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Zé Ketti: o samba que resistiu ao esquecimento

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Foto: Caio Cezar

Texto: Rodrigo França

O Brasil, com sua memória seletiva, tem o estranho hábito de deixar seus maiores nomes, principalmente de negros e negras, em segundo plano. É como se o tempo, aliado a uma lógica de mercado e de poder, decretasse quem merece ser lembrado e quem será empurrado para o rodapé da história. Quando se trata de Zé Ketti, o apagamento não é apenas uma negligência. É quase um projeto.

Zé Ketti não foi apenas um compositor de sambas. Foi cronista do povo, griô suburbano, voz que ressoava dos morros para os salões, das vielas para o mundo. Suas composições traduziam o Brasil real, aquele que muitos insistem em não ver. Em suas letras, morava o protesto, mas também o lirismo; havia denúncia, mas também celebração. Poucos artistas conseguiram traduzir com tanta delicadeza e precisão o cotidiano de uma gente que, tantas vezes, teve sua existência negada.

“Opinião”, uma de suas músicas mais emblemáticas, não é só uma canção. É um manifesto. Um grito de quem sobrevive apesar das dores. De quem canta para não silenciar. De quem ousa existir. Zé Ketti desafiou a lógica da submissão estética e política. E, por isso, não raro, foi silenciado. Talvez por isso seja tão urgente revisitá-lo, honrá-lo e inscrevê-lo no lugar que é seu por direito: o de um dos maiores nomes da música popular brasileira.

Foto: Caio Cezar

Neste sentido, a montagem em cartaz no Teatro Ziembinski, no Rio de Janeiro, não é apenas um espetáculo. É um gesto de justiça. Uma reparação simbólica e cultural. E não se trata de um movimento nostálgico. Trata-se de afirmar, em cena, que a história da música brasileira não pode ser contada sem Zé Ketti.

A escolha de Leandro Santana para interpretá-lo é um dos pontos altos dessa homenagem. Leandro não representa Zé Ketti apenas pela semelhança física ou pela boa afinação. Ele o incorpora com uma elegância cênica rara. Há em sua atuação uma entrega sincera, um respeito que se percebe nos detalhes. Sua presença em cena é de quem entende a dimensão política e espiritual da tarefa. Leandro não interpreta Zé Ketti. Ele o convoca. E, juntos, constroem uma ponte entre passado e presente.

Esse encontro entre gerações – o sambista e o ator – é simbólico. Porque Leandro, ao dar corpo e voz ao mestre, afirma que a cultura popular segue viva. E que, mesmo diante de um país que esquece fácil, há quem se dedique a lembrar. A montagem, assim, ganha força não pelo ineditismo da forma, mas pela potência do gesto. O que se vê ali é uma reverência. E reverenciar é um ato político. É a recusa em permitir que Zé Ketti seja mais um nome citado apenas em rodinhas de samba ou em páginas de dicionários musicais. É dizer, alto e bom som, que ele foi, e ainda é, fundamental.

Foto: Caio Cezar

Que esse espetáculo, portanto, sirva como ponto de partida para novas homenagens. Que inspire outras produções, outros artistas, outras gerações. Que as escolas ensinem sobre Zé Ketti. Que os teatros o acolham. Que os meios de comunicação o lembrem não apenas nas efemérides. E que a sua obra, viva e atual, continue a nos atravessar.

Zé Ketti, com sua poesia crua e generosa, segue cantando. E enquanto houver vozes como a de Leandro Santana, Marcelo Viégas, Clarissa Waldeck, Fernanda Sabot, Negawal, Gustavo Maya e Otavio Cassian para ecoá-lo, ele não será esquecido. Porque o samba, como dizia ele mesmo, não se aprende no colégio. Se aprende na vida. E Zé Ketti foi mestre da vida. Do Brasil. Da gente que resiste.

* Este texto não é uma crítica teatral, mas sim uma indicação cultural que celebra a importância de Zé Ketti.

Musical “Zé Ketti, Eu Quero Matar a Saudade!”

