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Diversidade e inclusão se tornam temas secundários para as empresas

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Foto: Reprodução.

Por Kelly Baptista*

De acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas 2022”, feito pela consultoria global GPTW (Great Place to Work), o mercado já vem sentindo a preocupação com o pilar de diversidade e inclusão (D&I) caindo para segundo plano nas empresas, perdendo para o foco em saúde mental.

Durante a pesquisa, foram entrevistados mais de 2.600 profissionais da área de recursos humanos e cargos de liderança e as afirmações trazem alguns alertas:

Em 2019, 24% dos participantes afirmaram que as empresas tinham diversidade e inclusão como um aspecto prioritário a ser trabalhado. Em 2020, esse número subiu para 30% e, em 2021, para 32%. Neste ano, a prioridade caiu para 17,9%.

Os maiores desafios estão no engajamento da alta liderança e processos de recrutamento e seleção mais inclusivos. Katiana Normandia, CEO da Kinah Gestão de Pessoas, afirma que é perceptível que os números de processos seletivos afirmativos para pessoas pretas, com deficiência e LGBTQIAP+ têm perdido força. “Em 2020 e 2021, houve muitas conversas e empresas
adotaram as políticas e pactos de diversidade, mas a maioria ‘caminha a passos lentos’: primeiro entendem para depois trazer a ação. Isso enfraquece a pauta”, diz.

Segundo a CEO, os processos seletivos afirmativos têm mais força em nível de estágio ou cargos iniciais e algumas empresas usam isso para “bater a meta”. Não há um entendimento que a liderança precisa se engajar e se educar para esses processos seletivos.
Vale um destaque que, apesar de a maioria dos colaboradores ter respondido que diversidade e inclusão são pautas estratégicas para a organização em que trabalham, pouco mais de 12% dizem que a empresa tem maturidade no tema.

A CEO da Gestão Kairós, Liliane Rocha, desde 2016 utiliza fortemente o termo diversitywashing – lavagem da diversidade, em tradução livre -, para falar de empresas que fazem, conscientemente ou inconscientemente, uma lavagem da diversidade. Ou seja, quando elas se apropriam de atributos de diversidade e inclusão porque entenderam que pessoas que têm esses marcadores identitários aqui mencionados são públicos consumidores, compram, geram lucratividade e, portanto, devem ser representadas em
seus produtos, serviços e comerciais.

A pesquisa nos alerta que as empresas ainda estão muito no discurso e pouco na prática. Vale refletir que, devido à pandemia, as políticas que as corporações precisaram adotar emergencialmente focaram em questões mais urgentes e impactantes, e D&I deixou de ser uma pauta estratégica.

É importante ter estratégia, metas e objetivos, com acompanhamento de indicadores e a participação massiva dos tomadores de decisão. A pesquisa se firma na percepção de que D&I não está na cultura das empresas, já que a tomada de decisão não está na mão de grupos minorizados.


*Kelly Baptista é especialista em gestão de políticas públicas e diretora executiva da
Fundação 1Bi, apoiada pela Movile, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e
Conselheira Fiscal do Instituto Djeanne Firmino.

Cineasta baiano é finalista do Prêmio ABRA de Roteiro

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Foto: Divulgação.

A Associação Brasileira de Autores Roteiristas divulgou os finalistas da 6ª edição do Prêmio ABRA de Roteiro, uma das principais premiações do audiovisual nacional. Um dos indicados na categoria Prêmio Abraço – Excelência em Roteiro é o diretor e roteirista baiano Ariel L. Ferreira, cofundador da Saturnema Filmes.

“Estar entre os selecionados do ‘Prêmio Abraço – Excelência em Roteiro’ é como aparecer no cosmos. É a confirmação de que toda a insistência na escrita, nas noites não dormidas, nos partos criativos, rendeu movimento. Estar entre os selecionados do ABRA é uma realização linda! Sobretudo, por ser Orum quem me deu esse empurrãozinho”, comenta o cineasta.

Orum, a quem Ariel se refere, é o seu primeiro longa-metragem, que está em fase de desenvolvimento: “Tragam-me a Cabeça de Orum Bomani”. A obra já venceu algumas premiações, dentre elas o de melhor longa-metragem do FRAPA 2021, maior festival de roteiro da América Latina e também participou do pitching de co-produção internacional do Festival Guiões (Portugal), onde foi premiado com credencial para o PLOT 2022, que acontece também em Portugal.

