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A criminalização da negrura e a patologização da brancura

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Foto: Nappy Images

Por Shenia Karlsson 

Nos últimos dias sofremos uma avalanche de notícias assombrosas dignas de roteiros hollywoodianos. Os requintes de crueldade e o sentimento de impunidade parecem nutrientes de uma sociedade também mediada pelo discurso médico- jurídico legitimado em criminalizar uns em detrimento da proteção dos privilégios de outros. Este artigo é sobre como brancos que cometem crimes hediondos tem sua integridade física respeitada e sua humanidade preservada, ao passo que negros são aviltados em todos os sentidos da vida mesmo diante de delitos insignificantes. Para tanto, devemos analisar o histórico de criminalização de negros no Brasil e como o discurso Psiquiátrico têm sido utilizado a fim de amenizar aspectos perversos e desviantes da branquitude. Mas, o que a Psicologia tem a ver com isso? Acredite, tudo. 

A criminalização da negrura

Essa história é antiga, entretanto o ontem persiste no imaginário social hoje e influencia diretamente os dispositivos jurídicos, sobretudo a quem obtém o poder de decisão, os detentores da famosa caneta. Em linhas gerais e de forma sintética – aquém da devida atenção necessária ao tema- o advento da abolição entregou milhares de negros a toda sorte de infortúnios e nossos ancestrais foram rapidamente substituídos por mão de obra europeia, projeto higienista e de embranquecimento da sociedade brasileira e que na época tinha como projeto de nação a extinção da população negra neste país.

 Foi com Antropologia Criminal de Nina Rodrigues a inauguração formal da criminalização de negros no país ao disseminar ideias racistas em que aferia aos negros um desvio inerente de conduta devido à tal suposta “inferioridade racial”.  Tais ideias foram fundamentais na construção de dispositivos jurídicos alicerçados no discurso médico a fim de determinar os que deveriam sofrer sanções e o que deveriam ser poupados. Tais ideias elitistas e brancocêntricas permaneceram no imaginário social brasileiro e a consequência é a criminalização sistemática de pessoas negras de acordo com as estatísticas oficiais. No entanto, a branquitide sempre cria formas de subverter o sistema para assim isentar-se de suas responsabilidades, construindo formas diversas de usar a estrutura ao seu favor, principalmente no que tange manter suas projeções perversas e localizar no corpo negro tudo o que não suporta vê em si, como parafraseia Frantz Fanon em “Pele Negra e máscaras brancas”.

A patologização da brancura 

Podemos notar o surgimento de uma relativização por parte da sociedade quando a grande mídia expõe uma notícia de um crime cometido por uma pessoa branca. O desconforto e o estranhamento produzem um mal estar e rapidamente uma narrativa é adotada: o discurso psiquiátrico.

 Não é de hoje que o tema da violência obstétrica contra mulheres negras é um problema seríssimo de saúde pública no Brasil. O caso do médico anestesista Giovanni Quintela Bezerra, preso em flagrante após estuprar uma mulher negra em total situação de vulnerabilidade durante seu parto obteve grande visibilidade. Uma dentre as milhares de violências obstétricas cometidas contra mulheres negras nesse país –  vide as estatísticas oficiais. O tal médico teve seu perfil psiquiátrico rapidamente construído por “especialistas” e arrastado para a posição estratégica de “incapaz”. “Foi possível identificar o ego-inflado, narcisista, não tinha empatia nem receio” disse um colega num artigo sobre o caso, “ele era estranho, não cumprimentava ninguém, era muito fechado” disse alguém da academia que o indivíduo frequentava. 

De fato, uma psicologia comprometida atenta-se a não associar todo crime ou desvio a um transtorno, visto que o médico em questão parece totalmente consciente e responsável por seus atos. Nem sempre crimes, de uma forma geral, são norteados por transtornos mentais, contudo, existe uma tendência da branquitude em lançar do discurso médico-psiquiátrico quando são eles os agentes. Em psicanálise abordamos em termos de mecanismo de defesa, uma suposta negação de seus atos de crueldade e projeção de suas características negativas que deveriam ser expressadas somente por pessoas negras, vendo-se sempre como vítima e nunca como algoz. Quem é o criminoso, o  perigoso, o estuprador? É o homem negro e não o branco. 

