Após 20 anos da primeira versão estrelada por Eddie Murphy, o remake de “Mansão Mal-Assombrada” estreou nos cinemas na última quinta-feira (27), com uma casa diferente, novos fantasmas e personagens mais diversos.
A nova versão da Disney acompanha uma mãe (Rosario Dawson) e o filho (Chase Dillon), que se mudam para uma nova casa em Nova Orleans e precisam recrutar um grupo de supostos especialistas espirituais, ao descobrir que a mansão é assombrada.
LaKeith Stanfield interpreta o Ben, um cientista especializado em atividades paranormais, um dos protagonistas do longa. “É muito divertido interpretar não só o Ben, como também um fantasma, ver meu corpo flutuar, ser possuído, passar por todo tipo de coisa nesse filme”, disse o ator em entrevista ao programa Fantástico, neste domingo (30). “A alma do filme é como você está vivendo a sua vida”, completa.
“É tipo uma nova interpretação, uma outra pegada – tomara que ajude a criar mais histórias de casas mal-assombradas”, disse o diretor Justin Simien. “O filme vem pra gente encarar aqueles desafios que assustam a gente”.
Também integram no elenco Tiffany Haddish, Christopher Winchester, Jared Leto, Jamie Lee Curtis, Danny DeVito, Owen Wilson, entre outros.
No último domingo, 30 de julho, a orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi palco da 9ª Marcha das Mulheres Negras, um evento que reuniu centenas de mulheres negras de várias partes do estado para lutar contra o racismo, toda forma de opressão e violência, e defender o bem viver. Artistas, políticas e ativistas marcaram presença nessa manifestação histórica, que foi organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras – RJ e contou com a participação de diversos coletivos engajados na luta contra a desigualdade racial.
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Entre as figuras que estiveram no evento, destacam-se a Ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, a escritora Conceição Evaristo, a Deputada Federal Benedita da Silva e a jornalista Flávia Oliveira. Além delas, as atrizes Luana Xavier, Aline Borges e Jessica Ellen também marcaram presença, enaltecendo a causa e fortalecendo o movimento.
A escritora, Conceição Evaristo, participa da IX Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, zona sul da cidade. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
A marcha começou com a leitura do manifesto de abertura feita por Conceição Evaristo, cuja produção literária tem sido uma importante ferramenta de combate à opressão enfrentada pelo povo negro, em especial por mulheres negras. Evaristo ressaltou a importância do ato corajoso e de denúncia, ao ocupar uma das orlas brasileiras de maior visibilidade. “Marchamos pelo bem viver. O bem viver convoca a uma política de participação coletiva da população negra, de construção de poder horizontal e de distribuição dos lugares de decisão para mulheres negras”, ressaltou ela.
Dona Santinha à direita da imagem, com o punho cerrado durante a IX Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, zona sul da cidade. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Ao longo do percurso, cerca de dez griôs carregavam uma faixa com o tema desta edição, e ao lado de Conceição Evaristo, foram destaque ao trazerem a sabedoria e as histórias de suas comunidades, onde são altamente respeitadas. Entre elas, Maria Soares, de 99 anos, conhecida como dona Santinha, importante figura do movimento de mulheres.
A Marcha das Mulheres Negras também reservou espaço para jovens lideranças, inclusive crianças. A presença da advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada em 2018, também marcou o evento: “Estamos aqui para, a cada dia, dizer que estamos assumindo cada vez mais esse poder e esse lugar de fala, que é nosso. Esse julho que nos representa. É o julho das pretas”, disse Marinete durante seu discurso.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, emocionou a todos ao relembrar a participação ativa de sua irmã nas marchas e destacar a importância contínua desse movimento. “A gente está em marcha, a gente não está dispersa, pelo contrário. Que bom que a gente tem o governo federal à frente de políticas públicas eficazes, de saúde a educação, segurança, que é o mais importante. É a nona marcha. A gente sempre marchou e vai continuar marchando. Estar ao lado dessas mulheres, para mim, está dando um sentimento de acalanto e fortalecimento nesse lugar”.
