A Polícia Federal deve abrir um inquérito para apurar as ameaças de morte dirigidas à deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). As intimidações começaram após a parlamentar publicar, no último sábado (18), um vídeo em suas redes sociais explicando as polêmicas em torno de uma suposta fiscalização do Pix, medida posteriormente revogada pelo governo federal.
Segundo a equipe de Hilton em informações enviadas à CNN, as ameaças foram feitas principalmente na plataforma X (antigo Twitter), onde usuários sugeriram contratar pistoleiros para segui-la ou mencionaram o “Projeto Ronnie Lessa 2.0” — uma referência ao assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.
O vídeo, em menos de 12 horas, ultrapassou 80 milhões de visualizações. Nele, Erika Hilton explica que a intenção do governo com a medida era coibir grandes movimentações financeiras suspeitas, enquanto acusa opositores de distorcerem os fatos para desinformar a população: “Estão mentindo para você. Nunca houve a intenção de taxar o Pix. Essa é mais uma manobra da extrema direita para usar o povo como instrumento político”, afirma a deputada na gravação. Hilton ainda ressalta a necessidade de regulamentar as redes sociais, destacando a proliferação de notícias falsas como um problema urgente para a democracia.
O vídeo da deputada é visualmente similar ao publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que alcançou 300 milhões de visualizações e criticou a mesma medida do governo sob a perspectiva de prejuízo aos mais pobres. Enquanto Hilton utiliza tons claros e defende a regulamentação, Ferreira opta por tons escuros e acusa o governo de agir contra os interesses da população. A polêmica levou o governo a recuar da medida após a repercussão negativa nas redes sociais.
O pedido formal feito por Erika Hilton foi protocolado neste domingo (19) na Polícia Federal para identificar os responsáveis pelas ameaças. A Advocacia-Geral da União (AGU) também pediu apuração sobre as fake news relacionadas ao tema.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está avaliando medidas legais contra propagadores de desinformação. “Vamos tomar providências, inclusive criminais, contra quem propagou fake news e está aplicando golpes”, declarou.
O caso evidenciou a estratégia de comunicação do PL, partido de oposição, que utiliza as redes sociais para potencializar suas críticas ao governo. Publicitários ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro também apontaram falhas estratégicas na condução do tema pelo governo, ampliando o desgaste político da gestão atual.
A fotógrafa Wenny Mirielle Batista Misael, conhecida como Uenni, tornou-se a primeira mulher negra a conquistar o primeiro lugar na categoria Série Fotográfica do Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas. O concurso, organizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), busca valorizar as culturas populares do Brasil e premiou o trabalho de Uenni, intitulado “Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada de Pernambuco”.
Nascida e criada no bairro de Santo Amaro, em Recife, a fotógrafa de 26 anos retratou, com sensibilidade e autenticidade, o ritual do Canjerê de Pretos Velhos no Terreiro Axé Talabi, localizado em Paulista, na Região Metropolitana. As imagens capturam momentos simbólicos, como pés descalços sobre o chão de barro e cânticos conduzidos pela ialorixá Mãe Lú, que lidera o terreiro reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2023.
A série premiada foi produzida ao longo de dois anos e reflete a conexão de Uenni com a tradição retratada. Parte da comunidade do Terreiro Axé Talabi, ela descreve o Canjerê como “um rito de profunda ancestralidade, que celebra a sabedoria e a resistência do povo preto”. Para a fotógrafa, a conquista é também um marco pessoal. “Nunca imaginei receber este reconhecimento. Minha fotografia vem da fé e do desejo de contar histórias reais, mesmo sem os melhores equipamentos ou formações acadêmicas na área”, afirmou.
O Prêmio Mário de Andrade, que está em sua segunda edição, recebeu mais de 400 inscrições apenas na categoria em que Uenni participou. A premiação reconhece três trabalhos em cada modalidade, com valores de até R$ 15 mil, além de menções honrosas. A vitória da jovem fotógrafa ressalta a importância da valorização das narrativas negras no cenário cultural brasileiro.
