Home Blog Page 8

Entre catering, praia e restaurante, roteiro de Vale Tudo se perde no retorno da Paladar

0
Foto: reprodução

A trajetória de Raquel em Vale Tudo tem se tornado um verdadeiro retrato da instabilidade narrativa da novela. Da praia à Hípica, passando pela Paladar e retornando à areia com sua bandeja de sanduíches, a personagem vive uma montanha-russa de acontecimentos que, ao mesmo tempo em que emocionam, desafiam a lógica da trama. O público acompanha essa sucessão de idas e vindas com estranhamento, tentando entender os caminhos escolhidos pelos autores.

A sequência é marcada por constantes reviravoltas: Raquel começou vendendo sanduíches na praia, conquistou espaço ao abrir um restaurante na Hípica e se tornou sócia de Celina no espaço da Paladar, que oferecia também serviços de catering. Após perder a sociedade em um golpe articulado por Odete, retornou à praia, mais uma vez vendendo sanduíches, até que Celina adquiriu o espaço da Paladar e ela pôde transformá-lo em um novo restaurante. Um enredo que poderia mostrar crescimento, mas que se perde em idas e vindas quase sem respiro.

No capítulo exibido na terça-feira, a personagem chega a comentar com seu sócio Poliana que a renda obtida na praia não seria suficiente para manter o fluxo do negócio. O detalhe revela que, mesmo retomando contratos e reabrindo o restaurante, Raquel enfrenta desafios básicos de caixa para comprar alimentos e arcar com pagamentos. É uma fala breve, mas que chama atenção para algo essencial: o roteiro toca em questões de sobrevivência, mas não desenvolve aspectos importantes como logística, gerenciamento de equipe e finanças.

Esse ritmo acelerado e por vezes confuso deixa lacunas na narrativa. Em vez de aprofundar as dificuldades da personagem em administrar empreendimentos tão distintos, a novela parece preferir saltar de uma fase a outra, acumulando viradas rápidas. O resultado é uma sucessão de acontecimentos que, mais do que construir uma trajetória sólida, transmite ao público a sensação de improviso e descontinuidade.

No fim, a pergunta que fica é inevitável: será que todas essas mudanças fazem sentido dentro da história ou apenas enfraquecem a jornada de Raquel? O público, atento e crítico, é quem terá a palavra final sobre a coerência — ou não — desse roteiro que insiste em caminhar entre a emoção e a bagunça.

“Beleza Verdadeira”: Mulher desafia ataques à sua aparência e recebe elogio de Lenny Kravitz

0
Foto: Naomie Pilula

Naomie Pilula, advogada zambiana de 37 anos, se tornou alvo de ataques nas redes sociais após publicar uma selfie em junho. O post, aparentemente simples, gerou milhares de comentários negativos sobre sua aparência, especialmente seu nariz. Em entrevista exclusiva à People, ela relatou o impacto desses ataques e como lidou com a situação.

Filha caçula de sete irmãos, Pilula nasceu e cresceu na Zâmbia, onde padrões estéticos valorizam corpos curvilíneos. Por ser mais baixa e ter o corpo diferente do padrão local, ela ouvia desde cedo comentários como “coma mais, engorde mais”. Durante a universidade, na Austrália e na Nova Zelândia, Pilula foi muitas vezes a única mulher negra em sala de aula, enfrentando desafios ainda maiores para se sentir representada nos padrões de beleza distantes de sua cultura.

Sobre os ataques mais recentes, Pilula comentou: “Eu sei que uma das minhas características mais controversas, que foi o que causou furor na internet, era o meu nariz. É o nariz do meu pai. Por que eu iria querer remover uma característica que me identifica com o meu pai? Não faz sentido”. Ela lembra que o processo de aceitação não aconteceu de repente, mas que hoje se sente confortável com suas feições: “Houve um momento em que você se olhou e disse: ‘Gosto da minha aparência’. E esse momento fui eu. Ninguém pode tirar isso de mim, porque não me deram”.

Entre os milhares de comentários, Pilula recebeu manifestações de apoio que refletem reconhecimento dentro da comunidade negra. O cantor Lenny Kravitz celebrou sua autenticidade com a frase “Beleza verdadeira”, enquanto Tina Knowles, mãe de Beyoncé e referência de empoderamento, declarou: “Não deixe essas pessoas más roubarem sua alegria. Continue brilhando”. Essas palavras de figuras tão influentes reforçam a importância da autoestima, da resiliência e do orgulho de ser quem se é, mostrando que é possível se manter firme e confiante mesmo diante de ataques na internet.