Pactos narcísicos da branquitude

Notaram a delicadeza e o cuidado  da delegada responsável ao dar voz de prisão ao médico suspeito? Foi um ato que chamou a atenção e assunto nas redes sociais: “o senhor gostaria de um café?”, “senhor médico branco, gostaria de dar um telefonema?”. Foram frases repetidas e apontam a diferenciação de tratamento entre negros e brancos. Não podemos esquecer que atiradores brancos são presos pela polícia estadunidense e negros mortos sem nenhum indício de perigo iminente. Mas este é outro contexto, embora tenham similaridades, afinal, temos exemplos idênticos em nosso cotidiano.

Voltando ao pacto narcísico da branquitude, afinal, o que é? É um pacto entre os brancos que visa os privilégios raciais, políticos e econômicos, e tem sua maior motivação a manutenção das vantagens angariadas historicamente segundo Aparecida Bento. Esses pactos são perpetrados e protegidos coletivamente, é um pacto de sobrevivência pelo seu caráter profundo e ontológico e construídos por atitudes conscientes e alianças inconscientes. 

De acordo com René Käes “para se formar as alianças inconscientes deve-se mobilizar os processos identificatórios comuns, mútuos e compartilhados (…) as funções que elas realizam ou satisfazem a serviço da aliança são diversas: experiência de segurança, reforço de defesas ou facilitação de transgressões”.

Mudança de mentalidade

Temos muito a avançar, é bem verdade. O racismo estrutural muito bem conceituado e discorrido por Silvio Almeida, impacta diretamente a forma como os indivíduos são julgados e estigmatizados por dispositivos jurídicos, reflexos de nossas construções sociais. Nosso papel é denunciar, tornar pública essa disparidade e apontar as injustiças. Penso que é fundamental uma descolonização da mente para a saúde de nossas relações, a tal humanidade deve ser estabelecida para todos de forma equânime para que possamos avançar em nossas pautas e superar as disparidades sociais. 

Shenia Karlsson – Psicóloga clínica, Co-Fundadora do Papo Preta: Saúde e Bem-estar da Mulher Negra. 

Conferência discute “Família, Comunidade e Povo” em celebração ao Dia da Mulher Africana

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Katiúscia Ribeiro. Foto: Reprodução.

Evento vai contar, ainda, com pré-lançamento do novo livro de Oyèrónkẹ Oyěwùmí, Epistemologias de gênero em África.

No Dia 31 de julho é celebrado o Dia da Mulher Africana. Como forma de discutir temas considerados importantes para as mulheres africanas do continente e da diáspora, Katiúscia Ribeiro, Anin Urasse, Niní Kemba Náyò e Taisa Ferreira realizam a III Conferência Dia da Mulher Africana. O evento será gratuito e on-line, entre os dias 29 e 31 de julho, com transmissão pelo canal LiteAfro Infantil, no Youtube.

Entre os temas abordados nos três dias de encontro estão “Família em perspectiva africana”, “Maternidades: diálogo entre África e Brasil”, “Paternidades”, “Saúde para o povo negro”, “Família africana e as estratégias para viver em diáspora” e “Da cidade para campo: autonomia e qualidade de vida para famílias pretas”.

“Entendendo que uma das maiores ferramentas da colonizaçãoe da permanência do racismo nesse país é a diluição das nossas famílias e que um dos pilares do mulherismo africana é a família. Entendemos que na reconstrução da família reconstruímos o nosso alicerce enquanto pessoa né? Família física, família espiritual comunidades. Então é desse tema que a conferência deste ano trata”, explica a filósofa e uma das organizadoras do evento, Katiúscia Ribeiro.

Anin Urasse, outra organizadora do evento, explica que a primeira conferência de mulheres africanas aconteceu nos anos 70 e contou com a participação de mulheres da diáspora, incluindo representantes do Brasil.

“De lá pra cá esta data vem sendo apagada e a gente resolveu retomar, pensando no nosso pressuposto político de partir da centralidade do continente africano pra fazer a nossa luta. Então, é uma conferência que tem como princípios a afrocentricidade, o mulherismo, o panafricanismo e pensar que essa luta transacional precisa estar em diálogo tanto com o continente africano quanto com a diáspora africana”, explica.

