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‘Black Nile’: Designer cria aplicativo e conecta mais de 3 mil empreendedores negros a consumidores

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Foto: Reprodução/Dacia Petrie

Enquanto grandes varejistas, como Amazon, Target e Walmart, reduzem iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) nos Estados Unidos, consumidores buscam formas de fortalecer pequenos negócios de propriedade de negros. Foi nesse contexto que a designer de interface Dacia Petrie criou o Black Nile, um aplicativo que reúne empresas e serviços de empreendedores negros em uma única plataforma.

Lançado como uma resposta à demanda por ferramentas mais eficientes de apoio a esses negócios, o Black Nile já lista mais de 3.000 empresas em mais de 40 categorias, incluindo moda, beleza, gastronomia, turismo e produtos infantis. A proposta, segundo Petrie, é oferecer uma experiência intuitiva, diferentemente de diretórios tradicionais, que muitas vezes não são otimizados para mobile.

“Vi alguém nos comentários pedindo uma ‘Amazon Negra’. Irmã, eu vou segurar sua mão quando disser: isso não é a Amazon. É o Black Nile”, brincou ela sobre o nome do app, que faz referência ao rio Nilo, maior rio do mundo em extensão, que percorre 11 países africanos, nasce em Ruanda e na Etiópia, e deságua no Mar Mediterrâneo, no Egito. O rio é visto como símbolo histórico de prosperidade.

@daciapetrie What are you afraid to let go of? I be making these for my myself & my future kids, but it might help someone. #christiantiktok #jesus #jesusisking #relationships #advice ♬ MILLION DOLLAR BABY – Tommy Richman

Integrado ao Google Maps, o aplicativo permite localizar estabelecimentos físicos próximos e traçar rotas. Os usuários também podem avaliar os serviços após as compras. “Criei isso para tornar o apoio a negócios negros o mais fácil possível”, explicou Dacia Petrie, que usou sua experiência em design para priorizar a usabilidade.

A iniciativa surge em um momento de recuo corporativo em políticas de DEI nos EUA. Um relatório de 2023 do Instituto McKinsey mostrou que investimentos em diversidade caíram 18% entre grandes empresas no último ano — tendência que, para Petrie, reforça a necessidade de soluções independentes.

Disponível para iOS e Android, o Black Nile não cobra taxas das empresas cadastradas. A renda vem de doações e futuras parcerias, segundo a criadora. “É sobre dar visibilidade e conexão”, resume.

STF reverte absolvição de acusado de esconder armas do caso de assassinato de Mãe Bernadete

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Foto: Reprodução/Bem Blogado

O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou a legalidade das provas obtidas na investigação do assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico Moreira, conhecida como Mãe Bernadete, e restabeleceu a condenação de Carlos Conceição Santiago por posse irregular de arma de fogo. A decisão, proferida pela ministra Cármen Lúcia, acolheu recurso do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e anulou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que havia absolvido Santiago por considerar ilegais as provas colhidas sem mandado judicial.

O caso, que ganhou repercussão nacional pela brutalidade do crime e seu impacto na luta pelos direitos quilombolas, remonta à investigação do homicídio de Mãe Bernadete. Durante as diligências, a polícia prendeu Arielson da Conceição dos Santos, suspeito de envolvimento no crime. Em depoimento, Arielson indicou que as armas usadas no assassinato estavam escondidas na oficina de Carlos Conceição Santiago. A busca no local resultou na apreensão do armamento, que, segundo laudo pericial, foi efetivamente utilizado no crime.

A defesa de Santiago argumentou que a entrada no imóvel sem mandado judicial violava a inviolabilidade de domicílio, prevista na Constituição. O STJ acatou o argumento e anulou as provas, absolvendo o réu. O MP-BA, no entanto, recorreu ao STF, sustentando que a ação policial estava amparada pelo Tema 280 da Repercussão Geral, que permite buscas sem mandado em casos de crime permanente.

Em sua decisão, a ministra Cármen Lúcia destacou que os agentes agiram com base em informações diretas sobre a ocultação das armas e que a diligência foi essencial para elucidar o homicídio. Ela ressaltou ainda que Santiago confessou a posse do armamento e que a perícia confirmou o uso das armas no crime.

“A busca foi devidamente fundamentada, diante da possibilidade de continuidade delitiva e da ocultação de provas”, afirmou a ministra. Com a decisão, o STF não apenas revalidou a condenação de Santiago como reforçou o entendimento de que a entrada policial sem mandado é legítima quando há indícios concretos de crime em andamento.