Ariel L. Ferreira está concorrendo com mais cinco roteiristas, entre Andréa Yagui, Érica Sarmet, Gautier Lee, Natália Maia e Samuel Brasileiro e Nina Kopko. Esta é a segunda edição da categoria Prêmio Abraço – Excelência em Roteiro, que é voltada para novos roteiristas, que se destacaram no último ano pelas obras lançadas e também por sua atuação no mercado do roteiro brasileiro.

Essa é a segunda vez que a Saturnema Filmes é finalista no Prêmio Abraço – Excelência em Roteiro. Ano passado, Ana do Carmo, também cofundadora da produtora baiana, venceu na mesma categoria.

Ainda sem data definida para a cerimônia com os resultados finais, o Prêmio ABRA de Roteiro tem como objetivo destacar a importância do roteiro na cadeia de produção da indústria audiovisual do Brasil e também valorizar os autores-roteiristas. A votação, tanto dos indicados, quanto dos vencedores, é realizada por membros associados da ABRA em dois turnos.

Escalado para novela, Douglas Silva não revela os ganhos que teve após o BBB: “Prefiro dizer que estou trabalhando”

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Foto: Divulgação/TV Globo.

Escalado para a nova novela da Globoplay, Todas As Flores, o ator e ex-BBB Douglas Silva se mantém discreto ao falar sober os ganhos financeiros que teve após sua participação no reality show. Perguntando sobre já ter conquistado o valor do prêmio do BBB em trabalhos com publicidade fora da casa, ele não confirma nem nega.

“Não sei até que ponto posso abrir isso. Prefiro deixar quieto. Prefiro dizer que estou trabalhando”, explicou ele em entrevista para a colunista Patricia Kogut, do jornal O Globo.

https://www.instagram.com/p/Ce81YUuFAXS/

Na novela, Douglas fará parte do núcleo cômico, será casado com a atriz Mary Sheila e interpretará um personagem viciado em sexo. “Meu personagem, além de ter vício em sexo, é um sambista. Fiquei feliz de saber que o Mumuzinho e o Xande de Pilares vão estar no elenco também. A gente se via três vezes por semana na época do Esquenta!. Pena que, desta vez, não vou estar no núcleo deles”, explicou ele.

3ª marcha Incomode marca luta contra genocídio negro na Bahia

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Foto: Nilton Lopes.

Caminhada acontece na segunda-feira, 20/06, da Praça do Lobato ao Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário

Chamar a atenção da população para as violências perpetradas contra jovens negros/as na Bahia e no Brasil. Essa é uma das propostas da MARCHA INCOMODE: Contra o Genocídio e o extermínio, a LGBTfobia, o feminicídio, o ódio religioso e o encarceramento em massa da Juventude NEGRA. A caminhada acontece no dia 20 de junho (segunda-feira), com concentração às 13h30 na Praça do Lobato (próximo à Cesta do Povo), Subúrbio Ferroviário de Salvador. Os/as participantes marcharão em direção ao Parque São Bartolomeu, bairro de Plataforma, também conhecido como Quilombo do Urubu, onde realizarão o Sarau Incomode, com apresentações culturais. A caminhada de 2022 terá como novidade a abertura com uma ala formada por Yalorixás e Babalorixás e outros representantes de religiões de matriz africanas.  

A Marcha também marca o Dia municipal e estadual de Luta Contra o Encarceramento da Juventude Negra (Salvador e Bahia, respectivamente), lembrado em 20 de junho. A luta contra o feminicídio, a LGBTQIAP+fobia e o ódio religioso também estarão na pauta da Marcha, que contará com a presença de representantes de movimentos sociais, grupos culturais e comunitários. A ação é organizada pelo Coletivo Incomode, articulação política composta por grupos, movimentos e organizações sociais que atuam no Subúrbio Ferroviário de Salvador.

“Ocuparemos o espaço da rua como símbolo de luta. Além de denunciar, queremos anunciar que existe uma juventude organizada, aquilombada, que está fazendo o enfrentamento à violência de forma qualificada”, comenta Eduardo Machado, educador do Projeto Juventude Negra e Participação Política (JNPP), desenvolvido pela CIPÓ – Comunicação Interativa, em parceria com a Aliança Terre des Hommes Schweiz/Suisse.