Horário: Terças e quartas – sempre às 20h – Todas as quartas com intérprete de libras

Local: Teatro Ziembinski

Ingressos: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia)

Classificação Indicativa: 14 anos

Curta temporada

FICHA TÉCNICA

Elenco: Leandro Santanna, Marcelo Viégas, Clarissa Waldeck, Fernanda Sabot, Negawal, Gustavo Maya e Otavio Cassiano

Autor: Cadu Caetano

Diretor: Márcio Vieira

Diretora Musical: Beá Ayòóla

Arranjador Musical: Pedro Paulo Jr

Preparação e Arranjo Vocal: Pedro Lima

Coreógrafa, Diretora de Movimento, e Oficineira: Valéria Monã

Figurinista: Wanderley Gomes

Cenógrafa: Cris de Lamare

Iluminador: Pedro Carneiro

Visagistas: Diego Nardes e Nata Di Paula

Assistente de Visagismo: Elaine Martins

Palestrante e Assessoria vida e obra de Zé Ketti: Geisa Ketti

Músicos: Claudia Flauta – Flauta Transversa / Pablo Carvalho – Percussão / Vinicius do Vale – Violão 7 cordas.

Aderecista e assistente de Cenografia: Sillas Pinto

Estagiária de Direção de Movimento e Coreografia: Manuela Brito

Assistente de Direção e Produção: João Felix

Profissional especializado em sensibilização e acessibilidade: Vanessa Andrezza

Designer Gráfico: Emanuel Antunes

Videomaker e Fotógrafo: Caio Cezar

Intérprete de libras: Claudia Chelque

Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa

Técnica de Luz: Tâmara Campos

Técnico de Som: Leandro Mattos

Idealizador e Produção Executiva: Leandro Santanna

Coordenação Geral e Financeira: Marcelo Viégas

Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em um marco histórico para a literatura e para a representatividade no Brasil, Ana Maria Gonçalves foi eleita nesta quinta-feira (10), como a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL), a mais tradicional instituição literária do país, fundada há 128 anos.

A escritora mineira, reconhecida nacional e internacionalmente, conquistou a cadeira que pertencia ao renomado linguista Evanildo Bechara. Autora do aclamado romance Um Defeito de Cor, obra que retrata a história da escravidão e resistência no Brasil por meio da trajetória da personagem Kehinde, Ana Maria Gonçalves tem se destacado por sua contribuição significativa para a valorização da literatura negra e a luta antirracista no cenário cultural brasileiro.

A eleição de Ana Maria Gonçalves representa mais do que uma conquista individual: é um sinal de avanço e inclusão em uma instituição historicamente dominada por vozes brancas e masculinas. A presença de uma mulher negra na ABL abre espaço para que outras narrativas e experiências, muitas vezes silenciadas, ganhem visibilidade e reconhecimento.

Diversas autoras, pesquisadoras e intelectuais brasileiras celebraram a escolha, ressaltando a importância de ampliar o espaço para a diversidade na cultura e nas letras. Entre elas, nomes como Eliana Alves Cruz, Cidinha da Silva e Mel Duarte destacaram a eleição como um momento de transformação e inspiração para as gerações futuras.

Ana Maria Gonçalves é formada em Comunicação Social e tem uma trajetória marcada pelo compromisso com temas relacionados à negritude, identidade e memória. Sua obra é referência para estudiosos e leitores interessados em compreender a complexidade da história brasileira sob a ótica negra.

Com essa eleição, a Academia Brasileira de Letras dá um passo fundamental para se tornar mais plural e representativa da diversidade do país, enquanto Ana Maria Gonçalves se firma como uma voz indispensável na construção da literatura contemporânea brasileira.

Universidade nos EUA cria curso sobre Kendrick Lamar e seu impacto cultural na experiência negra

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Foto: Getty Images

Kendrick Lamar, um dos nomes mais influentes do hip-hop na atualidade, será tema de um novo curso oferecido pela Temple University, na Filadélfia. A disciplina irá explorar o impacto cultural do artista e sua relação com a experiência negra nos Estados Unidos.

