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BaianaSystem deixa de ser última atração após críticas sobre horário tardio

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Foto: Gustavo Vargas

A banda BaianaSystem não será mais a última atração do Furdunço, tradicional evento de pré-carnaval que acontece neste domingo (23) em Salvador. A mudança foi confirmada pela Secretaria de Turismo de Salvador (Saltur) após um pedido da própria banda e de fãs, que manifestaram preocupação com o horário tardio do desfile. A expectativa é que o grupo ocupe agora a 51ª posição no circuito Orlando Tapajós, que vai do Clube Espanhol, em Ondina, até o Farol da Barra, com previsão de início por volta das 22h.

Ao Mundo Negro, a assessoria da Saltur explicou que o BaianaSystem tradicionalmente encerrava o Furdunço como última atração, levando uma multidão na última volta do pré-carnaval. No entanto, com o crescimento do evento, que este ano contará com 60 bandas, a posição final acabou sendo deslocada para um horário mais tarde, o que gerou insatisfação entre os fãs e a própria banda. A mudança foi recebida com alívio pelos foliões, que reclamaram nas redes sociais sobre o impacto do horário noturno para quem precisa trabalhar na segunda-feira (24). Em edições anteriores, o grupo costumava se apresentar entre 21h30 e 22h, mas, com a expansão do evento, a previsão inicial era de que o grupo desfilasse por volta das 23h50.

Russo Passapusso, vocalista da banda, havia se pronunciado publicamente sobre o assunto, destacando que o horário de saída do trio-elétrico não depende apenas da banda, mas também dos organizadores. “A gente quer muito sair no horário ao menos parecido com os outros anos, que dá para as pessoas que vão trabalhar no outro dia, que vêm pra cidade, que fazem suas viagens, [para que elas] consigam ter uma saúde na volta, uma organização melhor”, disse o artista em vídeo publicado nas redes sociais. Apesar da mudança, a situação reacendeu críticas sobre como o Carnaval de Salvador tem priorizado interesses empresariais em detrimento dos blocos afro e tradicionais, que são a base cultural e histórica da festa.

Neste ano, o Carnaval de Salvador celebra os 40 anos do Axé Music e a dissociação feita pela imprensa entre o ritmo e a cultura negra e seus representantes negros tem gerado críticas. Uma das mais recentes foi a escolha da dançarina Lore Improta, uma mulher branca e loira, para estampar uma matéria comemorativa dos 40 anos do Axé Music no perfil @elaoglobo, do jornal O Globo. A crítica ganhou força nas redes sociais, onde fãs e seguidores do Axé Music manifestaram insatisfação com a escolha editorial. Muitos destacaram que o gênero, que surgiu na Bahia e se consolidou como um dos maiores movimentos culturais do país, é fruto da criatividade e da resistência do povo preto. A ausência de representantes negros na matéria foi vista como um retrocesso no debate sobre letramento racial na mídia.

De acordo com o g1, a Saltur ressaltou que, apesar da mudança de posição do BaianaSystem, não é possível garantir o horário exato do desfile, apenas a ordem das atrações. A proposta inicial é manter um intervalo de sete minutos entre cada trio, mas o tempo pode variar de acordo com o número de pessoas e o ritmo de cada desfile.

O Furdunço 2024 terá início às 14h, com a Banda Big Show abrindo o evento. A mudança na programação do BaianaSystem foi vista como uma resposta positiva aos anseios dos fãs e da banda, mas a crítica sobre a marginalização dos blocos afro e tradicionais persiste. Para muitos, o Carnaval de Salvador precisa resgatar sua essência e garantir que as manifestações culturais negras, que deram origem à festa, não sejam eclipsadas por interesses comerciais. Enquanto isso, o BaianaSystem segue como uma das principais atrações, mas a discussão sobre representatividade e valorização das raízes do Axé Music e do Carnaval baiano continua em pauta.

