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Entre cúpulas e conspirações: a força da representatividade negra na diplomacia em “O Diplomata”

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Em um cenário onde a diplomacia internacional é tão tensa quanto imprevisível, “O Diplomata”, série da Netflix lançada em 2023, destaca-se por ir além dos jogos de poder tradicionais e mostrar personagens negros em posições centrais de decisão. Estrelada por Keri Russell no papel da embaixadora Kate Wyler, a produção acompanha negociações delicadas entre Estados Unidos e Reino Unido, escândalos políticos e ameaças globais que podem redefinir o futuro das relações entre as potências.

Mas o ponto mais inspirador é ver figuras negras que não estão apenas presentes, mas são fundamentais na condução dos rumos diplomáticos.

Um dos exemplos mais expressivos é David Gyasi, que interpreta Austin Dennison, o Secretário de Relações Exteriores britânico. Austin é responsável por equilibrar os interesses do Reino Unido em meio a crises e articulações de bastidores, tornando-se um aliado estratégico da embaixadora americana. Ao longo da trama, ele exibe inteligência política e liderança, enfrentando dilemas morais enquanto tenta conter seu primeiro-ministro impulsivo. Gyasi, que já atuou em produções como “Interstellar” e “Troy: Fall of a City”, entrega uma performance marcante, conferindo humanidade e autoridade ao personagem.

Nos bastidores da embaixada americana, quem exerce influência decisiva é Stuart Hayford, vivido por Ato Essandoh. Stuart é o chefe de gabinete de Kate Wyler e sua figura de confiança, responsável por articular estratégias que podem selar acordos ou iniciar conflitos. Com competência e pragmatismo, ele circula por reuniões sensíveis, sempre ciente das consequências de cada decisão. Ato Essandoh traz ao papel uma presença firme que sublinha a importância de homens negros ocupando espaços de liderança no centro do poder internacional.

Completando esse trio de representatividade, Nana Mensah interpreta Billie Appiah, a porta-voz da Casa Branca. Inteligente, articulada e incansável, Billie enfrenta a pressão de comunicar crises e decisões controversas ao mundo. Sua atuação reforça que mulheres negras podem e devem estar no epicentro das narrativas políticas, como vozes oficiais de governos e agentes de transformação.

Ao colocar esses personagens no centro da trama, “O Diplomata” não apenas amplia a diversidade do elenco, mas apresenta um retrato mais contemporâneo e necessário de quem de fato constrói acordos e influencia a diplomacia global. Eles não são figurantes simbólicos: são líderes que tomam decisões capazes de mudar o curso da história.

Para quem se envolveu com os bastidores intensos da série, vale comemorar. A Netflix já confirmou uma nova temporada, prometendo expandir ainda mais essas histórias e seguir mostrando que a representatividade negra não é um detalhe, mas parte essencial das narrativas de poder.

Dia Mundial do Rock: artistas negros que marcaram a história do Rock and Roll

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Foto: Associated Press

É impossível falar sobre Dia Mundial do Rock sem lembrar as origens negras do estilo musical e celebrar grandes artistas negros que colocaram o rock and roll em um novo patamar, com vozes, performances e muito talento. Na data, celebrada neste 13 de julho, exaltamos as vozes que abriram caminho para o gênero e relembramos que o ritmo nasce do blues, do gospel, do R&B, sendo mais uma das criações incríveis da diáspora africana.

A própria expressão “rock and roll” tem ligação direta com essas raízes. O termo ganhou visibilidade na década de 1940, quando o colunista Maurie Orodenker passou a usá-lo na Billboard para descrever faixas animadas de Sister Rosetta Tharpe, como “Rock Me”. Mas sua origem negra é ainda mais profunda: palavras como “rocking” já eram comuns nas igrejas negras do sul dos Estados Unidos, associadas ao fervor e à intensidade espiritual das músicas gospel — uma base poderosa para o nascimento do rock.

Para celebrar essa data tão especial, lembramos artistas negros que marcaram a história do rock com seu talento que influenciou gerações de músicos.

Sister Rosetta Tharpe

Foto: Getty Images

Sister Rosetta Tharpe, nascida em 1915 no Arkansas (EUA), é considerada a verdadeira criadora do rock’n’roll. Filha de colhedores de algodão e criada em uma comunidade religiosa, ela revelou desde cedo seu talento musical, tocando e cantando com naturalidade nos cultos da igreja. Começou sua carreira no gospel e, em 1944, emplacou “Strange Things Happening Every Day” no top 10 da Billboard — feito inédito para o gênero.