Além do reconhecimento individual, o trabalho de Uenni traz visibilidade às tradições da Jurema Sagrada e reforça o papel das mulheres negras como protagonistas na preservação de memórias culturais e espirituais. “Este prêmio é mais do que uma conquista pessoal, é uma celebração das nossas raízes e da força do nosso povo”, concluiu a fotógrafa.
Confira as fotos que levaram Uenni a conquistar o prêmio:
Fotos: Prime Video; César Diógenes/Globo; Foto: Globo/Leo Rosario; Netflix; Disney; e Globo
Diversas séries com protagonismo negro serão lançadas em 2025, refletindo uma diversidade que vem ganhando espaço e se consolidando na indústria do entretenimento. Com histórias que exploram diferentes âmbitos culturais, sociais e históricos, essas produções prometem cativar o público com comédia, histórias reais, e muita ação.
Neste ano, os fãs também terão que se despedir de duas séries de grande sucesso que chegam nas suas últimas temporadas, ‘Harlem’ do Prime Video e ‘Sintonia’ da Netflix.
Veja lista abaixo:
Harlem (3ª e última temporada)
A série estrelada por Angie (Shoniqua Shandai), Quinn (Grace Byers), Camille (Meagan Good) e Tye (Jerrie Johnson), acompanha as quatro amigas, que retornam nesta última temporada com uma cômica trama carregada de dilemas pessoais e novos personagens. Seth (Kofi Siriboe), um jogador de baseball profissional que atrai uma das amigas com seu charme; Portia (Logan Browning), um amor do passado de Ian (Tyler Lepley) que volta ao Harlem; Jacqueline (Robin Givens), mãe de Eva (Gail Bean), uma capitalista de risco com laços profissionais com Tye. A nova temporada estreia no Prime Video dia 23 de janeiro.
Sintonia (5ª e última temporada)
Nando (Christian Malheiros), Doni (Jottapê), e Rita (Bruna Mascarenhas) foram criados juntos na periferia de São Paulo, rodeados por funk, drogas, violência e religião. Eles seguem caminhos totalmente diferentes, mas sempre buscam ajuda um no outro. A trama chega na sua última temporada, que estreia na Netflix dia 5 de fevereiro.
The Residence
A nova série de Shonda Rhimes para a Netflix é inspirada no livro ‘The Residence: Inside the Private World of the White House’, de Kate Andersen Brower. Na trama, uma detetive excêntrica (Uzo Aduba) precisa investigar 157 suspeitos quando um cadáver é encontrado na Casa Branca. A produção estreia no streaming dia 20 de março.
Encantado’s (3ª temporada)
Estrelado por Luis Miranda e Vilma Melo, a comédia acompanha dois irmãos, Olímpia e Eraldo, que aos 50 anos precisam lidar com a morte do pai e assumir a gerência de um local que funciona como supermercado durante o dia e, à noite, vira a escola de samba Joia do Encantado. A terceira temporada tem previsão de estreia em abril na Globoplay e na TV Globo.
Coração de Ferro
Após eventos de Pantera Negra: Wakanda para Sempre, a série será focada na heroína Riri Williams, vivida por Dominique Thorne. Na produção, Riri se inspira em Tony Stark para construir suas próprias armaduras. Coração de Ferro será lançado no Disney+ em 24 de junho.
Eyes of Wakanda
Spin-off do filme ‘Pantera Negra’, a série é focada nos Hatut Zeraze, guerreiros de Wakanda encarregados de proteger o segredo do vibranium ao longo da história, e contará com uma animação de estilo pintado à mão, inspirada em artistas contemporâneos afro-americanos. A primeira temporada estreia na Disney+ em 6 de agosto.