Com o título ‘Kendrick Lamar and the Moral of M.A.A.D. City’ (Kendrick Lamar e a Moral da Cidade de Maad), o curso será ministrado por Timothy Welbeck, professor do Departamento de Africologia e Estudos Afro-Americanos e diretor do Centro Antirracista da universidade. Welbeck leciona na instituição há 14 anos e é conhecido por incorporar o hip-hop e a cultura afro-americana em sua abordagem acadêmica. Ele já conduziu disciplinas sobre Tupac Shakur, política negra urbana e a interseção entre rap e identidade racial.

Segundo o professor, a proposta vinha sendo elaborada há mais de um ano, e músicas de Kendrick já vinham sendo usadas como material de apoio em outras aulas. “Kendrick Lamar é uma das vozes definidoras de sua geração e, de muitas maneiras, tanto sua arte quanto sua vida refletem a experiência negra de muitas maneiras reveladoras”, disse à emissora local NBC10.

“Poder discutir sua arte no ambiente que o ajuda a se tornar o homem que ele é, de muitas maneiras, pode falar sobre ele como indivíduo, mas também pode falar sobre a jornada rumo à autorrealização, particularmente no que se refere à experiência negra”, completou o professor.

A disciplina pretende examinar como o rapper e o gênero musical contribuem para a construção de narrativas sobre identidade, resistência e transformação social. A Temple já ofereceu cursos centrados em outras figuras negras da música, como Beyoncé e Jay-Z, refletindo o interesse da universidade em incorporar o hip-hop como objeto legítimo de análise acadêmica.

Kai Cenat é eleito um dos criadores digitais mais influentes do mundo segundo a revista TIME

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Foto: Matt Winkelmeyer

A revista TIME lançou nesta quarta-feira (9) a lista TIME100 Creators, destacando o crescente poder dos criadores de conteúdo digitais na moldagem da cultura contemporânea. O ranking é encabeçado pelo streamer norte-americano Kai Cenat, 23, que com 18 milhões de seguidores na Twitch transformou transmissões caseiras em um império multimilionário.

“Estamos mostrando às pessoas que, se você for você mesmo, as pessoas vão te seguir”, disse Cenat à publicação. “Como streamer, você não está preso a uma caixa. Pode falar como quiser.” Sua abordagem descontraída – misturando games, role-playing e discussões sobre cultura pop – exemplifica como uma nova geração de criadores está redefinindo o entretenimento e o consumo.

A lista surge como reconhecimento ao impacto desses influenciadores, que hoje rivalizam com veículos tradicionais na capacidade de ditar tendências. Segundo a TIME, eles estão mudando radicalmente “o que assistimos, como passamos nosso tempo, o que compramos e até como votamos”.

Entre os selecionados, predominam nomes que viralizaram em plataformas como TikTok, YouTube e Instagram. A publicação ressalta que esses criadores construíram negócios lucrativos a partir de suas comunidades online, muitas vezes sem intermediários corporativos.

Motherhood Penalty: o preço invisível que muitas mulheres negras ainda precisam pagar para exercer a maternidade

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Foto: Black-ish/ABC

Você já parou para pensar sobre quanto custa a maternidade no mercado de trabalho? Agora, adicione a isso o recorte de raça e tente mensurar o preço que as mulheres negras pagam por exercerem esse direito.

Ela é competente. Entregou todos os projetos. Cumpriu prazos e superou expectativas. Porém, quando a maternidade chegou, também veio um fardo adicional que ninguém incluiu no plano de carreira: o custo silencioso, e muitas vezes invisível, de ser penalizada. Para mulheres negras, essa penalidade vem acompanhada de camadas extras de discriminação e racismo estrutural.

Esta é a realidade de várias mulheres que enfrentam, duplamente, a chamada “Motherhood Penalty”, a penalidade da maternidade. Um fenômeno cruel que se torna ainda mais excludente, pois une os impactos do sexismo à interseccionalidade racial. Para uma mulher negra, os obstáculos que surgem após a maternidade não são apenas frutos do machismo, mas de um sistema que frequentemente subvaloriza o seu potencial desde o início.