Foi a primeira artista a ter sua música descrita como “rock and roll” na Billboard. Com uma mistura única de guitarra elétrica e espiritualidade, influenciou nomes como Elvis Presley, Chuck Berry e Bob Dylan. Ainda na década de 1940, desafiou o racismo ao se apresentar com músicos brancos e teve um relacionamento com a cantora gospel Marie Knight, sua companheira de palco e estrada.

Apesar de seu pioneirismo, perdeu espaço para homens brancos que dominaram o mercado musical. Morreu em 1973 após um derrame, pouco lembrada e com um túmulo sem identificação. Somente décadas depois passou a ser reconhecida como figura fundamental na história do rock.

Chuck Berry

Chuck Berry foi um dos grandes pioneiros do rock, conhecido por integrar o blues ao country com letras voltadas para o cotidiano jovem, riffs marcantes de guitarra e uma presença de palco inovadora. Dono de clássicos como “Johnny B. Goode”, “Roll Over Beethoven” e “You Never Can Tell”, influenciou diretamente artistas como Beatles e Rolling Stones.

Nascido em 1926, em Saint Louis (EUA), Berry começou a tocar guitarra na adolescência e despontou nos anos 1950, após conhecer o produtor Leonard Chess e o bluesman Muddy Waters. Seu som combinava ritmo contagiante e narrativas acessíveis, ajudando a moldar a identidade do rock’n’roll.

Além de músico, era também performer: sua famosa “duck walk” — em que tocava a guitarra agachado e pulando em uma perna — virou marca registrada. Entrou para o Hall da Fama do Rock em 1986, apresentado por Keith Richards. Mesmo com passagens polêmicas pela justiça, Berry se manteve uma referência musical. Lançou seu último álbum, “Chuck”, em 2017, ano de sua morte, aos 90 anos, deixando um legado essencial para a história da música.

Jimi Hendrix

Nascido em 1942 em Seattle, Jimi Hendrix começou a tocar violão na adolescência e rapidamente se envolveu com bandas de rhythm and blues, acompanhando nomes como Little Richard e os Isley Brothers. Após sair do Exército, passou anos tocando em clubes pelos Estados Unidos até ser descoberto pelo baixista Chas Chandler, que o levou à Inglaterra em 1966. Lá, formou o The Jimi Hendrix Experience, com Noel Redding e Mitch Mitchell, e alcançou sucesso imediato com o álbum Are You Experienced?, que incluía faixas icônicas como “Purple Haze” e “Foxy Lady”.

Com um estilo inovador na guitarra, Hendrix ficou conhecido por seu domínio das distorções, uso expressivo do feedback e performances ao vivo explosivas. Sua apresentação no Monterey Pop Festival, em 1967, quando incendiou a guitarra no palco, marcou sua consagração nos Estados Unidos. O sucesso se repetiu em Woodstock (1969), onde sua versão do hino nacional americano se tornou um símbolo da contracultura. Ainda assim, Hendrix buscava novos caminhos musicais, misturando blues, rock psicodélico e sons experimentais.

Apesar da fama, enfrentou conflitos criativos, desgaste físico e desilusões com a indústria. Tentou se reinventar com a Band of Gypsys, mas retornou à formação original da Experience pouco antes de morrer. Jimi Hendrix faleceu em 18 de setembro de 1970, aos 27 anos, deixando um legado imenso em apenas quatro anos de carreira solo. É lembrado como um gênio da guitarra elétrica e uma das figuras mais influentes da história da música.

Tina Turner

Tina Turner se destacou como uma das maiores artistas da música ao unir potência vocal, energia no palco e resiliência fora dele. Começou sua carreira nos anos 1960 ao lado de Ike Turner, com quem gravou clássicos como Proud Mary e River Deep, Mountain High. Após romper com o parceiro e superar uma relação abusiva, ela se reinventou como artista solo e alcançou ainda mais sucesso na década de 1980.

Seu renascimento veio com o álbum Private Dancer (1984), que trouxe hits como What’s Love Got to Do With It, vencedor do Grammy, e Better Be Good to Me. Na mesma época, consolidou sua presença como estrela global com turnês lotadas e trilhas de filmes como We Don’t Need Another Hero (de Mad Max) e GoldenEye, tema de James Bond.

