Home Blog Page 447

Livro de Oswaldo Faustino apresenta a participação dos negros na Revolução Constitucionalista de 1932

0

O livro ‘A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932‘, do jornalista Oswaldo Faustino, apresenta a brava atuação de uma legião formada, a princípio, por três batalhões voluntários compostos exclusivamente de afrodescendentes na Revolução Constitucionalista de 1932, que é lembrada no dia 9 de julho.

“Poucos brasileiros sabem que esses bravos batalhões existiram. Infelizmente, o protagonismo negro continua fora da história oficial”, afirma Faustino. A cada capítulo, ele recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos.

Faustino teve a ideia para o livro quando o ator Milton Gonçalves expressou o desejo de fazer um filme sobre a Legião Negra e solicitou ao colega jornalista que pesquisasse o assunto. Utilizando documentos históricos, publicações da época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino mergulhou na história de personagens reais que interagem com os personagens fictícios criados pelo autor no romance. Através dessa pesquisa, ele reconstruiu o contexto social, cultural e econômico da São Paulo dos anos 1930, onde paulistas de elite, negros, imigrantes europeus e migrantes vindos principalmente do Nordeste se relacionavam em situações de conflito ou aparente harmonia. Cada grupo possuía seus costumes e ocupava espaços específicos. Infelizmente, os negros e pardos eram frequentemente relegados aos cortiços, porões e subúrbios, engajando-se em atividades como rodas de tiririca, jogos ilegais e trabalhos ocasionais.

Existem judeus negros?

0
Foto: Reprodução.

Por João Torquato, Analista de Comunicação do Instituto Brasil-Israel, Ativista do Movimento Negro e Apresentador do Podcast “E eu com isso”.

Quando a gente fala em povo judeu ou sobre Israel, na maioria das vezes vem um estereótipo em nossa mente: um homem branco, religioso, que defende a militarização de sociedade e é de direita. 

Esse pensamento não surgiu à toa.Nos últimos anos, setores mais radicais da sociedade brasileira promoveram um sequestro de símbolos judaicos e da bandeira de Israel. Grupos criminosos que perseguem e destroem terreiros de religiões de matriz africana e, ao mesmo tempo, utilizam a estrela de Davi como símbolo ainda que não tenham qualquer relação de fato com o judaísmo. 

O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, se dizia um amigo de Israel e fez uma fala escancaradamente racista dentro de um clube judaico no Rio Janeiro. E com certeza você  já deve ter visto perfis de direita em alguma rede social com a bandeira de Israel no nome. Será que Israel e o povo judeu são tudo isso que a extrema direita revindica? Será que Israel é um país branco? 

O povo judeu é um povo plural, com judeus de origem indiana, polonesa, chinesa, russa, etíope e de outros lugares do mundo. Os judeus Sefardim, que são aqueles provenientes do norte da África, península Ibérica e Oriente Médio (Mizrachim) , correspondem a 55% da população de Israel.E cerca de 2,2% da população Israelense é negra retinta, ou seja, ser judeu não tem nada a ver com ser branco. 

Segundo o professor Michel Gherman, que ministra na UFRJ e pesquisa a utilização de símbolos judaicos por setores da extrema direita, “esses setores criaram uma Israel imaginária, para eles, Israel é uma vista como um elemento mais branco possível, onde apenas a Israel bíblica existe, eles têm um desprezo pelo Estado de Israel moderno e toda sua pluralidade”. Para a extrema direita pouco importa se Bolsonaro não tinha negros na equipe ministerial, enquanto Israel tinha uma ministra de imigração negra nascida na Etiópia durante o governo de Yair Lapid e Naftali Bennet. Eles só reivindicam elementos imaginários que dialogam com as pautas de seu interesse, criando uma Israel que não existe.

Dentro da sociedade israelense, a maioria dos judeus negros são de origem etíope, que mesmo em menor proporção, se encontram inseridos na sociedade em cargos de alto escalão, ocupando espaços de protagonismo na televisão.Mas, assim como no Brasil, eles são vítimas do racismo estrutural. 

