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Cassie escreve carta emocionante pedindo justiça contra Diddy; sentença deve ser anunciada esta semana

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Fotos: Taylor Hill / Getty Images e Amy Sussman/Getty Images for MRC

Quatro meses depois de seu depoimento no julgamento criminal de Sean “Diddy” Combs, 55, em Nova York, a cantora Casandra “Cassie” Ventura, 39, voltou a se pronunciar. Em uma declaração de impacto entregue ao juiz Arun Subramanian, ela pediu que a sentença do magnata reflita “as verdades em questão que o júri não conseguiu ver”.

Os promotores solicitam que Combs, condenado por duas acusações de transporte para prostituição, cumpra pelo menos 11 anos e 3 meses de prisão. Já a defesa pede um máximo de 14 meses. A decisão deve ser anunciada na próxima sexta-feira, 3 de outubro, durante uma audiência em Manhattan.

Na carta de três páginas, Cassie detalha mais de uma década de violência, coerção e controle exercidos por Combs desde que ela tinha 19 anos. “Ele me induziu a praticar atos sexuais repetidos com profissionais do sexo contratados durante ‘surtos’ de vários dias, que ocorriam quase semanalmente. Fui forçada a usar lingerie e saltos altos, recebi ordens exatas sobre como me vestir e me subjuguei com drogas e álcool para que ele pudesse me controlar como uma marionete”, escreveu.

Ela também relatou espancamentos, ameaças contra sua família e o uso de vídeos íntimos como forma de chantagem. “Ao longo dos quase onze anos em que estivemos juntos, Sean Combs me batia, me socava, pisava no meu rosto, puxava meu cabelo e jogava meu corpo no chão e contra a parede. O júri viu fotos de hematomas nas minhas costas causados ​​pelos chutes de Combs e viu o corte profundo acima do meu olho quando ele me jogou contra a estrutura da cama. O tribunal inteiro assistiu a imagens reais de Combs me chutando e me espancando enquanto eu tentava fugir de uma briga em 2016”, lembrou.

Cassie revelou que chegou a pensar em suicídio para escapar do “nível de trauma aparentemente intransponível” e que ainda hoje sofre com pesadelos e flashbacks. Aos 39 anos, afirma continuar com medo do que Combs pode fazer contra ela e seus familiares caso seja libertado.

A cantora também criticou as tentativas da defesa de apresentar Diddy como um homem transformado. “Isso me enoja. Ele não está sendo sincero. Eu sei que quem ele era para mim — o manipulador, o agressor, o abusador, o traficante — é quem ele é como ser humano. Ele não tem interesse em mudar ou se tornar melhor. Ele sempre será o mesmo homem cruel, sedento de poder e manipulador que é”, disse.

Cassie destacou ainda que o pedido público de desculpas de Combs só veio após o vazamento do vídeo que o mostra agredindo-a em um hotel de Los Angeles, em 2016.

Seus pais também enviaram uma carta ao tribunal pedindo uma condenação exemplar. “Condenar levianamente neste caso que envolveu abusos tão cruéis contra o corpo, a segurança e a dignidade de nossas filhas é menosprezar a própria existência dela. Condenar levianamente também enviaria uma mensagem perigosa. Uma sentença proferida em meses, em vez de anos, envia a mensagem de que tal comportamento repulsivo pode ocorrer sem consequências significativas”, escreveram.

Apesar da dor, Cassie afirmou esperar por justiça: “Minha experiência foi real, horrível e merece ser considerada. Embora o júri não parecesse entender ou acreditar que eu tenha me envolvido em atos de violência por causa da força e da coerção que o réu usou contra mim, eu sei que essa é a verdade, e sua sentença deve refletir a realidade das evidências e minha experiência vivida como vítima”.

Leo aposta no upcycling e leva moda sustentável para a novela ‘Dona de Mim’

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Foto: TV Globo

A moda sustentável agora é pauta na televisão. Em ‘Dona de Mim’, a personagem Leo, interpretada por Clara Moneke, apresentou uma ideia que tem transformado não apenas as passarelas, mas também a vida de microempreendedores e estilistas iniciantes: o upcycling.

Na trama, Leo sugere reaproveitar peças descartadas e com pequenos defeitos da marca Boaz para criar uma nova coleção, apostando em um processo criativo que dá novo valor a roupas antes destinadas ao descarte, uma prática já adotada por por muitos profissionais.