Na última sexta-feira (28), o astro de Hollywood e ganhador do Oscar, Will Smith, se pronunciou a favor da greve dos atores e roteiristas. Nas suas redes sociais, Smith disse que “é um momento crucial para a nossa profissão”.
O ator com mais de 30 anos de carreira usou suas redes sociais para apoiar a greve da Associação de Escritores da América (WGA), que acontece desde abril, e Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA), que entrou em greve em julho. Entre as reivindicações, estão ajustes salariais, demandas de séries e filmes mais ajustados e regulamentação da inteligência artificial.
“Quero falar por um segundo sobre ATUAR. Como alguns de vocês devem ter ouvido, a minha guilda, @SAGAFTRA está em greve juntamente com os nossos colegas escritores na WGA. É um momento crucial para a nossa profissão”, disse Smith em suas redes.
Ele também aproveitou o momento para relembrar da sua carreira, que muitas vezes se sentiu com “tempo emprestado”, e agradecer ao seu “treinador” Aaron Speiser por ajudá-lo. “33 anos na minha carreira como ator e ainda há alguns dias em que sinto que sou aquele miúdo de Filadélfia que está com tempo emprestado, apesar de saber que fui extraordinariamente abençoado e sortudo por ter trabalhado como ator este tempo todo. É graças ao meu amigo, ao meu professor e ao meu mentor @aaronspeiser a quem me refiro carinhosamente como “treinador” que aqueles dias em que sinto que não pertenço são cada vez mais distantes”, relembrou o ator.
O cantor e compositor brasileiro, Paulinho da Viola, de 80 anos, foi internado na madrugada desta segunda-feira (31) em um hospital na cidade do Rio de Janeiro, após sofrer uma indisposição. A situação ocorreu logo após o artista cancelar um show que realizaria no último domingo (30) no município de Três Rios, no estado fluminense, por orientação médica.
A equipe do sambista utilizou as redes sociais para informar sobre o cancelamento da apresentação, destacando que Paulinho estava passando por cuidados médicos e que, apesar da situação, o artista estava bem e sob observação: “O artista encontra-se bem, mas atendendo a pedido médico, não será possível realizar o show”, informou a equipe. A notícia da internação foi confirmada à imprensa pelo assessoria do músico, que também informou que ele permanecia internado na capital do estado.
O show que estava previsto para o Festival de Inverno em Três Rios, uma das apresentações mais aguardadas pelo público, teve que ser cancelado devido à indisposição de Paulinho da Viola. A equipe do artista reiterou o estado de saúde estável do cantor, mas seguindo orientação médica, ele não pôde subir ao palco.
As avaliações médicas continuam ao longo do dia para determinar o diagnóstico e a evolução do estado de saúde do artista.
Viver em comunidade continua sendo uma das principais estratégias de mulheres negras para garantir sua sobrevivência e a prosperidade dos seus. É a partir de uma noção ancestral de coletividade que projetos grandiosos saem do papel, como pudemos acompanhar neste mês em que se comemora o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, 25 de julho.
Uma dessas mulheres que tem feitos notáveis para sua comunidade é a YalorixáJaciara Ribeiro, do Axé Abassá de Ogum, localizado em Salvador. Ela é filha de Gildásia dos Santose Santos, conhecida como Mãe Gilda, uma figura importante para as religiões de matriz africana no Brasil, Mãe Gilda é símbolo da luta contra a intolerância religiosa. O Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa é celebrado em 21 de janeiro, mesma data da morte de Mãe Gilda.
Com essa herança, Jaciara Ribeiro também seguiu o caminho da luta pelo bem coletivo a partir do trabalho que realizada como líder religiosa. Mãe Jaciara compartilhou não só seus saberes, mas a terra do Quilombo Caipora com mais 16 mães de santo para que estas pudessem ter uma roça para cultuar o sagrado, além disso, ela também criou no local um alojamento que recebe mulheres em situação de vulnerabilidade e hoje luta para preservar a Lagoa do Abaeté.
