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No Mês da História Negra nos EUA, artistas negros brilham na 67ª edição do Grammy

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Imagem: Reprodução

A noite do último domingo foi marcante para os artistas negros que participaram da 67ª edição do Grammy. Os espectadores acompanharam a volta polêmica de Ye ao tapete vermelho da premiação ao lado de sua esposa, Bianca Censori, enquanto se maravilhavam com a beleza de Jaden e Willow Smith. A passagem de Milton Nascimento ao lado de Esperanza Spalding pelo tapete vermelho também emocionou o público, especialmente os brasileiros. Além disso, as vitórias de Beyoncé, Chris Brown e Doechii foram históricas para os músicos negros, coincidindo com o início do Mês da História Negra nos Estados Unidos.

O tapete vermelho se transformou em uma atração à parte com a presença do rapper Ye, que, após dez anos, retornou à premiação, desta vez acompanhado de sua atual esposa, Bianca Censori. Ela chegou ao tapete vermelho usando um casaco preto felpudo e surpreendeu ao retirá-lo, revelando um look transparente que expunha completamente seu corpo. Após a aparição, o casal deixou o local. A passagem dos irmãos Willow e Jaden Smith pelo tapete vermelho também foi bastante comentada. Willow usou um smoking sobre um look composto por duas peças: um sutiã e um short curto, ambos brilhantes. Seu cabelo crespo, dividido ao meio e solto, foi um espetáculo à parte, complementando a beleza do visual, além dos grills que usou nos dentes, com cores metálicas e verde. Já Jaden Smith chegou vestindo um terno preto e surpreendeu ao usar na cabeça uma espécie de capacete. A peça em questão era o “Castelo de Vampiros”, criado pela marca ABODI Transilvânia, feito sob medida para o artista e inspirado na história da Transilvânia e nas lendas dos vampiros da família Bathory, segundo informações compartilhadas pela própria marca.

O brasileiro Milton Nascimento marcou mais uma vez sua presença no Grammy ao lado da baixista e cantora Esperanza Spalding. O ícone da música nacional e a estrela do jazz foram indicados na categoria “Melhor Álbum Vocal de Jazz” pelo disco Milton + Esperanza, lançado em agosto de 2024. Apesar da celebração, a cantora lamentou o fato de Milton Nascimento não ter tido um lugar reservado para ele na cerimônia: “Milton foi recusado a um assento nas mesas da cerimônia deste ano. Isso não me desceu bem. (Não estou falando de ganhar um Grammy. Estamos comemorando a gloriosa vitória de @samarajoysings.) Estou falando de um assento físico… aqui, nesta mesa onde estou sentada. Estou chateada porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para se sentar entre os figurões, ou seja lá como organizam as mesas no salão principal. Então, tive que trazê-lo comigo”, afirmou, ao levar um cartaz com a foto do músico.

Outra surpresa da noite foi a vitória de Chris Brown na categoria de Melhor Álbum de R&B pelo disco 11:11. O músico conquistou seu segundo prêmio Grammy em 20 anos. Nas redes sociais, Brown celebrou a vitória e agradeceu sua equipe e seus filhos na legenda da publicação.

Doechii emocionou o público ao receber seu primeiro Grammy em 2025, na categoria de “Melhor Álbum de Rap” por Alligator Bites Never Heal. Em seu discurso, ela destacou a importância de ser apenas a terceira mulher a vencer essa categoria desde 1989, ao lado de Lauryn Hill e Cardi B. Entre lágrimas, Doechii agradeceu a Deus, sua mãe, seus fãs e sua cidade natal, Tampa, Flórida, que descreveu como um celeiro de talentos. Ela também enviou uma mensagem inspiradora para mulheres negras, encorajando-as a superar estereótipos e acreditarem em seu potencial. Durante a cerimônia, apresentada por Trevor Noah, Doechii performou as faixas “CATFISH” e “DENIAL IS A RIVER”, consolidando sua presença marcante no hip-hop. Outros indicados na categoria incluíram J. Cole, Common & Pete Rock, Eminem e Future & Metro Boomin.

