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Honrando o lugar que ocupa: Uma reflexão existencialista sobre liderança negra e responsabilidade social

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Junia Mamedir (Foto: Divulgação)

Por: Junia Mamedir

A afirmação “Não é o lugar que ocupa que deve honrar você, mas sim, é você que deve honrar o lugar que ocupa” nos remete à complexidade da relação entre o indivíduo e a posição que ocupa na sociedade. Para líderes negros, essa responsabilidade assume uma dimensão ainda mais profunda, pois tudo que fazem reflete não apenas em si mesmos, mas também em um grupo social mais amplo. Neste artigo, vamos explorar a importância de honrar o lugar que se ocupa, especialmente para líderes negros, e como isso se relaciona com a responsabilidade social e as habilidades sócio emocionais.

A Liderança Negra e a Responsabilidade Social

A liderança negra é uma posição de grande visibilidade e responsabilidade. Tudo que as lideranças fazem pode ser visto como um reflexo não apenas de si mesmos, mas também de sua comunidade. Isso pode ser um peso adicional para aqueles que ocupam essas posições,
pois sabem que suas ações podem ter um impacto significativo na percepção e na experiência de outros membros da comunidade negra. Além disso, a falta de habilidades sócio emocionais pode levar a desafios significativos, como a gestão do estresse, a resolução de conflitos e a manutenção de relacionamentos saudáveis.

O Contexto Histórico da Escravidão e seu Impacto

A história da comunidade negra é construída e marcada por mais de 300 anos de escravidão, que desumanizou e brutalmente oprimiu nossos ancestrais. O silêncio era uma possibilidade de sobrevivência, e a resistência era uma forma de luta pela liberdade e pela dignidade. Hoje, cada vez mais devemos buscar dar voz as novas lideranças negras mas precisamos fazer isso com responsabilidade social. É fundamental marcar que a individualidade é um processo de humanização, e as lideranças negras são vistas como representação coletiva. Isso significa que o posicionamento de uma liderança negra impacta não apenas a si mesma, mas também à comunidade que vem de referências que precisaram transgredir e lutar para sobreviver.

Etapas para se Posicionar como uma Liderança que Honra o Lugar que Ocupa

  1. Desenvolver habilidades sócio emocionais como empatia, resiliência e comunicação eficaz para lidar com os desafios que podem surgir.
  2. Ser consciente do contexto racial em que vivem e trabalham, e desenvolver estratégias para lidar com os desafios que podem surgir.
  3. Fomentar a sua comunidade para fortalecer a sua comunidade e identidade, promovendo a solidariedade e o apoio mútuo.
  4. Ser um modelo de comportamento comportamento positivo, demonstrando valores como integridade, honestidade e respeito.

Práticas para Treinar a Empatia, Resiliência, Gestão de Estresse e Conflitos

  1. Empatia: Pratique a escuta ativa e tente entender a perspectiva dos outros. Isso pode ajudar a construir relacionamentos mais fortes e a resolver conflitos de forma mais eficaz. Uma excelente ferramenta é aprender mais sobre Comunicação Não Violenta.
  2. Resiliência: Desenvolva uma mentalidade de crescimento e expansão, capaz de lidar com a adversidade. Entenda que você pode falhar, mas olhe isso como uma oportunidade de aprendizado e se pergunte: o que aprendi com isso? Siga em frente atento aquilo que não será positivo para sua vida caso se repita. Isso pode ajudar a superar obstáculos e a alcançar seus objetivos.
  3. Gestão de estresse: Pratique técnicas de relaxamento, como meditação ou yoga, e aprenda a gerenciar seu tempo de forma eficaz. Isso pode ajudar a reduzir o estresse e a melhorar sua saúde mental.
  4. Gestão de conflitos: Aprenda a comunicar-se de forma eficaz e a resolver conflitos de forma construtiva. Isso pode ajudar a melhorar seus relacionamentos e a alcançar seus objetivos.

