo, o elenco conta com as atrizes cearenses Nicoly Mota e Larissa Góes, o ator baiano Val Perré e a participação especial de Jéssica Ellen no papel de professora

“Meus filmes buscam expressar inquietações, questionamentos e sentimentos que determinados contextos sociais me despertam. Faço filmes para refletir os temas abordados e para compartilhar sensações em relação a eles”, declara Déo Cardoso.

Confira o trailer:

Dia da Consciência Negra: por que ainda precisamos justificar?

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Escrito por Debora Simões

Novembro é o Mês da Consciência Negra, é um marco na luta e celebração da população negra no Brasil e é também o mês em que nós, militantes contra o racismo, passamos muita raiva. Na prática, não há um dia sequer em que a gente não sinta algo referente ao racismo (tristeza, ódio, solidão, desprezo, cansaço e a tão presente raiva). Mas novembro é diferente. Além de todos os sentimentos que vivenciamos, também precisamos lidar com os discursos da opinião pública sobre essa data. Nas conversas informais, nas reuniões de trabalho e nas redes sociais todo mundo tem alguma coisa para falar sobre o 20 de novembro. Nos espaços virtuais saltam postagens do discurso de 2006 feito pelo ator Morgan Freeman sobre a possibilidade do dia da Consciência Humana.

O sucesso da fala desse ator norte-americano, ou melhor, de um trecho dela, expressa um desejo de desvalorização de conquistas políticas importantes do Movimento Negro. Não farei uma análise dessa entrevista, estou mais interessada na sua utilização do que nela em si. Porém, para um balanço do discurso, te convido a assistir a entrevista na íntegra e a analisá-la criticamente. Como podemos acreditar que o discurso isolado de um indivíduo pode colocar à prova a trajetória de um movimento social inteiro?

Todo ano precisamos justificar a importância do dia 20 de novembro para a história do nosso país. Você já conversou com alguém que queria acabar com o feriado de 21 de abril, dia de Tiradentes? Eu nunca. O herói da Inconfidência Mineira foi um militar, minerador, dentista, tropeiro e proprietário de escravizados, sim, você leu certo. Ele é ícone da Independência, além de um feriado nacional, ele foi homenageado com várias estátuas pelo Brasil. Tiradentes não está sozinho nesse panteão de “heróis”, que incentivaram o sistema escravista, faço aqui mais um convite, conheça o projeto Galeria de racistas.  

Vamos avançar o calendário para chegar em 20 de novembro. Desde 2003 esse dia foi incorporado no calendário escolar brasileiro por meio da lei 10.639. Em alguns estados, como o Rio de Janeiro, é feriado. Na década de 1970 integrantes do Movimento Negro começaram a reivindicar o 20 de novembro como marco de resistência, em oposição ao 13 de maio, assinatura da Lei Áurea pela princesa branca, aquela que libertou os escravizados.

Novembro expressa a liberdade negra conquistada e não concedida. Em 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares, líder do quilombo dos Palmares, foi morto pelo poder colonial. Zumbi é símbolo da resistência negra contra o sistema escravista. O quilombo localizado na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas foi liderado por ele durante 20 anos dos quase 100 de existência desse “Estado Negro” como definido por Edson Carneiro no livro O Quilombo dos Palmares. Além da resistência contra as forças lusas, havia também que combater tropas holandesas que queriam destruir esse modo de viver construída pelos negros.

Escrever este texto é também relembrar que nós, ativistas do movimento negro, estamos há décadas lutando por causas antigas. Sabemos que a história não é linear. Se engana quem pensa que estamos evoluindo como sociedade, tempo e progresso não são sinônimos. Mas entender isso não minimiza nem apaga as nossas dores, os nossos traumas coletivos. Nos últimos dias as dores se intensificaram ao vermos por exemplo a mãe do menino Miguel expressando sua dor e indignação, pois está se aproximando o aniversário dele de 7 anos e ela não poderá comemorar. As mães negras não conseguem ver seus filhos crescerem, formarem-se, viajarem, viverem. Observamos também o atual presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, sugerir no Twitter a mudança do nome da instituição para princesa Isabel. Acompanhamos em tempo real o jovem negro influenciador Júlio Sá numa abordagem policial racista, choramos com ele pela violência real e simbólica dessa situação, que é vivenciada pela maioria dos jovens negros. Ao acompanhar estes casos, que não são isolados, lembrei da frase: “quem vai pagar a conta?” presente da música Cabô de Luedji Luna. Os traumas que nós sofremos em consequência do racismo doem muito, para onde enviamos essa cobrança?

