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O “Adestramento” da mulher negra: quando o racismo e a misoginia são institucionalizados

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Foto: © Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

O que aconteceu na Câmara dos Deputados no dia 2 de julho de 2025 não foi um simples embate político. Foi um ataque público e coordenado contra a Ministra Marina Silva, que é, além de Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, deputada federal eleita pelo povo brasileiro, ou seja, ela faz parte daquela Casa. Mesmo assim, ou justamente por isso, foi alvo de insultos, distorções, ironias, desrespeito e misoginia, num espetáculo que mais parecia um linchamento institucional do que uma audiência pública.

Deputados como Rodolfo Nogueira (PL-MS), que presidia a sessão e fez piada com o uso de avião oficial pela Ministra; Evair Vieira de Melo (PP-ES), que liderou os ataques com discurso inflamado e recheado de desinformação; além de Gustavo Gayer (PL-GO), Zé Trovão (PL-SC), Delegado Caveira (PL-PA), Silvia Waiãpi (PL-AP), Pastor Marco Feliciano (PL-SP), Rodrigo da Zaeli (PL-MT) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO), todos atuaram como se estivessem acima da Constituição, do regimento interno e do mínimo de decência parlamentar.

Utilizaram o microfone e a imunidade parlamentar, que deveria proteger o debate democrático como escudo para seus preconceitos individuais, escancarando o racismo, o machismo e a intolerância religiosa com ares de normalidade. Essa imunidade não foi feita para isso. O que vimos foi a distorção de um privilégio constitucional sendo usado para tentar silenciar e humilhar uma das figuras públicas mais respeitadas do Brasil e do mundo.

A violência política tem cor e gênero

É impossível assistir ao que aconteceu com Marina Silva e não reconhecer o padrão: a violência institucional contra mulheres negras no Brasil é muito mais brutal do que contra qualquer homem branco sob as mesmas condições. O que Marina enfrentou naquela audiência não seria tolerado se fosse dirigido a um ministro branco, de elite, ligado aos mesmos interesses que ela enfrenta diariamente com coragem.

A necessidade de mais mulheres no Congresso é inquestionável. Mas o que também é inquestionável, e revoltante, é que todas que chegam estão submetidas a um tratamento inconstitucional, violento, deslegitimador e, muitas vezes, impune. Isso não é democracia, é barbárie travestida de debate.

E que fique claro: Marina não estava ali como convidada, como alguém de fora. Ela é deputada federal eleita, com a legitimidade que muitos ali parecem querer esquecer. Seu lugar é naquela Casa, e sua voz incomoda exatamente porque representa um Brasil que eles se recusam a aceitar: plural, diverso, popular, negro, amazônico, resistente.

Os ataques não foram apenas pessoais, foram estratégicos. Acusaram a Ministra de “perseguir o agro”, de “confiscar gado”, de “culpar São Pedro” pelas queimadas, e de liderar um ministério “inoperante”. Tudo isso enquanto ignoram deliberadamente os dados que mostram uma queda de 46% no desmatamento da Amazônia e um investimento recorde em fiscalização e combate a incêndios.

Ao distorcer os fatos, esses parlamentares tentam sabotar políticas públicas que buscam proteger o meio ambiente, conter o colapso climático e enfrentar crimes ambientais. Fazem isso em nome de uma suposta “defesa do produtor rural”, mas, na prática, defendem interesses ilegais e predatórios que avançam sobre terras públicas, indígenas e de conservação.

Silenciar Marina é silenciar tudo o que ela representa ela, que hoje, um dos principais símbolos vivos da luta por justiça socioambiental. E é justamente isso que a torna alvo. Atacam Marina porque ela ousa dizer não à devastação. Porque ela diz sim à floresta, aos povos originários, à ciência e à democracia. Porque sua trajetória — uma mulher negra, evangélica, vinda do seringal — é uma ameaça à lógica racista e elitista que ainda domina o poder político brasileiro.