Honrar o lugar que se ocupa é uma responsabilidade importante para líderes negros. Isso exige não apenas habilidades técnicas e profissionais, mas também habilidades sócio emocionais para lidar com os desafios que podem surgir. Ao desenvolver essas habilidades e
ser consciente do contexto racial, líderes negros podem contribuir para o empoderamento e a visibilidade da sua comunidade e para as novas gerações. Além disso, é fundamental que líderes negros sejam modelos de comportamento positivo, coragem e que fomentem a
comunidade negra. Ao fazer isso, podemos criar um futuro mais justo e equitativo para todos.

Referências

  • hooks, b. (2003). Teaching community: A pedagogy of hope. Routledge.
  • Freire, P. (1970). Pedagogia do oprimido. Paz e Terra.
  • Asimeng-Boahene, A. (2010). _Cultural relevance and school reform: A case study of African-centered education_. Peter Lang Publishing.
  • Pierre, J. (2004). Black immigrants in the United States and the “cultural narratives” of ethnicity. Identities: Global Studies in Culture and Power, 11(2), 141-170.
  • Ani, M. (1994). Let the circle be unbroken: The implications of African spirituality in the diaspora. Nkonimfo Publications.
  • Kambon, K. K.

EXCLUSIVO: Majur lança visualizers de “Gira Mundo” com traduções inéditas das cantigas em iorubá; Veja o teaser!

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Foto: Ladeira/Lucas Marinho

Atendendo a pedidos dos fãs, cantora libera a partir deste domingo (7) uma série de audiovisuais em seu canal no YouTube e no Instagram; Confira na matéria o teaser exclusivo.

A partir deste domingo (7), Dia da Independência do Brasil, Majur inicia o lançamento dos visualizers de “Gira Mundo”, seu terceiro álbum de estúdio. A obra celebra a ancestralidade afro-brasileira por meio de 16 cantigas dedicadas aos orixás e estará disponível no YouTube a partir do meio-dia. Pela primeira vez, as faixas cantadas em iorubá vêm acompanhadas de tradução para o português e ganham vida em visualizers que apresentam um balé afro, com danças que celebram a riqueza da cultura afro-brasileira. Os vídeos chegam cerca de quatro meses após o lançamento do álbum, atendendo a muitos pedidos dos fãs.

Os lançamentos serão divididos em duas etapas. A primeira começa no dia 7 de setembro, com a publicação de oito visualizers nas plataformas digitais. Já a segunda acontece em 21 de setembro, trazendo a sequência das músicas do disco. A ordem e a divisão das faixas seguem a tracklist do álbum (veja abaixo).

Sobre a importância do projeto, Majur afirma: “O objetivo do meu álbum e da turnê é criar uma ponte de diálogo com toda a sociedade. Todos precisam conhecer a cultura afro-brasileira e assim desmistificar a intolerância e o racismo no discurso de representatividade da maldade, crueldade”, diz Majur. “O candomblé é cuidado e respeito à natureza e à nossa cabeça enquanto indivíduo. É família, resgate de cidadania, ancestralidade e cultura.”

Majur destaca ainda que a cultura afro se manifesta na beleza das roupas, na comida típica, na língua portuguesa, nos dialetos, na ciência e nos hábitos do nosso dia a dia. “O diálogo que proponho acontece por meio da nova sonoridade, que respeita as melodias originais, a pesquisa e escolha das cantigas em iorubá, com tradução para o nosso idioma. Com intervenções de beat e efeitos eletrônicos atuais, do underground ao streaming, junto ao disco. É também uma apresentação visual do corpo de balé, criando uma imersão experimental de conhecimento. Gira Mundo é um álbum patrimônio cultural do Brasil, feito para todo mundo.”

Tracklist:

1.   Bará 

2.   Ogum

3.   Odé 

4.   Ossain 

5.   Obaluayê

6.   Oxumarê e Ewá 

7.   Xangô e Ayrá

8.   Iroko

9.   Logun Edé

10. Oxum

11. Oyá

12. Obá

13. Yemanjá

14. Nanã

15. Ibeji

16. Oxalá

Mais de 4 mil votos marcam as primeiras 24h da Powerlist 2025

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Foto: reprodução

A Powerlist Mundo Negro – Mulheres Negras Mudam Histórias inicia mais uma edição reforçando sua força como principal premiação dedicada a reconhecer mulheres negras que transformam o Brasil. Em 2025, a iniciativa trouxe uma novidade: pela primeira vez, o público participa diretamente da escolha das finalistas, garantindo que a voz da sociedade seja protagonista na definição das mulheres que se destacam em diferentes áreas.