Ricardo Silvestre, um dos mais prestigiados publicitários negros do Brasil fala sobre suas campanhas preferidas

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O publicitário e fundador da Black Influence , Ricardo Silvestre - Foto: Bruno Gomes

O mercado publicitário lentamente começou a entender a importância da representatividade em campanhas e por trás da produção de material publicitário. Quando marcas querem buscar diversidade uma das agências mais requisitadas do momento é a Black Influence do publicitário Ricardo Silvestre.

Nesse mês da consciência negra conversamos com ele sobre as principais campanhas que sua agência participou esse ano e talvez você tenha visto mais de uma delas.

Spotify – Para a marca a Black Influence fez o mapeamento de influenciadores da principal campanha de 2020, a Retrospectiva Spotify. Em 2021, trabalhou na campanha “Abra seus Ouvidos”, que destaca o trabalho de artistas negros que estão na plataforma e incentiva a valorização da cultura negra.

Stix –  O trabalho realizado foi para o lançamento da marca, que é o ecossistema de pontos do grupo Pão de Açúcar.

Magalu – Já para o Magalu foi feito recentemente o mapeamento de influenciadores para comunicar o Programa de Trainee 2022.

Amazon Prime Video – Para a empresa de streaming foi desenvolvida uma estratégia de comunicação para impulsionar nas redes sociais a série “Manhãs de Setembro”, estrelada pela cantora Liniker. O trabalho de comunicação foi feito com mais de 60 influenciadores, com protagonismo para criadores negros.

Pinterest – O Pinterest decidiu criar, em parceria com a agência, o movimento ‘Maravilha Preta’, a primeira série de conteúdo original no Brasil com conteúdos criados por pessoas pretas relacionados à cultura, moda, beleza e bem-estar. A ideia foi que, ao proporcionar uma plataforma inclusiva e diversa, seus trabalhos tenham destaque e impactem os mais de 400 milhões de usuários do Pinterest no mundo.

Tudo que nóis tem, é nóis: conheça movimentos negros que fizeram história

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Você conhece os movimentos negros brasileiros? Pois é, muita gente não conhece a História do movimento brasileiro e por consequência buscam referências em outros países.

Mas nós temos movimentos que existiram e foram extremamente importantes para proteção dos direitos de nós negros, e se estamos aqui hoje, é por conta deles. 

Conheça 4 movimentos negros históricos do Brasil e se inspire. 

Frete Negra

Em 1926 alguns homens negros tentaram organização um Congresso para discutir questões pertinentes sobre a condição de vida que os negros estavam tendo no país após a abolição da escravidão em 1888, houve vários clubes e grupos de pessoas negras cobrando do Estado brasileiro uma reparação histórica, ou seja, os negros que foram escravizados por séculos nesse território fossem inseridos de forma justa na sociedade brasileira, que tivessem seus direitos garantidos.

Infelizmente o Congresso não ocorreu, porém, alguns anos depois surgiam a Frente Negra Brasileira, fundada em setembro de 1931, 40 anos depois da abolição da escravatura, com o intuito de promover a inserção das pessoas negras na sociedade brasileira. 

A FBN foi tão importante que chegou a ter mais de 50 mil integrantes e se espalhou pelo país: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco.

Eles tinham um Estatuto do grupo, já que para participar da FBN os associados pagavam uma taxa, este servia para que eles pudessem realizar várias ações voltadas para a população negra.

Entre suas principais ações a criação do jornal A VOZ DA RAÇA e uma escola para pessoas negras. A FBN não foi o primeiro coletivo negro no país, mas foi um dos mais importantes em todos os sentidos. 

Teatro Experimental do Negro 

A história do Teatro Experimental do Negro vai passar pela biografia de Abdias do Nascimento (1914-2011), seu fundador em 1944, que foi membro da Frente Negra no auge de seus 18 anos, e que ao longo de sua vida se dedicou a combater o racismo no Brasil.