Beyoncé fez história ao ganhar o prêmio de Álbum do Ano por Cowboy Carter no Grammy, tornando-se a primeira mulher negra a conquistar o título no século XXI e a quarta na história do prêmio, após Lauryn Hill, Natalie Cole e Whitney Houston. A superestrela, já a artista mais premiada e indicada do Grammy, dedicou a vitória a Linda Martell, pioneira na música country. O evento também destacou outros momentos marcantes, como Taylor Swift entregando o prêmio de Melhor Álbum Country a Beyoncé, que reforçou em seu discurso a importância de transcender gêneros musicais. Além disso, Kendrick Lamar levou os prêmios de “Canção e Gravação do Ano” com “Not Like Us”.

Grammy 2025: Beyoncé, Milton Nascimento e outros artistas negros indicados à premiação

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Fotos: Larissa Zaidan for The New York Times e Divulgação

O Grammy 2025 está prestes a começar! Neste domingo, 2 de fevereiro, a partir das 22h, o público irá acompanhar os vencedores da grande premiação, realizada em Los Angeles. No Brasil, a transmissão será ao vivo no canal TNT e na plataforma de streaming Max. 

Entre os indicados, está Beyoncé, liderando a corrida com 11 indicações, incluindo Álbum do Ano, Canção do Ano e Melhor Álbum Country. Com a edição deste ano, ela elevou seu total histórico para 99 nomeações ao longo da carreira.

Milton Nascimento também foi indicado na categoria Melhor Álbum Vocal de Jazz pelo projeto “Milton + Esperanza”, em parceria com a cantora norte-americana Esperanza Spalding. Nesta semana, ele viajou para os Estados Unidos, para acompanhar a premiação de perto. O brasileiro já recebeu cinco indicações ao Grammy e, em 1998, venceu o prêmio de Melhor Álbum de World Music.

Doechii, impulsionada por sua mixtape inovadora “Alligator Bites Never Heal”, recebeu indicações para Melhor Álbum de Rap e Artista Revelação. Sua abordagem única e letras impactantes conquistaram tanto a crítica quanto o público, consolidando-a como uma das promessas do rap atual. A presença de Doechii nas principais categorias evidencia a diversidade e a renovação no cenário musical.

No R&B, artistas como Muni Long, CoCo Jones, Lalah Hathaway e a dupla Brandy & Monica, com a remixagem de The Boy Is Mine, também foram reconhecidas. Essas indicações refletem a qualidade e a relevância das produções dessas artistas, que têm contribuído significativamente para a evolução do gênero. A inclusão de múltiplas mulheres negras nas categorias de R&B destaca a representatividade e a valorização de talentos diversos.

No cenário do rap, GloRilla se destaca com indicações por sua faixa motivacional Yeah Glo!. Sua música, que aborda temas de empoderamento e superação, ressoou amplamente, garantindo-lhe reconhecimento na premiação. Outras rappers indicadas incluem Cardi B, Latto e Rapsody, evidenciando a força e a influência das mulheres negras no rap contemporâneo.

Além dessas artistas, nomes como Kendrick Lamar, Andre 3000, Chris Brown, o elenco de The Wiz, Kaytranada, Durand Bernarr, Tank & The Bangas e D’Mile também figuram entre os indicados.

Viés em estudo sobre menopausa pode mascarar início precoce em mulheres negras e hispânicas, aponta pesquisa

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Foto: Reprodução/Freepik

Um estudo conduzido pela Universidade de Michigan indica que critérios de seleção de participantes podem ter levado à subestimação do início precoce da menopausa em mulheres negras e hispânicas. Segundo os pesquisadores, a exclusão dessas populações impactou as conclusões do estudo nacional SWAN (Study of Women’s Health Across the Nation), que investiga a saúde na meia-idade e a transição da menopausa.