Educação pública e desafios para as carreiras do futuro

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Foto: Sam Balye/Unsplash

Soft skills, e-learning, revolução 4.0: como isso afeta diretamente a educação de alunos vulneráveis e periféricos da rede pública de ensino 

O ano de 2025 tem se firmado com novas tendências para a educação: ensino híbrido, educação socioemocional, e-learning e microlearning, personalização do ensino, AI, entre outras, mas será que isso se aplica a toda população estudantil brasileira? As escolas de zonas periféricas e rurais, estão prontas para este novo contexto?

Batizada também de 4ª Revolução Industrial, esse fenômeno está mudando, em grande escala, a automação e troca de dados, bem como as etapas de produção e os modelos de negócios, por meio do uso de máquinas e computadores. Inovação, eficiência e customização são as palavras-chave para definir o conceito de Indústria 4.0, essa revolução também afeta as maneiras de aprender e ensinar.

Observando o cenário de fechamento das escolas durante a pandemia, os anos finais do ensino fundamental e ensino médio foram os mais impactados, com destaque para os estudantes do sexo masculino, pardos, negros e indígenas, com mães que não finalizaram o ensino fundamental. Esses foram os mais afetados pela pandemia, conforme apontou um levantamento encomendado pela Fundação Lemann ao Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e a África Lusófona (Clear), vinculado à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), no ano de 2023.

E a saúde mental dos brasileiros e acessibilidade digital?

O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com 11,5 milhões de pessoas diagnosticadas com depressão. Uma pesquisa da Unicef revelou ainda que 35% dos jovens se consideram ansiosos e dentre os entrevistados, a metade sentiu necessidade de pedir ajuda em relação à saúde mental, mas 40% deles não recorreram a ninguém.

O Fórum Econômico Mundial estabeleceu as características essenciais aos profissionais da nova década – as habilidades do futuro. Essas soft skills abarcam as novas demandas sociais, o modo de vida da sociedade contemporânea e as novas perspectivas de trabalho, dentre elas destaco habilidades como: pensamento crítico, resolução de problemas, gestão de pessoas e criatividade têm sido muito mais valorizadas, companhias querem colaboradores com “senso de dono” que entendam como tomar decisões difíceis e mostrar suas habilidades de liderança, sendo assim é possível mapear três de algumas das principais tendências para este ano.

Mas o que fazer para que essas habilidades, somadas com com novas tecnologias, abracem alunos em situação de vulnerabilidade? Sabemos que os jovens excluídos no mundo do trabalho e ameaçados pela destruição de empregos, que se vislumbra cada vez mais com o avanço acelerado das tecnologias digitais, têm cor e classe social bem definidas: são pobres e negros.

Sendo assim, ter políticas públicas que ofereçam oportunidades para esta juventude é pauta prioritária e uma das formas mais potentes de resolução é incluir digitalmente esses jovens. A precariedade, a falta de espaço para estudos e a falta de renda diminuem a capacidade de aprendizagem e isso impactará diretamente no futuro e na diversidade do mercado de trabalho, em especial para cargos mais altos.

Estado brasileiro é condenado na Corte Interamericana por impunidade em caso de discriminação racial em processo seletivo

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Foto: Divulgação/ONG CRIOLA

Em decisão histórica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) responsabilizou o Estado brasileiro pela impunidade em casos de discriminação racial contra Neusa dos Santos Nascimento e Gisele Ana Ferreira Gomes, ocorridos em 1998, na empresa Nipomed, do setor de saúde. A sentença, divulgada na última quinta-feira (20), determina que o Brasil reconheça sua responsabilidade, investigue os fatos, implemente medidas para prevenir a discriminação racial em contratações e repare as vítimas.

A decisão também determina que o país deverá coletar dados sobre o acesso à justiça por grupos racialmente discriminados. O caso foi acompanhado pelo Geledés Instituto da Mulher Negra e analisado pela ONG CRIOLA, para, posteriormente, propor protocolos de ação junto ao sistema de justiça brasileiro. A CIDH destacou que a discriminação racial estrutural no Brasil dificulta o acesso à justiça, especialmente para mulheres negras.