No desfecho de toda a experiência, Pilula mostra que sua beleza vai muito além de padrões: “Não sou uma pessoa esteticamente bonita. Não sou, e tudo bem”. Com coragem e autenticidade, ela transforma críticas em afirmação de sua identidade. Sua história é um exemplo de força, autoestima e brilho próprio, mostrando que ser maravilhosa é se valorizar, se cuidar e irradiar confiança sem se curvar às expectativas da sociedade.

OAB e JusRacial lançam curso inédito para inclusão da perspectiva racial em decisões judiciais

0
Dr. Hédio Silva Jr. (Foto: Divulgação)

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o JusRacial lançaram nesta segunda-feira (1º), em Brasília, o curso nacional “Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial: Teoria e Prática”, uma iniciativa inédita voltada para a formação de advogados, magistrados e operadores do Direito em todo o país. O objetivo é alcançar 1,5 milhão de profissionais, ampliando a atuação jurídica com mais qualificação e compromisso com a equidade racial.

O evento de lançamento aconteceu na OAB/DF, e marcou também a apresentação do livro “Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial – Teoria e Prática, Vol. I”, escrito pelo advogado e jurista Dr. Hédio Silva Jr. Referência nacional na luta pela igualdade racial e na defesa das religiões afro-brasileiras, Hédio reúne na obra mais de três décadas de experiência em casos emblemáticos de racismo, intolerância religiosa e produção acadêmica sobre o tema. Publicado pela Emó Editora, o livro traz diretrizes para que decisões judiciais incorporem a perspectiva racial, em consonância com o princípio constitucional de erradicação do racismo.

Foto: Divulgação

“Este curso é um passo fundamental para assegurar imparcialidade e igualdade racial nas decisões judiciais. Incorporar a perspectiva racial aos julgamentos significa romper com sentenças racialistas que fazem com que um jovem negro seja considerado traficante por portar um 1,5 grama de cocaina, conforme reconhecido pelo STF ano passado, ao admitir estereótipo racial na atuação da polícia, do MP e do próprio Judiciário”, destacou Hédio Silva Jr.

Para ele, sem a perspectiva racial, não há justiça plena: “Nosso sistema de justiça foi construído, em grande medida, sobre bases que invisibilizam desigualdades raciais. Cada decisão que ignora essa dimensão contribui para a reprodução das exclusões. Este protocolo é, ao mesmo tempo, um convite à reflexão e um chamado à ação”.

A CEO da Emó Editora, Patricia Crepaldi, também ressaltou a importância da publicação: “Estamos muito felizes em receber o Dr. Hédio como autor. Seu trabalho, além do peso jurídico e ativista, representa um marco inspirador para jovens negros que desejam trilhar caminhos na literatura e no Direito”,

“Sempre tento agradar”: Leandro Firmino fala sobre seu casamento e a diferença para Jarbas em ‘Vale Tudo’

0
Fotos: Rafa Furtado e Reprodução/Rede Globo

Leandro Firmino, que hoje dá vida a Jarbas, motorista da família Roitman no remake de ‘Vale Tudo’, vai surpreender Consuelo (Belize Pombal) nos próximos capítulos, com uma festa e um novo pedido de casamento após 25 anos de união, um gesto que promete emocionar o público e reconquistar a sua esposa. Na vida real, Firmino, casado há 11 anos com a publicitária Letícia da Hora, afirma que vive um cenário diferente do de Jarbas.

O ator conta que, mesmo diante das crises que todo relacionamento enfrenta, busca alimentar o afeto no dia a dia. “Jarbas passa por uma situação muito comum. Ainda bem que ele acordou a tempo, já que ama a Consuelo. A trama leva muitos homens à reflexão. Não é porque você conquistou a pessoa no início da relação que conquistou para sempre. Tem dias que a gente não acorda bem, com problemas pessoais. Mas sempre tento agradar minha mulher, levo café na cama, dou caixa de bombom. Desde quando a gente casou. As crises acontecem, somos humanos, mas sempre busco dar carinho”, conta o ator em entrevista ao jornal Extra.

“Não tem uma receita de bolo. É abrir mão de determinadas coisas e se esforçar de forma contínua para alimentar a chama, até mesmo com pequenos gestos e palavras. Também é tentar compreender o outro e pedir perdão. Posso até estar certo, mas, para amenizar questões e problemas, eu peço desculpas”, completa.