Beyoncé lança Renaissance e agradece fãs que não ouviram a versão vazada do álbum

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Foto: Reprodução.

Muito aguardado pelos fãs, o novo álbum de Beyoncé, RENAISSANCE, foi lançado na madrugada desta sexta-feira (29). Nas redes sociais, a diva pop agradeceu aos fãs que, mesmo com uma versão do disco tendo sido vazada dias antes, aguardaram o lançamento oficial para ouvir as músicas do sétimo álbum de estúdio da cantora.

“Então, o álbum vazou. E vocês realmente esperaram até a data propícia do lançamento. Assim vocês todos podem aproveitar juntos. Eu nunca vi algo assim. Não posso agradecer o suficiente por esse amor e proteção”, disse Beyoncé, em um trecho da carta, escrita à mão.

“Eu agradeço a cada um que deu uma bronca naqueles que tentaram dar aquela espiadinha antes da hora. Isso significa tudo para mim. Obrigado pelo apoio inabalável de vocês. Obrigada por serem pacientes”, continuou a Queen B. “Nós vamos aproveitar e curtir a música. Eu vou continuar dando tudo de mim e fazer o meu melhor para levar alegria a vocês. Amo vocês profundamente”, concluiu.

Renaissance tem 16 faixas, sendo a primeira música de trabalho divulgada, BREAK MY SOUL, lançada em 20 de junho. Todo o trabalho tem uma pegada bem dançante, voltada para a house music e o dance.

TRÊS ATOS — Beyoncé confirmou que RENAISSANCE é o primeiro projeto de três atos, gravados durante três anos. Ainda não se sabe quando as outras partes serão divulgadas

Já estão disponíveis os lyric vídeos das faixas de RENAISSANCE, que vocês conferem abaixo:

Kelis acusa Beyoncé de roubo após música do ‘Renaissance’ ser lançada

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Kelis e Beyoncé. Foto: Jason LaVeris / FilmMagic / Divulgação.

A cantora Kelis utilizou suas redes sociais para criticar Beyoncé o recente lançamento da música ‘Energy’, presente no álbum ‘Renaissance’. De acordo com Kelis, ela não foi notificada e nem permitiu o uso do sample da música ‘Get Along With You’, canção lançada no ano 2000.

Denomina-se sample uma amostra de sons, sendo trechos ou partes inteiras de uma música já existente. Neste caso, Beyoncé utilizou ‘Get Along With You‘ como sample para a nova música do álbum ‘Renaissance‘. “Minha mente explodiu hoje por conta do nível de desrespeito e ignorância de todas as partes envolvidas nisso”, escreveu Kelis numa publicação. “Eu ouvi sobre isso da mesma forma que todo mundo. Nada é o que parece, algumas pessoas neste negócio não têm alma ou integridade e enganam a todos. Não é uma colaboração, é roubo”, continuou ela em outro comentário.

Comentário da cantora Kelis no Instagram. Foto: Reprodução.

Apesar de ter lançado a música ‘Get Along With You’, Kelis não é creditada como compositora e produtora da faixa. O registro foi escrito e produzido por Pharrell Williams, juntamente com Chad Hugo, artistas que estão trabalhando com Beyoncé no ‘Renaissance’. “Estou vindo para o que é meu e quero reparações”, disse Kelis através de um vídeo no Instagram. “Isso não é sobre Beyoncé ou algo do tipo. Realmente disse o que disse… Pharrell faz vídeos sobre o direito das pessoas mas é hipócrita na realidade”.

Pharrell Williams não se manifestou sobre o caso.

Kenia Aquino, fundadora do Quilombo Aéreo, abre boletim contra motorista da 99 por racismo: “Tinha que ser preto”

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Foto: Reprodução/Instagram

Kenia Aquino, aeromoça e fundadora do coletivo Quilombo Aéreo, publicou uma live no Instagram nesta tarde (28), para falar que foi vítima de racismo por um motorista da 99 no dia 19 de julho, em Porto Alegre (RS). “Eu conversei com o meu terapeuta, com os advogados que estão me acompanhando para fazer essa live”, inicia o vídeo.