Relembre o caso

Na noite de 17 de agosto de 2023, Maria Bernadete Pacífico, líder da Comunidade Remanescente de Quilombo Pitanga de Palmares, em Simões Filho, foi assassinada com 25 tiros em seu terreiro. A ação foi realizada por bandidos armados que invadiram o local, amarraram pessoas e executaram Mãe Bernadete. Em depoimento à polícia, uma residente do quilombo disse que  ao chegar ao terreiro, ouviu os disparos e se abrigou em um veículo nas proximidades. A quantidade exata de pessoas que estavam na propriedade durante o ataque ainda não foi divulgada. Mãe Bernadete era também mãe de Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como ‘Binho do Quilombo’, vítima fatal de um assassinato em 2017, ocorrido dentro de seu carro, nas proximidades da Escola Centro Comunitário Nova Esperança, situada em Pitanga dos Palmares.

Em setembro do mesmo ano, três homens suspeitos de envolvimento no assassinato da líder quilombola, foram presos. Os homens tiveram diferentes participações na morte de mãe Bernadete. Um dos suspeitos seria o executor do crime, o outro é apontado como responsável por guardar as armas usadas na execução da ialorixá, além de ter sido preso por porte ilegal de arma de fogo e o terceiro suspeito teria feito a receptação dos celulares da vítima e de seus familiares durante a ação criminosa. Dias antes, duas pistolas, com munições e três carregadores, dois deles estendidos, que teriam sido utilizadas no crime foram localizadas em uma oficina mecânica na comunidade de Pitanga dos Palmares, na zona rural de Simões Filho, mesma localizado onde fica o quilombo em que morava a ialorixá. O mecânico foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.

Em julho de 2024, mais um suspeito de envolvimento na morte da líder quilombola foi detido na Bahia. Ydney Carlos dos Santos, conhecido como “Café”, foi preso no dia 24 de julho no bairro de Stella Maris, em Salvador. Ele é o quarto suspeito a ser preso por participação no crime, sendo acusado de colaborar na execução da líder comunitária.

As investigações indicaram que Ydney Carlos dos Santos atuava como assistente direto de Marílio dos Santos, acusado de ser o mandante do crime. Ydney teria participado do planejamento do assassinato de Mãe Bernadete. Além disso, Josevan Dionisio dos Santos é apontado como um dos executores imediato do crime.

Rita Batista se despede do “Saia Justa”: “Um prazer imenso construir essa nova história”

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Foto: Globo/João

A nova temporada do programa Saia Justa, do canal GNT, estreia em abril com mudanças no elenco. A apresentadora Rita Batista anunciou na última segunda-feira (25), por meio de uma publicação no Instagram, sua saída do programa. Além de Rita, Tati Machado também se despede do time de apresentadoras da atração que seguem no sofá, Bela Gil e Eliana.

Em uma publicação no Instagram, a baiana celebrou sua trajetória ao lado das colegas: “Que temporada fizemos! ❤️ Foi um prazer imenso construir essa nova história do #SaiaJusta ao lado de vocês. Obrigada por compartilharem esses momentos comigo. Vida longa ao nosso encontro!”

Em seus stories, Rita afirmou ainda que segue como uma das apresentadoras do É de Casa, transmitido pela Globo nas manhãs de sábado: “Tá tudo bem, tá tudo certo, é do jogo. Vivendo e aprendendo a jogar. Continuo no meu programa residente, o ‘É de Casa’. E vida longa, a vida é um presente. Vida longa ao GNT”, afirmou.

Na segunda, a emissora enviou uma nota oficial à imprensa para confirmar a informação, afirmando que a saída das duas apresentadoras abre espaço para outras vozes femininas: “Rita Batista e Tati Machado se despedem desta temporada e, como parte da tradição do Saia, abrem espaço na roda para outras vozes femininas, que serão reveladas em breve. Tati Machado estará presente até sua licença maternidade dando sua contribuição ainda mais especial em maio, mês das mães”, divulgou a emissora.

Adolescência: estudantes negros e o retrato de uma escola que adoece

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O caos das escolas públicas foi um dos vários incômodos que senti assistindo à série Adolescência, sucesso de crítica e audiência exibido pela Netflix. Em especial no segundo episódio, que se passa quase inteiramente dentro de uma escola, é quase claustrofóbico observar tantos jovens em um ambiente cinza — no sentido real e também metafórico. A violência verbal parece naturalizada; há falta de comprometimento por parte de alguns professores, reflexo de baixos salários; o bullying acontece diante de alunos e coordenadores que nada fazem. E, após o assassinato de Katie, a rotina seguiu como se nada tivesse acontecido, revelando uma brutalidade já normalizada. O luto se fez presente apenas na figura de Jade (Fatima Bojang), melhor amiga da vítima.