Publicado no International Journal of Epidemiology, o estudo aponta que a teoria do “intemperismo” (weathering) pode explicar parte do problema. Desenvolvida pela professora Arline Geronimus, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, essa estrutura teórica sugere que o estresse crônico e fatores sociais adversos contribuem para o desgaste precoce da saúde em populações historicamente marginalizadas.

A pesquisadora Alexis Reeves, atualmente na Universidade de Stanford, analisou os dados do SWAN e identificou que mulheres negras e hispânicas atingem a menopausa cerca de 1,2 anos antes das mulheres brancas quando se leva em conta a exclusão causada pelo desgaste físico e social. O estudo original do SWAN não havia identificado diferenças raciais significativas na idade da menopausa.

“As implicações dessas descobertas são incrivelmente importantes para entender o verdadeiro impacto das disparidades raciais na saúde da mulher”, afirmou Siobán Harlow, professora emérita de epidemiologia e autora sênior do estudo.

Segundo os pesquisadores, os critérios de elegibilidade dos estudos podem ser um fator determinante na exclusão de minorias raciais e devem ser reavaliados em pesquisas futuras. “Contabilizar vieses de seleção permitirá compreender melhor e combater os efeitos negativos dessas disparidades na saúde”, disse Harlow.

Beyoncé anuncia nova turnê mundial com álbum “Cowboy Carter”

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Beyoncé surpreendeu seus fãs na madrugada deste domingo (2) ao anunciar oficialmente sua nova turnê mundial, intitulada Cowboy Carter Tour 2025. A série de shows promoverá o oitavo álbum de estúdio da cantora, Cowboy Carter, lançado recentemente.

O anúncio começou a ganhar força ainda na noite de sábado (1), quando a Netflix publicou uma mensagem enigmática: “Olhe aquele cavalo”, acompanhada de um link para a performance “Beyoncé Bowl”. Os fãs perceberam rapidamente que o título “Cowboy Carter Tour” havia sido adicionado ao final do especial. Pouco tempo depois, Beyoncé confirmou a novidade em suas redes sociais e em seu site oficial, publicando uma nova foto acompanhada do nome da turnê.

Apesar da euforia com a notícia, detalhes como datas e locais dos shows ainda não foram divulgados, aumentando a expectativa, especialmente entre os fãs brasileiros, que aguardam uma possível passagem da artista pelo país.

Horas antes do anúncio, Beyoncé havia prometido uma doação de US$ 2,5 milhões por meio de sua fundação BeyGOOD. Os recursos serão destinados a famílias que perderam suas casas nos incêndios em Altadena e Palisades, além de igrejas e centros comunitários que prestam assistência às vítimas.

A presença da cantora na cerimônia do Grammy, marcada para este domingo (2), também é aguardada. Beyoncé está indicada em categorias de destaque, incluindo Álbum do Ano, Canção do Ano e Gravação do Ano.

A chef brasileira que conquistou os paladares na Holanda com a culinária da Bahia 

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Fotos: Arquivo pessoal

Há quase 30 anos, Eliana Bernadete Moreira Chaves Arp, uma chef baiana, vem transformando a cena gastronômica europeia com os sabores ancestrais de sua terra. 

Morando na Holanda desde a década de 1990, ela encontrou na culinária um caminho para se reconectar com suas raízes e apresentar ao público europeu a riqueza da comida baiana, como o acarajé e a moqueca. 

“Quando eu estou num evento gastronômico, como os que participo dentro e fora da Holanda, vejo pessoas ficarem, às vezes, pacientemente esperando em filas quilométricas pra experimentar ou degustar um prato preparado por mim. Confesso que já me emocionei várias vezes”, relata a chef em entrevista ao Mundo Negro e Guia Black Chefs. 

Entre idas e vindas para visitar família, agora Eliana retornou ao Brasil para aprender mais sobre a culinária ancestral. “Estou há 3 meses na Bahia. Ando querendo me aprofundar mais na gastronomia quilombola, nas tradições da gastronomia ribeirinha às margens do São Francisco. Tem tanta coisa que me fascina e me desperta enorme curiosidade”, conta. 