O termo upcycling, traduzido como “reciclagem”, propõe o reaproveitamento de materiais que perderam sua função original, transformando-os em novos produtos de qualidade igual ou superior. Ele surgiu em contraposição ao downcycling, processo em que os resíduos são reutilizados para gerar itens de qualidade inferior.

Clara Moneke como Leo em ‘Dona de Mim’ (Foto: Globo)

No cenário atual, em que cresce a moda da “repaginação” de roupas antigas ou descartadas, o upcycling tem se mostrado um caminho potente de inovação e sustentabilidade. Para muitos empreendedores negros, a técnica representa não apenas um recurso criativo, mas também uma forma de visibilidade e reconhecimento no mercado da moda.

Além de ser tendência, o upcycling carrega benefícios diretos para o planeta: reduz a quantidade de lixo em aterros, economiza matérias-primas, poupa água e energia, diminui a emissão de poluentes e estimula a economia circular.

Presença negra na política brasileira: conquistas e urgências

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Foto: © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por: Rachel Maia

O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano. Segundo o Censo Demográfico de 2022, mais de 56% da população brasileira se declara preta ou parda, o que corresponde a mais de 112 milhões de pessoas. Apesar disso, a presença negra nas esferas de poder político ainda não acompanha a força demográfica.

Esse cenário cria a expectativa de que a composição política reflita de forma mais fiel a realidade racial brasileira. No entanto, a comparação entre a população e a representatividade política expõe um déficit estrutural que precisa — e pode — ser transformado.

As eleições de 2026 serão um marco para avaliar se o país está disposto a avançar em direção a uma sociedade mais justa, capaz de alinhar desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental. Não se trata de erguer muros ou reforçar separações, mas de construir pontes de união pelo Brasil, pelas futuras gerações e pelo planeta que habitamos — razões maiores da nossa existência e pertencimento.

Assim como tenho reforçado a importância da diversidade nas empresas, esse princípio é ainda mais urgente na política, de onde partem todas as decisões que afetam diretamente nossas vidas. É justamente o impacto que sofremos que deve orientar a luta por mais representatividade, garantindo que as vozes da maioria estejam no centro das escolhas que moldam o futuro do país.

Representatividade no Legislativo

Nas eleições de 2022, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), houve recorde de candidaturas de pessoas negras: 14.712, o que representa 50,27% dos inscritos — um aumento significativo em comparação a 2018, quando o índice foi de 46,4%. Também houve crescimento de 11,4% no número de candidatos eleitos em relação ao mesmo período, um marco transformador para a população brasileira. Na Câmara dos Deputados, entre 2023 e 2026, somam-se 135 parlamentares autodeclarados pretos ou pardos, de um total de 513, representando 26,3%.

Embora esse índice represente um avanço em relação a 2018, ainda está muito aquém dos 56% da população brasileira que se declara negra. O recorte de gênero e raça torna a desigualdade ainda mais evidente: em 2018, apenas 13 mulheres negras foram eleitas deputadas federais; em 2022, esse número subiu para 29. Um crescimento relevante, mas ainda pequeno diante da participação social e econômica que as mulheres negras efetivamente representam no país.

Desafios Estruturais

Nas eleições municipais de 2024, candidatos pretos e pardos representaram 52,7% das candidaturas para cargos de prefeito, vice e vereador. Apesar disso, a vitória nas urnas não acompanhou a proporção das candidaturas, revelando impedimentos estruturais de acesso a financiamento, redes de apoio e tempo de propaganda.

A desigualdade se explica por múltiplos fatores, desde a sub-representação persistente até a invisibilidade gerada pelo racismo estrutural. E é aqui que precisamos atuar insistentemente. É necessário que todos se conscientizem de que a união será a nossa maior ferramenta. Promover educação, saúde, empregabilidade e acesso a bens culturais e materiais para todos os brasileiros é um desejo que precisa ser compartilhado e praticado simultaneamente.

Fortalecer políticas afirmativas, garantir financiamento proporcional, ampliar espaços de formação política e combater o racismo institucional são caminhos para reduzir esse déficit democrático. O futuro da política brasileira depende da construção de um modelo em que negros e negras possam não apenas ocupar cadeiras, mas também influenciar agendas, decisões e políticas públicas que impactam a vida da
população.