A proposta original era formar um grupo teatral constituído apenas por atores negros, mas progressivamente o TEN adquiriu um caráter mais amplo, defendendo os direitos civis dos negros na qualidade de direitos humanos. 

Movimento Negro Unificado 

Um coletivo importante, que existe até hoje, o MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO, o MNU, surgiu em 1978, em meio a manifestações pela morte de um feirante negro, Robson Silveira da Luz de 27 anos, que foi acusado de roubo, preso e  torturado, morto pela polícia. Em resposta a essa ação violenta, várias pessoas se reunirão, cerca de 3 mil pessoas, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo para pedir justiça. 

 E dessa ação, nasce o MNU, no meio de uma ditadura militar, com o objetivo de combater a discriminação racial no país. Foi a junção de várias entidades que buscaram se unificar para poderem pressionar a sociedade. A criação foi deliberada em uma reunião na Câmara Municipal de São Paulo. Sendo assim, o MNU se consolida como um grupo sério e legítimo. 

 Seus principais fundadores: Flávio Carrança, Hamilton Cardoso, Vanderlei José Maria, Milton Barbosa (meu conterrâneo e atual coordenador do MNU), Rafael Pinto, Jamu Minka e Neuza Pereira

Como um grupo/coletivo ainda existente, o MNU possui em seu site um documento com todas as suas ações, chamado de Plano de Lutas, que engloba além da educação, saúde, mulheres pretas, luta quilombola, cultura, juventude, religiosidade, política entre outras. 

Géledes

Criada em 30 de abril de 1988, mesmo ano que foi promulgada a Constituição brasileira, o Geledés é uma organização voltada para discussões que tange às mulheres negras e homens negros na sociedade, que visa lutar contra as opressões: racismo, machismo e sexismo sobretudo, além de combater todas as outras opressões presentes em nossa sociedade. A atuação do Geledés se dá em diversas áreas: saúde, educação, política, mercado de trabalho, entre outros.

Atua nas iniciativas da ONU e acompanha os trabalhos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; participa dos esforços de diversas organizações da sociedade civil das Américas pela aprovação da Convenção Interamericana de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Geledés possui status consultivo na Organização dos Estados Americanos-OEA.

O Portal Geledés é o espaço de expressão pública das ações realizadas pela organização no passado e no presente e de seus compromissos com a defesa intransigente da cidadania e dos direitos humanos, e a denúncia permanente dos entraves que persistem para a concretização da justiça social, a igualdade de direitos e oportunidades em nossa sociedade.

A luta permanece com a gente!

Isso é consciência negra ✊🏾

Escrito por Jéss Machado 

“Este é o legado que temos que deixar”: Atração especial na Feira Preta, Péricles fala sobre negritude em sua arte

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Foto: Reprodução.

O Rei da Voz, Péricles, é um dos grandes nomes da música brasileira da atualidade e integra a programação do Festival Feira Preta de 2021, que começa neste sábado (20) e segue até dia 10 de dezembro. O engajamento do cantor na questão racial e a sua forma de falar de amor, o tornaram um dos titulares das trilhas sonoras do amor preto brasileiro, e não foi à toa.

Prestes a completar 35 anos de carreira, o cantor falou sobre a relação de sua música com a questão racial no Brasil, na edição comemorativa de dois anos do programa Trace Trends, na última sexta (19).

“Eu faço questão de colocar essas pautas, não só nas músicas, mas na maneira de viver”, disse o cantor, que prossegue: “O mundo mudou muito, sabemos o quanto, e temos base para a discussão. Temos hoje livros que falam sobre o assunto, faculdades que abordam a temática e estamos aptos a melhorar o mundo através da nossa ótica. Esse é o legado que temos que deixar, eu acredito nisso”, destaca.

Prestes a lançar seu novo álbum, Céu Lilás, o cantor também falou sobre suas referências na música, em especial, o período em que fez parte da banda da sambista Jovelina Pérola Negra. “A experiência com a Jovelina Pérola Negra foi…ee tenho gratidão por ela. Em um dado momento da nossa carreira, ela pegou a gente pela mão e disse: ‘Vem cá, é assim que se faz’, isso foi uma pós graduação que eu guardo em mim até hoje”, diz.

