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3° Prêmio do Afroturismo reconhece destaques do setor em cerimônia durante a WTM Latin America

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2ª Edição do Prêmio do Afroturismo em 2024 | Imagem: Terra Preta Produções

A terceira edição do Prêmio do Afroturismo, realizado pela plataforma Guia Negro, vai celebrar os destaques do setor em 2024 em uma cerimônia no dia 14 de abril, a partir das 17h30, no auditório Transformation, no Expo Center Norte, durante a WTM Latin America, maior feira de turismo do continente.

Com 10 categorias, o prêmio reconhece profissionais, destinos, empresas e experiências que têm fortalecido o afroturismo no Brasil. Os finalistas, representantes das cinco regiões do país, foram selecionados por 32 jurados do setor, incluindo agentes de viagens, consultores, hoteleiros e especialistas.

Este ano, a categoria “Melhor Conteúdo de Afroturismo” foi decidida por voto popular online, enquanto “Melhor Empresa” teve votação aberta, sem finalistas pré-definidos, recebendo mais de 15 indicações. “O Guia Negro tem reunido o setor para esse momento de celebração e de reconhecimento de quem está se destacando e tornando o turismo mais diverso. É muito simbólico ter tudo isso dentro da maior feira de turismo do país”, afirma Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e idealizador do prêmio.

Destaques da edição passada incluem a Embratur, vencedora como melhor empresa, e Salvador, eleita melhor destino, com o Pelourinho premiado como melhor atração turística.

Confira os finalistas de 2025:

  1. MELHOR PROFISSIONAL DO AFROTURISMO

Bianca Daya (DF) – Fundadora da Me Leve Cerrado
Luana Ferreira (RJ) – Guia de turismo da Pequena África
Nilzete dos Santos (BA) – Fundadora da Afrotours Bahia
Thais Rosa (RJ) – Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo
Valéria Lima (AP) – Afroturismo Amapá

Homenagem: Boaventura Santos (in memoriam), fundador da Tbiras Ecoprime Viagens

  1. MELHOR DESTINO NACIONAL

Cachoeira (BA) – Festa da Boa Morte e terreiros de candomblé
São Luís (MA) – Turismo no Quilombo Urbano Liberdade
Palmares (AL) – Maior quilombo das Américas
São Paulo (SP) – Museu Afro Brasil e Aparelha Luzia
Rio de Janeiro (RJ) – Circuito da Pequena África

  1. MELHOR DESTINO INTERNACIONAL

África do Sul – Vencedora da 1ª edição
Benim – Intercâmbio cultural com a Bahia
Colômbia – Festival Petronio (Cali)
Paris – Lavagem de Madeleine e diáspora africana
Rota dos Direitos Civis (EUA) – Museus sobre Martin Luther King Jr.

  1. EMPRESA DE AFROTURISMO DESTAQUE DO ANO (Votação aberta – mais de 15 indicações sem finalistas pré-definidos)
  2. EMPRESA PARCEIRA DO AFROTURISMO

Accor – Ações de diversidade na hotelaria
BNDES – Investidor do projeto Viva Pequena África
Grand Hyatt São Paulo – Capacitação em diversidade racial
Loreal – Roteiros afrocentrados no Rio
Sebrae – Apoio a afroempreendedores

  1. MELHOR CONTEÚDO DE AFROTURISMO (voto popular)

Emile Brito – @emileporai (viagens e autoestima negra)
Gabriela Palma – Sou Mais Carioca (afroturismo no RJ)
Leandro Gonçalves (Preto Viajante) – Dicas de roteiros afro
Rafael Sousa – Isso o Mundo não Mostra (viagens pela África)
Rebecca Aletheia – Bitonga Travel (podcast e viagens)