‘Criadas’ estreia no Festival do Rio e aborda colorismo e relações familiares entre duas primas negras

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Foto: divulgação

Criadas, primeiro longa-metragem da cineasta Carol Rodrigues, estreia no Festival do Rio, abordando colorismo, heranças do sistema escravocrata e relações familiares complexas entre duas primas negras criadas juntas, mas com experiências de vida muito diferentes. Sandra (Mawusi Tulani), negra de pele escura, retorna à casa da prima Mariana (Ana Flavia Cavalcanti), negra de pele clara, em busca de uma foto de sua mãe Ivone (Ivy Souza), que trabalhou como empregada residente na residência da família.

O longa começa com a imagem de A Redenção de Cam, do artista espanhol Modesto Brocos, em chamas, efeito que sugere que o reencontro das primas não seguirá linearidades. A narrativa é marcada pelo realismo fantástico: versões infantis de Sandra e Mariana (Vitória Marques Rodrigues e Alice de Jesus Feitosa) aparecem em cena, expressando frustração e descontentamento diante dos papéis sociais que lhes eram impostos na infância.

Raquel (Rudimira Fula), imigrante angolana responsável pela limpeza da casa de Mariana, adiciona ao filme um olhar afrodiaspórico sobre territorialidade e trabalho, mostrando como mulheres negras navegam entre invisibilidade, precariedade e necessidade de se manter financeiramente protegidas. As personagens também lidam com desafios contemporâneos: a apropriação intelectual no trabalho, a escassez de representação em posições de liderança e a responsabilidade quase universal de honrar os antepassados, sentimentos que ecoam pessoalmente para a diretora, que dedica o filme à avó Esméria.

Em uma das cenas mais marcantes, Sandra e Mariana cantam juntas versos que Carol ouviu na voz de sua avó:

“Mãe preta, quando canta no terreiro, embaixo daquele poleiro, só pro negrinho dormir / Dorme, filho, você não faz nada, tem pena da velha, que tá muito cansada / O negrinho, com os lábios a sorrir, fecha os olhinhos e começa a dormir / Dorme nenê, mamãe tem o que fazer / lavar, engomar os paninhos de você.”

A cineasta explica:

“A história fala das contradições internas da minha família. Minha avó veio para São Paulo com 14 anos para trabalhar como empregada do lar. Com 40 anos, se torna funcionária pública e começa a trazer primas para trabalhar em casa. Eu morava com a minha avó, mas a minha mãe me teve muito cedo, com 21 anos, e a gente morava no mesmo quintal. Apesar de afetivamente, o filme ser dedicado à minha avó, acho que a minha família entendeu que o filme é sobre a gente.”

O roteiro de Carol Rodrigues já havia sido premiado, incluindo o Festival Cabíria 2023 e três prêmios do BrLab 2017. A produção é da Gato do Parque Cinematográfica, em coprodução com Telecine, Canal Brasil, NayMovie, Cinefilm, Volta Filmes e Netas de Esméria, com distribuição da Vitrine Filmes.

O filme será exibido no Festival do Rio nas seguintes datas:

3 de outubro, 18h45: Estreia mundial, sessão exclusiva para convidados, Estação Gávea

4 de outubro, 16h15: Sessão aberta ao público, Estação Rio 5, seguida de debate

5 de outubro, 18h: Sessão aberta ao público, CineCarioca José Wilker 1

Ficha Técnica:
Direção e Roteiro: Carol Rodrigues
Elenco: Mawusi Tulani, Ana Flavia Cavalcanti, Sarito Rodrigues, Ivy Souza, Rudimira Fula, Vitória Marques Rodrigues, Alice de Jesus Feitosa, Alli Willow, Tom Nunes, Jerry Gilli
Produção: Julia Zakia e Guilherme César
Produção Executiva: Juliana Lemes e Tiê Villares
Montagem: Keily Estrada e Carol Rodrigues
Direção de Fotografia: Julia Zakia
Direção de Fotografia Adicional: Luciana Baseggio
Concepção e Direção de Arte: Fernando Timba
Direção de Arte: Oliv Barros
Desenho e Edição de Som: Guile Martins
Som Direto: Andressa Clain
Operação de Microfone: Gustavo Ruggeri
Mixagem: Pedro Noizyman, A3pS e Rosana Stefanoni, A3pS
Design de Audiência: Talita Arruda e Marina Tarabay, Fistaile
Identidade Visual: Lucas de Britto

Festival Chic Show 2025 é cancelado por “motivo de força maior”

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Foto: Isadora Santos/Mundo Negro

O Festival Chic Show, que estava previsto para acontecer no dia 6 de dezembro de 2025, em São Paulo, não será mais realizado. A informação foi anunciado em comunicado oficial divulgado pela organização do evento nesta segunda-feira (29).