Conhecido por sua desenvoltura nas redes sociais, o cantor disse que a presença nas redes não é a primeira coisa na qual ele pensa no momento de criar um repertório. “Eu penso no reflexo que vai causar no nosso público primeiro, mas como a gente tem hoje esses aplicativos onde a gente lança uma dança, eu crio uma dança para aquilo e de alguma forma, a gente usa essas ferramentas como uma maneira de estar mais juntos”, refletiu.

O show de Péricles na Feira Preta acontece no dia 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba e vai ser transmitido on-line, nas redes sociais da Feira.

FEIRA PRETA — Nesta edição de 2021, a Feira Preta completa 20 anos e se reafirma como o maior festival de Cultura Negra da América Latina. Em 20 dias de programação, o Festival, já consagrado como um grande fomentador do empreendedorismo negro brasileiro, conquista importantes apoiadores e entra de vez no mundo do mercado digital, levando seus colaboradores para o marketplace exclusivo do Mercado Livre.

Serviço:

Festival Feira Preta

De 20/11 a 10/12

Nas redes sociais da Feira Preta

Para conferir a programação completa do Festival, acesse: http://festivalfeirapreta.com.br/#

Muamba de galinha: o prato africano, ancestral de nosso frango com quiabo

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Imagem: Aline Chermoula

A muamba de galinha é um dos pratos mais populares de Angola. Nesta versão, vamos usar azeite de dendê, quiabo, pimentas, cravo, canela, cebola e alho, sal e folha de louro.
O prato é tradicionalmente servido com funge, um pirão de milho ou mandioca.

A muamba de galinha angolana é, tradicionalmente, saboreada nos almoços de domingo — dia reservado para cozinhados mais demorados. É um cozido de galinha, com óleo de dendê, servido com funge (ou pirão) — acompanhamento culinário, típico de Angola, feito à base de farinha de milho ou de mandioca. O prato, quando guarnecido com este elemento, também é conhecido como “moamba de galinha a sentada”.

Possivelmente este prato é ancestral de nosso frango com quiabo, sendo que o dendê sofreu apagamento como muitos elementos de nossa cultura (preta).

Observe as semelhanças e deixe seu comentário.

 
Agora vamos preparar esta delícia da mesa angolana

Ingredientes:

(para 4 pessoas)

1kg galinha ou frango corte de sua preferência
12 quiabos
2 cebolas grandes
200 ml de óleo de dendê
3 dentes de alho
400 g de abóbora cortada em pequenos cubos
amendoim
3 ramos coentro
2 unidades de pimenta malagueta
sal q.b.

Imagem: Aline Chermoula

Preparo:
Corte o frango de sua preferência em pedaços. Depois de limpo, esfregue limão em todas as partes. Tempere com alho pilado, sal e pimenta malagueta e reserve por pelo menos 30 minutos. Em seguida, sele a galinha com um pouco de azeite de dendê em fogo alto. Depois de dourada, adicione a cebola, os temperos e especiarias, deixando apenas o coentro para o final da preparação. Deixe refogar em panela tampada em fogo brando. Regue com um pouco de água sempre que perceber que precisa. Não pode deixar grudar no fundo da panela. Deixe no fogo até a galinha estar cozida e o molho esteja bem espesso. Enquanto a galinha cozinha, corte os quiabos restantes no sentido longitudinal. Aqueça bem uma frigideira coloque uma colher de dendê e frite os quiabos já cortados até ficar em dourados Reserve. Se preferir, o quiabo pode ser adicionado à mistura da panela. Quando a galinha estiver bem macia, cozida, coloque o coentro e misture. Sirva com funge ainda quente e decore com quiabos fritos.

Ingredientes:
1 xícara de água fervida
1 xícara de água natural farinha de mandioca ou de milho flocada
Sal

Preparo do funge
Misture a farinha com uma xícara de água natural. Enquanto isso, ferva uma xícara de água adicione sal a gosto e farinha aos poucos, mexendo. Quando a água ferver, adicione aos poucos a mistura de farinha e água e mexa sempre até se tornar uma mistura uniforme.

Sexta Preta: Ludmilla celebra empreendedorismo negro em live gratuita

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Foto: Revista Ela/Globo

Avisa que é hoje. Nesta sexta-feira, a partir das 19h, a cantora Ludmilla se apresenta no Sexta Preta, evento do Facebook em parceria com a Feira Preta, série de Lives criada para aumentar a visibilidade de empreendedores negros, ao mesmo tempo que incentiva a compra de seus produtos. A apresentação da série de Lives será feita por Jessica Ellen) e Ana Paula Xongani.