Leia a entrevista completa abaixo: 

Há quanto tempo você está atuando com o seu empreendimento na Europa e como foi o processo de introduzir a culinária baiana na Holanda e em outros países europeus? 

Eu me casei no ano de 1988 com o holandês Richard Arp e mudamos pra Amsterdam

uns 6 anos depois exercendo fora os afazeres de esposa, mãe e dona de casa, ocupei alguns cargos na Holanda, mas a maternidade me fez realmente parar e me dedicar a família e foi aí que percebi que a gastronomia de minha terra era algo que além de me dar muito prazer, atraía, a princípio, a atenção de meu esposo, familiares e amigos, foi então que buscando entender qual seria a melhor maneira de canalizar toda essa energia e um certo talento de maneira positiva, e é claro, que me desse também uma estabilidade financeira em que eu não precisasse necessariamente voltar a trabalhar como empregada de uma empresa ou algum órgão. Eu queria empreender e para isso me preparei através dos cursos de apoio do governo holandês. 

E aí começou a minha trajetória, a princípio com o Caipirinha Club porque eu entendi, através dos cursos em empreendedorismo, que teria que buscar um nome que tivesse ou causasse impacto. Como o famoso cocktail brasileiro na época era algo muito famoso e o que eu pretendia era levar uma mistura de elementos de minha cultura (culinária, música, dança, literatura, teatro, moda etc.), o nome Caipirinha Club me pareceu adequado e foi aprovado pelos mentores do curso.

Já são quase 30 anos empreendendo. Nesses meus 36 anos vivendo na Europa, indo e vindo visitar a família e observando as diversas vertentes da nossa culinária, – e não digo só da baiana, me atrai também a gastronomia de outros estados, Goiás e Minas Gerais, por exemplo. Ultimamente ando querendo me aprofundar mais na gastronomia quilombola, nas tradições da gastronomia ribeirinha às margens do São Francisco, inclusive de onde eu vim. Tem tanta coisa que me fascina e me desperta enorme curiosidade.

Além do sabor, a culinária baiana carrega muito de história e ancestralidade. Como você transmite isso para os seus clientes na Holanda? Eles são abertos a novos sabores? 

Meu marido holandês, por exemplo, é louco pela culinária baiana, mas ele eu nem conto. Casado comigo todos estes anos e é suspeito (risos). 

Mas quando eu estou num evento gastronômico, como os que participo dentro e fora da Holanda, vejo pessoas ficarem, às vezes, pacientemente esperando em filas quilométricas pra experimentar ou degustar um prato preparado por mim. Confesso que já me emocionei várias vezes. 

Quais pratos são os mais pedidos pelos seus clientes europeus? Algum deles já se tornou favorito no cardápio?

Os pratos baianos mais disputados são: Acarajé e Abará completos (vatapá, caruru, saladinha e camarão seco); Moquecas (incluindo as veganas); Feijoada; Tropeiro. Os Salgadinhos brasileiros também são bem apreciados e o Pão de Queijo. As sobremesas mais degustadas são: Doce de leite; Pudim de leite condensado; Canjica. 

Eu sempre apresento algo diferenciado, principalmente quando a questão é Comida Vegana e Vegetariana, dar um sabor bem baiano aos pratos deixa quem não come proteína animal bem feliz. 

Existe algum prato ou ingrediente da gastronomia europeia que você incorporou ao seu estilo baiano de cozinhar?

Eu já dei minha colaboração. Muitos turistas que foram à Holanda nestes últimos 8 anos tiveram a surpresa de experimentar pratos típicos da culinária holandesa através de minhas mãos, e a surpresa era grande, viu?

Eu estive durante 8 anos, do dia que abriu até o dia que fechou a frente deste empreendimento, que não era meu, mas de uma amiga muito querida que me fez sentir tão necessária que não consegui deixa-lá na mão. E quando o negócio findou por motivos familiares, ela disse que manteria funcionando se eu quisesse assumir totalmente. A gastronomia holandesa é uma opção, mas minha devoção é a culinária de minha terra de origem, por isso agradeci e revirei a proposta.