No continente africano, outros países além da etiópia têm judeus, como é o caso dos judeus Igbos na Nigéria, dos Abayudaya na Uganda ou dos Lemba na Tanzânia e Zimbabué. No Brasil, de acordo com o censo do IBGE (2010), temos quase 1.700 judeus negros, e é bem provavel que hoje esse número seja maior. Em Israel, o país chegou a ter nos anos 1970, um movimento dos panteras negras, ou HaPanterim HaShkhorim, em hebraico. O movimento  era inspirado nos panteras negras dos Estados Unidos, os panteras negras israelesenses foi criado por judeus do norte da África e do Oriente Médio para lutar contra a discriminação racial no país. 

Falar sobre os judeus negros vai além de combater essa narrativa imaginária da extrema direita: é divulgar a pluralidade das formas que a negritude pode ser manifestada. Para mim, como negro e judeu, o judaísmo também é uma forma de manifestar minha negritude, quando lembro do Sigd, um feriado observado pelos judeus da etiópia, ou quando eu coloco a minha kipá (solideu) feita pelos judeus de Uganda. Ser judeu para mim também é ser negro.

#BlackLivesMatter faz 10 anos: hashtag revolucionária foi usada 44 milhões de vezes

0
Foto: Colin Lloyd | Unsplash

44 milhões de tweets em 10 anos. Esse foi o número de vezes que a #BlackLivesMatter foi usada desde que o movimento foi criado em julho de 2013. Os dados são de uma pesquisa Pew Research Center. Mais do que uma simples hashtag, Black Lives Matter é um movimento que ajuda até os dias atuais no ativismo digital e a denúncia de racismo nos EUA e em todo mundo.

Diferente do que muita gente acha, Black Lives Matter teve início em julho de 2013 com a absolvição do policial George Zimmerman no assasinato de Trayvon Martin, em Sanford, Flórida, morto em uma abordagem. Desde então, a hashtag #BlackLivesMatter foi usada como forma de debater e denunciar casos como o de Trayvon e de George Floyd.

A pesquisa do Pew Research Center apontou que de julho de 2013 até março de 2023, a hashtag foi usada 44 milhões de vezes no Twitter por quase 10 milhões de contas ativas, segundo os tweets disponíveis atualmente na plataforma. 

Caso George Floyd

Um dos picos mais altos da #BlackLivesMatter foi após o caso do George Floyd, morto em uma abordagem policial em maio de 2020 e que causou uma revolta mundial. Mais da metade dos tweets nos dez anos foi postado entre maio e setembro de 2020. Dos 10 milhões de usuários totais, 6,8 milhões – muitos pela primeira vez – usaram a hashtag durante esse período.

Um dos principais resultados da pesquisa foi o apoio ao movimento Black Lives Matter, que vai além das publicações. Cerca de 72% dos tweets expressaram apoio ao movimento e tudo que ele representa, apenas 11% se mostraram contra e 17% não expressaram ser nem contra ou a favor.

Outro ponto levantado foi a violência policial como um dos principais problemas da comunidade negra. Desde 2013, um terço das publicações cita policiais, violências policiais e confrontos com civis.

Os 44 milhões de postagens também não representam o número total. Um terço das publicações foram perdidas ou não estão mais disponíveis. 40% delas eram do período de maior pico em 2020.

Black Lives Matter e ativismo nas redes sociais

Além da análise dos tweets, o Pew Research Center também entrevistou 5.101 adultos nos EUA, de 15 a 21 anos, em maio de 2023. Eles foram questionados sobre a militância nas mídias digitais e a atuação da impresa em casos de desiguldade e discriminação.

24% dos entrevistados que utilizam redes sociais disseram apoiar e ter postado sobre o movimento Black Lives Matter, enquanto 10% disseram ter postado contra. Esse número cresce em relação a população negra, 52% disseram ter postado a favor do movimento.

Em relação aos protestos da Black Lives Matter, apenas 7% disseram ter participado alguma vez. Esse número cresce para 15% em relação aos negros.

Entre os negros, os mais joves, entre 18 e 49 anos, se mostram serem mais engajados: 61% disse ter compartilhado e apoiado o movimento e 17% já foram para um protesto pelo menos uma vez.

Outra questionamento levantado pela pesquisa foi as “visões das mídias sociais e da imprensa como ferramentas para chamar a atenção para a violência policial contra negros”. Após os três anos do assassinato de George Floyd, a grande maioria, 81%, acredita que a violência policial é um problema.