O pocket show faz parte da programação da série de lives programadas para todas as sextas-feiras, a última será no dia 26/11, como parte das celebrações do Mês da Consciência Negra – e também marca o Dia do Empreendedorismo Feminino, comemorado hoje.

Ludmilla foi escolhida por conta de sua afinidade com as lutas da comunidade preta no Brasil e por seu nome estar associado ao empreendedorismo. É ela quem administra sua própria empresa, estando na liderança de sua marca. Ludmilla está à frente da estrutura e gestão da “Sem Querer Produções Artísticas”, empresa bem-sucedida com diversos departamentos, como o comercial, marketing, jurídico, financeiro e logística, tudo liderado por ela.

A Sexta Preta é parte do movimento #BuyBlack, uma iniciativa global do Facebook que tem como objetivo celebrar o momento da compra de empreendedores negros. O empreendedorismo é uma importante ferramenta de empoderamento econômico e por isso o Facebook incentiva o consumo de produtos feitos por membros da comunidade negra não apenas em novembro, mas durante todo o ano. 

Na ocasião, Ludmilla e as influenciadoras irão celebrar a luta dos empreendedores negros, que, desta vez, serão representados por Jully Souz, da Zene Afro Estilo (@zeneafroestilo), Daniella, da Quituteria Culinária Artesanal (@quituteriaartesanal) e Ana Claudia, da Afra Design (@use_afra). 

A live será ao vivo no perfil da Feira Preta : https://www.facebook.com/festivalfeirapreta

A presença feminina negra no teatro – um palco para a consciência

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Companhia Negra de Revistas - A Careta, 1926 (Biblioteca Nacional).

Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre a importância da representatividade negra na indústria brasileira de entretenimento. De fato, cada vez mais atrizes negras ocupam papéis nas telas e nos teatros. Essas conquistas de espaço são resultado de muitas lutas de homens e mulheres negras que vieram bem antes de nós e que a partir de estratégias diversas conseguiram abrir os caminhos do meio artístico.

Quando analisamos a inserção negra na indústria brasileira de entretenimento, é importante não ficarmos só no hoje. Precisamos nos voltar para os espetáculos populares do final do século 19 e início do 20. Nesse período, personagens negros foram constantemente estereotipados nos palcos teatrais em todo o Atlântico negro. No Brasil, o frenesi da busca pela identidade nacional trouxe para o teatro popular figuras afro-brasileiras, como “malandros” e “mulatas”, que marcaram o imaginário coletivo.

Entre essas personagens, a mulata se destacou como forma de retratar as mulheres negras. Ela era a representação da mulher altamente sexualizada, que utilizava de seu corpo atraente para seduzir homens desavisados, fazendo-os de verdadeiros “otários” para conseguir alcançar seus objetivos. O alvo preferido eram os homens portugueses, que pareciam não resistir às curvas femininas do corpo negro.

O encanto e a lascividade da mulata ganharam respaldo em uma época em que o corpo feminino de atrizes e dançarinas obtinha cada vez mais destaque nos palcos do Atlântico negro e de Paris. Os modelitos, por exemplo, tornavam-se cada vez mais provocativos. Nas fotografias da época, percebemos a construção de uma sensualidade pela vestimenta, tornando a mulata expressão máxima da sensualidade nas produções.

Plácida dos Santos – Revista da Semana, 1901(Biblioteca Nacional)

Nessa lógica perversa da construção do lugar feminino negro escrito por mãos brancas, o espaço para atrizes negras ainda assim era estreitamente limitado. Se a personagem da mulata era diretamente associada à população negra, os corpos responsáveis pela interpretação eram em sua grande maioria brancos ou de tonalidade muito clara. No período, era recorrente que atrizes brancas construíssem suas carreiras interpretando mulheres negras. As primeiras “mulatas”, inclusive, foram interpretadas por atrizes estrangeiras.