Pai de dois meninos, Miguel, de 13 anos, e Levi, de 7, Firmino diz que sua relação com a paternidade também é bem diferente da de Jarbas. “Não sou esse pai que brinca tanto com os filhos como o personagem, talvez porque na minha infância eu tenha passado mais tempo dentro da escola do que em casa. Mas sempre tento interagir com o Levi, que é autista, pergunto como foi o dia dele. Tento ser um paizão do meu jeito, mas bem diferente do Jarbas. Sou bastante cuidadoso, principalmente se estiver faltando algo. Sou de levar ao médico quando precisa. Minha mulher até fala que Jarbas é mais próximo de mim pela mansidão dele, mas eu não concordo.”

Firmino foi um dos últimos atores a ser escalado em Vale Tudo. Mesmo com um personagem tão icônico, o ator disse recebeu o convite para interpretar Jarbas com certo receio. “Fiquei muito feliz, mas também preocupado. Eu não sabia muito bem o que queriam do personagem. Também não tive tempo de passar por todo o processo de preparação. Depois, entendi que o Jarbas era um pai de família, um homem simples, do dia a dia, muito parecido com um cara que mora ao lado de mim. Ele acorda todo dia de manhã, cuida da mãezinha, sai para trabalhar e volta. É um homem comum”, finaliza.

Cultivar corpo e mente: nutrição e saúde mental da população negra além do mês de setembro

0
Foto: Divulgação

Mais que reforçar Setembro Amarelo, entender como fatores nutricionais aliados a medidas de equidade podem melhorar a saúde mental das pessoas negras, com evidências reais e urgentes.

Por: Dr. Saulo Gonçalves – Nutricionista Clínico

A população negra no Brasil enfrenta, diariamente, desigualdades estruturais que impactam profundamente sua saúde mental. Racismo, discriminação, exclusão e violência são estressores psicossociais que aumentam a vulnerabilidade a quadros como ansiedade, depressão e suicídio. Estudos apontam que experiências recorrentes de discriminação racial afetam comportamentos alimentares — como comer por impulso ou buscar comidas ultraprocessadas — levando a disparidades no consumo de alimentos saudáveis e maior risco de obesidade. Além disso, evidências demonstram que negros e pardos têm acesso reduzido a serviços de saúde mental e piores desfechos clínicos, mesmo entre populações de baixa renda.

Alimentar-se de forma saudável não é apenas uma questão de escolha: é ferramenta de cuidado mental. No Brasil, estudos revelam que negros consomem menos frutas e verduras, enquanto a população branca consome mais insumos frescos e minimamente processados. Essa diferença não se deve só a preferências, mas à combinação de acesso limitado, infraestrutura inadequada e carga de estresse crônico — que afetam a qualidade da dieta e, por consequência, o equilíbrio mental.

Universitários brasileiros, indivíduos negros e pardos consumiam menos vegetais, mas mais bebidas açucaradas do que os brancos. No panorama nacional, não branca, menos escolarizada e sem plano de saúde são fatores associados a menor ingestão de frutas, vegetais e maior prevalência de comportamentos não saudáveis. Mulheres negras e pardas apresentam maior prevalência simultânea de obesidade e desnutrição do que mulheres brancas, refletindo vulnerabilidades acumuladas.

Por que isso importa na saúde mental?

Dieta ruim e insegurança alimentar geram estresse físico e emocional, piorando sintomas ansiosos e depressivos — especialmente em grupos historicamente marginalizados. Entretanto, incorporar nutrientes favoráveis ao cérebro — fibras, vitaminas do complexo B, magnésio — por meio de legumes, verduras, feijões e chás pode ser uma forma de empoderamento e promoção de bem-estar, especialmente quando aliado a reconhecimento da realidade racial.

Chás e ervas como prática acessível

Incluir chás calmantes como camomila, erva-cidreira ou maracujá na rotina pode aliviar sintomas de ansiedade e facilitar o sono. Cultivar essas plantas em casa — como hortelã, alecrim ou manjericão — torna o autocuidado mais acessível, simbólico e emocionalmente fortalecedor.

Promover acesso a alimentos saudáveis e permitir o cultivo doméstico não são apenas ações de saúde pública: são estratégias de justiça racial. Políticas afirmativas, quando conectadas à segurança alimentar, fortalecem a resiliência emocional da população negra e combatem determinantes sociais de saúde mental.