O engajamento foi imediato. Nas primeiras 24 horas de votação, mais de 4 mil votos foram registrados, mostrando o interesse do público em valorizar e reconhecer talentos femininos negros que atuam em setores como tecnologia, empreendedorismo, moda, beleza e gastronomia. A participação popular fortalece a relevância da Powerlist e evidencia como as mulheres negras têm conquistado cada vez mais visibilidade e protagonismo.

Com a seleção das finalistas concluída ontem, a votação segue aberta para que o público decida quais mulheres negras merecem ser celebradas em quatro categorias de voto popular: Criadora Digital, Empreendedora, Moda e Beleza e Gastronomia. Este processo reforça o caráter democrático e inclusivo da premiação, ao mesmo tempo em que destaca a potência da representatividade em diferentes campos da sociedade.

Entre as finalistas desta edição de 2025 estão:

Criadora Digital: Tati Regina Amiel (@falaaitati), Cricielle Muniz (@cricielle13), Gabi Oliveira (@gabidepretas), Preta Rara (@pretararaoficial) e Roberta Garcia (@rogarcia.1)

Empreendedora: Noéle Gomes (@noelegomes), Jamile Lima (@llima.jamile), Luana Segatto (@lua_segatto), Fany Miranda (@fanymirandaoficial) e Jéssica Cardoso (@jessicainterpreta)

Moda e Beleza: Carol Mello (@espacocarolmello), Andréa Santana (@dra.andreafarma), Najara Black (@najarablack), Jaqueline Vieira (@jaquevibeauty) e Jackie Siqueira (@jackiesiqueiramua)

Gastronomia: Aline Chermoula (@alinechermoula), Luiza Felix (@malawivegetariano), Sônia Oliveira Santos (@yasoniaoliveira), Chef Dani Pimenta (@chefdanipimenta) e Geórgia Goiana (@georgiagoiana)

A votação para escolher as vencedoras segue aberta, e todos podem participar acessando o link oficial: Vote aqui.

Hugo Gloss mostra que jornalismo também pode ser entretenimento de alto impacto

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Foto: reprodução

O jornalismo de entretenimento, mesmo sendo um dos segmentos mais consumidos pelo público, ainda enfrenta preconceito e desvalorização. Foi sobre esse cenário que Hugo Gloss, nome artístico de Bruno Rocha, falou em entrevista ao programa Maria Vai Com os Outros, do Canal UOL. Com uma trajetória consolidada na cobertura de cultura pop, música, cinema e celebridades, Gloss é referência no setor e construiu um espaço de relevância no jornalismo digital.

“O jornalismo de celebridade, embora seja o mais acessado, é o mais criticado. Porque embora todo mundo queira saber daquilo, todo mundo fala: ‘ai, mas olha, fofoca, não sei o que, olha, isso não é trabalho, isso não sei o quê, entendeu?’ Tem esse preconceito. O que é muito contraditório, né? Porque se as pessoas têm esse preconceito todo, como que tem tanta audiência?” — destacou Gloss, evidenciando a contradição entre o interesse massivo do público e o julgamento que o segmento sofre.

O jornalista reforça que a abrangência do jornalismo de entretenimento vai muito além da cobertura de celebridades. “E quando eu digo entretenimento, eu estou falando do todo, que é o que eu faço, de falar de TV, de música, de cinema e de celebridades”. Com isso, Gloss explica que seu trabalho conecta o público a múltiplas manifestações culturais e sociais, consolidando o segmento como estratégico e relevante.

Além disso, ele observa que, apesar das críticas, o entretenimento mantém engajamento constante, mostrando que há uma demanda real e sustentável por esse tipo de jornalismo. A audiência, segundo Gloss, prova a necessidade de valorizar e reconhecer o trabalho realizado, que envolve pesquisa, apuração e entrevistas, muito além do que muitos chamam de “fofoca”.