Quando a Deputada Juliana Cardoso (PT-SP) denuncia que Marina é atacada “por não se curvar e não se vender”, ela está dizendo o óbvio que muitos insistem em ignorar. E quando a Deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) afirma que “o que precisa ser adestrado nesta Casa é o racismo e a misoginia”, ela aponta o cerne do problema: o racismo político está institucionalizado, e ninguém faz nada.

A democracia está em risco e o silêncio é cúmplice

Essa audiência foi mais do que um episódio vergonhoso. Ela é um alerta sobre o que está em jogo. A tentativa de calar Marina é também uma tentativa de desacreditar os dados, atacar as instituições ambientais, relativizar o papel do Parlamento e transformar a arena política em um ringue de ódio.

E não podemos esquecer: muitos dos que hoje atacam Marina são os mesmos que flertaram com os atos antidemocráticos. São os mesmos que defendem a liberação total de agrotóxicos, o garimpo ilegal e o desmonte das leis ambientais. Eles não têm compromisso com o futuro, têm compromisso com a destruição.

Nossa resposta precisa ser coletiva, defender Marina Silva é defender a legitimidade das mulheres negras na política, a integridade das políticas ambientais, a ciência, o direito à verdade e o Estado Democrático de Direito. Não é apenas sobre uma pessoa. É sobre o Brasil que queremos construir e o Brasil que precisamos proteger.

Não basta mais dizer “repudiamos”. É hora de exigir responsabilização pública e política. É hora de cobrar dos partidos, das lideranças e da sociedade civil que digam: não aceitaremos mais esse tipo de violência.

Marina não está sozinha. Ela representa milhões de brasileiras e brasileiros que lutam todos os dias para existir com dignidade. E enquanto houver uma floresta em pé e uma mulher negra resistindo no poder, haverá esperança.
Por Priscilla Arantes, comunicadora de impacto com ênfase em Políticas Públicas, fundadora do Instituto Afroella e Natália Figueiredo, gerente de Políticas Públicas da Proteção Animal Mundial.

Michael B. Jordan e Danai Gurira voltam a atuar juntos no remake do clássico ‘The Thomas Crown Affair’

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Fotos: Muscular Dystrophy Association e Divulgação

Depois de atuarem juntos em ‘Pantera Negra’, Michael B. Jordan e Danai Gurira vão se reencontrar em um novo projeto que promete esbanjar estilo, tensão e representatividade. Os dois atores estão no elenco da nova versão de ‘The Thomas Crown Affair’, clássico do cinema de 1968 que agora ganha uma nova releitura sob o comando do próprio Jordan.

Além de estrelar, Michael B. Jordan também dirige e produz o longa por meio de sua produtora, a Outlier Society, ao lado de Elizabeth Raposo e do veterano Charles Roven (Oppenheimer). A produção começou nesta segunda-feira (7), em Londres, e a estreia nos cinemas já tem data marcada: 5 de março de 2027.

Taylor Russell (As Ondas), Lily Gladstone (Assassinos da Lua das Flores) e Kenneth Branagh (Hamlet), também estão confirmados no elenco. Jordan vai viver um bilionário sofisticado, apaixonado por arte e também por roubá-la. No centro de um suspense romântico de assalto, Russell será a investigadora privada que tenta capturá-lo. Os detalhes sobre os papéis de Gladstone e Branagh ainda estão sob sigilo, mas fontes apontam que Danai Gurira viverá a confidente do personagem de Jordan, em uma posição estratégica e poderosa.

O filme é baseado no longa original, estrelado por Steve McQueen e Faye Dunaway, que teve um remake em 1999 com Pierce Brosnan e Rene Russo. A nova adaptação mantém a temática de assalto e luxo, agora ambientada na Europa, e tem roteiro assinado por Drew Pearce (Missão Impossível: Nação Secreta), com base em versões anteriores de Wes Tooke e Justin Britt-Gibson. O roteirista do filme original, Alan Trustman, assina como produtor executivo.