ARTICULAÇÃO PELA VIDA

O Coletivo Incomode se constitui como um espaço aberto e suprapartidário, que busca qualificar a luta contra o racismo, sobretudo contra o genocídio da população negra do território em questão. Integram o Coletivo grupos do Movimento Hip Hop de Salvador, grêmios, coletivos artísticos e culturais, além de organizações dos movimentos social e negro, que atuam no território do Subúrbio Ferroviário. “A proposta de toda essa mobilização é dar visibilidade à juventude negra, trazendo o seu lugar de destaque na luta contra o feminicídio, genocídio, LGBTQIAP+fobia, hiperencarceramento, intolerância religiosa, contra todas as violações de direitos humanos, sociais e básicos e pela valorização da vida”, explica Nadjane Cristina, integrante da articulação

A CIPÓ – Comunicação Interativa, organização que completa 23 anos em 2022, foi uma das fundadoras e tem ajudado a articular o Coletivo Incomode como uma das ações do Projeto Juventude Negra e Participação Política (JNPP), desenvolvido em parceria com a Aliança Terre des Hommes Schweiz/Suisse O projeto mobiliza e forma jovens negros/as para a participação social e para a luta frente ao contexto de extermínio da população negra no Brasil. Para tanto, a iniciativa promove atividades formativas com jovens, que são incentivados/as a realizar ações de incidência política.

O grupo mobiliza garotos/as de suas comunidades e escolas visando à inserção destes/as em ações de incidência política, além de articular atores sociais estratégicos de bairros periféricos para mobilizar e denunciar execuções. O grupo realiza ainda incidência junto ao poder público, para que seus agentes atuem na qualificação das políticas direcionadas à juventude negra.

DADOS

Em 2019, em média, 64 jovens foram assassinados por dia no Brasil, segundo dados do Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 23.327 jovens tiveram suas vidas ceifadas como conta o último levantamento do Atlas. Esse número representa uma taxa de 45,8 homicídios para cada 100 mil jovens no País.

A Bahia é o segundo estado com maior taxa de homicídios de jovens, segundo o levantamento. O estado registrou um total de 97 homicídios para cada 100 mil jovens, mais do que o dobro da média nacional. 

Ainda segundo o Atlas, em 2019, 77% das vítimas de homicídios no Brasil foram pessoas negras (soma de indivíduos pretos ou pardos, segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). Na Bahia, esse número chega a 94%.

O número de homicídios entre as mulheres no Brasil também se mostrou expressiva, revela o Atlas da Violência 2021. São cerca de 10 assassinatos por dia. Ao todo, 3.737 mulheres foram mortas em 2019. A questão racial também é preponderante aqui: as mulheres negras representam 66% de todas as mulheres assassinadas no País. O risco de uma mulher negra ser morta é 1,7 vezes maior do que uma mulher não negra. 

Jovens e negros são também maioria entre a população carcerária no Brasil, que em 2016 chegou a um total de 726,7 mil, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Mais da metade desse segmento era formado por jovens de 18 a 29 anos e 64% do total eram negras.

 ENCONTROS PREPARATÓRIOS

Antes da Marcha, o Coletivo Incomode promoverá alguns encontros preparatórios para a grande caminhada no Subúrbio. Oficinas educativas e exibições de filmes educativos em escolas públicas e ocupações do Movimento Sem Teto de Salvador serão realizadas com os temas da Caminhada. 

No dia 15 de junho, 09h, haverá uma audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia para debater o tema do genocídio e do hiperencarceramento da juventude negra na Bahia, realizada pelo Coletivo Incomode.

SERVIÇO:

O quê?  3ª MARCHA INCOMODE

Quando? 20/06 (segunda-feira), com concentração às 13h30.

Onde? Percurso da Praça do Lobato (próxima à Cesta do povo do Lobato) até o Parque São Bartolomeu (Quilombo do Urubu)

Francia Márquez se torna primeira mulher negra vice-presidente da Colômbia

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A advogada compõe chapa de esquerda no país que elegeu Gustavo Petro neste domingo (19).