Mas sobre a gravidade do problema o número de concordância diminui. 85% dos adultos negros acham que é um grande problema, enquanto 56% dos adultos hispânicos, 50% dos asiáticos e 36% dos brancos concordam.

Enquanto a importância da mídia social e da imprensa, as redes sociais se mostram grandes aliados contra a denúncia de violência policial. 43% dizem que a mídia social é “extremamente ou muito eficaz” de chamar a atenção para as violências, enquanto 32% dizem que o imprensa tradicional é “extremamente ou muito eficaz”.

Também foram perguntados da relevância das redes sociais:

  • 67% dizem que “a mídia social destaca questões importantes que podem não receber muita atenção de outra forma”;
  • 67% dizem que “a mídia social ajuda a dar voz a grupos sub-representados”;
  • 47% dizem que “as mídias sociais facilitam a responsabilização de pessoas poderosas”.

Os entrevistados também apontaram que muitas vezes as mídias sociais distraem as pessoas de assuntos relevantes.

De Benguela: marca de mulheres negras tem revolucionado o mercado de beleza com apliques de cabelos crespos naturais

0
Thaís Ramos e Viviane Ferreira, à frente da De Benguela (Foto: Wolas Fotografia)

“Por que uma mulher negra deixaria de comprar um cabelo liso natural para comprar um crespo?”, ouviu a CEO da De Benguela, Thais Ramos, de diversos players de mercado, ao anunciar a sua ideia de negócio em 2016. Mas com o sucesso inegável da primeira loja do Brasil especializada em diferentes texturas de cabelo crespo e cacheado natural para alongamentos e apliques, só neste ano, o faturamento deve chegar a R$ 10 milhões.

“Até a De Benguela nascer no final de 2016, você poderia encontrar no Brasil todo e qualquer tipo de cabelo que você imaginasse: humano, orgânico, sintético, liso, loiro, vermelho, ondulado, permanentado… TUDO, menos cabelo crespo e cacheado natural. Isso simplesmente não existia!”, disse a fundadora, em entrevista ao Site Mundo Negro, em especial ao Julho das Pretas.

Além da sua fiel cliente Taís Araujo, a marca hoje conta grandes clientes como Globo, Netflix e Amazon para caracterização de personagens, como a Sol, interpretada pela Sheron Menezzes, na novela ‘Vai na Fé’. “Ligar a TV e ver os cabelos da De Benguela nas novelas e filmes, além de nos dizer, sim, crespo é lindo, é até de novela… Traz um aumento em vendas mas principalmente branding para marca, por conta dessa confiança e da representatividade que traz para o nosso público”, destaca a COO, Viviane Ferreira.

Sheron Menezzes como Sol, em Vai na Fé, usando cabelo da da De Benguela (Foto: Ellen Soares/Globo)

Leia a entrevista completa abaixo:

1 – Em sete anos, desde a fundação, vocês certamente já fizeram história e se tornaram um case de sucesso. Como é cuidar de um negócio afro inovador no Brasil?

Desafiador e Gratificante. Desafiador porque a De Benguela se propõe a vender produtos únicos de uma forma totalmente diferente, o mercado de cabelos humanos no Brasil praticamente não contempla cabelos crespos naturais (não permanentes) e é 95% paralelo, ou seja, sem NF, sem procedência, sem pagamento de impostos etc. Fazer as coisas da forma correta, pagar todos os impostos e emitir NF de cabelo humano, vender produtos que ninguém queria em vender, abrir loja e fábrica e priorizar a contratação de mulheres negras, todas no regime CLT, é ir em totalmente contra o fluxo deste mercado, por isso um enorme desafio.

Gratificante porque em poucos anos nos tornamos referência, a De Benguela chegou de forma muito natural a lugares que muitas empresas investem milhões para conseguir chegar. A marca, que é uma DNVB (Digitally Native Vertical Brand), se tornou sinônimo produto, crescemos de forma orgânica com 0 investimento google ads, somos a maior importadora de cabelos naturais do Brasil e já ultrapassamos a marca de 30.000 clientes em todo o país e até exterior. Abrimos a nossa primeira loja física no ano passado, que já se tornou um sucesso em vendas. Tudo feito sem investimento, pasito a pasito, (risos). A cliente De Benguela (nossas Rainhas), reconhece e se apaixonam justamente por este esforço.