Segundo o anúncio, o cancelamento se deu por “motivo de força maior”. A equipe reforçou que todos os ingressos serão reembolsados integralmente pela Ticketmaster, utilizando o mesmo canal de compra.

“Orientamos que todos os clientes consultem o site oficial da Ticketmaster (www.ticketmaster.com.br) ou entrem em contato com a central de atendimento para obter informações detalhadas sobre o processo de reembolso”, informou o comunicado.

Apesar da notícia, a Chic Show & Music On adiantou que já está trabalhando na edição do próximo ano. “Agradecemos a compreensão e o carinho de todos. Em breve, traremos novidades especiais sobre o Festival de 2026, que promete marcar ainda mais a nossa história”, concluiu a nota.

No Instagram, o público reclamou que os valores dos ingressos estavam alto e especula que seja o motivo do cancelamento. Os ingressos solidário, por exemplo, custava R$ 373,90. “Amo os artistas, mas ingressos absurdos gente!! Tem que abaixar isso desculpa!!!”, criticou uma internauta.

“O público majoritário que consome esse estilo de música é, em grande parte, o público preto. E sabemos que, infelizmente, a realidade financeira dessa parcela da população nem sempre permite arcar com valores tão altos de ingresso. Por isso, seria importante que o festival colocasse a mão na consciência e buscasse ser mais democrático em todos os sentidos, trazendo mais artistas pretos de peso para o palco e garantindo que o público consiga ter acesso. Afinal, cultura e música devem ser espaços de inclusão”, escreveu outra.

Neste ano, o evento que seria realizado no Mercado Livre Arena Pacaembu, estavam confirmados os shows de Jorge Ben Jor, Mano Brown, Zapp, Arrested Development, Luedji Luna e Luciana Mello. No ano passado, o Festival Chic Show trouxe apresentações inesquecíveis de Lauryn Hill, acompanhada de seu filho YG Marley e de Wyclef Jean, seu parceiro nos Fugees, além do norte-americano Jimmy “Bo” Horne e dos brasileiros Mano Brown, Sandra de Sá, Criolo e Rael, no Allianz Parque.

Barbara Marques, cineasta brasileira, é presa por imigração nos EUA após reunião para obter o green card

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Foto: Reprodução/Instagram

A cineasta brasileira Barbara Marques foi presa pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) após participar de uma reunião em Los Angeles relacionada à obtenção do green card, o cartão de residência permanente no país. A informação foi denunciada nas redes sociais pelo marido de Barbara, o ator norte-americano Tucker May. O casal se casou em abril deste ano.

Segundo May, a prisão ocorreu cerca de uma semana e meia atrás, durante uma reunião agendada sobre o processo de residência. Ele afirma que, após a audiência, um policial separou Barbara de seu advogado sob a alegação de que uma copiadora estava quebrada. “Uma vez separada de seu advogado, ela foi presa. O motivo de sua detenção foi uma audiência judicial perdida em 2019, da qual minha esposa nunca foi notificada”, escreveu ele no Instagram.

May denunciou ainda que o centro de detenção de Adelanto estaria dificultando a comunicação de Barbara com seu advogado e atrasando a entrega de documentos enviados pelo correio.

Nesta segunda-feira (29), ele informou que Barbara ainda não havia sido liberada e denunciou condições desumanas no local. “Ela está detida em um campo de detenção na Louisiana. Após quase 3 dias de viagem algemada, com períodos de mais de 12 horas sem comida ou água e com pouco ou nenhum sono, ela não conseguiu uma cama nesta unidade. Ela não tem antecedentes criminais, mas está recebendo tratamento desumano que não seria aceitável nem mesmo para criminosos experientes.”

Tucker detalhou que Barbara tem sofrido com negativa de tratamento médico para um problema nas costas, mesmo com um reconhecimento formal da necessidade do procedimento por uma unidade administrada pela mesma empresa. “Enquanto escrevo isto, ela está tentando dormir no chão”, afirmou.

O marido da cineasta pediu apoio da sociedade civil e de internautas para pressionar as autoridades. “Por favor, continuem me ajudando a exigir medidas para minha esposa e outros detentos que não merecem isso. Obrigado.”, escreveu.

Barbara Marques é conhecida por seus curta-metragens, como ‘Dia de Cosme e Damião’ (2016) e ‘Cartaxo’ (2020).