Como diretora do ODABÁ – Associação de Afroempreendedorismo de Porto Alegre, Kenia estava a caminho da Câmara Municipal de Vereadores da cidade, para participar da primeira reunião sobre a inscrição da organização na comissão de aferição da heteroidentificação de cotas raciais nos concursos na casa legislativa. Ela solicitou a corrida pelo aplicativo, mas se atrasou para chegar no carro.

“Eu mandei uma mensagem pra ele dizendo que estava chegando lá embaixo [do prédio] e ele mandou que não era pra eu ter pressa. Quando eu cheguei, a corrida já tinha sido cancelada porque eu levei mais de três minutos para descer e a corrida é cancelada automaticamente. Automaticamente também chega uma multa, R$ 5, tudo certo”, explica como tudo começou.

“Fiquei esperando o próximo motorista chegar, ele viria no carro vermelho. No que eu estou sentada esperando, para um carro prata na frente do meu prédio. Esse motorista decidiu olhar pra mim e falar algumas coisas que eu não entendi. Como eu estava aguardando o motorista do carro vermelho, eu não prestei atenção nele, continuei olhando o celular. Mas ele insistiu em falar alguma coisa”, diz.

Só depois que ela percebeu que o homem era o motorista do primeiro carro solicitado pela 99. “É natural que a gente desça de um prédio para pegar um carro por aplicativo e por ventura se atrase e já pra isso que existe a multa e a corrida é cancelada. Não tem nenhum problema com isso. Quando eu não entendi o que ele falou, ele falou mais alto. Proferiu as seguintes palavras: ‘Tinha que ser preto’. Com todas as palavras. Quando eu entendi o que ele falou e me assustei, ele fechou o vidro e saiu”, lembra ainda assustada.

“Ele voltou ao meu endereço, voltou pra porta da minha casa pra ser racista comigo. Na certeza de que esse país é um país que não tem impunidade para crime de racista”. E completa: “Na hora, a minha ficha demorou pra cair. Quando eu entrei no segundo carro, eu sentei e comecei a chorar copiosamente de nojo, de raiva. Essa pessoa voltou pra minha casa e me agrediu”.

A violência deixou Kenia ainda bem reflexiva antes de tomar uma providência contra o motorista. “Agora eu já fiz o boletim de ocorrência, denunciei na plataforma e eu estou aguardando uma posição oficial da 99 e é pra isso que eu estou fazendo esse vídeo”. E explica: “Perguntaram obviamente se eu tinha testemunhas, vídeos, prints. Estamos na batalha para conseguir porque tem mais esse agravante. O racismo é o crime perfeito. Ele é cometido e dificilmente a gente consegue uma prova, mas eu vou conseguir. A única pessoa da minha rua que viu o carro retornando até a porta da minha casa, se recusou a depor. Disse pra mim que não seria minha testemunha. Eu não vou me conformar, me silenciar”. 

Segundo a aeromoça, o 99 informou que está analisando o perfil do motorista. “Eu tô atrás das câmaras da minha rua, porque o meu prédio, infelizmente, ainda não tem câmera. Era um movimento importante na minha vida, um dia importante pra mim. Eu ainda choro quando eu lembro. É como um tapa na cara”, desabafa aos prontos.

E lamenta: “A minha palavra deveria ser o suficiente. Eu não acordaria um dia de manhã e decidiria abrir um um boletim de ocorrência contra uma pessoa. A 99 tem que se responsabilizar pela conduta dos seus motoristas. Eu espero que vocês tirem esse monstro racista que presta serviço pra vocês”.

Kenia diz que está em contato com a plataforma do 99 desde o dia 22, um dia depois do ocorrido e até o momento, a única medida tomada foi o bloqueio no perfil do motorista. Em nota ao MUNDO NEGRO, a 99 ainda não garantiu o desligamento do mesmo. Leia na íntegra:

“A 99 lamenta profundamente o ocorrido com a passageira Kenia Aquino Garcia. Assim que o relato foi registrado, foi aplicado o bloqueio no perfil do motorista e uma equipe foi mobilizada e está tentando contato com a Kenia para oferecer todo o suporte e acolhimentos necessários. A plataforma se coloca à disposição para suporte. A plataforma também está disponível para colaborar com as investigações das autoridades, se preciso.