Parte da equipe da De Benguela (Foto: Reprdução/Instagram)

2 – Os cabelos e apliques podem ser facilitadores no cotidiano das mulheres negras, além de esbanjar beleza. Mas como era esse cenário da compra dos produtos antes de estrear De Benguela?

Até a De Benguela nascer no final de 2016, você poderia encontrar no Brasil todo e qualquer tipo de cabelo que você imaginasse: humano, orgânico, sintético, liso, loiro, vermelho, ondulado, permanentado… TUDO, menos cabelo crespo e cacheado natural. Isso simplesmente não existia! Um cabelo de textura tipo 4, tipo 3, naturalzão, que não perdesse a sua textura após 3 meses de uso. Enfim, nada, não existia.

Todo o mundo nos disse: vocês não conseguirão vender cabelo crespo natural porque o público alvo não vai querer/poder pagar pelo que custa, pois sim, se trata de um investimento em um produto mais escasso. Não existe uma máquina de cabelo crespo natural! (risos).

Muitos players do mercado nos diziam: porque uma mulher negra deixaria de comprar um cabelo liso natural para comprar um crespo?Afirmavam contundentemente que essa minha ideia de negócio era uma autêntica loucura.

Thaís Ramos, fundadora da primeira marca no Brasil especializada em diferentes texturas de cabelo crespo para apliques (Foto: Wolas Fotografia)

3 – Thais, no dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha também se comemora o dia da Tereza de Benguela, nome inspirado para o negócio, depois que você revelou ter sonhado que deveria abrir uma loja com esse nome, mas não conhecia a sua história. O que você pensou ou sentiu quando descobriu de quem se tratava?

Em 2015, em meio à uma fase de queda capilar pela química e baixíssima autoestima e em paralelo acompanhando o sofrido processo de big chop da minha melhor amiga, descobri que nos Estados Unidos e Canadá existiam lojas que vendiam diferentes texturas de cabelos crespos e cacheados naturais e que eles eram LINDOS! Fiquei emocionada e pensei em mandar um e-mail pra essa galera informando: olha só, no Brasil precisamos de algo assim. Eu sou formada em direito, não tinha nenhuma relação com a área da beleza, portanto era mais um alerta pra eles do que um intuito de abrir algo da minha parte.

No dia seguinte eu recebi uma mensagem da minha mãe que não mora no Brasil e com quem não tinha me dado nem tempo de conversar, ela dizia: “a loja para mulheres negras que você deve abrir deve se chamar Tereza de Benguela, este foi o sonho que eu tive com você essa noite”.

Naquele momento pesquisei o nome e descobri que tivemos uma Rainha negra no Brasil chamada Tereza de Benguela, meu mundo virou, pois em menos de 48 horas tinha despertado para as duas coisas mais reveladoras da minha vida: ‘o meu cabelo não é ruim’ e ‘eu descendo de Rainhas, assim como todas nós!’.

Viviane Ferreira, diretora de operações da marca de beleza (Foto: Reprodução/LinkedIn)

4 – Com Taís Araujo e a Sheron Menezzes usando seus produtos, Sheron inclusive na novela ‘Vai na Fé’, vocês tiveram um aumento nas vendas? Como está essa repercussão?

A primeira vez que a Taís Araujo entrou em contato com a De Benguela foi em 2019 de forma muito genuína, desde então ela é uma ótima cliente assim como muitas outras mulheres. Quando artistas deste porte compram, usam e te marcam é um aval muito grande de cara ao que estamos fazendo. Hoje atendemos a Globo, Netflix e Amazon para caracterização de personagens, uma vez que a dificuldade de encontrar cabelos crespos no mercado é geral, inclusive para estas empresas.

Ligar a TV e ver os cabelos da De Benguela nas novelas e filmes, além de nos dizer, sim, crespo é lindo, é até de novela… Traz um aumento em vendas mas principalmente branding para marca, por conta dessa confiança e da representatividade que traz para o nosso público, muitas clientes dizem com orgulho: “eu compro cabelo na mesma loja que a Taís Araujo”.

Taís Araujo usando a peruca da De Benguela (Foto: Welida Souza)

5 – Com a missão sendo cumprida de elevar a autoestima de mulheres negras com cabelos crespos e cacheados, qual o objetivo atual do De Benguela, para continuar em expansão?