O caso remonta a 1998, quando Neusa e Gisele se candidataram a vagas de emprego na Nipomed, divulgadas no jornal Folha de S.Paulo. Na ocasião, foram informadas de que as vagas já estavam preenchidas. Horas depois, uma mulher branca, conhecida de Neusa, foi contratada para a mesma vaga. Em 2007, a Justiça brasileira rejeitou a ação por reparação de danos, o que levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a apresentar o caso à Corte em 2021. As vítimas só souberam do arquivamento do processo por meio do Geledés Instituto da Mulher Negra, já que não foram informadas pela Justiça.

Mônica Sacramento, coordenadora programática da CRIOLA, afirmou que a sentença evidencia o impacto do racismo institucional na vida de Neusa e Gisele, sobretudo em suas trajetórias profissionais. “Os efeitos da discriminação sofrida por elas foram agravados pela revitimização durante os processos judiciais”, disse. Ela também ressaltou o aumento de denúncias de violência racial e de gênero no ambiente de trabalho recebidas pelo Programa de Suporte à Defensoras e Enfrentamento às Violências, realizado pela CRIOLA.

Em comemoração ao Mês da História Negra, Trump dá medalhas e anuncia estátuas para ícones negros

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Foto: Clodagh Kilcoyne / Reuters

Em meio as polêmicas para encerrar todos programas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump participou do evento que celebra o Mês da História Negra, concedeu a Medalha da Liberdade para Tiger Woods, lenda do golfe, em uma cerimônia na Casa Branca, e anunciou que irá homenagear mais de dez personalidades negras no ‘Jardim Nacional dos Heróis Americanos’ com estátuas.

“Estamos finalizando o local agora — vários estados o querem muito”, disse Trump à plateia reunida no East Room. “Nós vamos homenagear centenas dos nossos maiores americanos que já viveram, incluindo inúmeros ícones negros americanos.”

Trump destacou que mulheres negras influentes estariam em posição de destaque no projeto. Entre os nomes mencionados, estão Harriet Tubman, Rosa Parks, Billie Holiday, Aretha Franklin e Coretta Scott King. O anúncio foi recebido com aplausos.

O presidente também citou alguns dos homens negros que teriam estátuas no jardim, como Frederick Douglass, Booker T. Washington, Jackie Robinson, Martin Luther King Jr., Muhammad Ali e Kobe Bryant.

Inicialmente, o projeto previa a inauguração antes do 250º aniversário da Independência dos Estados Unidos, em 2026. No entanto, Trump alterou a ordem executiva, determinando que o jardim fosse concluído “o mais rápido possível”.

“O Jardim Nacional refletirá o incrível espírito da América. Será um lugar onde cidadãos, jovens e velhos, poderão renovar sua visão de grandeza”, declarou.

Ele ainda acrescentou: “Durante o Mês da História Negra, celebramos esses heróis — não apenas porque são heróis negros, mas porque são verdadeiros heróis americanos que nos inspiram a todos”.

Adepto do poliamor, Ne-Yo assume relacionamento quarta ‘esposa’

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Foto: Reprodução/Instagram

O cantor de R&B Ne-Yo, conhecido por hits como Miss Independent, parece ter ampliado seu relacionamento poliamoroso ao incluir uma quarta parceira em sua vida amorosa. Aos 45 anos, o artista, que já havia assumido publicamente seu envolvimento com três mulheres, agora teria se aproximado romanticamente de Brionna Williams, uma de suas dançarinas.

Brionna, coreógrafa que já trabalhou com artistas como Ciara e Iggy Azalea, oficializou o romance com Ne-Yo em uma publicação no Instagram no dia 31 de dezembro. A postagem mostrava os dois juntos durante a passagem de Ano Novo em Manila, nas Filipinas. À exemplo das demais esposas, a dançarina criou um perfil chamado @moon4thestar, dedicado a publicar momentos do casal e no qual ela segue apenas Ne-Yo.