Ao longo da carreira, Tina vendeu milhões de discos, ganhou 8 Grammys e foi celebrada no Hall da Fama do Rock & Roll. Seu timbre rouco e inconfundível, combinado à sua história de superação, a transformaram em um ícone da música e uma referência para artistas de diferentes gerações.

Filmes para ver em família nas férias de julho: clássicos com representatividade negra 

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Crédito: Disney/Pixar

Julho no Brasil é o mês das férias escolares, uma excelente oportunidade para desacelerar a rotina e criar momentos de afeto com quem a gente ama. Entre passeios e brincadeiras, assistir a filmes em família é um jeito simples de fortalecer vínculos, abrir conversas importantes e inspirar as crianças com histórias que celebram a diversidade.

Selecionamos cinco produções que unem emoção, aprendizado e protagonismo negro. São narrativas que atravessam gerações e continuam atuais, seja por suas mensagens de coragem e pertencimento, seja pelo impacto cultural que provocaram.

Soul (2020) é uma animação da Pixar sobre propósito e ancestralidade. Joe Gardner, um músico negro apaixonado pelo jazz, vive uma jornada entre a vida e o “Seminário Você” ao descobrir que cada existência tem valor único. Premiado com dois Oscars, o filme é uma reflexão sensível sobre o que faz a vida valer a pena.

Crédito: Disney/Pixar

Rainha de Katwe (2016) retrata a história real de Phiona Mutesi, garota de Uganda que, com a orientação do professor Robert Katende, se torna campeã de xadrez internacional. Com Lupita Nyong’o no elenco, a trama mostra como a educação pode transformar destinos e inspira crianças a acreditarem no próprio talento.

Crédito: Reprodução

A Princesa e o Sapo (2009) foi o primeiro filme da Disney a apresentar uma princesa negra. Tiana é uma jovem sonhadora e determinada, que luta para abrir seu restaurante em Nova Orleans. Além de lindas músicas, o filme aborda temas como identidade cultural, trabalho duro e autoestima.

Crédito: Reprodução / Walt Disney Pictures

Uma dobra no tempo (2018) é uma aventura épica baseada no livro de Madeleine L’Engle, dirigida por Ava DuVernay. A história acompanha Meg Murry, interpretada por Storm Reid, em uma jornada por diferentes dimensões em busca do pai desaparecido. É uma produção que fala de coragem, autoaceitação e do poder das mulheres.

Crédito: Divulgação

Pantera Negra (2018) tornou-se um fenômeno mundial e um marco cultural. Ambientado no reino de Wakanda, acompanha T’Challa, herdeiro do trono e do manto do Pantera, enquanto enfrenta desafios internos e externos. Com elenco histórico liderado por Chadwick Boseman, o filme celebra a conexão ancestral, a tecnologia africana e o orgulho negro.

Crédito: Divulgação

Esses filmes reúnem tudo que importa em boas histórias: são clássicos que resistem ao tempo, lançados entre 2009 e 2020, com narrativas emocionantes, visuais impressionantes e lições que permanecem depois que a sessão termina. São produções que tocam temas universais e ao mesmo tempo reafirmam que crianças negras merecem se ver no centro da tela com dignidade e grandeza.

Para tornar essa maratona ainda mais especial, vale preparar atividades que aproximem todo mundo. Pode ser uma playlist com as trilhas sonoras dos filmes, jogos de tabuleiro inspirados em Rainha de Katwe, receitas de Nova Orleans em homenagem a Tiana ou uma roda de conversa sobre pertencimento e sonhos. Assim, cada sessão se transforma em aprendizado, diversão e memória afetiva.

Reúna a família, prepare a pipoca e aproveite essas histórias que emocionam, ensinam e reafirmam a importância de ter diversidade e representatividade ocupando todos os espaços. Boas férias e boas sessões!

Gilberto Gil mostra seu refúgio criativo no Rio de Janeiro

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Foto: André Nazareth / Editora Globo

Móveis de madeira de demolição e concreto aparente compõem apartamento à beira mar do cantor Gilberto Gil e de sua esposa, Flora Gil. Em entrevista à revista Casa e Jardim, o músico e sua esposa abriram as portas de seu apartamento no Edifício Chopin, em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde vivem há um ano e meio. O casal deixou para trás uma residência de mais de 600 m² em São Conrado, após 35 anos, em busca de um espaço mais compacto e funcional.