  1. MELHOR ATRATIVO OU EXPERIÊNCIA TURÍSTICA

Sítio Rosa do Vale (RS) – Vinícola e samba da uva
Galeria do Reggae (SP) – Centro de cultura africana
Muhcab (RJ) – Museu da História Afro-Brasileira
Muncab (BA) – Museu Nacional da Cultura Afro
Novo Quilombo (MA) – Espaço cultural em São Luís

  1. MELHOR EXPERIÊNCIA FORA DO EIXO RJ/SP/BA

Bela Oyá Pantanal (MT) – Roteiros em quilombos pantaneiros
Caminhada Olinda Negra (PE) – Roteiro afrocentrado
Rotas Afro (SP interior) – Tours com realidade virtual
Belos Horizontes Negros (MG) – Caminhada no centro de BH
Cidade Griot Praia Grande (MA) – Narrativas afro em São Luís

  1. MELHOR EMPREENDIMENTO AFRO

Aparelha Luzia (SP) – Quilombo urbano de Erica Malunguinho
Dida Bar e Restaurante (RJ) – Gastronomia e samba
Embaixada Preta (SP/BA) – Coworking e loja colaborativa
Preto Fala de Amor (BA) – Loja no Pelourinho
Zanzibar (BA) – Restaurante com vista para Salvador

  1. DESTAQUE GUIA NEGRO: Categoria em que a plataforma de afroturismo escolhe um destaque do ano no setor do afroturismo.

“Minha Mãe é um Sucesso”: livro reúne relatos potentes de executivas brasileiras e seus filhos

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Foto: Divulgação

Existe algo mais potente do que uma mãe inspirando o próprio filho com sua trajetória? Essa troca de afeto e admiração dá vida ao livro “Minha Mãe é um Sucesso”. A obra reúne histórias emocionantes escritas por 21 mulheres negras e não negras de destaque no mundo corporativo — ao lado de seus filhos e filhas, que também escrevem sobre o impacto dessas mulheres em suas vidas.

Organizado pela executiva Maria Alicia Peralta, o livro foi lançado no dia 28 de março, no Rio de Janeiro. A obra é um convite para enxergar o lado mais humano, afetivo e transformador da jornada de mulheres que equilibram grandes responsabilidades profissionais com a missão de educar, acolher e inspirar dentro de casa.

Entre as histórias presentes no livro estão as de mulheres como Márcia Silveira, referência em beleza e diversidade, com mais de duas décadas de atuação na comunicação e no marketing, hoje liderando Advocacy e DE&I no Grupo L’Oréal Brasil; Josie Jardim, diretora jurídica da Amazon Brasil, reconhecida como uma das advogadas mais premiadas do país; e Catia Porto, executiva global de RH, admirada nacionalmente por sua liderança e atual vice-presidente da Vale.

O ponto de partida dessa coletânea poderosa foi uma carta escrita por Luiza Helena Trajano, Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, para seu filho, Frederico Trajano. Nesse texto, que hoje se tornou o prefácio da obra, ela reflete sobre os valores que queria transmitir ao jovem executivo. A profundidade da mensagem inspirou Maria Alicia a reunir outras mães líderes para abrir o coração — e ouvir o retorno amoroso de seus filhos.

Além de ser um mergulho emocionante nas relações entre mães e filhos, o projeto também tem um compromisso social. Parte da renda será revertida para o Grupo Mulheres do Brasil, que atua em prol da equidade racial e de gênero, do fortalecimento do empreendedorismo feminino e no combate à violência contra mulheres e meninas. Liderado por Luiza Helena Trajano, o grupo reúne mais de 130 mil mulheres em 155 núcleos no Brasil e no exterior.

Violonista brasileiro João Luiz Rezende é nomeado professor da Escola de Música de Yale, nos Estados Unidos

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Foto: Reprodução/Instagram

O violonista, compositor e educador brasileiro João Luiz Rezende foi anunciado como novo professor da Escola de Música de Yale, uma das instituições de ensino musical mais prestigiadas dos Estados Unidos. A nomeação foi divulgada em um comunicado oficial da universidade, que destacou a trajetória internacional do músico e seu trabalho como intérprete, compositor e mestre.