Estátua de Tina Turner, a Rainha do Rock ‘n’ Roll, é inaugurada em sua cidade natal

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Foto: AP/Adrian Sainz

Uma estátua em homenagem a Tina Turner foi inaugurada no último sábado (27) na cidade de Brownsville, no Tennessee, local onde a artista cresceu antes de se tornar a Rainha do Rock ‘n’ Roll e uma das cantoras mais reconhecidas do mundo.

A escultura, com cerca de 3 metros de altura, retrata Tina segurando um microfone e usando seu penteado volumoso, como se estivesse em performance no palco. Criada pelo escultor Fred Ajanogha, a obra foi esculpida em argila e fundida em bronze, em um trabalho que levou cerca de um ano para ser concluído.

A cerimônia de inauguração fez parte dos Dia do Patrimônio de Tina Turner, celebração anual da vida e obra da artista no Tennessee. O monumento foi financiado por cerca de 50 doadores. A estátua foi instalada próxima ao Tina Turner Museum, que funciona na antiga escola que Turner frequentou quando criança, reformada e transferida para Brownsville em 2014.

Tina Turner faleceu em 24 de maio de 2023, aos 83 anos, de causas naturais. Ao longo de sua carreira, foi vencedora de oito prêmios Grammy e emplacou sucessos como Nutbush City Limits, Proud Mary e What’s Love Got to Do With It, se tornando referência para diferentes gerações de artistas.

Ana Paula Xongani fala sobre ‘Vale Tudo’ e defende investimento que permita às empreendedoras negras “errar com mais segurança”

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Foto: Divulgação

Ana Paula Xongani, uma voz fundamental que une empreendedorismo e ativismo, compartilha reflexões potentes sobre a trajetória da personagem Raquel, da novela ‘Vale Tudo’, pensando no impacto da narrativa midiática para mulheres negras, além da importância de acesso a crédito e a urgência de políticas que favoreçam o crescimento de pequenos negócios.

Apesar de Xongani perceber a similaridade de Raquel com muitas empreendedoras do Brasil, ela tem um duplo sentimento em relação à personagem, pois a novela deveria trazer uma outra narrativa. “O papel da Raquel se distancia da ideia desse imaginário positivo que a gente quer, de nos trazer luz, de nos trazer expectativa, de nos trazer boas experiências, inclusive de nos trazer cases de sucesso”, diz a empreendedora e comunicadora, em entrevista à editora-chefe do site Mundo Negro, Silvia Nascimento.

Raquel, interpretada pela Taís Araujo, na novela Vale Tudo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Ela também fala sobre sua própria jornada à frente do Ateliê Xongani e da empresa de comunicação APX, revelando como o aprendizado adquirido no primeiro empreendimento ajudou a construir um segundo negócio mais sólido e estratégico. Além de mentorias, Ana Paula considera fundamental que mulheres negras tenham acesso direto a investimentos, para que possam ousar, inovar e até errar.

“Eu tenho certeza que o acesso ao dinheiro faria com que a gente acertasse melhor e errasse com mais segurança porque empreender também precisa ser sobre a possibilidade de errar. Porque quando a gente fala sobre investimento, a gente está falando sobre riscos, e riscos precisam ser considerados”, pontua, ao destacar a importância do financiamento direto dos órgãos públicos e privados, além do apoio da sociedade civil. 

Leia a entrevista completa abaixo:

Ana Paula Xongani (Foto: Divugação)

MN: Ana, enquanto empreendedora no Brasil, quais reflexões o papel da Raquel de ‘Vale Tudo’ tem te despertado? 

Ana Paula: Eu tenho um duplo sentimento pelo papel da Raquel, porque nesses diálogos que eu tenho com as minhas seguidoras, a gente entendeu juntas que a dramaturgia, o papel da TV, o papel da novela é criar imaginários, principalmente imaginários positivos para mulheres negras, para empreendedoras negras, sendo que a gente é a maioria nesse país, e que o papel da Raquel, ele se distancia da ideia desse imaginário positivo que a gente quer, de nos trazer luz, de nos trazer expectativa, de nos trazer boas experiências, inclusive de nos trazer cases de sucesso, de como essa mulher empreende. Que atende no Brasil e consegue ter sucesso, enfim, então esse é um primeiro sentimento. 

Ao mesmo tempo, eu vejo muita similaridade do papel da Raquel com muitas empreendedoras do Brasil. Então, tanto a falta de acesso a crédito e a isso se tornar muito vulnerável, quanto esse lugar da confiança, de confiar nas pessoas e, de repente, as pessoas não serem tão confiáveis assim, quanto também a resiliência. O empreendedorismo exige no Brasil, por conta da falta de estrutura, uma resiliência muito grande. Então, acho que isso coincide com o papel da Raquel em Vale Tudo. 