Fatima Bojang como Jade- Foto: Reprodução Netflix

“Ela era a única pessoa que me entendia.” Essa frase pode ter muitas leituras, mas sabemos que, além da misoginia — abordada de forma brilhante na série — o racismo e a xenofobia também são temas que aparecem nas relações dos jovens, inclusive em grupos online. Se uma das reflexões de Adolescência é sobre frustrações transformadas em violência, é urgente incluir as questões raciais nesses debates.

Jade vem de um lar desestruturado, sem apoio da mãe, e sua cena final — o corpo jovem e negro, sozinho em meio a uma multidão — traduz outro tipo de adolescência: aquela em que nem os pais estão presentes, e o Estado falha de maneira sistemática.

Nos últimos anos, aumentaram os relatos de racismo no ambiente escolar, onde até mesmo grupos de WhatsApp e outros redes sociais,  têm sido usados para humilhar estudantes negros.

No Brasil, tivemos o caso da aluna, filha de senegaleses, estudante do Colégio Franco-Brasileiro, que precisou mudar de escola após ser vítima de racismo. Em outro episódio doloroso, em 2024, um estudante negro e gay do colégio Bandeirantes tirou a própria vida após sofrer discriminação racial e social. A exposição constante a ambientes hostis, marcada por exclusões e violências simbólicas, pode impactar profundamente a saúde mental dos jovens.

A solidão dos alunos negros dentro das escolas também aparece na trajetória de Adam Bascombre (Amari Bacchus), filho do policial que investiga o caso ( Ashley Walters) . Ele falta frequentemente às aulas por conta da maneira como é tratado — inclusive na frente dos professores.

Um estudo publicado em 2021 no JAMA (Journal of the American Medical Association) revelou que, entre 1991 e 2019, a taxa de suicídio entre adolescentes negros nos Estados Unidos aumentou 79%, sendo o único grupo racial com crescimento significativo nesse período. Aqui no Brasil, um estudo realizado em 2023 pelo Ministério da Saúde apontou índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos.

Se a série tem gerado um debate global sobre a violência de gênero desde a infância e alertado para os impactos emocionais sobre meninos, é igualmente necessário refletir sobre como meninos e meninas brancos interagem com pessoas racialmente diferentes. Não precisamos esperar por casos extremos: a violência que não deixa marcas visíveis já tem custado vidas.

O discurso de ódio tem crescido, com jovens sendo aliciados por ideologias extremistas, como o neonazismo. Os debates sobre diversidade parecem perder força em um mundo em que homens brancos tentam mais uma vez controlar os comportamentos sociais. Por isso, discutir a internet tóxica fazendo um recorte de raça entre os jovens — inclusive com crianças — se torna mais urgente do que nunca..

Os personagens de Adam e Jade não têm tanto tempo de tela por acaso. Eles representam uma adolescência que raramente é colocada no centro das discussões. E a pergunta permanece: quem está falando sobre esse tipo de adolescência?

De passagem no Brasil, conheça Kai Cenat, o streamer com o maior número de inscritos no Twitch

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Foto: Reprodução/Instagram

O streamer norte-americano Kai Cenat, de 23 anos, está de passagem pelo Brasil e tem viralizado com momentos super divertidos no Rio de Janeiro, servindo looks no estilo brasileiro e vivendo muitas aventuras, conheceu o influenciador Luva de Pedreiro, provou o melhor das comidas brasileiras, e foi para diversas festas.

Cenat tem uma trajetória impressionante no mundo das lives. Sua estreia na Twitch ocorreu em fevereiro de 2021 e, nos dois anos seguintes, foi eleito o melhor streamer, se consolidando como um dos principais nomes do entretenimento.

Em 2023, ele alcançou quase 303 mil inscritos na Twitch, e se tornou o proprietário do canal com o maior número de assinantes da história da plataforma, durante uma transmissão contínua – conhecida como subathon – de 30 dias. Na plataforma, os usuários inscritos pagam mensalmente para apoiar e acessar conteúdo exclusivo desses criadores.

Um dos seus feitos mais recentes, em novembro de 2024, um novo evento de transmissão contínua de 30 anos, intitulado “Mafiathon 2”, garantiu que ele alcançasse 728.535 inscritos, estabelecendo um novo recorde na plataforma. Para atrair mais inscritos, Cenat recebeu diversos convidados famosos como Snoop Dogg, Serena Williams e Bill Nye, neste período.