Danai Gurira, aclamada por seu papel como Okoye nos filmes ‘Pantera Negra’ e ‘Vingadores’, volta a se encontrar com Jordan, que deu vida a Killmonger na Marvel.

‘Ruth & Boaz’: novo romance negro de Tyler Perry estreia em setembro na Netflix

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Foto: Netflix

Em um novo romance negro, a criatividade de Tyler Perry se une à sensibilidade espiritual de DeVon Franklin para dar vida a ‘Ruth & Boaz’, releitura contemporânea de uma das histórias de amor bíblica. O filme estreia em 26 de setembro na Netflix e acaba de ganhar um novo clipe cheio de química entre os protagonistas.

Estrelada por Tyler Lepley (Harlem) e Serayah McNeill (Empire), a trama se passa em Tennessee, nos Estados Unidos, e acompanha uma jovem que foge da cena musical de Atlanta para cuidar de uma viúva idosa. Em meio ao luto, à fé e à reestruturação da vida, ela encontra o amor e também reencontra uma figura materna que nunca teve.

Dirigido por Alanna Brown (Árvores da Paz) e com roteiro assinado por Michael Elliot (Jogada Certa) e Cory Tynan (Play’d: Uma História de Hip-Hop), ‘Ruth & Boaz’ é o primeiro fruto da parceria plurianual entre os estúdios de Perry e Franklin com a Netflix, dedicada à produção de filmes com temática religiosa.

O elenco reúne outro nomes brilhantes da televisão, como Phylicia Rashad (Creed), Walnette Santiago (Doom Patrol), Nijah Brenea (Maldito Rap), James Lee Thomas (Bad Boys: Até o Fim), entre outas participações especiais.

“Estou muito animado para trabalhar com DeVon neste e em projetos futuros. Acho que neste mundo polarizado, e em um momento em que o mundo parece estar ficando mais frio a cada dia, nós dois compartilhamos o objetivo comum de querer espalhar o bem. E não há lugar melhor do que a Netflix”, disse Perry ao Tudum.

Franklin também celebrou a parceria: “Tyler e eu somos grandes amigos há mais de 15 anos. Então, quando ele me chamou para trabalharmos juntos em filmes que pudessem elevar o espírito humano, agarrei a oportunidade e não poderíamos ter um parceiro melhor do que a Netflix para nos ajudar a inspirar o mundo.”

Jovem negro é morto com tiro na cabeça por PM

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Por Mundo Negro

Guilherme Dias Santos Ferreira, de 26 anos, voltava para casa após um dia de trabalho quando foi executado por um policial militar na Zona Sul de São Paulo. Ele carregava apenas uma marmita, um livro e a roupa do serviço.

Na última sexta-feira (4), Guilherme Dias Santos Ferreira, um jovem negro de 26 anos, foi morto com um tiro na cabeça disparado por um policial militar em Parelheiros, Zona Sul de São Paulo. Ele havia acabado de encerrar seu expediente como marceneiro e se dirigia ao ponto de ônibus para voltar para casa. Segundo sua esposa, Sthephanie Ferreira Dias, Guilherme foi assassinado “a sangue-frio”, pelas costas, por estar correndo para não perder o transporte público.

“Só porque era um jovem negro, preto, e estava correndo para pegar o ônibus, ele atirou”, disse Sthephanie. “Era o único jovem preto ali no meio e foi o atingido. Queremos esse policial na cadeia. Ele tem que pagar.”

Guilherme trabalhava havia quase três anos na mesma empresa, era casado, sonhava em ser pai e acabara de voltar das férias. No momento do crime, ele carregava em sua mochila apenas uma marmita, talheres, um livro e a roupa de trabalho. A informação de que ele havia registrado ponto às 22h28 foi confirmada por colegas e imagens do relógio eletrônico. Sete minutos depois, Guilherme estava morto.