Também não posso deixar de dizer que fiquei muito emocionada. Eu fiquei, sim, emocionada com aquela cena onde ela fala: “Se eu cair 100 vezes, eu vou me levantar 101 vezes”. Eu me reconheço nessa fala, ao mesmo tempo que tem hora que eu não aguento mais. Ela falando: “vamos embora, é isso aí, vamos para frente”. Porque eu acho que esse lugar, dessa energia eterna, dessa positividade constante, empregada às mulheres negras que não podem desmurecer, também é muito problemático. Então é isso, eu tenho um sentimento duplo por essa personagem, ambíguo mesmo. E tô aceitando e acolhendo esses dois sentimentos complexos sobre a personagem.

Ana Paula Xongani (Foto: Divugação)

MN: Como foi a sua jornada de empreendedora para lidar com as finanças e a parte jurídica? 

Ana Paula: Eu considero que eu tive duas jornadas. Eu tenho duas empresas. No Ateliê Xongani foi bastante inocente. Foi bastante inocente, fazendo com muito pouco. A gente no Ateliê Xongani nunca teve acesso a crédito. A gente nunca conseguiu nem dos programas federais, nem dos programas divulgados. Então a gente sempre investiu com recurso próprio. O que eu tenho certeza que dificultou essa jornada. Então no Ateliê Xongani era tudo muito primário. Primário não sei se é a palavra, né, mas artesanal, essa parte financeira e jurídica. Mas aí com o passar do tempo no Ateliê Xongani, eu fui aprendendo com muito estudo, mentorias importantes de consultores financeiros, mentoria de instituições como o Sebrae, estudo no Senac, enfim a gente mergulhou bastante nessa parte de estudo das finanças e da parte jurídica. Depois de um tempo, a gente tinha inclusive apoio jurídico.

Quando eu fui começar a minha segunda empresa que é a empresa de comunicação APX, eu já tinha um background muito maior da Ana Paula Xongani, então eu entendo que eu comecei muito mais madura, sabendo fazer uma gestão muito melhor e já entendendo desde muito cedo que algumas funções eu poderia contratar. Porque eu já parto de outro lugar. Eu sempre falo isso, que o Ateliê Xongani gerou autonomia para que a Ana Paula Xongani empreendesse de um outro lugar. Então, como eu estava empreendendo de outro lugar, eu não sabia que eu podia contratar parceiros e pagar parceiros para que isso acontecesse. Então não é à toa que hoje a APX tem 10 assessorias para apoiar, inclusive a assessoria jurídica, assessoria de finanças, assessoria de investimento. Enfim, então eu parto de um outro lugar, e é por isso que a gente tem resultados tão positivos, e não só, mas também a gente tem resultados perenes, a gente é sólido nesse mercado, graças a esse conhecimento jurídico de finanças.

MN: Quais são os maiores desafios para as mulheres negras que empreendem no país? 

Ana Paula: Acesso a crédito, eu acho que isso é muito importante. Eu acho que a quebra desse teto entre o empreendedorismo e o empresariado. Até o nome eu venho questionando ultimamente. Por que as mulheres negras são empreendedoras e os homens brancos são empresários, startupers, enfim, outros nomes? Então eu acho que quebrar esse teto, entender o empreendedorismo como um primeiro passo, se não como um passo fadado e eterno, eu acho que é um desafio muito grande para nós mulheres negras que empreendemos aqui.

Tem uma outra coisa, aprofundando um pouco mais, que são os impostos, né. Quando você tenta dar um pequeno passo enquanto empreendedora no Brasil, principalmente quando você tem MEI, os impostos são muito caros, iguais a grandes empresas. Os encargos são muito caros. Então muitas vezes a gente fica travado nesse crescimento por conta disso. Deveria ter políticas que acompanhassem inclusive o limite, o faturamento dessas microempresas. Isso não acontece no Brasil e também eu acho que um desafio agora prático, da vida prática da empreendedora, é que quando você empreende você fica muito longe do que você sabe fazer. Um exemplo: se você é uma grande confeiteira, a última coisa que você vai fazer é confeitar bolos e isso é muito ruim. Emocionalmente é muito ruim, financeiramente é muito ruim, estruturalmente é muito ruim, porque a gente fica longe da nossa principal potência que a gente tem que dar conta de tudo, das potências, das fraquezas. Então isso é um problema constante na vida prática das empreendedoras do Brasil.