Segundo a Yale, Rezende, duas vezes indicado ao Grammy Latino, foi selecionado após um processo que avaliou “vários fortes candidatos” por um comitê formado por professores e gestores. A universidade ressaltou seu “espírito profundamente colaborativo, brilhantismo técnico e notável experiência de ensino”, além da versatilidade em diferentes estilos e tradições musicais.

A Yale também destacou seu trabalho social, incluindo iniciativas educacionais em comunidades carentes de São Paulo e esforços para tornar a música clássica mais acessível. “Por mais de duas décadas, ele tem sido mentor de jovens violonistas talentosos em todo o mundo”, afirmou a universidade. Rezende assume o cargo no próximo ano letivo, integrando o corpo docente de uma das instituições mais tradicionais dos EUA.

Nascido no Brasil, Rezende começou seus estudos na infância, migrando depois para o violão clássico sob orientação de Henrique Pinto. Com mestrado na Mannes School of Music e doutorado na Manhattan School of Music, ambas em Nova York (EUA), o músico consolidou sua carreira como solista e em duo.

Em 1997, ao lado de Douglas Lora, fundou o Brasil Guitar Duo, conjunto que ganhou projeção internacional após vencer o Concert Artists Guild International Competition, em 2006. A vitória abriu portas para apresentações em palcos como o Carnegie Hall (EUA) e o Concertgebouw (Holanda).

Além do duo, Rezende colaborou com nomes como Yo-Yo Ma, Paquito D’Rivera e Carlos Prieto. Em 2014, participou de um concerto histórico em Cuba em homenagem aos 75 anos do compositor Leo Brouwer.

Como compositor, suas obras têm sido gravadas e executadas por artistas como Fábio Zanon e Clarice Assad. Em 2019, estreou Recife, concerto para harpa escrito para Bridget Kibbey, com a Orquestra Filarmônica de Orlando.

Coreógrafo Joseph Toonga traz ao Rio festival internacional que reflete sobre saúde mental da comunidade negra

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O coreógrafo camaronês Joseph Toonga desembarca no Rio de Janeiro entre 11 e 26 de abril de 2025 com o projeto “The Body Black Festival: Joy Isn’t Always Joy”. A iniciativa, financiada pelo Arts Council England, ocupará o Centro Coreográfico da Cidade e a Biblioteca Parque, na região central, com ensaios abertos ao público. O festival utiliza linguagens artísticas que misturam dança, teatro e tecnologia digital para abordar questões urgentes de saúde mental na comunidade negra, com foco em temas como solidão e depressão.

Criado pelo coreógrafo Joseph Toonga, o projeto é uma plataforma multidisciplinar que comissiona obras sobre temas como solidão, depressão e suicídio na comunidade negra. A peça central, “Joy Isn’t Always Joy”, é um espetáculo de teatro-dança de 60 minutos que explora as lutas ocultas por trás de sorrisos que muitas vezes mascaram sofrimento.

Nascido em Camarões e criado em Londres, Toonga é reconhecido por sua abordagem que funde hip-hop e dança contemporânea. Sua trilogia aclamada — “Born to Manifest”, “Born to Protest” e “Born to Exist” — abordou questões raciais e de pertencimento, rendendo-lhe colaborações com companhias de peso, como o The Royal Ballet. “O Brasil tem uma das maiores diásporas negras do mundo, e trazer essa discussão para cá é essencial”, disse Toonga em comunicado. Após o período de ensaios no Rio, o elenco segue com Toonga para a Europa entre junho e agosto, onde finalizará a montagem e dará início a uma turnê.

Além da dança, o festival integra a participação da designer carioca Vitória Flores, moradora da Rocinha e professora do Istituto Europeo di Design (IED). Sua trajetória — da periferia ao mundo da moda — reflete-se em figurinos que priorizam narrativas negras e marginalizadas.”Queremos que o público não apenas assista, mas reflita e se reconheça”, afirma Flores, que também atuará como figurinista da produção.