O que o público pode esperar da sua gastronomia após essa temporada de imersão na Bahia?

Eu estou há 3 meses na Bahia, sorrateiramente observando o que a Bahia tem de inovador; são inúmeras iguarias que com certeza levarei para Europa. Me aguardem!

Grammy 2025: Doechii, revelação do rap indicada a três categorias, será uma das atrações da cerimônia

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Foto: JOHN JAY

Doechii, uma das vozes mais marcantes da nova geração do hip-hop, continua a consolidar o seu lugar entre as estrelas da música. Indicada em três categorias do Grammy 2025, como Melhor Artista Revelação e Melhor Performance de Rap. Graças ao sucesso de ‘Alligator Bites Never Heal’, ela também se tornou a primeira artista feminina a ser indicada com um formato de mixtape na categoria Melhor Álbum de Rap.

Além de suas indicações, na semana passada, Doechii também foi confirmada como uma das atrações musicais da cerimônia do Grammy 2025, que acontecerá neste domingo, 2 de fevereiro, em Los Angeles. O evento, apresentado pelo comediante Trevor Noah, também contará com performances de Billie Eilish, Shakira, Charli XCX, e Sabrina Carpenter – forte concorrente pela categoria de artista revelação.

Doechii já vinha chamando atenção com sua originalidade e autenticidade, mas 2024 foi o ano em que seu talento ganhou reconhecimento global. Em 2023, ela foi indicada como Artista Revelação e Melhor Artista de Hip-Hop Revelação no BET Awards, além de conquistar o prêmio de Estrela em Ascensão no Billboard Women in Music. No mesmo ano, abriu shows para Beyoncé.

Em dezembro, a artista viralizou ainda mais nas redes sociais quando foi convidada para o famoso Tiny Desk no YouTube (veja abaixo). O vídeo passou de 8 milhões de visualizações e foi listado pela NPR como uma das melhores apresentações do ano.

O Grammy 2025 será transmitido no Brasil pelo canal TNT e pela Max, a partir das 22h. Veja a lista de indicados aqui!

Marianne Jean-Baptiste aponta falta de papéis complexos para mulheres negras no cinema e na TV

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Foto: Ian West/PA

A atriz britânica Marianne Jean-Baptiste, conhecida por sua atuação no drama Hard Truths, destacou que ainda há “uma escassez de grandes papéis multifacetados para mulheres negras” tanto no Reino Unido quanto em Hollywood. A declaração foi feita ao Radio Times uma semana após ela ter ficado fora da lista de indicadas ao Oscar, apesar da aclamação por sua performance como Pansy, uma mulher à beira do colapso, no filme de Mike Leigh.

Jean-Baptiste, que em 1997 foi a primeira mulher negra britânica indicada ao Oscar por seu trabalho em Secrets & Lies, relembrou os desafios que enfrentou após a consagração. “Infelizmente, há uma escassez de grandes papéis multifacetados para mulheres negras desempenharem tanto nos EUA quanto no Reino Unido”, afirmou. “Não sei se isso está mudando. Realmente não sei.”

Ao Thelegraph, atriz apontou a escassez de histórias que retratem mulheres negras com profundidade como em Hard Truths. “Você não vê mulheres que são desagradáveis assim na tela”, comentou. “Os homens podem ser o charlatão, o canalha, o gênio do crime, o mafioso – esses tipos de personagens são romantizados, e nós gostamos disso. Mas as mulheres não podem ser assim, e se forem, é caricatural. Certamente não estamos acostumados a ver mulheres raivosas se expressando sem uma explicação clara do porquê são assim e, crucialmente, sem nenhuma sugestão de que vão mudar. Culturalmente, tendemos a descartar esse tipo de mulher”, reflete.