Cuidar da saúde mental da população negra — seja em setembro ou o ano inteiro — passa por enxergar a alimentação como ferramenta de
transformação. Nutrir o corpo e a mente é também confrontar desigualdades e cultivar esperança, pertencimento e resistência.

Cida Bento, autora do best-seller ‘O Pacto da Branquitude’, abre ‘Diálogos Antirracistas’ com entrada gratuita

0
Cida Bento (Foto: Douglas Lopes)

A quarta edição do Diálogos Antirracistas, evento tradicional do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), será realizado nos dias 17 e 18 de setembro, o Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Com entrada gratuita, o encontro celebra mais de três décadas de atuação da instituição na promoção da igualdade racial, de gênero e da democracia no Brasil. As inscrições podem ser feitas em eventos.ceert.org.br.

A programação inclui uma conferência com a doutora Cida Bento, autora do best-seller ‘O Pacto da Branquitude’ e cofundadora do CEERT. Sob o tema “CEERT 35 anos – Construindo um Futuro Ancestral”, o evento propõe reflexões sobre juventudes negras, educação, trabalho, justiça racial e justiça climática, destacando o papel histórico do movimento negro na defesa da democracia brasileira.

Entre os participantes estão nomes de destaque de diferentes gerações, como o cineasta Joel Zito Araújo, a diretora executiva do MOVER, Natália Paiva, o pesquisador do CEERT Antônio Carlos (Billy) Malachias, a diretora adjunta educacional do IFSP – Campus Hortolândia, Kênia Cristina Pereira Silva, e a coordenadora do CONAQ, Givânia Maria da Silva, além de outros especialistas e lideranças comprometidas com a promoção da diversidade.

Para Daniel Bento Teixeira, diretor executivo do CEERT, o Diálogos Antirracistas é uma oportunidade de reafirmar o compromisso da instituição com a diversidade e a inclusão. “O Diálogos Antirracistas é uma iniciativa importante para evidenciar a contribuição do movimento negro para a consolidação da democracia brasileira e a atuação do CEERT se conecta com a luta por direitos e enfrentamento ao racismo”, afirma.

Além da capital paulista, o evento se estenderá ao longo do ano para todas as regiões do país, com encontros regionais, debates e rodas de conversa. Uma instalação comemorativa também vai retratar a trajetória de 35 anos do CEERT e sua influência nas conquistas do movimento negro brasileiro.

A edição 2025 se inspira no conceito de Tempo Espiralar, formulado por intelectuais negras, que propõe uma visão de tempo não linear, conectando passado, presente e futuro. Essa perspectiva orienta a ideia de Futuro Ancestral: um futuro moldado pelos saberes, práticas e valores herdados dos antepassados.

O CEERT reforça, assim, seu papel histórico na constituição do que a ativista e intelectual Nilma Lino Gomes define como “Movimento Negro Educador”, mostrando que a história da democracia no Brasil está profundamente atravessada pela luta do povo negro, que segue educando a sociedade para torná-la mais justa e igualitária.

SERVIÇO: 

Evento: Diálogos Antirracistas 2025 

Data: 17 e 18 de setembro de 2025 

Local: Sesc Vila Mariana – R. Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo – SP Inscrições gratuitas: https://eventos.ceert.org.br/ 

‘Domingo no Parque’: Clássico de Gilberto Gil ganha musical e terá 90% dos artistas negros

0
Foto: Leo Aversa/Rolex

A canção “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil, vai ganhar uma adaptação especial para os palcos. O musical estreia em 3 de janeiro de 2026, no Teatro Claro Mais, em São Paulo. O espetáculo será formado por 90% dos artistas negros. A informação da coluna Mônica Bergamo da Folha de São Paulo.

As audições para o elenco acontecem em outubro deste ano. A produção tem texto e direção assinados por Alexandre Reinecke, enquanto a direção musical ficará a cargo de Bem Gil, filho de Gilberto Gil. A trilha sonora não se limitará às composições do baiano: o público poderá ouvir também músicas de Jorge Ben Jor, Chico Buarque, Caetano Veloso, e Peninha, além de seis faixas inéditas criadas especialmente para o espetáculo.