A nova integrante do grupo se junta às outras três parceiras atuais de Ne-Yo: Bella e Phoenix Feather, modelos que trabalham na plataforma OnlyFans, e Arielle Hill, conhecida por seu estilo de vida festivo. As três já haviam confirmado publicamente seu envolvimento mútuo e com o cantor, listando umas às outras em suas biografias do Instagram. No entanto, Brionna ainda não foi incluída nesse círculo público, já que as outras mulheres não a mencionaram em suas redes sociais, apesar de compartilharem frequentemente fotos entre si.

Ne-Yo, que é pai de sete filhos e já foi casado, revelou seu estilo de vida poliamoroso em uma entrevista ao TMZ no ano passado. Na ocasião, ele defendeu a liberdade de escolha em relacionamentos, afirmando: “Legalizar a poligamia? Eu não sabia que era ilegal. Você deveria deixar as pessoas fazerem o que elas quiserem. Não consigo ver como isso está prejudicando alguém.” O cantor também destacou que sua escolha de vida não é para todos, acrescentando: “O que funciona para mim pode não funcionar para você.”

Em outra conversa com o TMZ, Ne-Yo brincou sobre não ter um “limite” para o número de parceiras, desde que consiga “pagar” por seus gastos. Apesar da aparente leveza, o cantor reforçou que sua decisão é baseada em um acordo consensual entre todos os envolvidos.

MOVER lança Guia de Compras Inclusivas para promover equidade racial na cadeia de negócio

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Foto: Reprodução/Freepik

Contribuindo com o combate ao racismo estrutural e com o objetivo de promover a equidade racial dentro da cadeia de negócios e no mercado corporativo, o Movimento pela Equidade Racial (MOVER) lançou, na última quinta-feira (20), o “Guia de Compras Inclusivas MOVER”, que oferece um plano de ação detalhado para promover a inclusão de fornecedores negros, proprietários de empresas de diversos tamanhos, na cadeia de valor das grandes empresas.

O plano, idealizado pelo MOVER, foi elaborado com participação dos voluntários de equipes multidisciplinares de cadeia de fornecedores do movimento (squads) com a consultoria da PwC, contando com reuniões e entrevistas com diversos executivos das empresas, stakeholders do mercado, e a colaboração de organizações relevantes no setor, como Mandacaru, AfroBusiness e Diversidade IO.

“É uma forma de fazer com que as empresas entendam sobre a pauta, avaliem seu próprio nível de maturidade, e uma vez identificado o nível de maturidade, quais são as ações necessárias para que elas evoluam na agenda o mais rápido possível. Nossa estratégia tem três pilares, um pilar é a evolução da empresa, outro pilar é a evolução dos fornecedores e um terceiro pilar é a conexão. Então aqui a gente está falando de duas pontas. O guia fala da evolução da empresa. É uma ferramenta para ajudar a evolução da empresa, enquanto a plataforma em si, ela é esse ponto de conexão como existem vários outros, como rodadas de negócios, etc. “, explicou Fernando Soares, Gerente de Projetos do Mover.

Após uma análise inicial para identificar a maturidade da empresa contratante sobre o tema, o guia apresenta soluções que foram inseridas em seis grupos, que tiveram planos táticos de implementação desdobrados. Entre as soluções estão a implantação de cadastro acessível, transformação no atendimento, política de pagamento inclusiva, programas de incentivo, material informativo ao fornecedor e gestão da mudança.

O plano de ação visa abrir um novo mercado para empresas que abraçam a diversidade. De acordo com pesquisa do Sebrae, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), 77,6% dos negros com pequenos negócios faturam até dois salários mínimos, e apenas 2 em cada 10 empresários negros são formalizados. Entre os empreendedores não negros, 56,8% recebem até dois salários mínimos e 43,1% são formalizados.

A pesquisa também revela que afrodescendentes têm crédito três vezes mais negado por instituições financeiras, evidenciando a necessidade urgente de mudanças estruturais.