Pablo e Luisão
Série de humor criada por Paulo Vieira, ‘Pablo e Luisão’ é baseada em acontecimentos reais da infância e adolescência do humorista e relata as divertidas e inacreditáveis enrascadas que surgem da parceria dos amigos Luisão, pai de Paulo, e Pablo, seu fiel companheiro. A estreia na TV Globo e na Globoplay está prevista para este ano, mas ainda não foi revelada a data.
Foto: Globo/Leo Rosario
Detetive Alex Cross (2ª temporada)
A suspense policial acompanha Alex Cross (Aldis Hodge), um detetive diferenciado, capaz de investigar a mente dos assassinos e de suas vítimas para solucionar casos, compreende sua responsabilidade enquanto um policial negro na sociedade, mas que precisa administrar o seu trabalho enquanto lida com seus traumas e perseguições contra a sua família. A segunda temporada deve estrear no Prime Video no final de 2025.
Sankofa – A África que Habita o Brasil
A nova temporada, dirigida por Silvio Guindane, documenta os locais emblemáticos que guardam memórias de resistência da cultura afro-brasileira no território colonizado. Essa nova continuidade está sendo formatada no gênero road-movies, percorrendo mais de 20 mil quilômetros, o equivalente a uma volta inteira pelo Brasil. A série teve o lançamento confirmado para 2025, mas ainda não foi revelado a data e o streaming que ficará disponível.
Quilombo do Malunguinho (Foto: Mariana Maiara)
A Divisão (4ª temporada)
Segundo a sinopse, “o Rio de Janeiro está acuado por uma onda de sequestros nos anos 90. As forças de segurança chamam agentes de fama controversa para salvar a cidade de bandidos e até da polícia”. Estrelado por Silvio Guindane, a data de lançamento da quarta temporada ainda não foi divulgada.
Anunciada como atração da primeira festa do Big Brother Brasil 2025, a cantora Ludmilla revelou durante a apresentação da música Maldivas, ao lado da esposa, Brunna Gonçalves, o nome de sua primogênita, Zuri.
O casal contou para a CNN, por meio da assessoria da cantora, que o nome de sua primogênita “tem origem africana, na língua suaíli, e traduz a essência de uma mulher forte, suave e encantadora. Além disso, também carrega em si a combinação perfeita de beleza, força e doçura”.
Antes de revelar o nome, Ludmilla contou que ela e Bunna estavam bastante indecisas até a escolha oficial: “Estava todo mundo curioso para saber o nome, a gente também estava muito indecisa também, mas a gente acabou de escolher e apresento a vocês, a nossa querida, Zuri! Princesa da mamãe!”.
Ludmilla e Brunna Gonçalves anunciaram a gravidez publicamente no dia 9 de novembro de 2024, durante o show Numanice, que acontecia em São Paulo.
Iniciamos 2025 com demandas significativas para que as pautas sociais, de Diversidade e Inclusão (D&I) permaneçam no centro da governança. A multiplicidade de saberes é um debate necessário e desafiador na gestão das empresas e é por isso que se faz necessária a manutenção e implementação de um modelo de negócio que seja antirracismo, anticapacitismo, não gordofóbico, não homofóbico, não misógino e não etarista, para garantir o direito de todo cidadão como é previsto em Lei.
Promover o acesso é reparador. A criação de comitês de diversidade estabeleceu uma maneira estratégica de realizar discussões sobre interseccionalidade, e vale ressaltar que toda a sociedade se beneficia quando se entende como parte e responsável pelo todo, potencializando a coletividade e expansão econômica.
O mercado nos sinaliza que a promoção da igualdade de oportunidades tem garantido, aos profissionais, o seu lugar de pertencimento, e, às empresas, um time diversificado capaz de explorar novas temáticas e produzir de modo que toda a sociedade se sinta representada.
Panorama da última década
Os assuntos relacionados a D&I nos últimos dez anos, estiveram nas mídias, instituições empresariais e de educação com mais afinco. A participação da sociedade nas temáticas, bem como a de especialistas no assunto, mostrou que seriam necessárias mudanças nos mais diversos setores para que cada brasileiro fosse respeitado e tivesse seus direitos, assim como deveres, compreendidos.