A busca por um novo lar durou dois anos e meio, até encontrarem o atual apartamento de 344 m², próximo ao Copacabana Palace, com vista para o mar e ventilação privilegiada. Parte dos móveis da antiga casa foi reaproveitada, como a mesa de jantar de mais de 25 anos, feita em madeira de demolição.Peças novas, como a cadeira de balanço e a mesa Saarinen, foram incorporadas para facilitar os encontros com amigos e familiares.

A arquiteta Marcia Müller, responsável pelo projeto do imóvel anterior, foi convidada para reformular o espaço. “Queríamos algo integrado e prático, que refletisse nossa vida hoje”, explicou Flora. O apartamento ganhou ambientes conectados, como a cozinha aberta para a sala de jantar e a sala de TV integrada à área de estar. Os quatro quartos originais foram transformados em duas suítes amplas — uma para o casal e outra para hóspedes e netos.

A suíte principal foi inspirada no Hotel Emiliano, onde Gilberto Gil costumava se hospedar. “Ele adorava a cama de lá, e o dono do hotel acabou presenteando-nos com uma igual”, revelou Flora. O espaço ainda conta com um escritório isolado por painéis de palha, onde o artista compõe à noite sem perturbar o descanso da esposa.

Para abrigar a vasta coleção de livros, fotos e obras de arte do casal, a arquiteta criou prateleiras de concreto aparente ao redor da sala. “Optamos por uma estante mais leve, tropicalizada, que não sobrecarregasse o ambiente”, explicou Marcia.

A mudança trouxe mais praticidade ao cotidiano do casal. “Aqui, tudo é perto. Vou à feira a pé, corto o cabelo no bairro, e Gil adora caminhar no calçadão até o Leme no fim da tarde”, contou Flora. Para ela, o novo apartamento representa uma fase mais serena. “A vida flui de maneira suave, e isso nos faz bem.”

A arquiteta resumiu o projeto como um reflexo da personalidade do casal: “Eles são despojados, leves, e isso se traduz no espaço. Tudo aqui tem história, mas nada é pesado. É uma casa que respira a essência deles”.

Taís Araujo leva sonhos, poesia e referência de mulher negra para televisão brasileira

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Por Ivair Augusto Alves dos Santos

Na teledramaturgia brasileira, a novela Vale Tudo tem lugar de destaque por ser uma das de maior audiência na televisão e por trazer discussões sobre a alma do ser brasileiro.

As mulheres interpretam as cenas mais brilhantes, pois tocam em assuntos sensíveis e delicados de relações amorosas, autonomia e independência, relações homoafetivas, relações inter-geracionais, o papel da mulher negra, relações inter-raciais e a sedução pelo poder e a riqueza.

Em uma novela com tantas situações complexas, a figura de Taís Araujo, como Raquel, e Bella Campos, como Maria de Fátima, representam um elenco de situações que são exemplos de opções para encararmos a vida em busca do sucesso. As duas têm uma qualidade: sabem manter o foco.

Com estratégias diferentes, ambas trabalham diariamente e estão concentradas em apenas uma única coisa, cada uma com uma visão. A personagem de Taís Araujo é exemplo de milhões de brasileiras que acreditam em seus talentos de cozinheiras. Já Maria de Fátima, de Bella Campos, exemplo de sedução da beleza que acredita que um casamento com um bilionário a levará ao sucesso.

O que é necessário destacar é como cada uma delas tem se construído sequencialmente. Uma única coisa por vez. Não estou mencionando nenhum aspecto de moral ou de ética. Cada uma dessas duas mulheres acredita que está fazendo o certo para atingir os seus objetivos.

Bella Campos, no papel de Maria de Fátima, age, se articula e pensa como um diretor de uma corporação de forma amoral; segue à risca as regras no mundo competitivo das grandes corporações e das famílias que enriqueceram no Brasil. Não há tempo a ser desperdiçado, e age de forma maquiavélica com um único objetivo que é preciso ser buscado incansavelmente: casar com um bilionário.

A protagonista Raquel aprendeu a viver e a acreditar nas virtudes do trabalho duro, honestidade, no seu talento de cozinhar, na solidariedade dos amigos, no amor sincero, na disposição infinita de ter esperança na superação das dificuldades do livro quotidiano, como um empresário a vencer os atropelos da vida. Nada a abala. Ela sempre sonha e trabalha, trabalha muito para o dia seguinte. Ela pensa numa coisa. Persegue essa coisa que escolheu.

As duas mulheres negras são exemplos de vida, de forma exagerada que o drama de uma novela nos leva a nos tornar admiradores e apaixonados.