O jornalista ainda ressalta que o preconceito ignora o profissionalismo da cobertura. Cada matéria, análise ou entrevista exige planejamento e conhecimento aprofundado sobre o tema, reafirmando que o setor exige competência e técnica jornalística.

Com a entrevista, Hugo Gloss evidencia que o jornalismo de entretenimento merece reconhecimento e respeito. Embora seja frequentemente criticado, ele é vital para informar, entreter e conectar o público à cultura pop, mostrando que o entretenimento não é superficial, é estratégico, relevante e de alto impacto.

Africanize anuncia After Oficial para fãs de Burna Boy e Lauryn Hill em São Paulo

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Foto: reprodução

Neste sábado (06), São Paulo será palco de uma noite histórica para a cultura preta. Após a estreia de Burna Boy no Brasil e o aguardado show de Lauryn Hill no festival The Town, o público terá a chance de prolongar a experiência com a Africanize Party – After Oficial Burna Boy & Lauryn Hill, no Cine Joia, a partir das 22h.

Criada em 2023 pela Africanize — maior plataforma de cultura negra da América Latina — a festa já realizou mais de 12 edições e reuniu mais de 25 mil pessoas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Com proposta de centralizar e celebrar a cultura afro-diaspórica, a Africanize Party se consolidou como um dos encontros mais marcantes da cena cultural, assinando afters de peso, como o de The Last Dance após o show de Chris Brown, além de colaborações com festas icônicas como YOLO Love Party, Xic Hop, Baile da Luxury e Baile do Amor.

Nesta edição especial, o line-up traz DJ Tamy Reis, Totonete, Shine e UMiranda, nomes que traduzem a força das pistas urbanas brasileiras. No comando do microfone estará Adesope (Energy God), diretamente de Londres. Considerado uma das maiores referências globais no Afrobeats, o apresentador já entrevistou ícones como Wizkid, Davido e o próprio Burna Boy.

O Cine Joia, espaço histórico no centro de São Paulo, será o cenário dessa celebração. Conhecido por sua arquitetura singular e projeções de última geração, o local já recebeu mais de mil noites de música e abre as portas para um dos afters mais aguardados do ano.

“A Africanize Party nasceu para ser esse lugar onde a cultura preta não é só celebrada, mas centralizada. E essa edição traduz tudo isso: viver Burna Boy e Lauryn Hill no festival e continuar a noite em um espaço pensado por e para nós”, afirma Wanessa Fernandes, CEO da Africanize.

Africanize Party: After Oficial Burna Boy & Lauryn Hill

Data: 06 de setembro de 2025 (sábado)
Horário: 22h às 04h
Local: Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82, Liberdade, São Paulo – SP
Line-up: DJ Tamy Reis, Totonete, Shine e UMiranda
MC: Adesope (Energy God), de Londres
Ingressos: a partir de R$ 50 no Sympla (2º lote)
Classificação etária: 18 anos

Luana Génot conclui ciclo como Líder Global do Fórum Econômico Mundial e celebra possibilidades para o Brasil

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Foto: Reprodução/Instagram

“A gente não quer só comida, a gente quer possibilidades.” Foi assim que a CEO do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), Luana Génot, celebrou em suas redes sociais a conclusão de um ciclo transformador: após quatro anos de atuação, ela finalizou oficialmente sua jornada como Líder Global do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum).

A conquista, que teve início em 2020, levou Luana a percorrer diferentes países e contextos de liderança. Ela passou por módulos em instituições como Harvard e Stanford, palestrou em espaços de destaque mundial, como o Fórum de Davos e a Semana do Clima em Nova York, além de participar de encontros na Patagônia, Índia, Singapura e Dubai.

“Uma possibilidade que um dia foi sonho, virou oportunidade e hoje é realidade”, escreveu. No meio dessa intensa jornada, ela ainda viveu uma transformação pessoal: a gravidez e o nascimento de segundo filho, Hugo.