Em 1967, Gilberto Gil apresentou “Domingo no Parque” pela primeira vez ao público no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, onde ficou em segundo lugar. Depois, a canção entrou no álbum “Gilberto Gil (Frevo Rasgado)”, lançado no ano seguinte. A música é um marco ao retrato das influências do Movimento Tropicalista da época.

Promotor do RS afirma que réu negro não seria criminoso se tivesse levado chibatadas na infância

0
Foto: Divulgação

A Corregedoria do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) abriu uma investigação para apurar uma denúncia de racismo contra um promotor que, durante uma audiência do Tribunal do Júri em São José do Norte, teria sugerido que um réu negro não estaria cometendo crimes se tivesse recebido “chibatadas na infância”.

A fala racista aconteceu na última quarta-feira (27). Segundo relatos, o promotor que ainda não teve a identidade revelada, afirmou: “Se o réu tivesse recebido chibatadas quando criança, talvez, não estivesse sendo julgado naquele momento.”

A defensora do réu, a advogada Aisllana Zogbi da Silva, reagiu imediatamente e pediu que a declaração constasse em ata. Para ela, a manifestação do representante do MP-RS foi “absurda”, e ela ainda sugeriu que o promotor estudasse a história do Brasil. Aisllana formalizou denúncia junto à Corregedoria.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul confirmou que “de fato, foi registrada a manifestação verbal” do promotor. “A fala, considerada pela defesa como de cunho racista, foi formalmente consignada nos autos e encaminhada à Corregedoria-Geral do Ministério Público para as providências cabíveis”, comunicou o órgão.

Para o Mundo Negro, o advogado Dr. Hédio Silva Jr. disse que “a nota do TJ não explica porque a Juíza não deu voz de prisão em flagrante. Vou pedir o afastamento cautelar do promotor e representar criminalmente contra a Juíza por prevaricação por não ter dado voz de prisão em flagrante.”

O Ministério Público afirmou ter recebido a denúncia e declarou que não compactua “com esse tipo de conduta”, garantindo que “tomará todas as providências legalmente cabíveis”.

Como a identidade do promotor não foi divulgada, O UOL não conseguiu entrar em contato com a defesa dele. A reportagem também procurou a advogada do réu para mais comentários, mas não obteve resposta.

O réu, que respondia por homicídio qualificado e tentativa de feminicídio, foi condenado a 28 anos de prisão. O júri o considerou culpado por homicídio, mas afastou a qualificadora de feminicídio.

Powerlist Mundo Negro 2025: indique as Empreendedoras negras que movem a economia

0

Hoje é o último dia para fazer a diferença. A Powerlist Mundo Negro 2025, principal premiação dedicada a reconhecer mulheres negras no Brasil, está na fase de indicações populares e a categoria Empreendedora precisa da sua voz para colocar no mapa quem move a economia, cria soluções, gera emprego e transforma territórios com visão e resultado. Em anos anteriores, a Powerlist já homenageou trajetórias com forte DNA empreendedor, como Rosângela Silva, fundadora da Negra Rosa, referência em beleza para peles negras, além de nomes como Patrícia Santos, Mônica Anjos e Juliana Olivera e Rosângela Silva, fundadora da Negra Rosa (foto) , histórias que mostram o impacto real do nosso empreendedorismo.

Podem ser indicadas mulheres negras que lideram negócios em qualquer setor, como fundadoras, cofundadoras, sócias ou gestoras à frente de marcas, serviços, plataformas e iniciativas com operação real e impacto comprovado, seja em crescimento, inovação, geração de renda, inclusão ou sustentabilidade.

O processo funciona em etapas para dar transparência e força ao reconhecimento: nesta 1ª fase, que encerra hoje à meia-noite, o público indica e ajuda a definir o Top 5 da categoria; na sequência, a curadoria valida as indicações e prepara a shortlist; por fim, abrimos a votação final para anunciar a vencedora no palco do Powerlist.
Vote: https://powerlist.mundonegro.inf.br/votar/

https://powerlist.mundonegro.inf.br/votar

Arquitetura afro-brasileira: memória, resistência e projeção de futuro

0
Programa Aproxima – diversidade e inclusão étnico racial na arquitetura Crédito: Victor Lucena

Rosimeire Cruz

Arquitetos negros retratam as riquezas afro, estabelecendo novas narrativas e oportunidades para estudantes de arquitetura, designers e artistas afro-brasileiros

“Legado” é a palavra que tem permeado as narrativas do povo negro nos meios corporativos. Esse movimento, que contribui para o processo de compreensão da nossa história sob a ótica da participação na construção dos valores materiais que nos cercam, tem promovido uma mudança sistêmica e profunda na sociedade.