Para ampliar o impacto, o projeto inclui uma plataforma digital com recursos de saúde mental, oferecendo suporte ao público e participantes. A iniciativa busca fomentar diálogos contínuos sobre bem-estar emocional, especialmente em comunidades negras e periféricas.

Ludmilla leva pagode ao mundo e defende gênero como “próxima febre global”

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Foto: Steff Lima

Em entrevista ao Hypebeast Brasil, Ludmilla reafirmou sua aposta no pagode como o próximo gênero musical brasileiro a ganhar o mundo, seguindo os passos do samba, da bossa nova e do funk. A cantora levou o projeto Numanice a Miami no último sábado (5), em um show histórico no Historic Virginia Key Beach Park — local marcado pela resistência da comunidade negra durante o período de segregação racial nos EUA.

“Meu objetivo é amplificar esse som cheio de swing, história e emoção — para o mundo”, disse Ludmilla. “O pagode tem tudo para conquistar outros países. Sua percussão poderosa, letras sinceras e melodias cativantes tornam impossível não sentir algo”, afirmou. A apresentação, que durou quase cinco horas, teve participações especiais do cantor Xanddy Harmonia e de Brunna Gonçalves, mulher de Ludmilla, que subiu ao palco grávida da pequena Zuri para um medley de “Maliciosa” e “Maldivas”. O local escolhido para o show carrega simbolismo: durante a segregação racial nos EUA, a Virginia Key Beach era um dos poucos espaços de lazer permitidos para afro-americanos em Miami.

Foto: Steff Lima

Ludmilla destacou a importância de equilibrar inovação e tradição para tornar o pagode um fenômeno global. “Eu misturo novos elementos enquanto respeito as raízes. Quero que as pessoas vejam o pagode como um som global, assim como o samba, a bossa nova e agora o funk”, disse. “A música vai além das palavras. Assim como nos conectamos com músicas em outros idiomas, o pagode também tem esse poder — ele transcende a linguagem”, reforçou ela.

Turnê internacional e impacto social

A turnê do Numanice, que também passou por Portugal, entra em sua reta final, com datas confirmadas em Niterói (13/04), Brasília (03/05), Ribeirão Preto (31/05) e São Paulo (08/06), com encerramento no Rio de Janeiro em 26 de julho. De acordo com a produção da artista, além do sucesso comercial — mais de 500 mil espectadores e faturamento estimado em R$ 185 milhões —, o projeto tem impacto social: arrecadou 25 toneladas de alimentos para comunidades vulneráveis e gerou mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.

MTE resgata trabalhador submetido a condições análogas à escravidão em granja que abastecia JBS em Minas Gerais

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Foto: Resgate de dez trabalhadores de condições análogas às de escravo em Arvorezinha, no Rio Grande do Sul em dez/2024 - MPT/RS

Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou em janeiro um trabalhador submetido a condições análogas à escravidão em uma granja no município de Nova Ponte, em Minas Gerais. O homem era responsável por cuidar de uma área com capacidade para 40 mil aves, e que fornecia para a Seara Alimentos, empresa do grupo JBS, líder nacional no setor de carnes.

De acordo com matéria publicada pelo Repórter Brasil, a denúncia partiu da Polícia Federal, que apurou que o trabalhador, em situação de vulnerabilidade após ser demitido de um emprego na área de reciclagem e enfrentar risco de despejo, foi recrutado pelo dono da granja, Vilson Aguiar Ribeiro. Segundo o MTE, ele foi explorado em troca de alimentação e moradia em um alojamento sem mobília, onde sequer havia cama.

O relatório da fiscalização, obtido pela Repórter Brasil, descreve jornadas exaustivas de até 20 horas ininterruptas, incluindo tarefas como encher bebedouros durante a madrugada, queimar lenha para aquecer os aviários e retirar aves mortas. Ribeiro pagou R$ 5,5 mil em salários e verbas rescisórias após a intervenção.