Apesar de celebrar a conquista, Luana destacou que os caminhos não foram simples: “Tudo isso só aconteceu também porque me indicaram, porque abracei esta possibilidade como um caminho de crescimento pessoal e de carreira, me negando a aceitar o que me foi condicionado e é claro, dizendo muitos nãos para possibilidades que não se encaixavam com a minha visão de futuro: inclusão, equidade e a possibilidade de todos nós, povos minorizados, transitarem pelo mundo.”

De volta ao Brasil, ela afirma carregar na bagagem experiências, diálogos e novas perspectivas para o futuro do ID_BR e do país. Ao encerrar sua publicação, Luana deixou uma mensagem para quem sonha com novos horizontes: “Se você tem algum sonho, seja ele pessoal ou profissional, ouse buscar essa possibilidade, não aceite as migalhas da vida, todos nós merecemos mais do que só “comida”.

Em Salvador, Maimbê inaugura em novo endereço e traz cardápio renovado

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Chef Luiz Felipe de Santana Gomes (Foto: Divulgação)

O cheiro de feijão fradinho e o sabor da tradição afro-brasileira dão vida ao Maimbê, restaurante comandado pelo chef Luiz Felipe de Santana Gomes, em Salvador (BA). O novo endereço (Rua Marques de Caravelas, 154, Barra) foi inaugurado na última sexta-feira (29), ampliando as possibilidades de experiência e com um menu renovado, ainda mais conectado ao conceito de comida popular baiana acessível, diversa e afetiva.

Entre as novidades do cardápio estão novas versões do abará, como o abará com mariscada, o abará com siri catado e o abará com moqueca de carne de jaca, além de outras novas opções de pratos, sanduíches e saladas. O espaço oferece opções veganas, vegetarianas e onívoras, além de delivery e vendas de congelados, “para que todos possam experimentar sem restrições”, destaca Luiz Felipe, em entrevista ao Mundo Negro e Guia Black Chefs, publicitário de formação, que trouxe para a cozinha sua criatividade e olhar estratégico.

Foto: Divulgação

“Minha vó a matriarca da família sempre fez os melhores pratos, ela é minha maior inspiração, uma mulher preta, criou 4 filhos praticamente sozinha, empreendeu vendendo mingau todos os dias cedo e assim sustentou nossa família”, relembra Felipe. “A comida mexe com nossos sentimentos, une as pessoas, nos deixa felizes e contentes, a comida conforta e foi essa junção de sentimentos que me fez amar cozinhar e o ato de alimentar.”

Identidade e pertencimento

Foto: Divulgação

Assim como muitos profissionais negros da gastronomia, Luiz Felipe enfrentou barreiras por “não ser levado a sério ou respeitado em muitas situações de liderança. Mas sou preto, gordo, gay e venho do ‘guetho’ de Salvador, as dificuldades existiram desde a minha infância, então sempre encaro como mais um obstáculo que sei que vou vencer, porque quando você cresce sempre levando quedas, nada mais te impede de levantar e seguir em frente”, afirma.

Mais do que empreender, Luiz Felipe vê na gastronomia uma missão. “O meu propósito maior é transformar a vida da minha família e mudar a visão e os estereótipos da cidade em que vivo e empreendo”, projeta.

Foto: Divulgação

Serviço

Maimbê – Comida Popular Baiana
Endereço: Rua Marques de Caravelas, 154, Barra – Salvador
Funcionamento: Segunda à Sábado, das 12h às 20h
Instagram: @maimbeabaras

As Raquéis do Mundo Corporativo

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Foto: reprodução

Ana K Melo

Recentemente, assisti a uma entrevista de Taís Araújo sobre sua personagem Raquel, da novela Vale Tudo. Não acompanho o folhetim, mas a internet não me permite ignorar seus desdobramentos. A entrevista foi um gatilho disparado no meu estômago. A firmeza indignada, embalada pela elegância educada de Taís, me fez investigar o que havia por trás daquela fala.