A empresa tem uma política de tolerância zero em relação a qualquer tipo de discriminação e repudiamos veementemente o caso. O respeito mútuo é a base de tudo e é obrigatório para utilização do app. Todos os usuários, sejam eles motoristas ou passageiros, devem se tratar com educação, boa-fé e profissionalismo, independente de sua religião, credo ou raça. Em comportamentos como esse, que vão contra os Termos de Uso e o Guia da Comunidade 99 e medidas cabíveis são adotadas, podendo resultar em bloqueio definitivo”.

“Nada do que eu fazia estava bom o suficiente”: IZA fala sobre o racismo no mundo da música

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IZA em 'Fé'. Foto: Guilherme Nabhan.

Em recente entrevista para a Vogue Brasil, IZA contou detalhes sobre seu atual momento no mundo da música, suas inspirações e produções artísticas. Capa da revista, a cantora falou sobre o racismo e sobre as barreiras invisíveis que precisou vencer para se tornar uma das artistas mais influentes do país. “Depois que fiquei famosa, revisitei inseguranças, as formas como me comparava e achava que nada do que eu fazia estava bom o suficiente… Tudo isso é fruto do racismo“, disse IZA.

IZA para a Vogue Brasil. Foto:Lufré.

“O sentimento de que não se pode errar. Uma noia que você aplica em todos os trabalhos feitos. Existem barreiras invisíveis que o racismo cria”, continuou a artista. “Infelizmente no Brasil, a partir do momento em que você é uma pessoa negra bem-sucedida e famosa, você não deixa de sofrer racismo, mas as pessoas passam a te olhar de forma diferente, o que é lamentável. Todos merecemos respeito.”

A intérprete de ‘Fé’ também comentou sobre autoestima e a forma como encontrou beleza em sua própria existência, principalmente tratando sobre o cabelo. “Eu não queria lidar com o meu cabelo crespo. Comecei a alisar aos 12, era uma tentativa de fuga. Cresci achando que tinha dado azar na loteria genética e que o meu cabelo era ruim, um defeito que precisava ser consertado“, contou IZA. “Só com 21 anos, depois que vi uma menina negra ganhando um concurso de estilo na faculdade, fui mudando a percepção de beleza. Coloquei trança para ter uma transição capilar e poder ver como era o meu cabelo de verdade. Foi quando percebi a importância de poder me enxergar em um lugar de admiração”.

Meta e PretaHub celebram a potência do empreendedorismo de mulheres negras com fotografias de Helen Salomão e Wendy Andrade

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Jêniffer de Paula, São Paulo-SP (Foto: Helen Salomão)

A fotógrafa baiana Helen Salomão e o carioca Wendy Andrade se uniram em uma parceria inédita para retratar e celebrar as histórias de 15 mulheres empreendedoras negras espalhadas pelo Brasil. São mulheres que fazem parte da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, iniciativa idealizada pela Meta e pela PretaHub, que está desenvolvendo capacidades de negócios e gestão em 50 empreendedoras negras espalhadas pelo país.

Reconhecidos pelo olhar sensível e pela valorização da população negra, sua estética e os diferentes corpos pretos, Helen Salomão e Wendy Andrade estão viajando por todo o país para contar as histórias dessas empreendedoras que conseguiram criar um negócio de sucesso e impactar positivamente suas comunidades, inspirando e gerando empregos.

“Tem sido muito potente trabalhar junto com o Wendy pela primeira vez nessa jornada de descobrimento de mulheres tão inspiradoras pelo Brasil. Acredito muito nessa linguagem documental e poder agregar nosso olhar a favor da história de vida dessas empreendedoras visionárias é muito enriquecedor.”, conta Helen Salomão.

Para Wendy Andrade, a experiência também foi impactante, ainda mais quando se considera o olhar de um homem preto sobre a luta das mulheres negras: “Fotografar mulheres pretas empreendedoras em regiões tão diferentes tem sido muito potente. Pude ver de perto que a mulher preta, quando empreende, não busca somente o próprio enriquecimento, mas o empoderamento de toda a sua comunidade. Sou muito fã da Helen e poder registrar essas histórias juntos tem sido uma experiência transformadora”, diz o fotógrafo.