Um dos maiores desafios da marca sempre foi ajudar e ensinar o seu público com os cuidados dos cabelos crespos. Tendo em conta que muitas das nossas clientes têm contato com cabelo crespo/cacheado pela primeira vez através dos nossos alongamentos, para muitas os cuidados ainda é algo novo.

Hoje, sendo acelerados pelo Grupo Boticário e com a entrada da alta executiva Viviane Ferreira como Diretora de Operações da marca, estamos trabalhando fortemente no desenvolvimento e desenho de canais de distribuição cosméticos verdadeiramente testados em cabelos crespos e cacheados. A primeira linha lançada no mês passado levou 2 anos de testes e já se introduziu com pé direito no mercado, sendo vendida somente nos nossos canais de vendas e Magalu market place.

Rita Batista com a linha especial de shampoo, condicionador e creme de pentear, que também podem ser aplicados nas perucas (Foto: Reprodução/Instagram)

6- Viviane, como tem sido a experiência como COO para impulsionar o crescimento da De Benguela?

Assumir a área de operações na De Benguela tem sido uma experiência incrível, pois sempre atuei na área de tecnologia no mercado B2B. E agora ter a possibilidade de trabalhar no mercado de beleza, com venda de produtos B2C me agrega muito aprendizado além de ser maravilhoso para minha trajetória profissional. 

Me juntar à De Benguela e unir forças com a Thaís para fazer esse negócio ainda mais grandioso, em um mercado focado em elevar a autoestima de mulheres negras, é algo que me conecta com a minha ancestralidade e é isso que me move todos os dias!

Mia Mottley : A mulher negra que movimentou o mundo

0
Foto: Timothy Sullivan, via UNCTAD / Flickr.

Por Ivair Augusto Alves dos Santos

Uma das personalidades mais importantes do mundo tem passado desapercebida pela imprensa brasileira: Mia Mottley, a primeira Ministra de Barbados. Suas atividades políticas têm repercutido no debate internacional sobre o papel das instituições financeiras globais nas mudanças climáticas.

Mottley é uma mulher negra com ideias revolucionárias, proveniente da pequena ilha de Barbados, que possui uma área de apenas 432 km², menor do que o município de Porto Alegre (495 km²). Sendo uma região frequentemente afetada por tempestades intensas, Barbados é considerado um exemplo de país altamente vulnerável aos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas.

O Presidente da França, Emmanuel Macron, por inspiração nas ideias da líder barbadiana, organizou a Cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global. Estiveram presentes mais de 300 entidades públicas, privadas ou não governamentais, incluindo mais de 100 chefes de Estado, nos dias 22 e 23 de junho, em Paris.

Foto: Randy Brooks/AFP/Getty Images.

Entre as propostas de Mottley, estão a suspensão de dívidas para os países mais pobres, a expansão dos empréstimos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 1 trilhão para países em desenvolvimento investirem em “resiliência climática”, além da criação de um fundo global de até US$ 5 trilhões para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Nesse último caso, os recursos não passariam pelas atuais instituições multilaterais como Banco Mundial e FMI, tornando, em tese, mais democrático o acesso aos recursos.
“Problemas globais como a crise climática nos mostram que simplesmente não podemos abordar questões modernas com instituições que foram criadas para um mundo muito diferente, há quase 80 anos”, defendeu a primeira-ministra de Barbados.

Mottley foi eleita primeira-ministra em 2018 com mais de 70% do voto popular, tornando-se a primeira mulher líder de Barbados desde a independência em 1966. Sob sua supervisão, o país desenvolveu um plano ambicioso para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis até 2030. Sua visão moderna prevê que quase todas as casas da ilha tenham painéis solares no telhado e um veículo elétrico na frente.

Para ajudar Barbados a se adaptar à crise climática, ela liderou um programa nacional de resiliência chamado Roofs to Reefs. A iniciativa inclui o uso de ferramentas financeiras inovadoras para aumentar os gastos públicos em tudo, desde o reforço de casas até a restauração de recifes de corais, que ajudem a proteger o litoral das tempestades. Roofs to Reefs foi saudado como um modelo para outros países sitiados pelas mudanças climáticas.