A granja mantinha contrato com a Seara, que fornecia pintinhos para criação e recebia os frangos prontos para abate. O documento do MTE afirma que representantes da JBS visitavam o local semanalmente para inspecionar a qualidade dos animais, mas ignoraram as violações trabalhistas.

O ministério criticou a empresa, destacando que, apesar de declarar em seu site o compromisso com direitos humanos e diálogo com fornecedores, a prática “não passa de uma mera ficção retórica para ludibriar clientes e certificadoras”. A JBS não se manifestou até a publicação desta reportagem. Ribeiro não foi localizado para comentários.

Este é o segundo caso de trabalho escravo na cadeia avícola em 2025. Em março, 35 indígenas de Amambaí (MS) foram resgatados em Pedreira (SP), onde trabalhavam em granjas da região. O MPT relatou alojamentos superlotados, com dormitórios improvisados em varandas e cozinhas, e alimentação restrita a arroz. Uma empresa terceirizada, não identificada, era responsável pela contratação e prestava serviços a um frigorífico paulista.

A JBS e Vilson Aguiar Ribeiro não se pronunciaram.

Jornalista Roberta Garcia retorna com segunda temporada do programa “3P – Papo de Preta Progressista”

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Foto: Reprodução/Instagram

A jornalista Roberta Garcia está de volta com a segunda temporada do seu programa de entrevistas “3P – Papo de Preta Progressista”, transmitido ao vivo todas as terças-feiras, às 20h, em seu perfil no Instagram (@rogarcia.1). O projeto, que combina debates aprofundados e descontraídos, promete abordar temas políticos, culturais, esportivos e questões urgentes do momento.

Na primeira temporada, o 3P deu destaque a projetos de mulheres negras que concorreram nas eleições de 2024, ampliando a visibilidade de candidaturas de diferentes regiões do país. Entre as participantes estiveram as deputadas federais Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Dandara Tonantzin (PT-MG), além de vereadoras eleitas.

A nova fase do programa estreou no dia 1º de abril, data que marcou os 61 anos do Golpe Militar de 1964, com um debate sobre “As Vivências de Pessoas Negras durante a Ditadura Militar”, mediado pela historiadora Gabrielle Abreu. Na próxima edição, marcada para terça-feira (9), o programa receberá o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) para discutir soluções para a segurança pública, um tema que desafia governos progressistas e conservadores.

Dados recentes mostram que, em São Paulo, as mortes decorrentes de intervenção policial subiram 120%, enquanto a Bahia liderou os índices de violência no país em 2024. “Vamos abordar o encarceramento em massa, um problema complexo que exige uma nova solução. Sem falar da justiça seletiva”, adiantou Roberta.

A Culpa é do Diabo: como Carolina Rocha desvela o racismo religioso nas periferias

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Foto: Cristian Maciel | @cristiannmaciell

Por Rodrigo França

Carolina Rocha, uma das maiores intelectuais da contemporaneidade, entrega em A Culpa é do Diabo: o que li, vivi e senti nas encruzilhadas do racismo religioso um trabalho brilhante, que atravessa as fronteiras entre a pesquisa acadêmica, a vivência etnográfica e a potência da literatura de terreiro. Doutora em sociologia e pós-doutoranda em educação, Rocha – ou Dandara Suburbana, como também é conhecida – não apenas investiga, mas vivencia e sente as encruzilhadas que compõem a tessitura de sua obra. A partir de um olhar aguçado e comprometido com a descolonização do pensamento, ela ilumina as complexas relações entre religião, política e poder nas periferias brasileiras, desmascarando as engrenagens do racismo religioso.