Atualmente, Cenat também conta com mais de 16,7 milhões de seguidores. Ficando atrás apenas do Ninja, com 19,2 milhões, Ibai 17,3 milhões, e Auronplay com 16,8 milhões.

Denzel Washington brilha na Broadway e peça bate recorde de bilheteria com US$ 2,8 mi em uma semana

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Foto: CJ Rivera/Invision/AP

Com os astros Denzel Washington e Jake Gyllenhaal, “Othello” se tornou um fenômeno nos Estados Unidos, alcançando a maior bilheteria da Broadway ao arrecadar US$ 2,8 milhões em apenas uma semana.

Para Washington, este trabalho tem um significado especial. “É o momento mais animado que já fiquei neste século. Sério. Nunca fiquei tão animado com nada que já fiz como estou com isso”, contou em entrevista à CBS News.

Apesar de Washington ser vencedor de dois Oscars por ‘Tempos de Glória’ e ‘Um Dia de Treinamento’, ele destaca que não sabe o que significa ser um ator de Hollywood. “Eu sou um ator de teatro que faz filmes; não é o contrário. Eu fiz o palco primeiro. Aprendi a atuar no palco, não no cinema. Filmes são o meio de um cineasta. Teatro é o meio de um ator. A cortina sobe, ninguém pode te ajudar”.

Em “Othello”, seu sexto trabalho na Broadway, o vencedor do Tony Award por ‘Fences’, desta vez encarna o poderoso general cuja confiança é minada por Iago, vivido por Gyllenhaal. A peça ganha uma ambientação contemporânea, incluindo discussões sobre TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) entre soldados.

Washington, agora aos 70 anos, também refletiu sobre como ele se relaciona com a peça e sua linguagem diferentemente de quando tinha 22 anos: “Eu sei muito menos agora. Eu achava que sabia tudo naquela época! Eu realmente não gostava do papel, porque eu não era sábio o suficiente para entendê-lo. Agora eu entendo que é realmente sobre um vínculo, você sabe, que esses personagens têm. Ele ama não sabiamente, mas muito bem”.

“Othello” já foi apresentado na Broadway mais de 20 vezes. Durante grande parte desses espetáculos, o protagonista foi interpretado por atores brancos com blackface. Até que em 1943, Paul Robeson assumiu o papel em uma performance histórica. A última vez que a peça esteve em cartaz foi em 1982, com James Earl Jones.

“James Earl Jones era minha estrela do norte quando eu estava na faculdade. Ele era quem eu queria ser. Não consegui ver o Othello dele, mas sei que não foi tão bom quanto minha interpretação de 22 anos! Mas, você sabe, é a minha vez”, disse Washington.

O atual espetáculo se tornou um sucesso absoluto e os ingressos custam chegam a quase US$ 1.000 nos assentos principais. Apesar das críticas ao preço, os atores estão empolgados com a valorização do trabalho de uma vida. “Trabalhei minha carreira inteira por esse momento. Esta é uma jornada de 48 anos para mim. É fascinante ter sido jovem demais para o papel, e alguns podem dizer que agora sou velho demais. Mas 48 anos de experiência, então 48 anos de dor, prazer e vida informaram minha abordagem para interpretar o papel”, celebra Washington.

Lizzo viverá pioneira do rock Sister Rosetta Tharpe nos cinemas

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Foto Rosetta: por James J. Kriegsmann/Michael Ochs Archives/Getty Images

A cantora Lizzo será a protagonista do filme Rosetta, da Amazon MGM Studios, no qual interpretará a lendária guitarrista e cantora gospel Sister Rosetta Tharpe, uma das precursoras do rock e do R&B. A informação foi publicada com exclusividade pelo portal Deadline na tarde desta segunda-feira (24). De acordo com o site, o projeto está em desenvolvimento, com Lizzo também atuando como produtora ao lado de Kevin Beisler, Nina Yang Bongiovi e Forest Whitaker.

“Negros criaram o rock’n’roll, é isso aí!”, celebrou a artista ao publicar a novidade nas redes sociais. O roteiro será escrito por Natalie Chaidez, showrunner de Rainha do Sul, série protagonizada pela brasileira Alice Braga, e pela diretora de fotografia Kwynn Perry. A produção promete retratar um momento decisivo na vida de Tharpe, marcado por inovação musical, paixão e um relacionamento secreto com outra mulher, culminando em um dos shows mais icônicos da história: o primeiro concerto em estádio, que ajudou a definir o futuro do rock.