A atriz também mencionou a dificuldade de interpretar Pansy em Hard Truths. “Todos nós temos uma vozinha na cabeça nos dizendo todo tipo de coisa; eu chamo a minha de Sybil”, disse Jean-Baptiste. “Mas Pansy também se instalou lá por um tempo. Eu diria: ‘Ah, esse é um pensamento da Pansy. Lá vai ela. Cale a boca, Pansy!’ Pansy não sabe de onde vem sua dor: ela a coloca como uma dor de cabeça, uma dor de estômago, são suas costas, é o outro. Ela não está lidando com o fato de que é realmente emocional. E para mim, andando por aí como aquela personagem, explorando-a, o peso disso às vezes se torna quase insuportável.”

Sobre as melhorias na representação negra no cinema e na TV, a atriz foi cautelosa. “Quer dizer, eu poderia continuar listando atores negros britânicos que estão em filmes ou têm seu próprio programa de TV. Eu não podia dizer isso em 1997. Posso dizer isso agora. Então isso é ótimo. Mas isso responde à pergunta? Não tenho certeza se sim. Ainda parece raro ver pessoas negras vivendo vidas comuns na tela do jeito que fazem em Hard Truths”, refletiu.

Questionada sobre o impacto de um diretor branco contar essa história, Jean-Baptiste afirmou: “Acho que Mike simplesmente ama explorar a natureza humana. E ele queria trabalhar comigo novamente, mas para me colocar em um contexto que fosse natural e não um onde eu fosse a única pessoa negra… Ele queria que fosse como deveria ser. Pansy não seria simplesmente a amiga de outra pessoa, ou a assistente social, ou a enfermeira.”

Camila Pitanga fala sobre a complexidade de sua personagem em “Beleza Fatal”, 1ª novela original nacional da Max

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Foto 1: André Nicolau

A atriz Camila Pitanga, que estreou na segunda-feira (27) em Beleza Fatal, primeira novela original da Max no Brasil, interpreta Lola, uma personagem multifacetada que personifica a ambição desmedida e os dilemas éticos do mundo da beleza e das redes sociais. Em entrevista para o Mundo Negro, a atriz falou sobre o desafio de retornar às novelas em uma plataforma de streaming, a construção da personagem e as reflexões que a trama traz sobre estética, poder e representatividade.

Na trama, Lola é uma empresária ambiciosa que constrói um império de estética, o Lolaland, às custas de escolhas moralmente questionáveis. Camila Pitanga explica que a personagem não se encaixa no estereótipo de vilã maniqueísta. “Ela é excêntrica, despudorada e perigosa, mas também tem nuances que mostram sua humanidade. Trabalhei com a diretora Maria de Médici e o autor Rafael Mondi para esculpir essas camadas”, contou. A personagem tem ganhado elogios nas redes sociais e a interpretação rendeu uma nota 10 para a atriz na avaliação da coluna Play, do jornal O Globo: “Ela mostra mais uma vez que é uma atriz de muitos recursos”. dizia o texto da publicação.

A artista conta que apesar de suas ações cruéis, Lola tem um lado quase cômico. “Ela é tão exagerada e absurda que acaba sendo engraçada. É uma personagem que faz coisas terríveis, mas também consegue despertar empatia e risos”, explicou. A relação de Lola com Sofia (Camila Queiroz) e Elvira (Giovanna Antonelli) é central na trama, que aborda temas como vingança, injustiça e os custos da ambição.

(Foto: Fabio Braga/Pivô Audiovisual, Maria de Médicis) DIVULGAÇÃO.

Pitanga destaca a importância de Beleza Fatal não apenas como um marco por ser a primeira novela original da plataforma de streaming, mas também como um passo significativo para a expansão do mercado audiovisual brasileiro. “Sentia saudade de estar em novelas, e o público também me cobrava isso”, afirmou a atriz que ficou mais de dez anos sem gravar novelas. “Quando a Mônica Albuquerque me chamou eu sabia que havia uma missão, que esse projeto tinha um sentido maior de uma expansão de mercado, não só no mercado interno, mas de ter o streaming abraçando algo da nossa tradição, que são as novelas brasileiras, para estar em outras janelas no mundo”, afirmou.