A advogada e ativista da causa ambiental Francia Márquez é a primeira mulher negra a ocupar o posto de vice-presidente na Colômbia. O resultado do segundo turno das eleições saiu na noite deste domingo (19). Márquez é a vice de Gustavo Petro, candidato de esquerda no país. A chapa dos dois foi eleita com 50,48% dos votos válidos.

Entre as principais propostas da chapa eleita estão a realização de uma nova reforma agrária, implementação de fontes de energia renováveis, políticas voltadas às minorias sociais, desobrigação do serviço militar e reforma tributária.

No twitter, Francía agradeceu aos colombianos e disse que este é o resultado de uma luta que começou com os ancestrais. “Obrigada, Colômbia. Esta luta não começou conosco, começou com nossos ancestrais. Hoje, com dignidade e grandeza recolhemos os frutos dessa semeadura. Hoje se levanta a voz dos que já não estão e as dos virão e juntos começaremos a construir #ANovaHistória”.

A ativista, que é mãe solo de dois filhos, já foi trabalhadora doméstica e na adolescência trabalhou no garimpo de ouro. Foi listada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo. Durante a campanha, Márquez afirmou que, se sua chapa for vencedora, vai trabalhar pelas mulheres, negros, indígenas, camponeses e pela população LGBTQIA+.

No Brasil, Francía recebeu apoio do movimento de mulheres negras e de organizações como o Instituto Marielle Franco, que viajou para a Colômbia durante a campanha e também celebrou a vitória nas redes sociais.

O que é o Juneteenth, celebração negra dos Estados Unidos que marca o fim da escravidão

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Joe Amon/Connecticut Public

Pelo segundo ano, a população negra dos Estados Unidos vai celebrar o dia 19 de junho, conhecido como Juneteenth como feriado nacional. A data marca o anúncio do fim da escravidão nos Estados Unidos e marca as lutas por igualdade e justiça racial nos país norte-americano.

Apesar de ter se tornado oficialmente um feriado no ano passado, as comunidades negras dos Estados Unidos já comemoram a data há muitos anos. O dia lembra os mais de 250.000 escravizados em Galveston, Texas, que só souberam que já eram livres dois anos e meio depois a Proclamação de Emancipação.

“O Texas foi o primeiro estado a tornar o Juneteenth num feriado. Por conta do movimento Black Lives Matter, nos últimos anos muitas empresas privadas também decretaram esse feriado para sempre. Essa data é uma vitória do Movimento Negro, que vem há anos reafirmando a importância desta data, e fazendo celebrações e festividades”, destaca o jornalista e criador de conteúdo digital Isuperio, que vive nos Estados Unidos.

Opal Lee. Foto: Arquivo Pessoal

Um dos grandes expoentes da luta para transformar a data em feriado é Opal Lee, uma senhora de 95 anos que ficou conhecida como a Avó do Juneteenth. Quando tinha 89 anos, ela decidiu ir à pé do Texas até Washington, numa distância de 1400 milhas (mais de 2500 quilômetros), para convocar os legisladores para tornar o dia em feriado nacional.

Ela caminhava duas milhas e meia de cada vez, em sinal aos dois anos e meio que o general Gordon Granger levou para chegar ao Texas e informar os negros escravizados de sua liberdade após a Proclamação de Emancipação em 1865.

Ela entregou 1,5 milhão de assinaturas ao Congresso e conquistou a vitória quando a legislação foi aprovada no ano passado. O presidente Biden, então, assinou o ato que transformou o Juneteenth em feriado nacional.

Gabriel Vicente será o primeiro príncipe negro de um musical da Disney no Brasil

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Foto: Gabriel Bertoncel

Gabriel Vicente se prepara para estrelar o musical de “A Pequena Sereia“, grande clássico da Disney em São Paulo. Na versão brasileira dirigida por Lynne Kurdziel, o ator dará vida ao encantador Príncipe Eric. Além de ser um importante momento para sua carreira, é também um marco para a história teatral, já que ele carrega a imensa alegria e responsabilidade de ser o primeiro príncipe negro no Brasil, dentro de um título Disney.

A trama baseada na clássica história de Hans Christian Andersen, acompanha a vida de Ariel, interpretada por Fabi Bang. A jovem é uma linda sereia que vive no fundo do mar, mas que tem o grande desejo de estar entre os humanos. Depois de fazer um trato com a bruxa Úrsula, deixa as caldas para embarcar em uma grande aventura, de novas descobertas no mundo fora das águas.