Considerada uma das maiores influências de artistas como Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richard, Sister Rosetta Tharpe revolucionou a música ao levar o gospel para um patamar mais energético, antecipando o rock’n’roll. O filme, que ainda não tem data de estreia definida, explorará sua trajetória enquanto ela desafiava convenções sociais e consolidava seu legado.

Lizzo, que além da carreira musical venceu um Emmy e estrelou produções como Hustlers (2019) e a série Watch Out For the Big Grrrls, da Amazon, recentemente lançou os singles “Still Bad” e “Love In Real Life”, prévias de seu próximo álbum.

“Não estamos lutando contra as pessoas, mas contra um sistema”

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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O título deste texto é uma frase do político e ativista Oliver Tambo, na época da luta contra a segregação racial na África do Sul. Mas, apesar do contexto distinto do Brasil, acredito que sirva como reflexão para nós.

Todos que acompanham as redes sociais já perceberam que o ambiente é dinâmico e complexo. Vemos assuntos viralizando de uma hora para a outra. Às vezes nos dão a impressão de que nunca sairão de cena. No que se refere às questões raciais, algumas coisas são comumente requentadas por influenciadores. Eles conhecem bem os temas que causam polêmica, e na primeira oportunidade lançam a isca para ganharem engajamento. Com essa prática, os debates importantes não avançam, criam discórdia entre os membros da comunidade e, por fim, dão a impressão de que estagnamos no processo de conscientização racial coletiva. Daí, as pessoas negras que sonham com um movimento negro forte e coeso, desanimam.

Eu sei que o movimento deve ser feito nas ruas, organizações, comunidades, espaços de construção do conhecimento, etc. Mas não podemos ignorar o potencial de mobilização e tomada das consciências que o mundo virtual permite aos hábeis em utilizá-las. O pensamento retrógrado e a resistência a esse formato de comunicação só contribuem para o fracasso.

Os cursos de letramento racial, pelo menos os que atendem o público branco, não causam transformação. As pessoas brancas não esboçam vontade de construir uma sociedade menos desigual e humana. Podemos contar nos dedos os brancos que têm disposição de lutarem contra os privilégios (será que existe mesmo?). Outro problema constatado é que as pessoas negras nesse universo virtual têm se debruçado apenas na dimensão do racismo individual, ignorando a existência das máquinas institucionais que colaboram para a opressão.

Acredito que você tenha visto, no mês passado, a comoção em torno da injustiça envolvendo dois rapazes acusados de furto de celular no Rio de Janeiro. Só para refrescar a memória, farei um breve resumo. Igor Melo é estudante de jornalismo. Thiago Marques, motociclista por aplicativo. Na saída do trabalho, o motociclista aceitou uma chamada do Igor para uma corrida. Durante o trajeto, os rapazes foram perseguidos por um policial militar da reserva, que atirou e acertou o estudante. Dentro do hospital, descobriu-se que a perseguição tinha como justificativa a acusação de furto, mas conforme as investigações, os rapazes eram inocentes.

As pessoas, consumidas pela indignação, apontaram o racismo por parte do policial, mas receberam como contra-argumento que não tinha como o policial ter sido racista, pois era igualmente negro como o Igor: “os negros não podem ser racistas”, diziam. As múltiplas teses surgiram nesse momento. Os influenciadores entraram na onda com vídeos e textos explicando a questão. Eu pergunto: o que isso mudaria com relação ao trajeto da bala, que fez mais um homem negro o alvo preferencial e suspeito?

Lembro de uma frase que li em algum lugar que dizia “o negro ataca seu semelhante porque foi treinado para isso”. Não há o que discutirmos. O negro cooptado pela branquitude sempre reproduzirá a ideologia racista; o policial provou ser um “bom” aluno.

No meio disso tudo, a minha indignação é que não focamos naquilo que importa. Naquele momento, o racismo institucional foi pouco discutido, sendo que essa dimensão do racismo é uma das características enraizadas na instituição militar. A cor do sujeito presente nas suas fileiras é um detalhe, o racismo orientará o exercício de suas funções. Essa filosofia propulsora da violência deve ser abolida. O debate sobre a desmilitarização da polícia é urgente. Chega de abraçarmos as polêmicas infrutíferas. O sistema é o nosso inimigo.

Em tempo: Igor está se recuperando e aos poucos retornando às atividades profissionais.