Jean Melle, sócio de Supply Chain Transformation da PwC, destaca os benefícios para a cadeia de valor. “Usamos nossa expertise em Procurement e em Inclusão e Diversidade para oferecer uma abordagem prática e consciente para ultrapassar as barreiras no que se refere à diversidade, mas também para implementar ações que promovam a inclusão em todas as etapas”

São Paulo terá Guia de Turismo Religioso de Matriz Africana para valorizar cultura e tradições

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Ato Solene realizado na Alesp em 2024 para celebrar o Dia Nacional das Religiões de Matrizes Africanas/ Foto: Alesp

Na última terça-feira (18), as secretarias de Turismo e Viagens (Setur-SP) e de Justiça e Cidadania (SJC), por meio do Fórum Inter-Religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença, firmaram uma parceria para o desenvolvimento do Guia de Turismo Religioso de Matriz Africana do Estado de São Paulo. A iniciativa tem como objetivo dar visibilidade aos espaços religiosos de origem africana, valorizando a cultura e as tradições.

Durante evento realizado no auditório do Palácio dos Campos Elíseos, na capital paulista, estiveram reunidos representantes de entidades religiosas e especialistas do setor turístico para mapear entidades religiosas de matriz africana em todo o Estado, incluindo tradições como Candomblé, Umbanda, Cultura e Culto Òrunmìlá Ifá, Jurema Sagrada e Xamanismo, incluindo suas diversas ramificações e características locais. O trabalho será realizado com a supervisão do Fórum para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença.

O levantamento será a base para a construção do Guia de Turismo Religioso de Matriz Africana, que deve concentrar informações essenciais para que agências de turismo e operadoras possam estruturar roteiros turísticos, além de fornecer orientações para os visitantes e fomentar investimentos e negócios no setor. A proposta também tem como objetivo aumentar o reconhecimento desses espaços, valorizando as contribuições das religiões de matriz africana para a cultura e a história do Estado de São Paulo.

De acordo com a secretaria de Justiça e Cidadania, o turismo religioso movimenta cerca de 20 milhões de viagens e gera mais de R$ 15 bilhões em receita anualmente, sendo considerado um dos segmentos turísticos de maior crescimento no Brasil. “Estas religiões há muito tempo sofrem com estigmatização e preconceito. Este é um passo importante para romper com esses estigmas, garantindo que esses lugares sejam reconhecidos e respeitados pela sua importância espiritual, cultural e social”, afirmou Vânia Soares, secretária-geral do Fórum Inter-religioso.

Alguns critérios foram estabelecidos para que os espaços religiosos possam ser incluídos no guia, como: infraestrutura física e digital (site e/ou redes sociais) para recepção de visitantes e fornecimento de informações, contar com um responsável designado para o atendimento aos visitantes e disponibilizar um roteiro ou apresentação estruturada sobre o funcionamento do espaço. Os locais deverão possuir Membros titulares do Fórum Inter-religioso, presentes em diversos municípios do Estado, fornecerão dados sobre esses locais, como casas, templos, centros culturais e outros estabelecimentos.

‘Malês’ e ‘Othelo, O Grande’: filmes brasileiros serão exibidos no maior festival de cinema africano

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Fotos: Vantoen Pereira Júnior e Divulgação

O cinema negro brasileiro vai marcar presença na 29ª edição do Festival de Cinema de Ouagadougou (FESPACO), o maior e mais prestigiado evento do audiovisual africano, que acontece a partir deste sábado (24) em Burkina Faso. Entre os destaques da programação estão Malêse ‘Othelo, O Grande‘, duas produções que mergulham fundo na história e na resistência negra no Brasil.

Dirigido por Antônio Pitanga, ‘Malês‘ traz para as telas a história da Revolta dos Malês, o maior levante de escravizados de origem islâmica no Brasil, que aconteceu em Salvador, em 1835. A produção tem lançamento previsto ainda para 2025 nos cinemas brasileiros.