Os arquitetos Alexandre Salles, Yara Beatris Elias e Nicholas Oher, Além da galerista e artista plástica Camila Alcântara, são exemplos fundamentais de profissionais que participam desse novo momento — que escancara uma potência de conhecimento com assinatura autêntica, ancestral e marcada por muita luta.

“O design, a arte e a arquitetura negra não são novidade: são parte essencial da cultura brasileira e da história do projeto no país. O que se propõe é que essa presença não se esgote em ciclos ou recortes de ocasião, mas que seja tratada como parte estrutural da paisagem criativa contemporânea”, afirma o arquiteto Alexandre Salles, mestre em semiótica urbana e referência como pesquisador das relações entre arquitetura, cultura e identidade.

“Precisamos de referências e inspirações para atuar com arquitetura e arte. São essas bases que nos ajudam a criar novas formas de expressão sobre o que queremos comunicar. A representatividade é essencial, pois é o estímulo necessário para seguir em busca de um sonho. tendo como exemplo quem chegou antes e mostrou que era possível”, ressalta Yara Elias, arquiteta e urbanista, técnica em design de interiores e edificações, e pós-graduada em engenharia civil.

“Nossa prática é fluida, afetiva e comprometida com um design autêntico. Representatividade, para nós, é a possibilidade de sermos contadores de histórias, traduzindo afetos em forma, cor e matéria. A OHMA existe para afirmar a beleza da diversidade e a organicidade de um país que pulsa em muitas vozes”, pontua Nicholas Oher, arquiteto e urbanista cuiabano, especialista em cores e fundador da OHMA.

“A representatividade na arte contemporânea é fundamental. Eu me enxergo trilhando esse caminho através do meu trabalho como galerista e como artista também. O mercado e o sistema da arte como um todo ganham muito com a nossa presença e o nosso frescor”, contextualiza Camila Alcântara, cofundadora da Lateral Galeria Contemporânea de Arte.

O reconhecimento material e o acesso a bens de consumo continuam sendo pautas centrais para profissionais negros, que frequentemente veem sua história narrada por pessoas brancas que, historicamente, se apropriaram de seu conhecimento, sua arte e, consequentemente, de sua riqueza.

Essa invisibilização não apenas apagou nomes e trajetórias, mas também resultou na ausência de reconhecimento financeiro adequado pelos serviços prestados. A exploração contínua da mão de obra desses talentos, que ainda hoje precisam furar a bolha e demonstrar excelência acima da média para serem reconhecidos por seus feitos, tem promovido desigualdades e atrasos na economia brasileira.

O que a história conta

Do período colonial até a contemporaneidade, arquitetos, artesãos e mestres de ofício negros foram responsáveis por erguer parte significativa do patrimônio arquitetônico brasileiro — de igrejas e casarões coloniais a obras de infraestrutura que ainda hoje estruturam cidades. Esses profissionais, muitas vezes invisibilizados nos registros oficiais, foram os verdadeiros construtores de riquezas que sustentaram o desenvolvimento econômico e cultural do país.

É fato que arquitetos negros potencializam a arte e a cultura afro-brasileira, movimentam a economia do país e promovem reconhecimento cultural para as riquezas produzidas no Brasil. Mas, como reafirma o arquiteto Salles: “falar sobre a presença — ou a ausência — de profissionais negros em espaços curatoriais não é apenas uma questão estatística. É, acima de tudo, uma oportunidade de refletir sobre continuidade”.

Dar visibilidade a essa contribuição não é apenas uma reparação histórica, mas também um passo essencial para as novas gerações se consolidarem na área.  O Programa Aproxima, idealizado por Caroline Martins e Lourenço Gimenes, tem como objetivo promover a diversidade e a inclusão étnico-racial na arquitetura. A iniciativa integra um conjunto de ações voltadas para que a profissão, ainda elitista e majoritariamente ocupada por profissionais brancos, abra espaço para o novo — oportunizar estágio rotativo e estruturado a estudantes negros de arquitetura.

Toda vez que profissionais negros ascendem socialmente e têm a oportunidade de compartilhar seus saberes, a sociedade se beneficia, trilhando um caminho que conduz ao que de fato o Brasil representa: um país de primeiro mundo.

error: Content is protected !!