As empresas adotaram medidas para que a inclusão fosse uma realidade assertiva e para que a reputação da empresa alcançasse níveis consideráveis. Os resultados foram animadores, tanto no âmbito midiático quanto no econômico. No entanto, os últimos dois anos trazem dados e alertas importantes, pois, sempre que há modificações e instabilidades, a governança é uma das primeiras a sofrer perdas e cortes de verbas.
Como mostra a pesquisa realizada pela startup to.gather, fundada em 2022, especialista em aplicar inteligência de dados para mensurar a diversidade nas empresas em tempo real, os seis desafios mais encontrados pelas empresas para implementar práticas de D&I são: contratação de pessoas diversas, engajamento da média liderança, orçamento para realização das ações, demonstração do valor agregado das ações, engajamento da alta liderança e engajamento das pessoas colaboradoras.
A startup também apresenta como está o panorama da diversidade nas empresas, indicando que as mulheres estão no topo da lista, com 39%, seguidas por pessoas pretas e pardas, com 31%. Já pessoas com deficiência representam 3%, neuroatípicas, 2%, e pessoas trans e travestis, apenas 0,9%, com percentuais de representatividade bem abaixo do ideal.
O tema é e sempre será pertinente, pois interessa à sociedade e diz respeito a direitos já conquistados. Preservar essas ações, expandi-las e contemplar ainda mais pessoas deve ser o mote das nossas práticas diárias. A realidade não nos favorece no todo, mas, podemos perceber outras maneiras de continuar e crescer sempre!
O rapper Nelly estará entre os principais artistas a se apresentar na celebração da posse de Donald Trump, marcada para a noite de segunda-feira (20). A informação foi confirmada pelo repórter da CBS, Taurean Small, que revelou na sexta-feira (18), que o artista da música “Dilemma” dividirá o palco com o cantor country Jason Aldean no Liberty Ball.
Até o momento, Nelly é o único rapper confirmado para a celebração, que contará com uma lista extensa de músicos, especialmente do gênero country.
A confirmação do artista supreendeu os fãs. Sua relação com a base de apoiadores de Trump é nova, e ele não tem dado opiniões políticas nos últimos anos. Mas durante uma entrevista em 2017 ao Page Six, Nelly chegou a declarar: “Eu gostava de Donald Trump como pessoa, mas não como presidente.”
Na época, ele expressou sua decepção com a conduta de Trump na presidência: “Você não espera certas atitudes de um presidente”. Apesar de sua insatisfação, o rapper permaneceu em silêncio sobre suas opiniões políticas desde então, com exceção de permitir o uso de sua música “Hot In Herre” em uma trollagem contra Trump na Convenção Nacional Democrata.
A presença de Nelly no evento gerou reações diversas nas redes sociais e foi duramente criticado. A atriz Yvette Nicole Brown desabafou ao TMZ. “Eu não dou espaço para racismo ou supremacia branca. Todos sabem quem Trump é.”
O filme ‘Sing Sing’, estrelado por Colman Domingo, estreou em 500 cinemas dos Estados Unidos, nesta sexta-feira (17), e se tornou o primeiro a ser lançado simultaneamente nas prisões, para quase um milhão de pessoas encarceradas. A informação foi revelada pelo The Hollywood Reporter nesta semana.
Este lançamento inovador é resultado de uma parceria entre a A24, a Rehabilitation Through the Arts (RTA) – a organização sem fins lucrativos que inspirou o filme – e a Edovo, uma entidade que desenvolve conteúdos educacionais acessíveis por tablets em mais de 1.100 prisões nos Estados Unidos. ‘Sing Sing’ será exibido em unidades correcionais na Califórnia, Nova York, Texas e em outros 43 estados.