Soltando a voz, Gabriel interpretará grandes canções queridas e conhecidas principalmente pelos amantes do universo musical, dentre elas a faixa “Her Voice“. Ansioso, o artista segue com muitas expectativas para estar nos palcos.

A superprodução ficará em cartaz do dia 17 de julho a 16 de outubro no Teatro Santander, em São Paulo, e os ingressos já estão à venda no site Sympla.

Gabriel Vicente, é ator e cantor, já integrou os elencos de grandes montagens como “Cartola – O Mundo é Um Moinho”, “Castelo Rá-Tim-Bum – O Musical” e “Romeu e Julieta – ao som de Marisa Monte”.

O slogan “A favela venceu” inclui os que passam fome?

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Foto: Silvia Izquierdo/AP

Nós, moradores de territórios marginalizados, enfrentamos inúmeras adversidades resultantes da ausência do Estado na produção de políticas públicas que nos ofertem sobrevivência digna. E como reflexo, acostumamo-nos a comemorar com certo entusiasmo as pequenas conquistas pessoais. Celebramos a promoção no emprego, a publicação de artigo na imprensa, o curso concluído ou ingresso na universidade, a reforma da residência, a aquisição de algum  bem material etc. Às vezes nem é sobre nós, comemoramos também as superações das pessoas que estão na mesma condição social. E acho importante que façamos isso, pois cultiva a esperança e fortalece a autoestima de um povo que se reinventa para sobreviver neste mundo abundante de injustiça social, como disse o intelectual Milton Santos (2000) “(…) os pobres não se entregam. Eles descobrem cada dia formas inéditas de trabalho e de luta”.

Favela no Rio de Janeiro. Foto: Getty Images.

No entanto, as conquistas não são eventos comuns, muitas pessoas convivem somente com derrotas e sofrimentos. Por essa razão, critico os que colocam as experiências individuais como universais e representativas da população que sobrevive no mesmo espaço geográfico. De maneira mais específica, refiro-me aos artistas, militantes e políticos que lançam mão do slogan “A favela venceu” nas ocasiões em que os moradores da periferia conquistam algo material ou simbólico, ou situações que a própria cultura marginalizada ocupa espaços privilegiados. Eu vejo nessa manifestação o mero ajuste ao ideário neoliberal, desconectado da realidade concreta da massa negra e pobre. É o flerte com a meritocracia, pois como pano de fundo considera o esforço a matéria-prima do sucesso, homogeniza as individualidades e abandona as críticas que deveriam ser feitas ao Estado por não garantir os direitos fundamentais da população. Decerto, se a sociedade não fosse estruturalmente racista, possivelmente, nem favelas existiriam neste país, já que os negros são a maioria nesses lugares. Os disseminadores do slogan, simplesmente, desconsideram as dores das mães, familiares e amigos de pessoas que foram assassinadas pelas ações do poder público em nome do combate às drogas. Urge que sejamos críticos diante disso, e questionemos “como assim a favela venceu?” se o que vemos é a manutenção e aumento da violência contra os negros e pobres.

Veja só, por conta da desigualdade social as favelas estão se multiplicando no Brasil. De acordo com a estimativa do IBGE, o total de “aglomerados subnormais” – favelas, palafitas, etc. – saiu de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 734 cidades de 2010 a 2019.[1] E mais, pesquisa II Vigisan (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil) divulgou que há 33,1 milhões de brasileiros passando fome no Brasil.[2] Isso é estarrecedor! Não restam dúvidas de que os famintos estão espalhados nas favelas, e outros espaços marginalizados; atualmente, há um aumento exponencial de pessoas morando em barracas, sob viadutos, nas praças e calçadas situadas nos centros das cidades. E o que me deixa indignado é constatar que a reflexão da escritora Carolina Maria de Jesus, nos anos 60, continua atual “O maior espetáculo para o pobre da atualidade é ter o que comer em casa”.

Foto: Felipe Iruatã/TNH.