Mottley também é co-presidente do Global Leaders Group on Antimicrobial Resistance , liderando um esforço internacional para combater a resistência antimicrobiana (AMR) – uma grande ameaça ao meio ambiente, à saúde humana e ao desenvolvimento econômico. AMR é a capacidade dos organismos de resistir à ação de drogas farmacêuticas usadas para tratar doenças em humanos e animais. O uso indevido e excessivo de antimicrobianos, incluindo antibióticos, pode exacerbar as mudanças climáticas, a perda da natureza e da biodiversidade, a poluição e o desperdício.

Férias escolares: receitas afro para se divertir com as crianças na cozinha

0
Foto: Freepik

Pensando em como aproveitar o tempo com as crianças nas férias de julho? Inclui-las nas atividades da cozinha pode gerar muitos benefícios, conforme a idade de cada uma, especialmente, pelo incentivo a alimentação saudável.

Para bebês com menos de dois anos, é possível dividir o espaço com eles na cozinha. Deixe que os pequenos segurem ingredientes como legumes e frutas, que podem ser levados à boca, para desenvolver os sentidos.

Na fase de dois a três anos, as crianças podem adicionar alguns itens em um recipiente e misturá-los. Neste período, ela já está aprendendo a falar, então é um momento interessante para aprender novas palavras.

Foto: Unplash

Já as crianças entre os três e seis anos, estão mais preparadas para desempenhar novas tarefas como: amassar ingredientes, esticar e cortar massas, como para fazer biscoitos, bater sucos no liquidificador, limpar a mesa com um pano úmido e lavar itens de plástico e metal são alguns exemplos.

Após os sete anos, as crianças já possuem a habilidade para como tortas e bolo, e manusear alguns instrumentos, como o ralador. Lavar a louça e colocar a mesa também podem ser tarefas desempenhadas por elas nessa fase.

A partir dos 11 anos, a criança já pode preparar pequenas refeições sozinha, principalmente seguindo receitas, utilizando utensílios mais complexos e o fogão. Mas ainda é importante manter a supervisão de adultos, especialmente nas primeiras experiências.

Chef Aline Chermoula (Foto: Divulgação)

Atenção aos cuidados:

Mantenha sempre a supervisão de um adulto nas atividades com as crianças na cozinha. Utilize luvas de proteção contra queimaduras, mantenha os cabos das panelas virados para dentro. Orientar os pequenos sobre como se usa facas e desligar o fodão após o uso.

Confira duas receitas afro da chef Aline Chermoula para fazer com as crianças, disponíveis no livro Cozinheirinhos da Diáspora:

Kelewele (Foto: Divulgação)

Kelewele
Banana da terra temperada com pimenta e frita no dendê, servida com amendoim.
Ingredientes
• 4 bananas da terra cortadas em rodelas;
• Meia colher de chá gengibre fresco, descascado e picado em pedaços pequenos;
• 1 colher de chá de sal;
• Meia xícara de azeite de dendê para fritar;
• Amendoins picados para decorar (opcional).

Vamos preparar?
Moa juntos o gengibre, a pimenta e o sal e os misture em água. Deixe descansar por 10 minutos. Coloque as rodelas de banana da terra em uma tigela e derrame a mistura de temperos em cima das bananas. Aqueça cerca de dois centímetros de óleo em uma frigideira funda, em seguida coloque as rodelas de banana da terra na frigideira, manten- do-as separadas para que não grudem. Frite em porções sucessivas, se necessário. Deixe fritar até que fiquem dourados, vire, e depois remova o excesso de óleo usando papel absorvente. Decore com amendoim picado, se desejar. Deixe esfriando por três minutos e sirva ainda quente.

Vinagrete de abóbora (Foto: Divulgação)

Vinagrete de Abóbora
Ingredientes
• 1 xícara de abóbora cortada em cubinhos
• 1 cebola roxa
• 1 pimenta dedo-de-moça
• caldo de 1 limão
• 5 ramos de coentro
• 3 colheres (sopa) de azeite
• 2 colheres (sopa) de vinagre
• sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
• cubos de gelo

Vamos preparar?
Descasque e fatie a cebola roxa em tiras finas. Transfira para uma tigela pequena, adicione meia colher (sopa) do vinagre, cubos de gelo e cubra com água. Mantenha a cebola imersa por pelo menos 10 minutos para perder o ardido. Enquanto isso prepare os outros ingredientes.
Cozinhe os cubos de abóbora em água fervente até que fiquem macios
Escorra a cebola e transfira para uma tigela. Junte aos cubos de abóbora. Adicione o azeite, o caldo de limão, o restante do vinagre e as folhas de coentro. Tempere com sal a gosto e misture delicadamente com dois garfos. Sirva a seguir ou mantenha na geladeira até a hora de servir – o vinagrete fica ainda mais gostoso depois de curtir por 30 minutos.
Esta receita combina com almoço, jantar e até com aquele churrasco de domingo.