A trama tem belos diálogos, interpretações majestosas e nos leva a ver com um olhar mais crítico a dura a realidade de uma sociedade tão desigual.

Como é gostoso ver as vitórias de Raquel no trabalho, ver a sua resiliência em relação à vida. Cada vitória e descoberta da verdade tornam a nossa vida mais alegre, para sonhar e dizer para nossos filhos e netos: “Acreditem no trabalho, vejam, é possível! Mantenham o foco”.

Do outro lado está a liberdade da sedução de uma mulher negra linda, talentosa, determinada. Maria de Fátima não é o modelo de filha, mas é uma batalhadora amoral, com habilidade política e uma inteligência emocional surpreendente.

Viva a teledramaturgia brasileira, que nos faz fantasiar e ser mais críticos e sonhadores em relação à vida.

Benê Ricardo, a primeira mulher a ser chef de cozinha profissional no Brasil

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Você conhece a trajetória da querida chef Benê Ricardo? Se ainda não, vale descobrir a história dessa mulher inspiradora que abriu caminhos na gastronomia brasileira. Benedita Ricardo de Oliveira nasceu em 1944, no povoado de São José do Mato Dentro, em Ouro Fino, Minas Gerais. Ainda menina, aprendeu com sua avó, que era quituteira, o poder da comida preparada com afeto. Órfã desde criança, começou a trabalhar como doméstica e passou 18 anos na casa de uma família alemã em São Paulo, onde aprimorou seus conhecimentos culinários.

A virada em sua vida começou quando ela venceu um concurso da Revista Cláudia com sua receita de Torta de Temperos, enquanto ainda trabalhava em casa de família. O prêmio lhe garantiu um convite para atuar na cozinha experimental da publicação. Depois, teve a oportunidade de preparar um jantar alemão para convidados importantes, como o então presidente Ernesto Geisel e o presidente da Federação do Comércio. Impressionados com a qualidade da refeição, os dois garantiram a ela uma bolsa no curso de Cozinheiro Profissional no Senac Águas de São Pedro.

Em 1981, aos 38 anos, Benê se formou como a primeira mulher diplomada chef de cozinha no Brasil. Foi também a única mulher em sua turma, enfrentando barreiras de machismo e racismo que a acompanhariam por toda a carreira. Certa vez, quando um chefe duvidou de sua capacidade de preparar pratos alemães, ela respondeu em alemão: “Eu faço. E faço muito bem.” Em outra ocasião, durante uma entrevista de emprego, não aceitou limpar a cozinha e declarou que não queria mais ser faxineira, reafirmando com coragem seu lugar como chef.

Ao longo dos anos, Benê atuou como professora, consultora e avaliadora de restaurantes. Ministrou cursos no próprio Senac, chefiou cozinhas de restaurantes em São Paulo e se tornou conhecida por sua exigência e perfeccionismo. Lançou o livro Culinária da Benê, reunindo receitas práticas e afetivas que marcaram gerações. Sua presença firme, seu olhar atento e seu amor pelo ofício transformaram a gastronomia em um território de respeito e pertencimento.

Benê faleceu em 31 de março de 2018, aos 74 anos, vítima de câncer de pâncreas. Seu legado, no entanto, permanece vivo na memória de quem aprendeu com seu exemplo. Ela abriu portas para mulheres negras nas cozinhas profissionais, mostrou que talento não tem cor nem classe social e segue inspirando chefs e cozinheiras que hoje ocupam espaços que um dia lhe foram negados. A Benê, nossa gratidão eterna pela força da sua trajetória, pelo sabor do seu afeto e pela luz que acendeu na cozinha brasileira.

Michael B. Jordan, Tupac e Damson Idris integram lista dos homens mais atraentes de todos os tempos segundo a Bazaar

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Foto: Reprodução

Quem você incluiria na lista dos homens mais atraentes de todos os tempos? Nesta semana, a Harpers Bazaar divulgou uma lista com 50 nomes, incluindo Tupac Shakur, Denzel Washington, Tyson Beckford e Damson Idris. Na matéria, a revista destacou: “De ícones da velha Hollywood a galãs contemporâneos, a sensualidade é um traço marcante de algumas das celebridades masculinas mais famosas que já agraciaram nossas telas”.

Segundo a revista, os artistas foram escolhidos considerando “a forma como eles se portam — sua confiança, suas habilidades e seu carisma”. Ente os artistas negros nomeados como mais atraentes que integram a lista, o rapper Tupac Shakur ocupa o segundo lugar, seguido do cantor Lenny Kravitz.