Como se Expressa Essa Penalidade nas Mulheres Negras?

Além das formas comuns de penalização – como promoções negadas, exclusão de projetos estratégicos e aumento de desigualdade salarial – as mulheres negras enfrentam barreiras adicionais:

Subestimação constante: Antes mesmo de se tornarem mães, muitas mulheres negras já lidam com expectativas profissionais mais baixas e desconfiança em relação às suas competências. Após a maternidade, essa visão se agrava.

Dupla cobrança: O imaginário de que a mulher negra “aguenta tudo” e é “forte por natureza” coloca uma pressão desumana. Ela precisa ser uma mãe perfeita e uma profissional impecável, mesmo quando os fatores externos conspiram contra sua progressão.

Racismo no ambiente de trabalho: A exclusão não ocorre apenas por ser mãe, mas também por ser uma mulher negra em um espaço que muitas vezes privilegia corpos e histórias distintas das suas.

 Impactos no Mercado de Trabalho

Estudos confirmam que mães negras são mais penalizadas do que mães brancas – tanto em oportunidades quanto em salários. Para elas, a maternidade funciona quase como uma sentença que reforça segregações preexistentes. Isso não acontece por falta de competência, mas por um sistema enviesado, que mede mulheres negras com uma régua ainda mais injusta.

Apesar do cenário desafiador, é possível agir para transformar essa realidade. Um mercado de trabalho verdadeiramente comprometido com a equidade não só de gênero, mas também racial, pode começar com passos fundamentais:

Enfrentar vieses interseccionais: É essencial que empresas reconheçam como gênero e raça se interseccionam na maternidade. Políticas que combatam ambos os tipos de discriminação são imprescindíveis. 

Avaliar desempenho com consciência racial: Reconhecer e valorizar talentos negros, incluindo os desafios que enfrentam, e promover avaliações justas e sem vieses. 

Incorporar interseccionalidade nos planejamentos de carreira: Os planos de carreira devem considerar todas as camadas de exclusão que atuam sobre mulheres negras mães, transformando a maternidade em um elemento integrado. 

↳ Implementar ações afirmativas para mulheres negras: Criar oportunidades específicas para que mães negras avancem de maneira equitativa é tão importante quanto incluir a maternidade nos diálogos corporativos. 

Não basta falar de equidade de gênero sem falar de raça. Não basta oferecer benefícios sem entender as estruturas silenciosas que prejudicam mais profundamente as mulheres negras, ser aliada das mães não é uma concessão: é uma responsabilidade. É sobre dividir o peso, transformar estruturas e criar um mercado onde todas as mulheres – e, em especial, mulheres negras – possam prosperar.

Regé-Jean Page vai estrelar e produzir série romântica baseada em best-seller de sucesso

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Foto: Jake Rosenberg/Vanity Fair

O charme de Regé-Jean Page vai voltar a brilhar nas telas. Segundo o Deadline, o astro foi confirmado como protagonista e também como produtor executivo da adaptação televisiva de ‘Funny You Should Ask’ (Engraçado Você Perguntar), romance best-seller de Elissa Sussman, publicado em 2022. Ainda não há previsão de estreia.

Este poderá será o primeiro papel fixo de Page na televisão desde sua saída de ‘Bridgerton’, onde foi revelado mundialmente como o duque Simon Basset, um dos maiores sucessos da Netflix.

A série está em desenvolvimento inicial pela Apple, com produção da Tomorrow Studios e roteiro assinado por Rachel Alter. Page e sua parceira criativa, Emily Brown, tocam o projeto pela produtora A Mighty Stranger.

A trama acompanha uma jovem jornalista cheia de ambições que entrevista um galã de Hollywood. Dez anos depois, os dois se reencontram e ela tenta descobrir os sentimentos que ele tem por ela.