Creuza Oliveira será primeira trabalhadora doméstica brasileira a receber título de Doutora Honoris Causa

0
Foto: Divulgação

Creuza Oliveira, líder sindical e defensora dos direitos das trabalhadoras domésticas, receberá o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). A solenidade de entrega dessa honraria, um marco histórico para a categoria, ainda terá a data divulgada.

Ela é presidenta de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), secretária de Formação Sindical e de Estudos do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (SINDOMÉSTICO/BA) e coordenadora-geral do Instituto 27 de Abril e será a primeira liderança sindical da categoria das trabalhadoras domésticas a receber essa homenagem no Brasil.

A indicação de Creuza Oliveira para receber o título foi realizada por um grupo de especialistas liderado pela professora Elisabete Pinto, do Instituto de Psicologia da UFBA. A análise do memorial sobre a trajetória e as contribuições de Oliveira contou com a participação de renomados profissionais, incluindo representantes acadêmicos, pesquisadores e membros da sociedade civil.

A relevância do trabalho de Creuza Oliveira se destaca por sua atuação em prol dos direitos das trabalhadoras domésticas, conseguindo mobilizar e organizar mulheres negras em todo o Brasil em torno dessa causa. Sua atuação incansável resultou na conquista de direitos fundamentais para essa categoria. A concessão do título pela UFBA reconhece a importância de sua luta e o impacto social alcançado.

A professora Elisabete Pinto classificou Creuza como uma “intelectual orgânica”: “Creuza de Oliveira é uma intelectual orgânica que conseguiu organizar as mulheres negras de todo Brasil em torno da questão laboral. Poucos doutores conseguem que o conhecimento produzido por eles na academia tenha um impacto social e possa transformar vidas. Creuza é doutora porque logrou conquistar os direitos humanos das trabalhadoras domésticas. A UFBA compreende a sua importância da sua luta”.

Além do título de Doutora Honoris Causa, Creuza Oliveira já recebeu diversas premiações ao longo de sua carreira. Sua dedicação e trabalho incansável foram reconhecidos com o Prêmio Revista Cláudia “Mulheres que fazem a diferença” em 2003, o Prêmio Direitos Humanos do Governo Federal em 2003 e 2011, o Troféu Raça Negra da Faculdade Zumbi dos Palmares em 2013, entre outras honrarias.

Vini Jr. é novo agenciado de Jay-Z

0
Foto: Reprodução

O jogador brasileiro, Vini Jr., deixa sua marca no mundo do futebol mais uma vez ao se unir à equipe da Roc Nation, agência de Jay-Z. A notícia da parceria foi oficializada através de um comunicado divulgado pela empresa, consolidando a chegada do atleta ao grupo de esportistas representados pela Roc Nation Sports Brazil.

Com um futuro brilhante pela frente, Vini Jr. se junta a um time de estrelas do esporte, que agora compartilham a mesma gestão e assessoria do icônico rapper norte-americano após Jay-Z adquirir a TFM Agency, que agenciava o jogador. Essa união promete abrir novas portas e oportunidades para Vini, impulsionando ainda mais sua carreira e consolidando seu status como um dos grandes talentos do futebol brasileiro.

“Como parte do grupo Roc Nation, a operação brasileira promoverá uma integração inédita entre estrelas de diferentes nacionalidades, tanto do esporte como da música”, diz o texto. Com sede em São Paulo, a agência será gerida Frederico Pena.

Essa nova fase na carreira de Vini Jr., sob a tutela da Roc Nation Sports Brazil, representa um marco significativo em sua jornada, consolidando-o como um dos jogadores mais promissores e influentes de sua geração. Além de Vini Jr., os jogadores Endrick e Gabriel Martinelli, agora estão sob a agência de Jay-Z.