Estrelado por Rocco Pitanga e Samira Carvalho, a dupla interpreta Dassalu e Abayomé, respectivamente, um casal separado à força durante o casamento quando foram arrastados de África e vendidos como escravizados no Brasil. Ambos lutam para sobreviver e se reencontrar enquanto começa a Revolta dos Malês.

Já ‘Othelo, O Grande‘, de Lucas Rossi, conquistou o prêmio de Melhor Documentário no Festival do Rio 2023 e agora chega ao FESPACO para contar a trajetória de Grande Otelo. Do teatro ao cinema, o ator enfrentou preconceitos e desafios para se tornar um dos primeiros ícones negros da cultura brasileira, abrindo portas para futuras gerações.

Com material de arquivo raro e depoimentos de grandes nomes da arte, o documentário resgata o legado e a importância de Otelo na luta pelo reconhecimento de artistas negros no Brasil.

O FESPACO, criado em 1969, é uma das maiores vitrines do cinema africano e afro-diaspórico, reunindo produções de diversos países que dialogam com a história, a identidade e as lutas do continente.

Holanda devolverá bronzes de Benin para Nigéria: “Reparação da injustiça histórica”

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Foto: FREEK VAN DEN BERGH / ANP / AFP

A Holanda anunciou nesta quarta-feira (19) a devolução de 113 bronzes de Benin para Nigéria, marcando um momento significativo para a herança cultural africana. Essas peças foram saqueadas por tropas britânicas no final do século XIX e, estão mantidas até hoje em um museu holandês.

Em 1897, soldados britânicos invadiram o antigo reino de Benin, situado onde hoje é a Nigéria, e roubaram esculturas produzidas entre os séculos XVI e XVIII. Esses artefatos, que retratam a realeza, animais, divindades e símbolos da cultura edo, foram rapidamente comercializados e exibidos no Wereldmuseum, em Leyde.

“Com esta restituição, contribuímos para a reparação da injustiça histórica que permanece até os dias de hoje”, afirmou o ministro holandês da Cultura, Educação e Ciência, Eppo Bruins.

Foto: FREEK VAN DEN BERGH / ANP / AFP

Além peças expostas no Wereldmuseum, o município de Roterdã também devolverá outros seis objetos saqueados na mesma invasão colonial.

A Nigéria tem lutado há anos pelo retorno dessas obras sagradas. Para Olugbile Holloway, diretor-geral da Comissão Nacional Nigeriana de Museus e Monumentos, essa será a maior devolução “de antiguidades de Benin diretamente relacionada com a expedição punitiva britânica de 1897”. No comunicado, ele ainda declarou: “Esperamos que seja um bom exemplo para os outros países do mundo”.

Barbie representando o Axé Music é o fim da crença de que estamos evoluindo no letramento racial na mídia

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Foto: Ela Globo

Texto: Breno Cruz

Em primeiro lugar eu gostaria de registrar minha admiração pela dançarina de Axé Music Lore Improta; que é casada com um homem negro; e, que vive no estado mais negro do Brasil. Isso não é um ataque à pessoa, à profissional, à família e às pessoas que a admiram e trabalham com ela. Este texto é sobre o que representa o Axé Music para mim, para a Bahia e para o povo preto.

Rolando o Instagram do perfil @elaoglobo (Jornal o Globo) vi uma foto perfeita de uma mulher linda, loira e muito parecida com a Barbie. Passei para o lado (são quatro fotos) e só depois fui ler a legenda. Logo me revirei no sofá ao ver nas primeiras frases da legenda que era Lore Improta em uma celebração aos 40 anos de Axé Music, em um ensaio inspirado no Chiclete com Banana.

Lore Improta protagonizou um ensaio marcante em homenagem aos 40 anos do Axé Music, ritmo que mistura vários elementos musicais como o samba, o reggae, e o rock, além de conjuntos instrumentais e vocais de origem africana. Em bate-papo com ELA, a influenciadora fala sobre a essência do movimento que revelou artistas como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown, e há quatro décadas arrasta multidões.