No livro, o personagem que Regé-Jean Page deve interpretar é um astro de cinema que assume o papel de James Bond. Desde sua atuação em ‘Bridgerton’, Page tem sido apontado por fãs e críticos como um dos nomes mais cotados para viver o próximo 007 nas telonas, e a notícia cria ainda mais expectativas.

Antes do papel na série ‘Bridgerton’, ele já havia atuado na série ‘For The People’, também da Shondaland. No cinema, se destacou em títulos como ‘Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes’, ‘The Gray Man’ e ‘Black Bag’.

Herói senegalês será homenageado após salvar crianças em incêndio em Paris

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O senegalês Fousseynou Samba Cissé, de 39 anos, ganhou reconhecimento internacional após um ato de coragem e humanidade. Na última sexta-feira (4), ele salvou quatro crianças e duas mulheres de um incêndio que atingiu um prédio residencial na região de La Chapelle, no norte de Paris, na França.

Fousseynou, que vive na França desde 2020 com sua esposa e filho de 2 anos, não hesitou diante do perigo. Ele se manteve firme no parapeito do edifício até garantir que todos os vizinhos estivessem a salvo. “A imagem do bebê ‘me puxou’. Não pensei duas vezes em sair quando vi a mulher tirar seu bebê para fora”, contou o herói em entrevista ao programa “Fantástico”.

Comovidos pela ação do senegalês, os vídeos do resgate viralizaram rapidamente nas redes sociais, mostrando a coragem e a determinação de Fousseynou em meio ao fogo.

Além de sua coragem, ele fez questão de destacar seu ato como um gesto humano e solidário: “Fiz como ser humano, simplesmente queria salvá-los. Poderia ser eu, poderia ser você”.

O prédio atingido pelo incêndio abriga muitas famílias de imigrantes. Ao todo, 18 pessoas ficaram desalojadas, e 13 precisaram de atendimento médico por inalação de fumaça. As causas do incêndio ainda são investigadas.

Agora, em reconhecimento a sua bravura, Fousseynou Samba Cissé será condecorado oficialmente pelo governo francês. Sua história serve como um exemplo de coragem, solidariedade e humanidade, destacando a importância de reconhecer e valorizar ações heroicas que transcendem fronteiras e culturas.

Iniciativa oferece curso gratuito de trança afro e beleza para mulheres negras

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Nesta terça-feira, 8 de julho, será lançado em São Paulo um curso gratuito de formação em trança afro-brasileira e beleza, voltado exclusivamente para mulheres negras. A iniciativa, promovida pela Universidade Zumbi dos Palmares em parceria com a Fundação Banco do Brasil, tem como foco a geração de renda, a valorização da cultura afro e o fortalecimento da autonomia financeira dessas mulheres.

Muito além de uma questão estética, a prática de trançar cabelos carrega significados profundos: é resistência, herança ancestral e afirmação de identidade. Desde que a profissão de trancista foi regulamentada no Brasil, em 2023, tem crescido o reconhecimento desse ofício como um caminho digno de trabalho e empreendedorismo.

“O curso transforma o que é tradição em oportunidade concreta de crescimento. Trançar é cultura, identidade e sobrevivência”, afirma o Prof. Dr. José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares. Para Luciana Bagno, diretora de Desenvolvimento Social da Fundação Banco do Brasil, a iniciativa é um marco importante, especialmente por alcançar comunidades de capitais nas cinco regiões do país.

A meta é formar 600 trancistas profissionais até o final de 2025, com impacto direto na geração de renda, no fortalecimento da economia solidária e na autoestima de mulheres negras. A parceria entre a Fundação Banco do Brasil, referência nacional em sustentabilidade e desenvolvimento social, e a Universidade Zumbi dos Palmares, única instituição de ensino superior da América Latina voltada à inclusão da população negra, mostra o potencial transformador de ações voltadas ao Brasil profundo, especialmente nas periferias urbanas.

A apresentação do curso acontece nesta terça-feira (8), às 19h, na sede da Universidade Zumbi dos Palmares.

Para mais informações, acesse o site da Universidade Zumbi dos Palmares.