Desde o título, A Culpa é do Diabo já provoca. A expressão ecoa uma ironia afiada diante das acusações históricas que demonizam as religiões de matriz africana. O que a autora nos mostra, contudo, é que o verdadeiro “diabo” não está nos terreiros, mas no projeto colonial que segue operando na criminalização dessas tradições e na tentativa sistemática de apagamento das memórias e espiritualidades negras. Com uma escrita precisa e visceral, Rocha escancara como o racismo religioso se manifesta de forma brutal nas favelas do Rio de Janeiro, onde igrejas evangélicas, varejo de drogas e comunidades de axé se cruzam em um campo de disputa por espaço, poder e narrativa.

Ao contrário das leituras simplistas que reduzem os conflitos nas periferias à presença dos chamados “traficantes evangélicos”, a autora aprofunda a análise e revela a complexidade das interações entre religião e política. O que se vê na mídia é apenas a “ponta do iceberg”, alerta Rocha, enquanto forças econômicas e interesses estatais moldam um cenário onde a violência contra os povos de terreiro não é um efeito colateral, mas parte estruturante de um projeto de controle social. Com extrema habilidade, a autora desmonta os discursos que colocam evangélicos e praticantes das religiões afro-brasileiras como inimigos naturais, demonstrando que essa cisão beneficia justamente aqueles que lucram com a fragmentação da luta negra.

O grande mérito de A Culpa é do Diabo está na sua capacidade de articular denúncia e celebração. Se por um lado a obra expõe as perseguições e as violências enfrentadas pelas comunidades de axé, por outro, nos oferece um testemunho poderoso sobre sua resistência, sua beleza e sua capacidade de reinvenção. Os terreiros, apresentados como territórios políticos, emergem como espaços de acolhimento, cura e articulação comunitária. Mais do que nunca, Rocha reafirma o papel das mulheres negras, especialmente das ialorixás, como guardiãs de saberes ancestrais e estrategistas incansáveis na defesa de seus territórios espirituais e sociais.

A escrita de Carolina Rocha não se limita ao rigor acadêmico – embora ele esteja presente de forma indiscutível. O que diferencia sua abordagem é a força narrativa que confere ao texto um caráter vivo e pulsante. A autora escreve com o corpo, com a memória e com o axé de quem conhece as dores e as alegrias de pertencer a um povo cuja fé sempre foi uma ferramenta de luta e existência. A encruzilhada, metáfora central da obra, não é apenas o lugar de disputas, mas também de encontros, reinvenções e possibilidades.

Mais do que um livro necessário, A Culpa é do Diabo é uma oferenda. Uma oferenda para aqueles que lutam contra o racismo religioso, para os que resistem nos terreiros, para os que se recusam a aceitar as narrativas hegemônicas sobre suas próprias existências. Carolina Rocha reafirma sua posição como uma das mais importantes pensadoras de nosso tempo, trazendo uma contribuição incontornável para os debates sobre fé, política e identidade no Brasil. Sua obra nos convoca a olhar para as encruzilhadas não como locais de perdição, mas como territórios de potência, onde o passado e o futuro se encontram para transformar o presente.

O fardo invisível da liderança feminina: reflexões sobre mulheres negras no poder

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Foto: Divulgação

A presença de mulheres negras em posições de liderança carrega um peso histórico repleto de desafios, vitórias e, infelizmente, muitas cobranças irreais. É um cenário que combina a luta pela afirmação com o enfrentamento de um sistema estruturado em padrões que não nos favorece. 

A Cobrança Invisível da Excelência 

Mulheres em posição de liderança, especialmente negras, carregam não apenas a responsabilidade de exercer seu cargo, mas também a expectativa de serem impecáveis. Fortes, mas não inflexíveis; estratégicas, mas acessíveis. Essa dualidade impossível não apenas desafia o bem-estar mental e emocional, mas também cria uma falsa narrativa de que estas mulheres precisam ser excepcionais para merecerem seus espaços.