Estamos em 2025 e a recente exposição da cantora que recusa cantar Iemanjá já deveria ser um sopro de consciência racial na escolha de qualquer pessoa não preta para estampar essa celebração. 

A primeira música de Axé Music que escutei na vida eu tinha 6 anos, na rádio da minha cidade (Viçosa – MG) e era uma batida gostosa que no refrão dizia: “hê ihê ihê; Sakalavas oná é; Ihá ihá ihá, Sakalavas oná á; Madagascar, ilha, ilha do amor” – uma música do Olodum. Essa é a única música que eu lembro da minha infância e foi uma das primeiras expressões do Axé Music – ritmo que eu sou apaixonado.

De Axé Music eu entendo, vivo e sinto esse ritmo que me faz ser feliz. Por mais que eu goste das bandas de sucesso do passado como Araketu, Olodum, Timbalada, É o Tchan, Pagodart e artistas como Margareth Menezes, Márcio Vitor, Carla Visi e Ivete (impossível não mencioná-la); eu também entendo a construção de uma nova pegada do Axé Music que se baseia nos últimos anos no Pagodão Baiano (que eu também adoro).

Mas a pergunta é: por que a escolha de uma mulher branca para estampar uma matéria de 40 anos do Axé Music? Para os mais antigos, como eu, teríamos Margareth Menezes, Luís Caldas, Caldas, Olodum, Carlinhos Brown, Banda Mel, Tatau do Araketu, Xandy do Harmonia, Beto Jamaica e Cumpade Washington (que está numa polêmica de transfobia), Bell Marques, Olodum, Timbalada, Xande Harmonia – e  por falar nele, eu até aceitaria Jacaré, Scheilas e Carla Perez. E para quem é da nova geração, poderíamos ter Léo Santana, Tonny Sales, Psirico ou Márcio Vitor. E, não causaria nenhum espanto se tivéssemos Ivete Sangalo ou Daniela Mercury na capa sobre 40 anos de Axé Music; afinal, elas são rainhas.

O Axé Music nasce dos tambores; do aquilombamento do povo preto em Salvador na energia que vibra naquela cidade – e que só tem lá. Explodiu sim com as coreografias; e, por isso se tornou sucesso comercialmente no Sudeste e e em todo Brasil (é difícil resistir aos movimentos coreografados em que se dança em grupo). Mas, antes, se espalhou pela periferia de Salvador e depois na alta sociedade. O povo preto trouxe ainda mais gingado por meio de uma sensualidade que só a gente tem ao dançar. É inegável a presença de África neste ritmo.

Num país racista e machista, vimos as mulheres pretas apagadas pelo próprio Axé Music – você não vai encher a mão contando quais cantoras pretas de Axé Music explodiram fora da Bahia. Talvez você consiga identificar apenas Margareth Menezes – que mesmo reconhecida nacionalmente não fez a mesma fortuna que as demais cantoras. E a gente sabe o porquê.

Em uma homenagem ao Axé Music eu esperava uma pessoa preta com traços negróides representando a raiz do Axé Music. Queria ver Brown, Olodum, Tatau, É o Tchan, Léo Santana ou um compilado de todos eles. E, para não fugir dos grandes ícones deste gênero, não deixaria Ivete Sangalo de fora. 

Mas é aquilo, né? Eu não sou jornalista, não sou editor e sou apenas um fã número zero do Axé Music – o fã número 1 chegou depois de mim e eu diria pra ele: “Senta lá, Claudia!”. Se eu fosse alguém com poder de decisão para fazer uma celebração sobre os 40 anos do Axé Music, eu poderia ser lido como saudosista; mas nunca seria como alguém que apagou as principais características ancestrais de um movimento cultural.

Eu fico por aqui.

“Eu falei Faraó, ó, ó!

Ê, Faraó!”

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