Para nós essa lógica de corpos brancos estarem ocupando papéis negros pode causar certa estranheza. Porém, naquele período, o uso da técnica do blackface era comum nas principais companhias de revistas do Rio de Janeiro. Atores e atrizes brancos pintavam suas peles, usavam perucas que encrespavam o cabelo e reforçavam de forma grotesca características físicas como narizes e bocas. Além disso, desempenhavam nos palcos trejeitos exagerados para representarem pessoas negras. Muitas dessas performances contaram com registros fotográficos para divulgação das peças.

Entretanto, ainda que esses personagens fossem construídos em diálogo com teorias pseudocientíficas de inferiorização da população negra, as poucas mulheres negras que conseguiram furar a bolha e estar no palco negociaram, ressignificaram e subverteram o papel da mulata.

Esse era o caso, por exemplo, da dançarina e cantora Plácida dos Santos, que fez sucesso nas primeiras décadas do século XX. Descrita nos jornais como a “morena cor de jambo” em suas performances, ela não só dançava o maxixe, que era uma dança cheia de requebrados, como cantava vários lundus e modinhas “apimentadas” vestida de baiana. Ao se vestir dessa forma, Plácida dos Santos trazia para o palco uma performance a partir de seus próprios termos, muito diferente das artistas brancas, que imitavam as “mulatas” em um período em que não existiam companhias teatrais negras.

Plácida dos Santos não estava sozinha. Ela fazia parte de uma forte rede de contatos e ajuda mútua entre vários artistas negros que fortaleciam a ocupação do cenário artístico. Essas redes de contato certamente permitiram que no ano de 1926 surgisse a Companhia Negra de Revistas, dirigida pelo artista afro-brasileiro De Chocolate, formada por atores, atrizes e o coro. Somente homens e mulheres negras participavam. Seu surgimento representava uma afirmação de identidade negra em um período de positivação da mestiçagem no campo cultural. A Companhia teve um breve período de funcionamento e seu surgimento foi um importante caminho para que outras ações e estratégias fossem postas em prática no cenário artístico teatral.

Desse modo, quando olhamos para trás, fica evidente que as conquistas das atrizes de hoje são resultado das lutas de artistas negras como Plácida dos Santos, Julia Martins, Aracy Cortes, Ruth de Souza, Mercedes Baptista, Léa Garcia, Zezé Motta e outras tantas, que, sob estratégias diversas, seguem abrindo os caminhos para que mais mulheres possam chegar. Olhar para essas trajetórias mostra que artistas mulheres seguem buscando subverter a lógica da exclusão, criando outras formas de representação da população negra e fortalecendo umas às outras.

*Este artigo compõe a Ocupação da Rede de Historiadores Negros em veículos de comunicação de todo o Brasil neste 20 de novembro de 2021.

Escrito por: Juliana Pereira – doutora em História (UFF); Lissa dos Passos – mestre em História (UFF) e professora da Educação básica. Ambas são integrantes da Rede de Historiadorxs Negrxs e do Podcast Atlântico Negro.

No dia da Consciência Negra, Aparelha Luzia estará de portas abertas para enaltecer a ancestralidade e a cultura preta

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Foto: Divulgação.

Por Reinaldo Calazans

O quilombo urbano oferece ao público arte, cultura preta e é sinônimo de luta e resistência no bairro da Barra Funda, em São Paulo.

Aparelha Luzia é um espaço que enaltece a cultura afro brasileira e ajuda na construção da identidade do povo preto, o local é Idealizado pela deputada e educadora Erica Malunguinho, de 39 anos, nascida e criada em Pernambuco.

É como se você estivesse na África, o lugar respira arte e o protagonismo negro é o ponto central das atividades e os encontros da comunidade preta. Grandes nomes já passaram por lá Luedji Luna, Samba da Marcha das Mulheres Negras, Liniker, Xênia França e intelectuais como Conceição Evaristo e Akins Kintê.

Em 20 de novembro, comemoramos o dia da Consciência Negra, importante na luta do povo negro, a data faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares. Neste mesmo dia, Erica Malunguinho nasceu, uma mulher forte, potente e necessária para todos nós da comunidade preta, e justamente neste dia acontecerá à volta das atividades no quilombo mais famoso da capital paulista. Se você mora em São Paulo precisa conhecer, mas se não está na cidade, pode deixar registrado na sua agenda uma possível visita ao lugar. O espaço ficou fechado por quase dois anos, devido à pandemia da Covid-19.