O policial responsável pelo disparo, Fábio Anderson Pereira de Almeida, foi preso em flagrante, mas pagou uma fiança de R$ 6.500 e responde em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A versão inicial da PM é de que ele teria reagido a uma tentativa de assalto por motociclistas armados, e confundido Guilherme com um dos suspeitos. Mas testemunhas, a família e o boletim de ocorrência apontam que o jovem não tinha qualquer relação com a suposta abordagem criminosa.

A Polícia Civil já o reconhece oficialmente como vítima, e a investigação segue com base em provas que desmontam a narrativa inicial do PM. Ainda assim, o policial está livre.

Guilherme era descrito como um “homem de Deus”, trabalhador, afetuoso, e alguém que vivia entre o serviço, a casa e a igreja. Ele e Sthephanie planejavam ter filhos, reformar a casa e fazer uma viagem em agosto para comemorar dois anos de casamento.

Mais um corpo negro tombado pelo braço armado do Estado.

Num país em que mais da metade da população é negra, mas a maioria dos mortos pela polícia também, o caso de Guilherme não é uma exceção, é um retrato do genocídio da juventude negra brasileira. A cor da pele ainda decide quem vive, quem morre e quem será confundido com um criminoso só por estar correndo para pegar o ônibus.

João Gabriel homenageia Tebas em projeto potente na CASACOR Bahia 2025

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Com mais de 120 projetos realizados em 17 estados do Brasil e em três países, João Gabriel é um dos principais nomes da nova geração da arquitetura brasileira. Em 2025, foi reconhecido pela Casa Vogue como um dos 50 arquitetos mais relevantes do país. Criador de A Sala Preta, a primeira mentoria gratuita voltada exclusivamente para arquitetos negros, João vem construindo uma rede potente de trocas, pertencimento e transformação dentro do mercado.

Na sua segunda participação na CASACOR Bahia, o arquiteto apresenta ‘O Ateliê de Tebas’, um ambiente que não apenas ocupa espaço, mas também resgata memórias e propõe novos futuros. A inspiração vem de Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas — homem negro, mestre de obras e arquiteto responsável por construções emblemáticas no Brasil colonial do século XVIII, especialmente em São Paulo. Mesmo com um legado significativo, sua trajetória foi invisibilizada por séculos e só recentemente passou a ser reconhecida pela história oficial.

Inspirado pelo tema “Semear sonhos”, o ateliê imagina um presente em que Tebas não é exceção, mas ponto de partida. Com estética retrofuturista e linguagem visual marcada por madeira escura, curvas, verde profundo e amarelo queimado, o espaço valoriza o tempo como elemento central. Marcas do passado, como ladrilhos antigos, madeira e paredes de adobe, são preservadas e exibidas como parte da narrativa. A tecnologia também se faz presente: os notebooks de alta performance da Avell mantêm o ambiente em pleno funcionamento criativo.

Sem registro oficial do rosto de Tebas, João Gabriel convidou três artistas negros para preencher esse vazio com arte e representatividade. Emerson Rocha (@de.saturno), Rynnard (@rrynnard) e Elson Júnior (@elsonjuniorr) assinam obras que ocupam o ambiente com corpos e faces negras, resgatando memória pelo campo da imaginação. Um mural criado pelo próprio arquiteto retrata Tebas ao lado de arquitetos negros contemporâneos — num gesto simbólico que propõe: e se fossem eles os ancestrais?

O Ateliê de Tebas é mais que um espaço expositivo. É parte de um movimento que reposiciona narrativas, celebra a presença negra na arquitetura e afirma: sonhar é um ato coletivo, e profundamente político.

Professoras pagam para desmanchar cabelo crespo de adolescente negra e gera revolta na web

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Fotos: Reprodução/Redes Sociais

Professoras organizaram uma vaquinha entre elas para pagar um procedimento capilar que transformasse o cabelo crespo tipo 4C de uma adolescente negra em um modelo com cachos e causou revolta nas redes sociais.