O filme acompanha Divine G, um detento condenado por um crime que não cometeu, que encontra propósito ao participar de um grupo de teatro formado por outros presos. Juntos, eles se empenham em montar uma peça original intitulada “Breakin’ the Mummy’s Code”, explorando a transformação pessoal e a busca por redenção através da arte.
“A narrativa tem uma maneira incrível de despertar esperança e construir conexões, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Com o Sing Sing, estamos dando aos indivíduos encarcerados uma oportunidade de se verem em uma história de resiliência e transformação, e de se sentirem inspirados a imaginar novas possibilidades para suas próprias vidas”, disse o fundador e CEO da Edovo, Brian Hill.
Até o momento, o filme ganhou uma indicação ao SAG Awards 2025 e três indicações ao Independent Spirit Award, incluindo melhor longa-metragem. Indicado ao Oscar 2024 por papel em ‘Rustin’, Domingo é considerado um dos favoritos a premiação deste ano por sua atuação como Divine G.
Com exceção de alguns atores profissionais, como Domingo e o Paul Raci, o elenco do filme é formado principalmente por artistas que já foram encarcerados, muitos deles ex-participantes do programa RTA, incluindo Clarence “Divine Eye” Maclin e Jon-Adrian “JJ” Velazquez.
No Brasil, o filme ‘Sing Sing’ estreia nos cinemas dia 13 de fevereiro.
A trajetória de Mirella Archangello, 18, ganhou um novo capítulo em 2024. Conhecida como “repórter mirim” desde que viralizou nas redes sociais aos 11 anos, a jovem alcançou uma nota de 960 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e agora planeja ingressar no curso de Jornalismo em Ribeirão Preto (SP).
Moradora da zona norte da cidade, Mirella chamou a atenção do país em 2017, ao gravar vídeos no estilo jornalístico denunciando problemas estruturais de seu bairro. O reconhecimento foi tanto que a jornalista Glória Maria, então no Fantástico, viajou até a cidade para conhecê-la. Desde então, o sonho de ser jornalista passou a guiar suas escolhas.
Foto: Reprodução
Em 2024, o tema da redação do Enem, “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, abordou uma questão que a jovem já havia explorado em projetos pessoais. Ao longo de sua formação, Mirella aprofundou-se em temas ligados à cultura afro-brasileira e desenvolveu um projeto nas redes sociais para valorizar histórias e personagens negros.
Estudante de escola particular por meio de bolsa integral, Mirella seguiu uma rotina rigorosa de estudos durante o ensino médio, conciliando exercícios, leitura e resolução de provas anteriores. Seu desempenho no Enem é resultado de anos de preparação e do investimento em estratégias que conciliavam foco acadêmico e equilíbrio emocional.
A escolha de permanecer em Ribeirão Preto para cursar a graduação está ligada à realidade econômica de sua família e ao desejo de continuar próxima a seus pais e irmãos: “Escolhi ficar por vários motivos. Minha família não tem condição de me deixar ir embora para fazer um curso em outra cidade. Eu não sou filha única, eu tenho ainda três irmãos e meus pais teriam que me ajudar de alguma forma, eu não iria conseguir o recurso público de modo imediato. Eu também tenho um apego muito emocional com a minha família. Não tenho um amadurecimento tão grande para conseguir conciliar tudo ao mesmo tempo, morar sozinha e estudar”, contou ela em entrevista para o g1.
Com o resultado do Enem em mãos, ela aguarda agora o processo de seleção do Prouni, que ocorre em janeiro. Caso seja aprovada, a jovem dará início a uma nova etapa de sua vida acadêmica, aprofundando os conhecimentos em uma área que sempre a encantou e inspirou sua trajetória.
Aclamado pela crítica, o filme‘Kasa Branca’, protagonizado por Big Jaum, estreia nos cinemas dia 30 de janeiro, e já tem feito história no audiovisual negro, periférico e brasileiro.