Ana Paula Xongani (Foto: Divugação)

MN: Na sua opinião, o que hoje é mais urgente para impulsionar os negócios liderados por mulheres negras: mais mentorias ou mais investimento financeiro direto?

Ana Paula: Se for para escolher entre os dois, eu acho que mais investimento direto porque, pensando de modo geral, as empreendedoras, a gente precisa o tempo todo se qualificar na questão financeira, mas tem muitas empreendedores que estão prontas para liderar e para gerir grandes investimentos. Então acho que mais financiamento direto dos órgãos públicos e privados, além do apoio da sociedade civil, também da credibilidade. Eu tenho certeza que o acesso ao dinheiro faria com que a gente acertasse melhor e errasse com mais segurança porque empreender também precisa ser sobre a possibilidade de errar. Porque quando a gente fala sobre investimento, a gente está falando sobre riscos e riscos ele precisa ser considerado, inclusive com uma margem de erros e mulheres negras não têm essa possibilidade de acertar. Acertar com grana, com o dinheiro em mãos, muito menos de errar.

MN: Como o empreendedorismo influenciou na sua carreira?

Ana Paula: O que eu aprendi como empreendedora contribuiu muito para esse segundo empreendimento de comunicação. E também nessas muitas facetas, nesses muitos braços que eu tinha ter no Ateliê Xongani, um deles era comunicação. E aí eu pude desenvolver a comunicação para abrir essa segunda empresa. Então a minha trajetória de empreendedorismo influenciou totalmente na minha trajetória como comunicadora, além do que eu falei na pergunta anterior que o meu primeiro empreendimento financiou o meu segundo empreendimento. Isso é uma coisa que me orgulha muito. Então o Ateliê Xongani deu o espaço de autonomia para a Ana Paula Xongani, não só a grana, mas tempo e estrutura. Isso é muito fundamental. Isso é muito bonito. O que a gente pretende como projeto de futuro, um projeto de autonomia onde a gente pode sustentar e investir nos nossos próprios projetos sonhos e acreditar neles. 

“Cartas Para”: documentário leva vozes de Elisa Lucinda, Paulina Chiziane e Raquel Lima ao Festival do Rio

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Elisa Lucinda (Foto: Divulgação)

O documentário ‘Cartas Para’, dirigido por Vânia Lima, será exibido na mostra “Première Brasil: Novos Rumos” do Festival do Rio. O filme acompanha as escritoras Elisa Lucinda (Brasil), Paulina Chiziane (Moçambique) e Raquel Lima (Portugal) na troca de cartas que atravessam o Atlântico e revisitam a história colonial. A produção revela desejos, dores e resistências de escritoras negras em diferentes países da lusofonia, em uma narrativa que mistura som, espiritualidade e corpo para desafiar o racismo, o machismo e a xenofobia.

A première acontece no dia 5 de outubro, em sessão para convidados. O público poderá assistir ao filme no dia 6, às 16h15, no Estação Rio 5, com debate após a sessão, e no dia 7, às 18h, no CineCarioca José Wilker 1. Os ingressos estarão disponíveis no site ingresso.com a partir do dia 30 de setembro.

Paulina Chiziane (Foto: Divulgação)

“Todo poeta está escrevendo uma carta, um bilhete. Mesmo que seja para si mesmo. Mesmo que seja para o imaginário. Nunca é sem remetente”, afirmou a poetisa e atriz Elisa Lucinda, no filme.

“O poder de uma voz não conhece fronteiras e atravessa espaços e tempos. (…) Para ter voz, é preciso lutar por ela e conquistá-la”, escreveu Paulina Chiziane, a primeira mulher negra a publicar um romance em Moçambique e a primeira africana a receber o Prêmio Camões (2021), em carta para poetisa e ativista portuguesa Raquel Lima, revelada no filme.

Raquel Lima (Foto: Divulgação)

Para Vânia Lima, a experiência foi transformadora: “Acho que contamos uma história juntas, um filme com elas e não sobre elas. Foi uma experiência que mudou a minha forma de dirigir e de pensar documentário. O filme me ensinou a aceitar a força das histórias que ganharam vida própria durante a sua realização. O Festival do Rio será um primeiro encontro com o público, estou ansiosa e grata pela seleção em um dos maiores e mais tradicionais festivais do Brasil.”