A garota foi exposta em uma gravação feita pela própria cabelereira. Ao questionar para a garota o que ela queria fazer nos cabelos, ela respondeu: “A minha professora mandou fazer cachos”. Segundo a profissional, as docentes se reuniram na escola para pagar pela transformação, como forma de presente. Em seguida, ela é apresentada com os cachinhos baixinhos e uma maquiagem que também embranqueceu a sua pele retinta.

“Extremamente problemático!”, criticou a professora antirracista Bárbara Carine, conhecida como Uma Intelectual Diferentona, que trouxe o caso à tona. “Muito provavelmente as professoras que se reuniram pra fazer essa vaquinha, pra doar um permanente afro no intuito de apagar, desconfigurar, descaracterizar essa identidade retinta com o cabelo 4C que ela tem, fizeram isso na maior das intenções.”

“Muito possivelmente elas se sentem incomodadas por essa estética presente na sala de aula e elas pensam o seguintes: ‘se isso me incomoda, imagina ela, vamos ajudar'”, reflete.

No vídeo, Bárbara também identifica o comportamento acuado da garota. “A jovem começa o vídeo em uma postura curvada, falando baixo, uma timidez socialmente programada para pessoas negras desajustadas em um contexto social, pessoas negras que não se reconhecem, empoderadas socialmente, e o vídeo termina com ela falando do mesmo jeito, com a mesma postura”, avalia. “Transformar esse cabelo 4C em um cabelo cacheado, não vai trazer empoderamento nenhum pra vida de uma pessoa, a menos que a pessoa tenha consciência disso, a menos que a pessoa queira muito isso.”

Segundo a educadora, empoderamento é ter consciência critica racial da sua identidade. “Saber-se linda. Saber que esse seu cabelo é sua coroa. Saber que ela existe com uma identidade que vai para além de uma dimensão estética, mas que é uma identidade histórica. Saber que ela tem uma identidade cultural. Saber que ela tem memórias positivas. Saber que pessoas parecidas com ela produziram e produzem coisas incríveis no mundo hoje.”

Para fazer um bem a adolescente, as professoras deveriam trazer perspectivas africanas, afro diaspóricas, afro-brasileiras, disse Bárbara. “Fiquei muito triste, muito incomodada com vida e espero que isso chegue para essas professoras”, desabafou.

Moda, ancestralidade e negócios: o afroempreendedorismo como potência cultural e econômica

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Foto: Santa Resistência/Victor Vieira

Texto: Rachel Maia

Há algo de revolucionário quando uma mulher negra amarra um turbante, quando um homem negro veste uma estampa inspirada em símbolos africanos, quando uma marca nasce com o propósito de exaltar raízes que, por muito tempo, foram marginalizadas. Isso não é apenas moda — é um ato de resistência, identidade e movimento. 

Num país onde a população preta e parda é maioria — 56% dos brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — e enfrenta os maiores índices de desigualdade social, empreender torna-se, muitas vezes, uma questão de sobrevivência. Mas também é, cada vez mais, um ato de reinvenção e afirmação. É sobre criar com propósito, gerar renda com consciência e romper com narrativas que nos foram impostas.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 51% dos empreendedores no Brasil são negros. A maioria começa sem capital, sem crédito e sem apoio. Mas o que eles têm — e não é mensurado em planilhas — é força ancestral, visão de futuro e uma criatividade que pulsa em cada detalhe.

Afroempreendedorismo: transformar o presente e desenhar o futuro

A moda afro-brasileira é a vitrine desse movimento, marcas como Santa Resistência, Meninos Rei, Dendezeiro, Moikana Afro Wear, Ateliê Mão de Mãe, entre tantas outras, estão ganhando espaço não apenas nas passarelas, mas nas conversas, nos editoriais, nas ruas e nas redes. Não é só sobre vender roupas — é sobre pertencimento, cultura e economia.