O “Adestramento” da mulher negra: quando o racismo e a misoginia são institucionalizados

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Foto: © Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

O que aconteceu na Câmara dos Deputados no dia 2 de julho de 2025 não foi um simples embate político. Foi um ataque público e coordenado contra a Ministra Marina Silva, que é, além de Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, deputada federal eleita pelo povo brasileiro, ou seja, ela faz parte daquela Casa. Mesmo assim, ou justamente por isso, foi alvo de insultos, distorções, ironias, desrespeito e misoginia, num espetáculo que mais parecia um linchamento institucional do que uma audiência pública.

Deputados como Rodolfo Nogueira (PL-MS), que presidia a sessão e fez piada com o uso de avião oficial pela Ministra; Evair Vieira de Melo (PP-ES), que liderou os ataques com discurso inflamado e recheado de desinformação; além de Gustavo Gayer (PL-GO), Zé Trovão (PL-SC), Delegado Caveira (PL-PA), Silvia Waiãpi (PL-AP), Pastor Marco Feliciano (PL-SP), Rodrigo da Zaeli (PL-MT) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO), todos atuaram como se estivessem acima da Constituição, do regimento interno e do mínimo de decência parlamentar.

Utilizaram o microfone e a imunidade parlamentar, que deveria proteger o debate democrático como escudo para seus preconceitos individuais, escancarando o racismo, o machismo e a intolerância religiosa com ares de normalidade. Essa imunidade não foi feita para isso. O que vimos foi a distorção de um privilégio constitucional sendo usado para tentar silenciar e humilhar uma das figuras públicas mais respeitadas do Brasil e do mundo.

A violência política tem cor e gênero

É impossível assistir ao que aconteceu com Marina Silva e não reconhecer o padrão: a violência institucional contra mulheres negras no Brasil é muito mais brutal do que contra qualquer homem branco sob as mesmas condições. O que Marina enfrentou naquela audiência não seria tolerado se fosse dirigido a um ministro branco, de elite, ligado aos mesmos interesses que ela enfrenta diariamente com coragem.

A necessidade de mais mulheres no Congresso é inquestionável. Mas o que também é inquestionável, e revoltante, é que todas que chegam estão submetidas a um tratamento inconstitucional, violento, deslegitimador e, muitas vezes, impune. Isso não é democracia, é barbárie travestida de debate.

E que fique claro: Marina não estava ali como convidada, como alguém de fora. Ela é deputada federal eleita, com a legitimidade que muitos ali parecem querer esquecer. Seu lugar é naquela Casa, e sua voz incomoda exatamente porque representa um Brasil que eles se recusam a aceitar: plural, diverso, popular, negro, amazônico, resistente.

Os ataques não foram apenas pessoais, foram estratégicos. Acusaram a Ministra de “perseguir o agro”, de “confiscar gado”, de “culpar São Pedro” pelas queimadas, e de liderar um ministério “inoperante”. Tudo isso enquanto ignoram deliberadamente os dados que mostram uma queda de 46% no desmatamento da Amazônia e um investimento recorde em fiscalização e combate a incêndios.

Ao distorcer os fatos, esses parlamentares tentam sabotar políticas públicas que buscam proteger o meio ambiente, conter o colapso climático e enfrentar crimes ambientais. Fazem isso em nome de uma suposta “defesa do produtor rural”, mas, na prática, defendem interesses ilegais e predatórios que avançam sobre terras públicas, indígenas e de conservação.

Silenciar Marina é silenciar tudo o que ela representa ela, que hoje, um dos principais símbolos vivos da luta por justiça socioambiental. E é justamente isso que a torna alvo. Atacam Marina porque ela ousa dizer não à devastação. Porque ela diz sim à floresta, aos povos originários, à ciência e à democracia. Porque sua trajetória — uma mulher negra, evangélica, vinda do seringal — é uma ameaça à lógica racista e elitista que ainda domina o poder político brasileiro.