Ao Mundo Negro, Mãe JaciaraRibeiro falou sobre sua trajetória na luta contra o racismo, contra a intolerância religiosa, pela proteção das mulheres e contou sobre o trabalho que realiza, levando sua religiosidade aos presídios para que mulheres encarceradas também possam professar sua fé nos orixás: “O meu trabalho é intenso, não é só como mulher religiosa, mas como mulher ativista. Eu acredito que o terreiro de Candomblé precisa passar por transformações e a maior transformação é você mudar os paradigmas do que pensam de nós. As pessoas acham que terreiro de Candomblé é só festa é só tocar atabaque. Não é isso. O meu terreiro e a minha militância trazem transformação para essas mulheres”.
Leia a entrevista completa:
Mundo Negro – Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória e como se tornou uma Ialorixá. Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo dessa jornada?
Mãe Jaciara – Eu tenho 55 anos e tô no Candomblé desde os 3 anos de idade. Na verdade, não foi eu que escolhi ser do Candomblé, foi Oxum que escolheu e eu sempre acompanhei minha mãe desde pequenininha e tenho o maior orgulho de ser do Candomblé. Então, na verdade, a gente não escolhe ser ialorixá, a gente é escolhida. Eu acho que eu nasci para ser uma sacerdotisa religiosa, algo que está no meu DNA e a maior dificuldade que eu encontrei foi o racismo. Quando eu ia para escola sendo uma mulher negra de candomblé, às vezes meu lanche era acaçá, abará, acarajé, e aí as outras crianças ou adolescente, na época, exorcizavam meu lanche, diziam que era coisa do diabo. Não era uma coisa muito suave, me chamavam de bruxa, às vezes e aí eu cresci, nunca fui empoderada no sentido de movimento negro, de saber o meu verdadeiro direito enquanto cidadã, de religião, e só agora há 23 anos da morte da minha mãe que eu consegui entender que eu já sofri o racismo, mas era um racismo estruturante, velado, uma brincadeirazinha ali, chamava de macaca, cabelo de bombril, essas coisas. Mas eu sempre tive uma autoestima muito grande porque minha mãe era uma mulher de Ogum e ela me deu essa possibilidade de me amar independente da minha cor de pele e da minha religiosidade, mas mesmo assim isso adoece. Hoje tenho 23 anos que eu me tornei ativista da luta contra intolerância religiosa, são 23 anos de dor porque mesmo depois da morte da minha mãe o busto dela foi violado duas vezes, os terreiros são invadidos, pessoas são insultadas nas ruas. Então, o maior desafio para mim é permanecer viva e ter a minha liberdade garantida de proferir a minha fé.
MN – O Quilombo Caipora é um projeto notável que abriga também o alojamento Makota Zimewang para mulheres em situação de vulnerabilidade. Como surgiu a inspiração para criar esse espaço e qual o impacto que ele tem tido na vida dessas mulheres? O Quilombo possui outras ações sociais?
Mãe Jaciara Ribeiro – Tem 10 anos que eu ganhei uma terra dentro do Quilombo Caipora e é um projeto notável porque é uma rua de terreiros. Eu tenho uma casa lá de Oxum, Ilê Axé Ofá Omi Layò, e devido a minha relação muito próxima com Macota Valdina, que era uma mulher negra de Candomblé, Nkisi Kavungo, do Axé Onimboyá, e era minha amiga íntima, ela me deu muitos ensinamentos, não só dentro da nossa ancestralidade, mas para vida. Ela me acolheu em todos os momentos, então o terreno lá de Oxum é muito grande, são 5 mil metros de terra. Aí eu digo ‘eu sozinha não vou conseguir gerar tantas benfeitorias para minha comunidade’. Aí eu tive a ideia, eu tenho o projeto Ìyá Àkobíode – Mulheres que Transformam, eu doei 16 pedaços de terra para 16 mulheres construírem junto comigo cada uma na sua casa, mas para gente dançar em um único terreiro. Então é o único terreiro coletivo do Brasil. Como Makota Valdina também ia ter um espaço lá, mas aí ela foi para o Orun, morreu. Aí eu tive a sensibilidade de inaugurar o primeiro alojamento feminino para colher 20 mulheres em situação de vulnerabilidade nesse espaço. Então o alojamento Zimewanga, que é a dijina dela, o nome de ancestralidade, foi inaugurado esse ano e a gente tá aí na luta, eu sou muito orgulhosa de poder ter conseguido edificar um projeto desse que é revolucionante não só para mim, mas para todas as mulheres da Bahia e, quiçá, do Brasil.