O relatório Afroempreendedorismo Brasil, da PretaHub, mostrou que 80% dos negócios liderados por pessoas negras foram criados por necessidade. Mas o que nasceu da urgência, hoje, se transforma em potência cultural e econômica. E a pergunta que precisa ser feita é: como fomentar o acesso a recursos financeiros para esses talentos? Não há mais tempo para invisibilidade — agora é hora de reconhecer, valorizar e investir em quem transforma o país com criatividade, coragem e ancestralidade.

Cada empreendedor negro que rompe o ciclo da informalidade contribui para o aquecimento da economia, impulsiona a geração de empregos com foco em diversidade e fortalece a inclusão produtiva. Iniciativas como o Programa Nacional de Fomento ao Empreendedorismo Negro, lançado em 2023 pelo governo federal, são fundamentais — mas ainda insuficientes diante do que precisa ser feito. 

Chega de romantizar a resiliência. É preciso transformar discurso em ação e garantir que os empreendedores tenham acesso a políticas públicas com recorte racial e de gênero, crédito, presença em editais e espaço nas mídias. Pois essas soluções criativas que, mesmo diante da escassez, protagonizam uma revolução silenciosa, potente, transformadora e de impacto positivo para toda a sociedade, podem fazer ainda com os recursos necessários. 

O afroempreendedorismo não é tendência. É futuro. E o futuro não pede licença — ele chega, colorido, estampado, com gingado, com propósito e com memória. E se o Brasil quiser se reinventar como nação, precisa reconhecer essa força criativa que faz a diferença na economia e na sociedade — inserindo, potencializando e reconhecendo a cultural afro-brasileiro. Porque, quando um povo se reconecta com suas raízes, não há estrutura que o contenha. Há apenas espaço para florescer e vencer.

Raquel rasga o vestido de noiva de Maria de Fátima em cena histórica de ‘Vale Tudo’, que vai ao ar nesta semana

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Foto: Globo

Prepare-se para um dos momentos mais intensos da novela ‘Vale Tudo’. Nos próximos capítulos, Raquel (Taís Araujo) finalmente encara Maria de Fátima (Bella Campos) e a verdade vem à tona: a filha foi responsável por destruir seu casamento com Ivan (Renato Góes) e ainda está envolvida com César (Cauã Reymond).

Nos bastidores exibidos pelo Fantástico no domingo (6), Raquel irá agredir a Maria de Fátima e rasgar o vestido de noiva, assim como ocorreu no clássico de 1988. A tensão que marcou a televisão gera expectativas para os fãs que aguardam ansiosamente pelo embate entre mãe e filha, que pode marcar um rompimento definitivo. “Agora eu sei exatamente quem você é”, afirma Raquel em um desabafo doloroso.

Fátima confessa que só não fugiu com César porque pretende se casar com Afonso, pensando no dinheiro. A resposta deixa Raquel indignada: “Você vendeu a casa que a gente morava, destruiu a minha relação com o Ivan, roubou um dinheiro que não era seu”.

O embate termina com Raquel expulsando Fátima de casa e profetiza: “Você pode até ficar rica agora, mas um dia vai cair. Você vai tombar, Maria de Fátima”. É o momento em que Raquel se liberta da filha que sempre a desrespeitou e deixa claro que não vai mais estender a mão, nem se ela implorar.

Enquanto isso, Gilda (Letícia Vieira) tenta proteger Fátima, mas a verdade escapa e a foto que revela seu caso com César chega até Raquel. A desconfiança aumenta. Gilda ainda chega a levantar a suspeita de que Fátima possa estar ligada ao atropelamento que sofreu.

O capítulo vai ao ar às 21h20, na TV Globo.

Cadeira Peacock: símbolo de poder, ancestralidade e resistência negra

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Imagem: The New York Times

Conheça a história que vai além do luxo.