O projeto mistura arte, cultura e empreendedorismo e os fotógrafos tiveram total liberdade criativa, o que tem proporcionado registros documentais que enaltecem as lutas, memórias e conquistas das empreendedoras, numa rota inversa ao apagamento histórico tão comum na vida da população negra no país.

“É muito importante darmos visibilidade a pessoas negras que empreendem, ao longo do ano todo, celebrando suas trajetórias e estimulando seus negócios. Nesse contexto, é um privilégio contar com o olhar apurado do Wendy e da Helen para retratar a história dessas mulheres negras, que tão bem representam a potência e a luta dessa comunidade pelo Brasil.”, explica Carolina Caser, gerente de Impacto Econômico da Meta para América Latina.

Exposição na Feira Preta

Para potencializar a visibilidade do emprendedorismo feminino negro, que resiste nas mais variadas regiões brasileiras, todo o trabalho dos fotógrafos Wendy Andrade e Helen Salomão deve se transformar em uma exposição aberta ao público e parte da programação do Festival Feira Preta, durante o Mês da Consciência Negra. As primeiras imagens registradas pela dupla foram mostradas em primeira mão neste dia 29 de julho, durante o evento Meta Boost em Salvador, onde houve ainda uma roda de conversa sobre empreendedorismo negro feminino, além de capacitação em marketing digital para empreendedoras locais.

Adriana Barbosa, fundadora e CEO da PretaHub, reforça a importância de dar visibilidade para as mulheres pretas de forma constante: “Helen e Wendy foram convidados para este projeto por conta do olhar atento e carinhoso que dedicam a histórias de pessoas negras. Estamos muito felizes com essa parceria, tão importante para o resgate de memórias que precisam ser registradas. Justamente por isso, e pelo resultado tão positivo que estamos vendo, o objetivo é levar essas imagens para o maior número possível de pessoas, a fim de celebrar o empreendedorismo, ferramenta de empoderamento que sempre esteve presente na história do povo negro.”

Investimento de R$ 1,6 milhão

As mulheres fotografadas são parte da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, projeto da Meta e da PretaHub que forneceu recursos financeiros num total de R$1,6 milhão para as 50 empresárias selecionadas. Além da verba, também estão sendo realizados gratuitamente cursos de capacitação, consultorias, assim como o fornecimento de serviços e produtos customizados de acordo com a demanda de cada negócio.

Quadras Indestrutíveis: projeto pretende tombar e preservar quadras de basquete ameaçadas em todo o Brasil

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Foto: Freepik.

Quadra na Mooca, SP, acaba de ser revitalizada com a ajuda da iniciativa, que até o final de 2022 prevê a transformação de mais cinco espaços

Preservar quadras de basquete de rua nas cidades é o principal objetivo do projeto Quadras Indestrutíveis, uma iniciativa da agência Africa em parceria com a Budweiser. Com o aumento da especulação imobiliária, espaços como as quadras se tornam visados para a construção de novos imóveis e até estacionamentos. Tentando evitar a extinção destes espaços, a cervejeira encontrou uma brecha na Lei de Tombamento Brasileira que diz que “um lugar de interesse público com valor artístico é considerado patrimônio público e não pode ser demolido”.

Assim, a ideia é encher de valor artísitico e cultural, quadras abadonadas do país, contando com a colaboração das pessoas que vivem em torno destas quadras. A ação da agência Africa contempla a realização de um projeto artístico, com relevância cultural ao local, em uma quadra de rua. Com o projeto realizado, é possível entrar com um pedido de tombamento. Para isso, a Budweiser resumiu o processo em cinco passos, descritos no site  www.quadrasindestrutiveis.com.br : 1) Escolha uma quadra pública de basquete; 2) Encontre um tópico relevante para a cultura local; 3) Selecione um artista; 4) Budweiser conecta o artista, a quadra e você; 5) Entre com o pedido de tombamento.

“Esse é um projeto extremamente relevante, que dá poder para as pessoas exigirem o que é delas por lei. Cada dia que passa é mais comum vermos quadras abandonadas, sem cuidado ou iluminação. As pessoas não merecem esse descaso, elas merecem cultura e lazer,” comenta André Mota, gerente de estratégia da marca Budweiser na Ambev.