Hoje eu sou coordenadora do GT mulheres de Axé da Renafro e sou coordenadora também do Ìyá Àkobíode e sou uma mulher revolucionária de vidas. Hoje também estou assessorando o deputado federal Romeu Assunção e a companheira do MST, Lucinha. Então eu me sinto muito honrada de poder estar na frente de projetos que edificam a equidade de gênero, que trazem o empoderamento feminino, a liberdade de culto, o não racismo, que acabam com toda violência, seja ela homofóbica ou religiosa. Eu acho que o candomblé é uma religião que agrega o ser humano na sua plenitude do ser humano, independente de cor, independente da sua vontade ser o que quiser na terra.
O quilombo possui outras atividades também, nós temos feira para as mulheres e homens quilombolas, nós temos feira de saúde, nós temos uma casa de farinha e nós temos a vida, uma lagoa que a gente cuida aonde uma princesa de África veio até aqui e a gente fez um grande presente para Oxum e eu fiz parte desse momento, então eu acredito que as minhas ideias elas são ancestrais, é Oxum que me guia para esses projetos.
MN – Qual trabalho o coletivo Ìyá Àkobíode realiza?
Mãe Jaciara Ribeiro –O coletivo Ìyá Àkobíode – Mulheres que Transformam já começa fazendo algo transformador que é o primeiro festival de Oxum da Lagoa do Abaeté. A gente já está na terceira edição aonde o propósito maior é mostrar a beleza e o encantamento da Lagoa, mas também proteger o meio ambiente. O Ìyá Àkobíode representa uma semente transformadora que busca equidade de gênero e empoderamento feminino. Ao compartilhar minha terra e conhecimento, inspiro outras mulheres a terem voz e direitos garantidos.
Agora em agosto, dia 20, nós vamos ter um encontro de 20 psicólogos lá na terra de Oxum, elas estão vindo de São Paulo para dialogar comigo sobre a minha vivência nesse projeto, então o mundo já está sendo conhecedor dessa transformação e esse projeto eu tenho certeza que ele vai ser piloto. Ele já existe, mas ele está sendo exemplo para outras mulheres.
MB – A senhora tem um trabalho intenso como uma líder religiosa e comunitária. Como avalia o trabalho de mulheres negras que estão em comunidade se fortalecendo?
Mãe Jaciara Ribeiro – O meu trabalho é intenso, não é só como mulher religiosa, mas como mulher ativista. Eu acredito que o terreiro de Candomblé precisa passar por transformações e a maior transformação é você mudar os paradigmas do que pensam de nós. As pessoas acham que terreiro de Candomblé é só festa é só tocar atabaque. Não é isso. O meu terreiro e a minha militância trazem transformação para essas mulheres. Faço feira da saúde. Domingo que vem a gente vai ter cinema no Axé, eu convido mais de 30 mulheres, jovens para assistir um filme que traz a nossa realidade, mas que fortalece a nossas lutas. Eu tenho um trabalho com mulheres que estão passando por dificuldades financeiras, a gente dá curso de corte e costura, oficina de comida afro, turbante. Hoje eu tô com uma parceria com duas mulheres maravilhosas que é “Que Ladeira é essa”, lá na Ladeira da Preguiça [em Salvador, Bahia] e eu tô muito feliz com essa partilha da minha semente que não é só minha. Como a gente sabe, Marielle morre, mas deixa sementes, mas eu quero plantar essas sementes para se tornar árvores para nossas vidas e nos proteger.