A cadeira Peacock, feita em vime com encosto alto que lembra a cauda de um pavão, nasceu nas Filipinas, fruto de artesanato local, usando materiais como rattan e bambu. Apesar de sua origem asiática, foi na diáspora africana que ela conquistou um novo significado.

Nos anos 1960 e 1970, ela deixou de ser apenas um item decorativo para se tornar um símbolo de poder e identidade preta. Tudo começou com a icônica fotografia de Huey Newton, cofundador do Partido dos Panteras Negras, sentado em um exemplar, segurando um rifle e um escudo tradicional africano; essa imagem consagrou o modelo como um trono da resistência negra

Além disso, a cadeira se consolidou como um símbolo visual forte ao aparecer em cenas de filmes importantes como Black Panther e Wakanda Forever, e também foi usada por personalidades como Lenny Kravitz, reforçando seu status de trono simbólico da comunidade negra.

Para muitos, a cadeira representa potência silenciosa: ela se impõe como “um trono de identidade”, reforçando mensagens de orgulho e centralidade. Michelle Wilkinson, curadora do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, destaca que a cadeira Peacock foi adotada como símbolo de empoderamento e pertencimento cultural.

Até hoje, continua viva em produções que exaltam o protagonismo preto. Em Black Panther, os tronos de T’Challa e Ramonda são inspirados no design da cadeira, reforçando a ideia de liderança e majestade preta, fundindo tradição e modernidade .

Conhecer essa trajetória é mais do que entender um item de decoração: é reconhecer como a diáspora negra ressignificou um objeto de origem filipina e o transformou em símbolo de liderança, acolhimento e resistência, um trono que carrega história, ancestralidade e poder.

50 Cent: Ele saiu das ruas de Queens e hoje comanda séries, marcas e milhões.

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Curtis Jackson, mais conhecido como 50 Cent, é um daqueles nomes que atravessam gerações. Saiu das ruas do Queens, em Nova York, e construiu um império que vai muito além do rap. Hoje, é referência em empreendedorismo, audiovisual e estratégia de marca. Mas o caminho até aqui foi tudo, menos simples.

Crescido em uma realidade difícil, 50 Cent teve contato com as ruas desde cedo. Ainda jovem, começou a escrever letras que refletiam o cotidiano que via e vivia. A música era tanto válvula de escape quanto plano de futuro.

Em 2003, ele explodiu mundialmente com o álbum Get Rich or Die Tryin’. Hits como “In Da Club” e “21 Questions” dominaram as paradas e colocaram 50 Cent entre os nomes mais influentes do rap. Mas, antes da fama, ele passou por um episódio que marcaria sua vida para sempre: em 2000, sobreviveu a nove tiros, algo que não só interrompeu temporariamente sua carreira, como deu outro peso à sua história de superação.

O sucesso na música abriu portas para algo ainda maior. 50 Cent percebeu que poderia crescer para além dos palcos e dos estúdios. Investiu em diferentes setores: bebidas, moda, cinema, livros e, claro, televisão.

E foi na TV que ele virou o jogo de vez.

Como criador e produtor executivo da série Power, exibida pela Starz, 50 Cent colocou sua assinatura em uma das produções mais assistidas da década. A série não só virou fenômeno entre o público, como também foi responsável por alavancar a audiência da plataforma, que até então não tinha tanta força. Depois de Power, vieram novos projetos, como Power Book II, Raising Kanan e BMF — todos sob o selo de sua produtora, G-Unit Film & Television.

A trajetória de 50 Cent virou até filme: Get Rich or Die Tryin’ (2005), uma cinebiografia que mistura ficção com elementos reais da sua caminhada. O longa mostra desde a infância difícil até o estrelato, passando pela relação com a rua, a música e a tentativa de reconstrução.

Hoje, 50 Cent é mais que um artista. É empresário, produtor e estrategista. Do rap pros negócios, da rua pra TV. Construiu um caminho que poucos imaginavam, e segue mostrando como se faz quando se assume o controle da própria narrativa.

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