Veja quais são eles:

Tupac Shakur (2º) 


O lendário rapper e ator foi lembrado não apenas por sua música revolucionária, mas por sua intensidade poética — capaz de citar James Baldwin com a mesma naturalidade com que compunha versos afiados.

Lenny Kravitz (3º) 


Ícone do rock e do estilo despojado desde os anos 1990, Kravitz entrou na lista por sua aura cool e seus memoráveis registros sem camisa — em capas de disco, ensaios fotográficos e performances. 

Damson Idris (18º)

O ator britânico de “Snowfall” está em cartaz nos cinemas no filme F1, ao lado de Brad Pitt, onde interpreta um piloto vivendo os desafios do início da carreira.

Jesse Williams (21º)

Ator de “Grey’s Anatomy”, viveu um momento icônico ao fazer uma declaração de amor no casamento de April na série.

Denzel Washington (26º) 


Duas vezes premiado com o Oscar, o ator foi celebrado tanto por sua atuação poderosa quanto por seu físico impressionante em The Hurricane (1999), filme no qual interpretou o boxeador Rubin Carter. 

Shemar Moore (31º)

O astro de Criminal Minds fez a cabeça dos espectadores ao “traçar perfis de assassinos em série” com seu personagem.

Idris Elba (38º) 


O ator britânico foi lembrado pela versatilidade, ele também foi DJ e até boxeador. Elba foi incluído por seu estilo impecável e papéis marcantes, como o detetive Luther na TV e o comandante Krall em Star Trek Beyond. 

Tyson Beckford (40º)


O supermodelo que se tornou símbolo da Ralph Lauren nos anos 1990 continua a arrancar suspiros pelo charme e beleza atemporais.

Michael B. Jordan (42º) 


O astro de Creed e Pantera Negra conquistou seu lugar na lista graças a seu físico e à presença marcante que trouxe aos personagens Adonis Creed e Erik Killmonger. 

Mahershala Ali (44º)


Primeiro muçulmano a vencer o Oscar, por Moonlight, o ator possui uma presença marcante e é lembrado pelo discurso emocionante sobre aceitação feito durante o SAG Awards em 2017.

A$AP Rocky (50º)


Rapper e ícone de moda, o marido de Rihanna foi um dos anfitriões do MET Gala deste ano, consolidando seu lugar de destaque e criatividade no universo fashion.

BOs registrados em 2023 poderia gerar R$ 94 milhões em indenizações para vítimas de violência racial

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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Texto: Hédio Silva Jr.

Dados publicados pela Ouvidoria de Polícia de São Paulo indicam que boletins de crimes raciais cresceram 970%, isto é, quase 1.000% entre 2020 e 2023. Em 2023 foram exatamente 4.700 registros. Já em 2024 o Tribunal de Justiça de São Paulo fixou uma indenização no valor de 20 mil reais para um indivíduo negro obrigado a usar a entrada de serviço de um condomínio de luxo.

Ocorre que segundo o Código Civil, a responsabilidade civil independe da criminal, sendo que a vítima pode priorizar a ação civil deixando a intervenção criminal para um momento seguinte. Isto é possível porque não existe diferença essencial entre ilícito racial civil e ilícito racial penal. Ambos ofendem o bem jurídico igualdade racial. O ilícito racial/religioso civil é disciplinado em tratados internacionais em vigor ao passo que o crime racial/religioso é previsto em uma série de leis. Aliás, os tribunais compreendem que basta o crime racial ofender o direito de igualdade, não se exigindo consequências mais graves, digamos assim.

Justamente por isso a Convenção Interamericana Contra o Racismo prevê que “Os Estados partes comprometem-se a garantir às vítimas do racismo, discriminação racial e formas correlatas de intolerância um tratamento equitativo e não discriminatório, acesso igualitário ao sistema de justiça, processos ágeis e eficazes e reparação justa nos âmbitos civil e criminal, conforme pertinente. (art. 10).

O emprego da conjunção aditiva “e” entre reparação civil e criminal bem como a evidente primazia conferida à primeira deve servir de alerta para que vítimas e advogados(as), sobretudo estes últimos, se deem conta de que “registrar BO” não é tudo o que pode ser feito diante de uma violação de direitos motivada por ilícito racial ou religioso. 