No início de junho, o apresentar Benjamin Back, conhecido como Benja, afirmou no canal Papo Reto, no Youtube, que Jay-Z havia comprado uma porcentagem da Traffic Talentos, agência de talentos do futebol. Ele disse anda que o empresário e rapper viria para a festa de lançamento no Brasil. 

Museu das Favelas recebe Fórum Estadual de Mulheres no Hip Hop em celebração ao Julho das Pretas

0
Foto: Freepik

Como ativação do Festival Latinidades, o Museu das Favelas, localizado no Centro de São Paulo, terá uma programação especial em celebração ao Julho das Pretas. Como parte das atividades, a instituição vai receber o Fórum Estadual de Mulheres no Hip Hop, um evento que tem entre seus objetivos debater e valorizar a presença e o papel das mulheres no cenário do hip hop.

Agendado para o dia 23 de julho, das 10h às 18h, o Fórum acontecerá na Sala Multiuso e no Jardim do Museu das Favelas. A iniciativa propõe debates, oficinas e rodas de conversa, com o objetivo de amplificar as vozes e experiências das mulheres no universo do hip hop.

Além do Fórum, o Museu das Favelas oferece uma diversificada programação ao longo do mês de julho, com atividades que valorizam a cultura afro-brasileira, como contação de histórias, jogos tradicionais, lançamento de livros, exposições virtuais e mediações artísticas. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público, reforçando o compromisso do museu com a promoção da igualdade racial e o reconhecimento das contribuições das mulheres negras na sociedade.

Já no dia 28 de julho, o Museu a pesquisadora Lívia Lima da Silva marca presença na primeira edição do “Pesquisa de Cria”, que visa incentivar a produção acadêmica de estudantes de quebradas, periferias e favelas de São Paulo. Organizado pelo Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca (CRIA) do Museu das Favelas, o intuito é promover encontros mensais para que estes jovens pesquisadores apresentem seus trabalhos, completos ou em curso, para pares e o público interessado. O primeiro encontro conta com a presença de Lívia Lima da Silva, que vai apresentar a pesquisa “A literatura fora do lugar: a constituição de poetas e escritores nos saraus das periferias de São Paulo”. Lívia Lima é jornalista e mestre em Estudos Culturais. Foi repórter, editora e uma das fundadoras da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, onde atualmente é consultora editorial. Também é co-fundadora e diretora institucional do Nós, mulheres da periferia. 

O Museu das Favelas é uma instituição vinculada à Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, está localizado na Rua Guaianases, 1024, no bairro Campos Elíseos, em São Paulo. Mais informações sobre a programação completa podem ser encontradas no site oficial do museu.

Confira a programação completa no site do museu.

Paramount+ revela trecho exclusivo da série biográfica de Anderson Silva

0
Foto: Divulgação

A série biográfica “Anderson Spider Silva” teve primeiro trecho exclusivo divulgado nesta sexta-feira (7). A trajetória do grande lutador de MMA Anderson Silva, será contada na produção Original Paramount+. A data de estreia no streaming ainda não foi revelada, mas será em breve.

No trecho divulgado, mostra o ator Bruno Vinícius (Turma da Mônica Jovem) interpretando o lutador na versão jovem, com o Seu Jorge (Marighella), que vive Benedito, tio do Anderson. 

Também estreiam no elenco, William Nascimento (Anderson na fase infantil) e Caetano Vieira (o lutador adulto). Tatiana Tiburcio como a tia do atleta, junto com o tio Benedito, ajudou na educação do atleta, que cresceu nas periferias de Curitiba, Paraná. Douglas Silva, Jean Paulo Campos, Jeniffer Dias, Larissa Nunes, Vaneza Oliveira e Milhem Cortaz também integram a série. 

“O Anderson Silva é um grande vencedor. É uma honra representar um personagem tão importante na história da vida dele. Ver a biografia da vida desse atleta sendo contada é a maior alegria porque são essas histórias brasileiras que inspiram as pessoas”, disse Seu Jorge, ao divulgar o novo trabalho pela Paramount+, em 2022.

Nesta quinta-feira (6), Anderson Silva entrou para o Hall da Fama do UFC, em Las Vegas, na ala dos pioneiros. O atleta garantiu entre os lutadores, a maior sequência de vitórias, de defesas de títulos e o reinado mais longo. 

Veja o trecho divulgado:

error: Content is protected !!