O projeto piloto, realizado com sucesso em uma quadra em Natal, no Rio Grande do Norte, mostrou o potencial de transformação da iniciativa. A Budweiser convidou um artista local, que criou uma arte homenageando um dos principais jogadores brasileiros de basquete, também nascido na cidade, Oscar Schmidt. Após a realização da obra, o pedido de tombamento foi feito e levado para o secretário de cultura junto ao prefeito. Hoje, a quadra já é considerada um patrimônio cultural e não pode ser demolida. Daqui em diante, ela servirá apenas para lazer, entretenimento, cultura e até como ponto turístico na cidade.

Pelo site, já foram registradas cerca de 16 quadras, que agora estão no processo para receberem um artista e serem transformadas. Na Mooca, tradicional bairro da cidade de São Paulo, SP, uma quadra acaba de ser finalizada.

Morre o bailarino Rubens Barbot, criador da primeira Cia de Dança Contemporânea negra do Brasil

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Foto: Divulgação

Com uma trajetória inspiradora, um dos maiores bailarinos e coreógrafos do Brasil, Rubens Barbot, morreu aos 72 anos, nesta quinta-feira (27), no Hospital Municipal Souza Aguiar, por causas ainda não divulgadas.

Natural da cidade do Rio Grande (RS) e radicado no Rio de Janeiro desde 89, o artista é fundador da “Cia Rubens Barbot de Teatro e Dança“, primeira Cia Negra de Dança Contemporânea do Brasil que atualmente tem 32 anos de atuação, deixa um legado inquestionável para comunidade negra.

Acamado desde 2019, o bailarino que também é fundador de uma das principais bases da arte negra carioca, o Terreiro Contemporâneo, um centro cultural localizado no centro do Rio que abriga companhias de arte negras, reúne uma carreira artística internacional, que ao longo das últimas décadas, vem impactando gerações. O bailarino dedicou quase quarenta anos à pesquisa de movimentos dos corpos afro-brasileiros. Informações sobre o velório ainda não foram divulgadas.

O Sindicato dos Profissionais de Dança lamentou a morte do bailarino. “Hoje é um dia triste para a dança negra contemporânea, o querido e inigualável Rubens Barbot fez sua passagem para o Orum”. E completa: “‘Um gesto honesto!’ sempre foi seu lema, assim como foi sua arte, suas criações e sua vida entre nós!”.

“Elenco dos sonhos”, diz Rodrigo França sobre ‘Barba, Cabelo & Bigode’, que estreia nesta quinta na Netflix

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Foto: Tiago Rodriguez.

Um nove filme de comédia, Barba, Cabelo & Bigode, chega nesta quinta-feira (28) ao catálogo da Netflix. O longa marca a estreia de Rodrigo França como diretor de cinema e conta a história de Richardsson, um jovem que acaba de terminar o ensino médio e, contrariando os desejos da mãe, Cristina, quer realizar o sonho de cortar cabelos no salão dela. Em busca de realizar seu verdadeiro sonho, Richardsson não consegue deixar de se meter em várias confusões, enquanto espalha cortes estilosos pelo Rio de Janeiro.

Nas redes sociais, Rodrigo agradeceu a equipe de trabalho que ele dirigiu para o longa. “Um elenco dos sonhos e uma ficha técnica de excelência. Sou muito grato a cada profissional que esteve junto, colocando tijolo por tijolo”, disse o premiado diretor. O elenco é formado por nomes como Lucas PenteadoJuliana Alves, Solange CoutoMC Carol, Sérgio Loroza, Neusa Borges, Yuri Marçal e Jeniffer Dias.

Por dentro da comédia, muitas discussões sobre cabelos, intolerância religiosa e a vida nas comunidades, tendo como pano de fundo o bairro da Penha, no Rio de Janeiro, trazendo toda a representação de pessoas de todos os cantos do Brasil que se reúnem no local.

Com codireção com Leticia Prisco, o roteiro é assinado por Anderson França, Marcelo Andrade e Silvio Guindane. Produzido por A Fábrica, Barba, Cabelo & Bigode promete divertir ao nos levar a um típico subúrbio onde encontramos os personagens mais diversos, e que representam  muito do que é ser brasilero para o mundo todo.

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