E tem mais. Há duas diferenças absolutamente vantajosas para as vítimas quando comparamos as esferas cível e criminal: 

•1ª vantagem para a vítima: o sistema probatório na justiça criminal é muito mais rigoroso comparado à justiça cível, havendo casos em que mesmo existindo prova do crime ela é considerada insuficiente para a condenação. Já na esfera cível, a vítima não precisa sequer provar a intenção preconceituosa, a intenção de discriminar; estamos falando da denominada responsabilidade civil objetiva por discriminação racial/religiosa;

• a segunda vantagem da responsabilização civil é que ela pode ser proposta no Juizado Especial Cível (caso a indenização seja estimada em até 60 mil reais) sendo que no 1º Grau não há custas ou risco de condenação em honorários de advogado.

A título de provocação, se consideramos que os aludidos 4.700 BOs poderiam ter sido transformados em ações indenizatórias por ilícito racial (lembrando os 20 mil fixados pelo TJSP em 2024) chegaríamos à cifra de R$ 94 milhões, sendo que R$ 19 milhões seriam destinados a honorários advocatícios.

Uma vez que o crime racial é imprescritível, resolvida a questão na esfera civil, cujo prazo para a ação expira em três anos, parte-se então para a esfera penal. 

O nome disso é racionalização dos litígios raciais e religiosos com maiores chances de êxito para as vítimas, geração de renda para a população negra e fortalecimento da advocacia.

Este tema da responsabilidade civil por discriminação racial mereceu especial atenção da Resolução CNJ 598, de 2024, que instituiu o “Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial”, adotado pelo Conselho Nacional de Justiça em novembro passado.

Trata-se de inovadora ferramenta interpretativa e instrumental técnico a ser observado pelos juízes e juízas brasileiros e que promete avanços significativos na forma pela qual o Judiciário compreende a problemática racial em nosso país.

Atenta à relevância desse assunto, no próximo dia 1º de setembro a OAB Federal, em parceria com o Jusracial, irá lançar um primeiro curso nacional destinado aos mais de um milhão e meio de advogados(as) brasileiros(as) subsidiando-os para a utilização adequada e eficiente do “Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial”.

Um alento para vítimas, para a advocacia e para a cidadania.

Hédio Silva Jr., Advogado, Mestre e Doutor em Direito pela PUC-SP, fundador do Jusracial @drhediosilva

Grupo HEINEKEN abre inscrições para programa de estágio com vagas 100% remotas e afirmativas

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Foto: Nappy

Se você sonha com a oportunidade de atuar na sua área de estudo em modelo home office, esta pode ser a sua chance. O Grupo Heineken está com inscrições abertas para seu Programa de Estágio, com vagas afirmativas para pessoas pretas e pardas, 100% remotas e disponíveis para todo o Brasil. As inscrições vão até o dia 15 de julho.

A iniciativa busca promover inclusão, desenvolvimento e oportunidades para quem está começando a carreira profissional e deseja trilhar um caminho com propósito.

As oportunidades também garantes diversos benefícios para impulsionar talentos negros com acolhimento: assistência médica e odontológica, telemedicina, suporte psicológico, vale-refeição, cursos de idiomas, acesso a academias, desconto em produtos do Grupo Heineken e seguro de vida.

Um programa completo, que segundo a empresa, tem o objetivo de oferecer um ambiente seguro, diverso e comprometido com os novos profissionais.

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Projeto reúne vozes negras para celebrar a obra de Djavan em álbum especial

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Fotos: Som Livre; ErnnaCost; Ian Rassi; e Renan Oliveira

Celebrando o encontro de gerações e a força da música preta brasileira, o mestre Djavan foi homenageado no álbum “Canto Djavan”, interpretado por artistas super talentosos: Jonathan Ferr, Jota.pê, Bruna Black, Luccas Carlos, Melly e Hodari. O selo slap, da Som Livre, lançou o projeto nesta quinta-feira (10).

O álbum nasceu de uma imersão artística intensa na serra do Rio de Janeiro, no Estúdio Rocinante, em Araras — um espaço que honra a cultura analógica e a beleza de cada etapa do processo criativo. Ali, cada artista reinterpretou duas músicas do repertório de Djavan, trazendo suas próprias vivências, estéticas e sonoridades para clássicos e faixas menos conhecidas do cantor alagoano.

A produção musical ficou por conta de Uiliam Pimenta, Julio Raposo e Pepê Santos, com direção artística de Max Viana. A parte audiovisual foi conduzida pela Now You Know, sob a direção de Matheus Francisco do Nascimento e fotografia de Arthur Staneck.