O evento pelo Dia da Consciência Negra terá o apoio do Instituto Identidades do Brasil – ID_BR, Feira Preta e outros parceiros de luta. O melhor de tudo é que além da comunidade preta estar em peso no evento, nomes como Ellen Oléria, Jota.pê, Drik Barbosa, Mc Soffia, Gê de Lima, Lia de Itamaracá, entre outros marcam presença na reabertura do quilombo.

Aparelha Luzia é um território de gente preta, não é um bar, mas abriga música boa cerveja gelada e afetividade, um lugar que une cultura, politica e debates necessários. Os shows começam a partir das 19h, na Rua Apa, 78, São Paulo.

Só venha. Muito AXÉ a todes.

Uma em cada quatro pessoas negras já evitou usar transporte por medo de racismo

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Foto: Yan Marcelo.

Pesquisa ouviu 1308 usuários de carros por aplicativo em todo o Brasil.

Uma pesquisa realizada com usuários da 99 e outros transportes por aplicativo revelou que o medo de ser vítima de casos de racismo já fez com que 24% dos negros evitassem usar algum tipo de transporte. Os meios mais evitados são ônibus (40%), vans (13%) e metrô (10%). O levantamento faz parte do Guia da Comunidade 99, um documento que visa promover o respeito entre os usuários da plataforma combater a discriminação, e foi realizado para entender como o preconceito racial impacta a mobilidade urbana.

O estudo revelou ainda que, dentre o total de entrevistados, 54% acreditam que a sociedade é racista e 46% que somente algumas pessoas o são. No entanto, apenas 1,5% admitem que são eles mesmos preconceituosos.

Para a amostragem, foram aplicados questionários online no final do mês de outubro, e os dados reúnem 1308 respostas de usuários de carros por aplicativo de todo o país. Do total, 42% dos passageiros e 58% dos motoristas se declaram pretos ou pardos. 

Quase metade (46%) de todos os respondentes já presenciou um ato de racismo em ônibus, trem, vans e metrô, e 1 em cada 5 negros afirma que já foi vítima de discriminação nesses locais. O levantamento também revelou o preconceito em estabelecimentos comerciais: 49% já presenciou em lojas e shoppings e 48% em mercados. Para as pessoas negras, esses são os lugares onde mais acontece racismo: 33% e 26% já foi discriminada neles, respectivamente. “Eu (preto) e meu primo (branco) estávamos discutindo no shopping e o segurança abordou ele perguntando se eu estava incomodando”, relata um dos respondentes. 

Em contrapartida, carro próprio e carros por app foram os meios citados como os mais seguros em relação ao racismo, com 72% e 32% das respostas, respectivamente.

“A pesquisa fortalece a necessidade de investirmos no combate ao preconceito, seja promovendo o respeito através de materiais como o Guia da Comunidade 99, seja aplicando uma política de tolerância zero em casos de discriminação”, diz Erica Tavares, Gerente Sênior de Experiência do Usuário da 99 e integrante do 99Afro, grupo que promove a diversidade e equidade racial na empresa. “É missão de todos incentivar a diversidade para uma sociedade mais inclusiva.”

Maioria acredita que educação é melhor forma de combater racismo

Acerca da melhor maneira de combater o racismo, 66% dos passageiros e 56% dos motoristas pretos e pardos responderam que o caminho é a educação sobre diversidade nas escolas. Na sequência, 52% dos passageiros e 45% dos motoristas acreditam que investir em campanhas de conscientização é a melhor saída.  

Para incentivar a diversidade e combater o preconceito, a 99 investe continuamente na promoção de respeito, gentileza e empatia nas corridas. Em parceria com o Instituto Ethos, a companhia criou o Guia da Comunidade 99, que tem como objetivo conscientizar mais de 20 milhões de passageiras, passageiros e motoristas. O documento, promovido através de campanhas no app e outras mídias, fomenta os comportamentos esperados na plataforma e dá dicas práticas de combate ao racismo e outras formas de discriminação.

“O objetivo da 99 é criar um círculo virtuoso de gentileza para que a gente tenha uma plataforma e também uma sociedade melhores”, afirma Erica Tavares. “Todas as pessoas, sejam motoristas ou passageiros, devem se tratar com respeito e respeitar as diferenças, pois na nossa comunidade há espaço para todo mundo.”

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