O longa venceu quatro prêmios no Festival do Rio 2024, incluindo como Melhor Direção, com Luciano Vidigal se tornando o primeiro diretor negro premiado na competição principal de longa de ficção da premiação.
“A gente tem uma responsabilidade de representatividade. Nossa arte se torna uma referência para uma geração preta que está chegando e fazendo barulho também. Mas, eu me sinto sozinho. Eu acho uma pena essa trajetória de ser o único diretor preto a ganhar em 2024 o melhor diretor no Festival do Rio. Deveriam ter mais diretores ganhando. A gente tem que ter uma relação horizontal com o audiovisual brasileiro e eu espero que milhões de diretores ganhem, que a gente normalize essa relação”, diz Luciano Vidigal, que também assina o roteiro do longa, em entrevista para o Mundo Negro.
Diretor Luciano Vidigal (Foto: Divulgação)
‘Kasa Branca’ acompanha Dé (Big Jaum), morador da periferia de Chatuba, que passa a viver com sua avó Dona Almerinda (Teca Pereira), diagnosticada com Alzheimer e com pouco tempo de vida. Dé, ao lado de seus dois amigos inseparáveis Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), tenta aproveitar a convivência com a avó da melhor forma.
Apesar do filme ser inspirado em uma história real, Luciano fala sobre a liberdade para poder reinventar a realidade, mantendo a origem do Kasa Branca.
“Eu gosto muito da história real. Eu acho a rua e a favela extremamente cinematográfica. É muito dramatúrgico o povo brasileiro, o cotidiano. É uma coisa que me atrai muito. Eu me apeguei a muitas coisas reais, mas a gente está falando de uma ficção. Minha metodologia é muito em cima do que os atores também me oferecem ali no processo de pré-produção, de preparação do filme, com a vivência dos atores”, conta.
Big Jaum e Teca Pereira no filme ‘Kasa Branca’ (Foto: Divulgação)
“Foi um desafio muito legal porque a gente fala de um cinema negro afetivo, um cinema jovem, preto, mas que é um cinema verdadeiro e verossímil. Ao mesmo tempo que a vida real me dá essa base, mas na liberdade da dramaturgia e da ficção também é interessante ter essa mistura”, reflete Luciano.
Um filme sobre valorização da família
Para Big Jaum, protagonista do filme, uma das principais mensagens de ‘Kasa Branca’ é sobre a valorização da família.
“O que eu aprendi muito com o filme que eu trago para a minha vida são esses valores que o Dé não negocia ali, independente de qualquer coisa. Ah, o amigo está pegando a mulher, o outro está fazendo isso, o outro está fazendo aquilo, mas ele tem que cuidar da avó dele. O foco em valorizar a família dele, seguir os princípios dele. Então, é um filme que além de tudo, todas essas camadas, fala muito sobre valor”, afirma Big Jaum em entrevista para o Mundo Negro.
Big Jaum e Teca Pereira no filme ‘Kasa Branca’ (Foto: Divulgação)
“O Dé, quando ele vira para a avó e fala que está tudo bem, não é uma questão de otimismo, mas nesse sentido de tentar jogar para o universo, não aceitar tão fácil a derrota. Ele tem a total noção da realidade, que não está tudo bem, e ele sente aquilo ali, a gente consegue ver. Pouquíssimas vezes ele acaba expressando, como aquela frase que é bem marcante no trailer, que é ‘a minha avó está morrendo’, meio que a ficha caindo”, completa.
O ator relata que consegue se identificar com o seu personagem em alguns aspectos. “O Dé é bem introspectivo e, apesar da imagem de comediante, a gente tem nossas camadas e a nossa vida tem muito mais profundidade do que a gente consegue demonstrar, de repente, em uma rede social. Então, o Jaum, já saindo do Big, ele também é muito esse cara de acabar retendo alguns sentimentos e algumas situações”, comenta o ator e comediante.