Com mais de 30 projetos no currículo e 25 anos de atuação com o Grupo Têm Dendê, a diretora é uma das vozes mais ativas do audiovisual brasileiro. O filme conta ainda com Keyti Souza e Taguay Tayussy na produção executiva, Bruno Ramos na direção de produção e Cláudio Antônio na direção de fotografia, reunindo equipes do Brasil, Moçambique e Portugal para celebrar narrativas negras e descentralizadas.

‘A Máquina’ retorna 25 anos depois, revivendo com novos atores a peça que marcou o teatro brasileiro

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Foto: Flora Negri e Leonardo Bonato

Exatamente 25 anos depois de sua estreia no Armazém 14, no Recife, o premiado espetáculo “A Máquina” retorna aos palcos brasileiros, trazendo nova geração de atores para revisitar a história que marcou a dramaturgia nacional. Adaptado do romance homônimo de Adriana Falcão e dirigido pelo consagrado João Falcão, o espetáculo foi responsável por revelar ao país talentos como Wagner Moura, Lázaro Ramos, Gustavo Falcão e Vladimir Brichta, até então desconhecidos do grande público. A temporada começa 9 de outubro, no TEATROIQUÈ, em São Paulo, e segue até 14 de dezembro de 2025, com circulação prevista pelas principais capitais a partir de 2026.

O enredo se passa na fictícia cidade de Nordestina, uma típica cidade interiorana brasileira, onde o jovem Antônio decide transformar seu destino e o da cidade para impedir que sua amada Karina parta. Determinado, promete o impossível: viajar no tempo e trazer o mundo até sua cidade. Para Lázaro Ramos, um dos atores originais, a história de Antônio é também uma reflexão sobre o futuro que cada um deseja construir: “Era a história desse homem que queria fazer com que seu amor permanecesse em Nordestina, na terra deles, e pra isso ele ia pro futuro. E a gente pensava muito nisso, qual era o futuro que a gente queria construir”.

Na nova montagem, Alexandre Ammano, Bruno Rocha, Marcos Oli e Vitor Britto, do premiado Coletivo Ocutá (O Avesso da Pele), dão vida a Antônio, enquanto Agnes Brichta, filha de Vladimir Brichta, interpreta Karina. O diretor João Falcão precisou reconstruir a imponente cenografia da montagem original — mais de 600 quilos de cenário com um palco giratório que simboliza a passagem do tempo. O desafio técnico mantém a essência da obra e reforça o cuidado em transmitir a sensação de movimento e transformação.

Diferente de outras montagens de sucesso de Falcão, como “A dona da história” (1997) ou “Gonzagão – A lenda” (2015), “A Máquina” foi mais comentada do que vista, devido à capacidade limitada do público e à agenda dos atores. “Chegou a hora de mais gente conhecer Nordestina e a história de Antônio e Karina”, afirma Falcão, celebrando a oportunidade de apresentar o clássico a novas plateias.

Serviço

Local: TEATROIQUÈ – Rua Iquiririm, 110, Vila Indiana, Butantã, São Paulo
Temporada: 9 de outubro a 14 de dezembro de 2025 (não haverá apresentação em 25/10)
Horários: Quinta e Sexta, 21h | Sábado, 18h e 21h | Domingo, 18h
Ingressos: R$150 (inteira) e R$75 (meia) – à venda pelo Sympla
Lotação: 200 lugares
Duração: 70 minutos
Classificação: Livre

Ficha técnica

  • Baseado no livro de Adriana Falcão
  • Adaptação e Direção: João Falcão
  • Elenco: Agnes Brichta, Alexandre Ammano, Bruno Rocha, Marcos Oli e Vitor Britto
  • Co-direção e Preparação Corporal: Gustavo Falcão
  • Cenografia: João Falcão e Vanessa Poitena
  • Cenografia Original: João Falcão e Denis Nascimento
  • Figurino: Chris Garrido
  • Trilha Sonora Original: DJ Dolores
  • Direção Musical: Ricco Viana
  • Desenho de Som: Raul Teixeira / Edézio Aragão / Thiago Schin
  • Desenho de Luz: Cesar de Ramires
  • Operação de Luz e Som: Daniel Galván / Edézio Aragão / Thiago Schin
  • Produção e Co-realização: MaquinaMaquina Produções, TeatroIquè e Coletivo Ocutá
  • Fotos: Flora Negri e Leonardo Bonato
  • Redes Sociais: Alexandre Ammano e Caroli
  • Assessoria de Imprensa: Factoria Comunicação – Vanessa Cardoso e Daniela Cavalcanti
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