Quando a Deputada Juliana Cardoso (PT-SP) denuncia que Marina é atacada “por não se curvar e não se vender”, ela está dizendo o óbvio que muitos insistem em ignorar. E quando a Deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) afirma que “o que precisa ser adestrado nesta Casa é o racismo e a misoginia”, ela aponta o cerne do problema: o racismo político está institucionalizado, e ninguém faz nada.

A democracia está em risco e o silêncio é cúmplice

Essa audiência foi mais do que um episódio vergonhoso. Ela é um alerta sobre o que está em jogo. A tentativa de calar Marina é também uma tentativa de desacreditar os dados, atacar as instituições ambientais, relativizar o papel do Parlamento e transformar a arena política em um ringue de ódio.

E não podemos esquecer: muitos dos que hoje atacam Marina são os mesmos que flertaram com os atos antidemocráticos. São os mesmos que defendem a liberação total de agrotóxicos, o garimpo ilegal e o desmonte das leis ambientais. Eles não têm compromisso com o futuro, têm compromisso com a destruição.

Nossa resposta precisa ser coletiva, defender Marina Silva é defender a legitimidade das mulheres negras na política, a integridade das políticas ambientais, a ciência, o direito à verdade e o Estado Democrático de Direito. Não é apenas sobre uma pessoa. É sobre o Brasil que queremos construir e o Brasil que precisamos proteger.

Não basta mais dizer “repudiamos”. É hora de exigir responsabilização pública e política. É hora de cobrar dos partidos, das lideranças e da sociedade civil que digam: não aceitaremos mais esse tipo de violência.

Marina não está sozinha. Ela representa milhões de brasileiras e brasileiros que lutam todos os dias para existir com dignidade. E enquanto houver uma floresta em pé e uma mulher negra resistindo no poder, haverá esperança.
Por Priscilla Arantes, comunicadora de impacto com ênfase em Políticas Públicas, fundadora do Instituto Afroella e Natália Figueiredo, gerente de Políticas Públicas da Proteção Animal Mundial.

Michael B. Jordan e Danai Gurira voltam a atuar juntos no remake do clássico ‘The Thomas Crown Affair’

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Fotos: Muscular Dystrophy Association e Divulgação

Depois de atuarem juntos em ‘Pantera Negra’, Michael B. Jordan e Danai Gurira vão se reencontrar em um novo projeto que promete esbanjar estilo, tensão e representatividade. Os dois atores estão no elenco da nova versão de ‘The Thomas Crown Affair’, clássico do cinema de 1968 que agora ganha uma nova releitura sob o comando do próprio Jordan.

Além de estrelar, Michael B. Jordan também dirige e produz o longa por meio de sua produtora, a Outlier Society, ao lado de Elizabeth Raposo e do veterano Charles Roven (Oppenheimer). A produção começou nesta segunda-feira (7), em Londres, e a estreia nos cinemas já tem data marcada: 5 de março de 2027.

Taylor Russell (As Ondas), Lily Gladstone (Assassinos da Lua das Flores) e Kenneth Branagh (Hamlet), também estão confirmados no elenco. Jordan vai viver um bilionário sofisticado, apaixonado por arte e também por roubá-la. No centro de um suspense romântico de assalto, Russell será a investigadora privada que tenta capturá-lo. Os detalhes sobre os papéis de Gladstone e Branagh ainda estão sob sigilo, mas fontes apontam que Danai Gurira viverá a confidente do personagem de Jordan, em uma posição estratégica e poderosa.

O filme é baseado no longa original, estrelado por Steve McQueen e Faye Dunaway, que teve um remake em 1999 com Pierce Brosnan e Rene Russo. A nova adaptação mantém a temática de assalto e luxo, agora ambientada na Europa, e tem roteiro assinado por Drew Pearce (Missão Impossível: Nação Secreta), com base em versões anteriores de Wes Tooke e Justin Britt-Gibson. O roteirista do filme original, Alan Trustman, assina como produtor executivo.

Danai Gurira, aclamada por seu papel como Okoye nos filmes ‘Pantera Negra’ e ‘Vingadores’, volta a se encontrar com Jordan, que deu vida a Killmonger na Marvel.

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