“No caso, até a comédia ajuda a maquiar essa parada, mas, às vezes, a gente passa por muita situação e só vai absorvendo tudo e tenta filtrar, de alguma forma, para quem está no nosso entorno, que era o que Dé tentava fazer com a avó. Tudo dando merda, mas ele estava ali tentando amenizar, tentando fazê-la parar de sentir dor. Então, isso é algo que eu me identifico muito com o personagem”, conta.
Big Jaum, Diego Francisco e Ramon Francisco no filme ‘Kasa Branca’ (Foto: Divulgação)
A potência de ‘Kasa Branca’
“O personagem Dé, para mim, foi um grande presente que o Luciano me deu quando me fez o convite para o teste e me aprovou. A experiência de gravar esse filme foi muito enriquecedora, um aprendizado absurdo pela troca que eu tive, pela oportunidade de troca com atores já consagrados, com patrimônios nacionais do cinema. E um primeiro drama dentro da minha carreira desse porte, com o papel desse porte, é algo muito significativo e eu fico muito feliz. Tenho certeza que já mudou muito a minha vida e ainda tem muita coisa para acontecer. KASA BRANCA certamente vai ter vida longa”, celebra Big Jaum.
Para o diretor, fazer cinema independente no Brasil perseverar, faz parte da premissa como cineasta. “As coisas demoram a acontecer. É um projeto que demorou muito tempo, mas ao mesmo tempo também eu espero que se acelere através de políticas públicas, que facilitem para que a gente tenha mais urgência nessa democratização do nosso espaço com protagonismo preto no audiovisual”, diz Luciano Vidigal.
“Mas foi um filme que eu fiz com conforto, com estrutura, e eu aprendi muito nesse processo, não só de roteiro, mas aprendi muito com os atores, com essa juventude potente. Então, hoje eu tenho a dizer que o diretor precisa ter escuta. Não ter certeza do que ele quer como diretor, mas saber filtrar, porque pode vir muita coisa interessante do que você escuta”, aconselha.
Diego Francisco e Big Jaum no filme ‘Kasa Branca’ (Foto: Divulgação)
Além da carreira de ator, Luciano Vidigal também já coleciona créditos como diretor, de longas como “5x Favela: Agora por Nós Mesmos” e o documentário “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”, todos em parceria com outros cineastas. Mas com o drama ‘Kasa Branca’ que ele estreia na direção solo.
O elenco de ‘Kasa Branca’ também conta com Babu Santana, Roberta Rodrigues, Diego Francisco, Ramon Francisco, Gi Fernandes, Otavio Muller, Guti Fraga, além de marcar a estreia de L7nnon e Dj Zullu no cinema.
O ator, diretor e escritor Lázaro Ramos anunciou o lançamento de seu novo livro infantil, Sinto o Que Sinto: Um Passeio pelos Sentimentos. Publicada pela Editora Sextante e ainda em fase de pré-venda, a obra aborda de forma lúdica a importância de identificar e lidar com as emoções desde a infância.
A obra é fruto de uma parceria com o Mundo Bita, marca conhecida por conteúdos educativos voltados para o público infantil, e traz ilustrações de Flávia Borges. Em uma publicação nas redes sociais, Lázaro destacou: “Esta é a minha contribuição, de forma lúdica, bem-humorada e divertida, para ajudar na maturidade emocional das próximas gerações.”
O livro acompanha Dan, um menino negro que, ao viver situações do cotidiano, descobre que é possível sentir uma série de emoções – como raiva, alegria, orgulho e tristeza – e que aprender a reconhecê-las é essencial para lidar com elas de maneira saudável.
“Sinto o Que Sinto” chega às livrarias em edição especial com capa dura, reforçando a proposta de ser um material duradouro, que acompanhe as crianças por várias leituras. “É um presente maravilhoso, seja para a criança que você conhece ou para aquela que ainda vive dentro de você”, escreveu Lázaro em uma publicação no LinkedIn.