Na linha do tempo que encontrei, Raquel teve um buffet de festas, venceu um reality de culinária, atraiu investidores — mas bastou uma sabotagem e a saída da sócia majoritária para que fosse empurrada de volta à praia, vendendo sanduíches ao sol. Note: não foi para um restaurante renomado como subchefe, não abriu um empreendimento menor, tampouco explorou sua popularidade para ensinar receitas no Instagram. A autora decidiu colocá-la novamente na areia, com o tabuleiro à frente das mulheres brancas e ricas.

Esse enredo me atingiu porque despertou lembranças recentes. Depois de dez anos atuando em Recursos Humanos de grandes empresas, em um momento de crescimento inédito nos resultados de clima organizacional, recebi um feedback disfarçado de elogio:
“Você tem uma voz tão poderosa, um dom para comunicar que emociona. Será mesmo que seu lugar é no mundo corporativo? Eu sinto que a Globo está perdendo um talento.”

Respirei fundo e respondi:
“Você acha que essa sugestão faz sentido diante dos resultados que alcançamos com as iniciativas que liderei?”

O sorriso que encerrou a conversa não apagou o que veio depois. Eu saí dali desestabilizada, amedrontada. Amigos tentaram me convencer de que era exagero meu. Mas eu sabia. A partir daquele dia, toda vez que me posicionei de forma estratégica, alguém questionava se eu não deveria me dedicar apenas às palestras. O recado era claro: meu lugar não era dentro da empresa.

Esse relato pessoal se conecta com um movimento maior e mais cruel. O mercado está promovendo uma limpeza silenciosa. Em 2020, mulheres negras foram promovidas, disputadas, celebradas como símbolos de diversidade. Cinco anos depois, em 2025, sobrevivemos a uma primavera curta. Agora, uma a uma, executivas negras são afastadas em reestruturações “top down”, acompanhadas da frase padronizada: “Você é incrível, mas não temos outro espaço para você.”

Os cargos que nos deram visibilidade tinham começo e fim em si mesmos. No meu círculo pessoal, cinco executivas negras — todas brilhantes, que prefiro preservar em anonimato — foram “incentivadas” a migrar para a consultoria ou para conselhos administrativos. O curioso é que suas antigas posições simplesmente deixaram de existir ou foram rebaixadas e preenchidas por pessoas brancas.

Na novela, tia Celina não hesitou em retirar o investimento de Raquel para não contrariar a sobrinha herdeira. No fundo, é o mesmo pacto que a novela escancarou. A branquitude corporativa nunca hesitou em aplaudir nossas palestras ou consumir nossos discursos em eventos. Mas quando se trata de nos manter na sala de decisões, acessando as mesmas informações e provando ter igual — ou maior — competência, o jogo muda. Querem nos ouvir, não nos dividir o poder.

O gatilho que me despertou é a sequência de empurrões que recebemos para entreter, inspirar e acalmar consciências, enquanto nos retiram da mesa de comando. É a lógica que insiste em tratar competência como se fosse privilégio hereditário: “vocês falam bonito, mas os negócios são conosco”. E quando, ainda assim, conseguimos provar o contrário, eles dão um jeito de nos exilar.

Powerlist 2025 revela finalistas do voto popular após mais de 600 indicações em todo o Brasil

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Celebração da Powerlist 2024


A Powerlist Mundo Negro – Mulheres Negras Mudam Histórias chegou a um marco histórico em sua quarta edição. Pela primeira vez, a premiação abriu espaço para a participação direta do público, que respondeu de forma massiva: foram mais de 600 indicações recebidas em seis dias e mais de 4 mil votos que definiram as finalistas em quatro categorias fixas de voto popular.

Criada pelo portal Mundo Negro em 2022, a Powerlist já se consolidou como a maior premiação dedicada exclusivamente a reconhecer mulheres negras que transformam o Brasil em diferentes áreas. Ao longo de três edições, o prêmio homenageou nomes como Samantha Almeida, Camila Farani, Erika Hilton, Rosângela Silva, Dra. Katleen Conceição e Mônica Anjos. Em 2025, além da votação popular, a premiação conta com o apoio institucional de Natura e Grupo L’Oréal, reforçando sua relevância cultural e social.