Devemos rechaçar pensamentos individualistas massificados, principalmente, por quem o sistema concedeu migalhas e oportunidade de participação em espaços privilegiados. A realidade violenta exige a construção de ações concretas e  discursos radicalizados contra o sistema que oprime a população. Nesse aspecto, Milton Santos (1996/1997) escreveu que é fundamental “um discurso cientificamente elaborado, que não pode ser um discurso choramingas, nem um discurso de pura emoção. A organização é também indispensável, como um dado multiplicador das forças limitadas”. Conversemos com as pessoas e mostremos que no capitalismo a mobilidade social dos pobres é descendente, e os que ascendem são apenas exceções confirmando a regra. Mas, se mesmo assim elas insistirem na reprodução do slogan, pergunte se os que andam revirando lixo, encarando a “fila do osso”, e os familiares que perderam seus entes queridos, na “guerra às drogas”, compartilham da mesma opinião.

Texto: Ricardo Corrêa (Especialista em Educação).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABRAL, Amílcar. Unidade e Luta I. A Arma da Teoria. Textos coordenados por Mário Pinto de Andrade, Lisboa: Seara Nova, 1978.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.

SANTOS, Milton. Cidadanias mutiladas. In: LERNER, Julio (Ed.). O preconceito. São Paulo: IMESP, 1996/1997, p. 133-144.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2000.


[1] Aumento no número de favelas no Brasil é reflexo da desigualdade crescente, afirma Denise Morado

[2] Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil

Jermaine Dupri recebe título honorário de Doutor pelo Instituto de Artes de Atlanta

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Imagem: Reprodução (Instagram)

Nesta sexta-feira (17), o rapper, cantor, produtor, compositor e DJ Jermaine Dupri, foi honrado com o diploma honorário de Doutor em Artes Liberais, durante uma cerimônia de graduação no Instituto de Artes de Atlanta, cidade onde foi criado. Em uma publicação no Instagram, o instituto disse que a homenagem vêm como uma forma de reconhecer as contribuições do ícone do RaP para a comunidade.

Dupri (49), tem uma carreira notória dentro da música negra, produzindo para nomes como Alicia Keys, Janet Jackson, Mariah Carey, Usher, Jay-Z, Ashanti, Monica e uma longa lista de artistas. O mais novo Doutor é vencedor de um Grammy, está incluso no Hall da Fama dos Compositores e em 2018 foi tema de uma exposição no Museu do Grammy, chamada ”Jermaine Dupri & So So Def, 25 Years Of Elevating Culture”.

Tal talento, parece em partes ter sido herdado pelo pai, Michael Mauldin, Presidente da Associação Americana de Música Negra.

Janet Jackson revela que ser mãe é o seu principal trabalho agora: “Não penso em fama”

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Janet Jackson. Foto: Getty Images.

Capa de junho da revista norte-americana Essence, Janet Jackson comentou sobre sua carreira, vida pessoal e a forma como está conciliando os dois mundos. De acordo com a artista, ela não planeja lançar novas músicas por tão cedo e, que no momento, está focada em sua família. “Mesmo que [fazer música] seja algo que eu absolutamente amo, ainda é meu trabalho”, explica a estrela de 56 anos. “Haverá música em algum momento. Exatamente quando? Eu não posso dizer ainda, mas haverá. Eu amo demais. Isso é tudo que eu sei. Há tanta coisa que eu quero fazer, mas meu trabalho principal agora é ser mãe”.

Janet Jackson na capa da ‘Essence’. Foto: Yu Tsai.

Faz sete anos desde que Janet lançou o ‘Unbreakable’, seu último álbum de estúdio e chegaram a circular rumores de que um novo projeto pudesse ser lançado este ano, mas nada foi confirmado pela artista. A cantora deu as boas-vindas ao filho Eissa em janeiro de 2017, fruto de seu relacionamento com Wissam Al Mana.

Janet Jackson ao lado de seu filho Eissa. Foto: Reprodução / Twitter.

Em entrevista para a Essence, Jackson admite que a fama não significa muito para ela. Segundo a artista, nenhum prêmio se compara ao fato de ver o crescimento de seu filho. “A fama não é importante para mim, se eu o tenho ou não, para ser bem honesta”, diz ela. “O corpo da música tocando as pessoas e como isso afeta suas vidas que importa para mim. Não são os elogios. Eu honestamente não penso nessas coisas”.

Jackson finaliza comentando que a família é a base de sua vida e que muitas vezes isso é visto como uma fraqueza. “Quando se trata de minha vida pessoal, acho que confundem minha bondade com fraqueza”, diz ela.

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