A atriz também ressaltou que a aposta do streaming em produções nacionais fortalece o mercado interno e gera oportunidades para talentos brasileiros. “Isso cria solidez para o audiovisual brasileiro, gera emprego e movimenta a economia. É um orgulho estar à frente desse processo”, celebrou.

Beleza, estética e representatividade

A novela também levanta questões sobre o culto à beleza e a influência das redes sociais. Camila Pitanga refletiu sobre como a busca por padrões estéticos pode ser uma forma de ascensão social, mas também uma armadilha. “Muitas pessoas gastam o que não têm em procedimentos estéticos porque isso é visto como um status, um passaporte para a cidadania. A Lola representa essa obsessão, mas também a fragilidade por trás da fachada de poder”, disse.

(Foto: Adriano Vizoni/Pivô Audiovisual, Direção Geral: Maria de Médicis) DIVULGAÇÃO.

A atriz também abordou a questão racial, destacando como os padrões de beleza hegemônicos podem invisibilizar a ancestralidade negra. “Na nossa história, há um processo de eugenia que tenta transformar pessoas negras em brancas. A Lola não se reconhece racialmente, e suas escolhas estéticas refletem isso”, observou.

No entanto, Camila ressaltou que, na contramão desse padrão, há um movimento de resistência na comunidade negra que exalta a naturalidade e a diversidade de beleza. “Cada um tem que ter liberdade para ser quem é, sem ser refém de um único padrão. A pluralidade é o que nos enriquece”, afirmou.

“IMC foi pensado para homens brancos europeus”, nutrólogo explica mudanças no critério para diagnóstico de obesidade

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Foto: Divulgação

No dia 14 de janeiro, a The Lancet Diabetes & Endocrinology publicou um artigo escrito por uma comissão internacional de especialistas sugerindo que médicos adotem novas definições e critérios para o diagnóstico da obesidade, doença que afeta 1/8 da população mundial de acordo com o estudo. Até então, o Índice de Massa Corporal (IMC) era o recurso utilizado por médicos para determinar se o paciente tinha obesidade ou não.

“O Índice de Massa Corporal (IMC) foi criado no início do século XIX pelo matemático e estatístico belga Adolphe Quetelet, como parte de seus estudos sobre o “homem médio”. Ele foi pensado para homens brancos europeus, ignorando diferenças raciais, de composição corporal e de gênero. Desconsidera fatores como massa muscular, densidade óssea e distribuição de gordura, o que frequentemente leva a diagnósticos imprecisos, especialmente em pessoas negras e mulheres.”, explicou o nutrólogo Dr. Gilmar Francisco em entrevista à editora-chefe do Mundo Negro, Silvia Nascimento. O cálculo do IMC é feito através do peso dividido pela altura ao quadrado. Quando o resultado é maior do que 30, os médicos costumam determinar que o paciente sofre com obesidade.

A proposta da Comissão também apresenta duas novas categorias de obesidade: a clínica e a pré-clínica. A obesidade clínica é definida como uma condição associada a sinais e/ou sintomas objetivos de redução na função dos órgãos, ou uma capacidade significativamente diminuída de realizar atividades diárias padrão, como tomar banho, vestir-se, comer e controlar a continência, diretamente devido ao excesso de gordura corporal.

Pessoas com obesidade clínica devem ser consideradas como portadoras de uma doença crônica em andamento e receber manejo e tratamentos adequados. Para que essa condição seja diagnosticada, a Comissão estabelece 18 critérios de diagnóstico para adultos e 13 para crianças e adolescentes, incluindo: 

  • Falta de ar causada pelos efeitos da obesidade nos pulmões; 
  • Insuficiência cardíaca induzida pela obesidade; 
  • Dor nos joelhos ou quadris, com rigidez articular e redução da amplitude de movimento, como efeito direto do excesso de gordura corporal nas articulações;
  • Certas alterações ósseas e articulares em crianças e adolescentes que limitam o movimento; 
  • Outros sinais e sintomas causados por disfunções de órgãos como rins, vias aéreas superiores, sistemas metabólicos, nervoso, urinário, reprodutivo e linfático nos membros inferiores.