Foto: Divulgação

Para os artistas envolvidos, esse foi mais do que um projeto musical, foi uma experiência de conexão, respeito e troca com a obra de alguém que abriu caminhos. “Regravar algo da obra do Djavan é, com certeza, uma das coisas mais lindas e assustadoras que eu já fiz na vida. Existem alguns artistas que me ajudaram a entender que tipo de artista eu queria ser e, antes disso, me fizeram querer ser artista, e o Djavan é isso pra mim. Poder gravar algo que ele tenha feito me deixa muito feliz e, ao mesmo tempo, ansioso para saber se é algo que ele iria gostar. Eu espero que sim!”, compartilhou Jota.pê.

Jonathan Ferr também falou da importância do momento: “Participar do projeto ‘Canto Djavan’ foi uma honra. Sua música influencia minha arte, minha poesia e a forma como penso minha carreira. Djavan se reinventa a cada disco, explorando novas formas de cantar e de falar sobre amor, vida e filosofia, sem perder suas raízes. Cantar sua obra é, para mim, um exercício de entrega e evolução. Também é muito forte fazer parte do movimento que o slap tem criado na música preta brasileira. O selo reúne artistas de diferentes lugares e sonoridades, cada um com uma identidade única, mas juntos formando um coletivo potente e contemporâneo. Estamos vivendo um momento de visibilidade e construção de um movimento importante, com muito ainda por vir”.

Bruna Black destacou o impacto da experiência: “Uma equipe nova, conhecer melhor as pessoas, ter acesso àquele estúdio maravilhoso, onde a gente gravou no meio da natureza, em um formato bem legal. Conhecer novos musicistas, ser surpreendida pelos arranjos… Eu amei muito participar. Estou muito feliz de estar nesse projeto e, enfim, sou apaixonada pelo Djavan”.

Hodari trouxe um depoimento profundo: “Estar neste projeto foi a realização de um sonho. Djavan sempre foi sagrado pra mim, sua música me cura, me guia e é um norte na minha carreira. Cantar suas canções foi um mergulho espiritual, uma experiência transcendental e de muita responsabilidade. Cada um trouxe sua essência pra homenagear esse ícone, fortalecendo nossa música e nossas trajetórias. Foi uma honra imensa, a realização de um sonho, algo inesquecível e de muito respeito ao nosso mestre da música brasileira”, disse.

A cantora Melly relembrou a trilha sonora da infância: “Lembro das viagens de carro que fazia com minha família e a trilha sonora sempre passeava por toda discografia de Djavan. Eu ainda não sabia, mas dali aprendi muito. Revisitar a obra de um mestre como ele é mergulhar em um repertório que atravessa gerações e se mantém vivo na memória afetiva do nosso povo. Foi um desafio gostoso e uma experiência muito rica musicalmente. Espero que ele goste de ouvir essa nossa perspectiva”, complementou.

E Luccas Carlos finalizou com gratidão: “Pra mim foi uma satisfação poder fazer parte desse projeto. Acho que todo mundo sabe que eu sou muito fã do Djavan. Nunca pensei que um dia eu poderia fazer parte de algo assim. Por ser chamado para regravar músicas dele. Então pra mim é motivo de muita honra e por muita gratidão também. E logo quando eu recebi o convite só perguntei onde ia ser e a hora. Porque era muito certo que eu ia fazer parte disso. Fiquei muito feliz em fazer parte disso”.

Mais do que releituras, “Canto Djavan” é um tributo coletivo, sensível e contemporâneo, onde vozes pretas se unem para celebrar a genialidade de um mestre que segue inspirando o presente e abrindo caminhos para o futuro.

Tracklist 

  1.⁠ ⁠Açaí – Jota.pê

 2.⁠ ⁠Tenha Calma – Melly

 3.⁠ ⁠Aridez – Luccas Carlos

 4.⁠ ⁠Ventos do Norte – Bruna Black

 5.⁠ ⁠Cigano – Hodari

 6.⁠ ⁠Adorava me ver como seu – Jonathan Ferr

 7.⁠ ⁠Nem um dia – Melly

 8.⁠ ⁠ Amor Puro – Bruna Black 

 9.⁠ Seduzir – Jota.pê

 10.⁠ ⁠ Azul – Luccas Carlos

 11.⁠ ⁠Samurai – Hodari

 12.⁠ ⁠Pétala – Jonathan Ferr

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