Netumbo Nandi-Ndaitwah faz história ao tomar posse como primeira mulher presidente da Namíbia

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Foto: REUTERS/Stringer

Netumbo Nandi-Ndaitwah tornou-se a primeira mulher a assumir a presidência da Namíbia na sexta-feira (21), em uma cerimônia que coincidiu com o 35º aniversário da independência do país. A posse, inicialmente programada para um estádio de futebol, foi transferida para o gabinete presidencial devido a fortes chuvas.

Nandi-Ndaitwah, que integrou o movimento de libertação contra o apartheid sul-africano há quase seis décadas, foi eleita em novembro e passa a figurar entre as poucas mulheres no comando de nações africanas, como a tanzaniana Samia Suluhu Hassan, atual presidente, e as ex-líderes Ellen Johnson Sirleaf (Libéria) e Joyce Banda (Malaui), ambas presentes no evento.

“Se as coisas correrem bem, então será visto como um bom exemplo”, afirmou a presidente em entrevista para o podcast Africa Daily da BBC. “Mas se alguma coisa acontecer, como pode acontecer em qualquer administração sob homens, também há aqueles que preferem dizer: ‘Olhem para as mulheres!’, disse.

Autoridades da África do Sul, Zâmbia, Congo, Botsuana, Angola e Quênia acompanharam a cerimônia de posse da nova presidente. Ela sucede Nangolo Mbumba, que assumiu interinamente após a morte de Hage Geingob, em fevereiro de 2024. Nandi-Ndaitwah era vice-presidente e foi promovida ao cargo máximo após vencer as eleições pelo partido SWAPO, no poder desde a independência (1990).

Casal é condenado a 375 anos por escravizar filhos negros em fazenda nos EUA

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Foto: Autoridade de Prisões e Estabelecimentos Correcionais Regionais da Virgínia Ocidental

ALERTA DE GATILHO – Esse texto possui conteúdo sensível e relatos de violência contra crianças.

Um casal branco foi condenado a um total de 375 anos de prisão por submeter seus cinco filhos negros a trabalho forçado em uma fazenda, nos Estados Unidos, além de agressões físicas e psicológicas marcadas por insultos raciais. Jeanne Kay Whitefeather, 62, recebeu 215 anos de prisão, e seu marido, Donald Lantz, 63, foi sentenciado a 160 anos — as penas máximas possíveis.

A sentença foi proferida na semana passada pela juíza Maryclaire Akers, do Tribunal do Condado de Kanawha, após o casal ser considerado culpado, em janeiro, por trabalho forçado, tráfico de pessoas, abuso infantil e violação de direitos civis com motivação racial: “Vocês trouxeram essas crianças para a Virgínia Ocidental, um lugar que eu chamo de ‘Quase Paraíso’, e as colocaram no inferno. Este tribunal agora vai colocá-los no seu”, declarou a juíza, acrescentando: “Que Deus tenha misericórdia de suas almas. Porque este tribunal não terá.”

O casal adotou as cinco crianças em Minnesota e, após passarem por uma fazenda no estado de Washington, mudaram-se para Sissonville em maio de 2023. Em outubro do mesmo ano, vizinhos alertaram as autoridades ao verem dois adolescentes trancados em um galpão. Ao chegarem, os agentes encontraram as crianças em condições insalubres: dormindo no chão, usando baldes como banheiros e com sinais de desnutrição.

A filha mais velha, hoje com 18 anos, descreveu em carta lida no tribunal os anos de abuso: “Nunca vou entender como você consegue dormir à noite. Você é um monstro”. Ela e os irmãos relataram trabalhos exaustivos na fazenda, xingamentos racistas e privação de alimentos — muitas vezes limitados a sanduíches de manteiga de amendoim em horários rígidos.

Os advogados do casal argumentaram que as tarefas eram parte de uma “educação rígida” e negaram motivação racial. Donald Lantz chegou a dizer no tribunal: “Crianças, eu amo vocês”. Já Jeanne Whitefeather pediu desculpas, afirmando que nunca quis machucá-los intencionalmente.

A promotoria, no entanto, destacou que o casal ignorou serviços de apoio disponíveis e exacerbou os traumas das crianças, que agora sofrem com pesadelos e dificuldades de confiança. Quatro dos filhos enviaram cartas ao tribunal, incluindo a mais nova, que escreveu: “Você sempre será horrível”.

Além da prisão, o casal foi condenado a pagar US$ 280 mil em restituição. A filha mais velha já moveu uma ação civil por danos permanentes.

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