Já a obesidade pré-clínica é uma condição de obesidade com função normal dos órgãos. Portanto, pessoas vivendo com obesidade pré-clínica não apresentam doenças em andamento, mas têm um risco aumentado de desenvolver obesidade clínica e outras doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e transtornos mentais. 

No entanto, vale ressaltar que a obesidade pré-clínica não significa, necessariamente, que a pessoa vai desenvolver obesidade no futuro, mas que ela possui um risco aumentado, seja por questões genéticas ou do próprio fenótipo da pessoa, ou seja, ela é grande fisicamente, mas não apresenta disfunção de órgãos e nem outra doença ligada ao excesso de gordura.

 “Os critérios mais detalhados para o diagnóstico de obesidade podem ajudar a combater preconceitos ao reconhecer que a obesidade é uma condição multifatorial e que a saúde não se define exclusivamente pelo peso corporal ou pelo IMC. O uso exclusivo do IMC muitas vezes desconsiderava as características corporais de mulheres negras, como maior densidade de massa magra, levando a diagnósticos imprecisos e reforçando estigmas”, detalhou o Dr. Gilmar Francisco.

Em junho de 2023, o Conselho de Ciência da Associação Médica Americana publicou um relatório que apresentava um parecer favorável para uma nova política de avaliação de peso e saúde nos Estados Unidos, desencorajando o uso do IMC. O relatório argumenta que o índice não considera diferenças étnico-raciais, além de ignorar fatores como a distribuição de gordura corporal e variações de idade e sexo.

A cantora e atriz Queen Latifah já falou sobre o impacto do IMC em sua vida. Durante sua participação no programa ‘Red Table Talk’, em 2022, ela contou sobre quando recebeu um diagnóstico de obesidade. A artista havia contratado uma profissional para auxiliá-la em rendimentos nutricionais, e a avaliação incluía uma análise do IMC: “Ela ficou me mostrando diferentes tipos de corpo, até ela chegar ao IMC e declarar que eu me enquadrava na classe de obesidade”, contou em conversa com Jada Pinkett Smith. As duas discutiram os padrões sob os quais o índice foi criado e como ele desconsidera fatores importantes na saúde.

O Dr. Gilmar Francisco explica que novas definições contribuem para diagnósticos mais precisos e para diminuição do estigma associado ao peso corporal, beneficiando a população negra. No entanto, ele alerta que desigualdades estruturais podem dificultar o acesso a tratamentos avançados: “A Semaglutida (Wegovy) e a Tirzepatida (Mounjaro), drogas essas que têm um valor expressivo, chegam com facilidade às mãos da elite, e cujo acesso é inalcançável à maior parte da população negra pelos custos elevados. Sem políticas públicas de acesso ao tratamento a partir dessa consagração da obesidade enquanto doença que pode não depender apenas do peso seguiremos com diagnóstico e discriminação, uma vez que a resolução que é o tratamento não chega à população negra”, finaliza.

Naruna Costa estrela spin-off de ‘Irmandade’ com lançamento em 2025

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Foto: Alexandre Schneider/Netflix

A Netflix revelou a produção do primeiro spin-off baseado em uma obra brasileira original da plataforma. O filme, ambientado no universo da série ‘Irmandade’, terá o retorno de Naruna Costa no papel da advogada Cristina, como protagonista.

Ainda sem título oficial, o filme promete expandir o universo criado pela série, resgatando a ação e as tensões que conquistaram o público. A estreia está prevista para 2025, mas ainda não foi revelado uma data específica.

Lançada em 2019, Irmandade conta com duas temporadas e é ambientada em São Paulo, nos anos 1990. A trama acompanha Cristina (Naruna Costa), uma advogada íntegra que descobre que seu irmão, Edson (Seu Jorge), está preso e lidera uma facção criminosa em ascensão. Forçada a colaborar como informante da polícia, Cristina se infiltra na organização e passa a questionar seus próprios valores e sua visão de justiça.

As duas temporadas de ‘Irmandade’ estão disponíveis no catálogo da Netflix.

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