Para mulheres negras, a interseccionalidade torna o teto de vidro ainda mais resistente. Elas enfrentam tanto o machismo quanto o racismo, reforçando a sensação de que precisam trabalhar duas vezes mais para serem reconhecidas. Segundo dados do Instituto Ethos, apenas 3,4% das mulheres negras estão em cadeiras de liderança nas maiores empresas do Brasil. Esse número alarmante reflete o abismo de oportunidades e a desigualdade persistente.

A Falsa Meritocracia da Exaustão 

Historicamente, foi incutido na mente de muitas mulheres que ocupar espaços de liderança exige provar sua competência incessantemente. Essa ideia, enraizada na meritocracia, transforma a exaustão em troféu. Mas a que custo?

Em um estudo realizado pela Women @ Work 2022, da Delloite, 44% das mulheres brasileiras se sentem esgotadas. A taxa aumenta para 54% quando se trata de minorias étnicas no nosso país em suas jornadas profissionais. Muitas delas relatam que a pressão nas suas funções não vem apenas das metas corporativas, mas sim da necessidade de lidar com preconceitos, de quebrar estereótipos de incompetência e de provar seu valor continuamente.

Essa trajetória, muitas vezes, faz com que líderes incríveis se sintam sobrecarregadas, não por falta de competência, mas por um sistema que opera com uma régua injusta. A cobrança social e estrutural recai ainda mais para as mulheres negras, somando o peso do racismo ao da misoginia.

A Revolução Começa Com Escolhas 

As mulheres negras que chegaram ao topo estão nos ensinando algo essencial: liderar não é se sobrecarregar pessoalmente, mas saber dividir e construir coletivamente. 

Investir em lideranças femininas, especialmente negras, vai além do preenchimento de cotas. As empresas precisam mudar o ambiente, oferecer suporte e investir em práticas antirracistas e anti-machistas que garantam a retenção dessa liderança.

Essa transformação exige:

– Combate ao racismo estrutural e à desigualdade de oportunidades.

– Adaptação na cultura de trabalho, promovendo jornadas mais humanas.

– Construção de redes de apoio para garantir que o peso da liderança não seja solitário.

A nova geração de mulheres líderes está redefinindo o conceito de sucesso e ensinando que a verdadeira força está em saber dizer “não” para os ciclos tóxicos de exaustão.

Fonte:

Meio Mensagem 

Diário do Comércio

Após sucesso na Bienal do Livro de São Paulo, escritor independente anuncia novo livro com temática LGBTQIA+

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Foto: Divulgação

Após o jovem autor rondoniense Lucas Der Leyweer fazer sucesso ao se apresentar pela primeira vez na Bienal do Livro de São Paulo em 2024, com a sua obra “Vivências de peles negras”, ele se prepara agora para estrear em um novo gênero literário no seu terceiro livro.

“O romance, intitulado ‘Raimundo do potiguar’, abordará a temática LGBTQIA+, explorando questões de identidade, amor e aceitação dentro desse contexto. Embora ainda não tenha uma previsão de lançamento, a obra promete trazer uma narrativa rica e sensível, refletindo as vivências e desafios da comunidade”, anunciou Lucas para o Mundo Negro. 

Diferente do novo projeto que o escritor está trabalhando agora, “Vivências de peles negras” foi inspirado no caso real de Giovanni Gabriel de Souza Gomes, um jovem assassinado brutalmente por policiais em 2020. “Passei a contar minha realidade como uma pessoa preta também e minha perspectiva sobre o cansaço do povo negro através de poemas”. 

Atualmente morando em Natal (RN), Lucas ficou empolgado com sua participação na Bienal de São Paulo 2024 e continua lutando por mais visibilidade enquanto um escritor independente. “Foi uma experiência incrível. É uma loucura imaginar sendo autor independente e ocupar um espaço relevante! Estou muito feliz com a exposição e pelo reconhecimento!”, relatou. 

Lucas Der Leyweer, 25 anos, natural de Cacoal (RO), também é autor do livro “Pequenos poemas para grandes corações”. Clique aqui para saber mais!

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