As finalistas do voto popular foram selecionadas em quatro categorias: Criadora Digital, Empreendedora, Moda e Beleza e Gastronomia. Confira as indicadas:

Criadora Digital

Tati Regina Amiel (@falaaitati)

Cricielle Muniz (@cricielle13)

Gabi Oliveira (@gabidepretas)

Preta Rara (@pretararaoficial)

Roberta Garcia (@rogarcia.1)

Empreendedora

Noéle Gomes (@noelegomes)

Jamile Lima (@llima.jamile)

Luana Segatto (@lua_segatto)

Fany Miranda (@fanymirandaoficial)

Jéssica Cardoso (@jessicainterpreta)

Moda e Beleza

Carol Mello (@espacocarolmello)

Andréa Santana (@dra.andreafarma)

Najara Black (@najarablack)

Jaqueline Vieira (@jaquevibeauty)

Jackie Siqueira (@jackiesiqueiramua)

Gastronomia

Aline Chermoula (@alinechermoula)

Luiza Felix (@malawivegetariano)

Sônia Oliveira Santos (@yasoniaoliveira)

Chef Dani Pimenta (@chefdanipimenta)

Geórgia Goiana (@georgiagoiana)

‘Vale Tudo’ e ‘A Melhor Mãe do Mundo’: Sabrina Fidalgo aponta como as produções reforçam a “pornografia da miséria”

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Fotos: Fábio Rocha/Globo e Divulgação

A diretora e roteirista Sabrina Fidalgo publicou nas redes sociais um texto contundente sobre como personagens negros seguem sendo representados no audiovisual brasileiro. Em sua análise, ela denuncia o que chama de “roubo de narrativas”, dispositivo que mantém a hegemonia da branquitude mesmo em projetos que se apresentam como “antirracistas” ou comprometidos com diversidade.

Como exemplo, Sabrina estampou duas produções em altas neste momento: a novela remake de Vale Tudo, escrito por Manuela Dias, que tem sido duramente criticada pelos rumos que levou a Raquel, personagem de Taís Araujo, após perder o restaurante e voltar a vender sanduíche na praia; e o filme ‘A Melhor Mãe do Mundo’, dirigido por Anna Muylaert, em cartaz nos cinemas, que retrata a história de uma catadora de materiais recicláveis, interpretada por Shirley Cruz, que luta pra reconstruir a vida ao lados dos filhos, após sofrer violência doméstica.

Segundo Sabrina, a lógica do mercado audiovisual ainda centraliza pessoas brancas nas posições de poder — decidindo quem conta as histórias, quem deve ser ouvido e, principalmente, quem é mais bem remunerado. A participação de profissionais negros, quando acontece, muitas vezes é reduzida a papéis de “consultoria” ou “colaboração”, sem garantir autoria plena.

“Ao enfatizar um imaginário involucrado com a estética da miséria, pobreza, desgraça, fraqueza, submissão, co-adjuvantismos, luta, feiúra, sujeira, solidões, infortúnios e dissabores ESSES autores brancos de classe média alta, – que certamente jamais conviveram com uma pessoa não branca em seus círculos sociais que não fosse em situação de subserviência – estão, na verdade, dando uma ré em velocidade 5 no que tange qualquer tipo de avanço das questões raciais e por um imaginário justo e democrático.”, escreveu.

A cineasta afirma que a insistência na “pornografia da miséria” como forma de representar personagens negros reforça estigmas e limita a imaginação coletiva sobre outras existências possíveis. Para ela, autoria é poder e, enquanto a criação e o controle das narrativas continuarem majoritariamente nas mãos de grupos hegemônicos, não haverá mudança real na forma como corpos negros são vistos e retratados.

Sabrina também chama atenção para a responsabilidade sistêmica, que, segundo ela, subestima a inteligência de 56,9% da população brasileira, formada por pessoas negras. “Enquanto os donos das narrativas continuarem a pertencer a grupos hegemônicos nenhuma história colonial será mudada, mesmo se valendo de um pseudo protagonismo fetichizado na frente das câmeras”, finalizou.

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