Então eu me sinto mágica, ninguém sabe, mas eu acho que eu sou mágica porque eu consigo transformar não só minha vida, a dor em luta, o luto em luta e mudar para uma vida de acolhimento, de amor, de partilha, de respeito. A partilha maior é você dar a possibilidade ao outro de ter direito à Terra, direito à plantar. No quilombo a gente tem uma horta coletiva, nós temos um fogão a lenha e nós temos um terreiro para 16 mulheres trabalharem comigo. E eu tenho 55 anos, a gente vai envelhecendo e a gente não pode caminhar só. Uma amiga minha fala assim: “Eu sozinha vou pra perto, mas com a minha comunidade, a multidão, eu chego longe”.
Segundo O Globo, “o Brasil não é mais um país de jovens: a fatia da população com menos de 30 anos cai a menos da metade. (…) O fenômeno tem a ver com a combinação entre a queda na natalidade e o aumento da longevidade. A população cresce mais lentamente por causa da queda no número de nascimentos. Com isso, a proporção dos idosos na população aumenta – tanto por causa do baixo crescimento do total de habitantes quanto por causa do aumento absoluto no número de pessoas de idade avançada, já que as pessoas estão vivendo mais.”
Mas será que o mercado de trabalho está preparado para esse estreitamento e inversão de pirâmide? E a população idosa negra, onde está?
Já sabemos que pessoas idosas negras historicamente são marcadas pelo racismo, machismo, discriminação por deficiências, discriminação pela idade (também sofrida pelas pessoas idosas brancas). Também carregam as discriminações sofridas pelo CEP (negros são maiorias nos aglomerados e nas periferias), e dificuldades de acesso aos serviços, como de saúde pública com um atendimento muitas vezes discriminatório às pessoas negras idosas nos sistemas de saúde.
Pensando nesta somatória de fatores e na baixa escolaridade as pessoas negras já vivem a exclusão do mercado formal de trabalho há séculos, e atualmente somado a vieses de recrutamento e seleção potencializados por plataformas automatizadas que impossibilitam sequer que estas pessoas cheguem a um processo seletivo.
O ponto é que estamos falando de um mercado no qual jovens de menos de 30 (negros em sua maioria e brancos algumas vezes), já são discriminados naturalmente se inseridos em recortes sociais que os impeçam de ter tido grandes experiências no mercado de trabalho.
O mercado já se mostra excludente quando pensamos que um profissional experiente de uma empresa que ocupa alguma grande cadeira e tem vasta experiência no negócio na maioria das vezes é um homem branco, ao passo que mulheres brancas ou pessoas negras possivelmente nunca chegarão nesta cadeira, pois serão considerados inaptos para o mercado pela idade.
O resultado dessa inversão a gente nota no aumento de 8,8% da taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2023, de acordo com dados do IBGE. E no recorde de 39,307 milhões de informais em 2022.
Esta mudança na estrutura etária da população somada ao aumento de pessoas autodeclaradas negras, pode sinalizar mudanças futuras no mercado de trabalho, sabemos que há idosos ativos no mercado de trabalho, além de pessoas em idade de trabalhar que estão fora da força, mas é importante sinalizar para novas políticas públicas que pensem nestes recortes.
*Kelly Baptista Gestora Pública, diretora executiva da Fundação 1Bi, palestrante, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Conselheira Consultiva Despertar, Cruzando Histórias e CMOV.
“A minha base vem muito forte, as mulheres da minha família falam de afeto por décadas, cresci em um lar sendo representada por elas”, relata a psicóloga e ex-BBB Sarah Aline, 25, em entrevista ao site Mundo Negro, no especial deJulho das Pretas, valorizando a importância dos afetos para a sua trajetória de vida.
Para Sarah, tem sido a realização de um sonho se juntar com tantas mulheres negras e se tornar uma referência para milhares, que sempre lhe mandam mensagens. “A gente sabe o quanto o lugar da identificação e da representatividade é importante para nós, hoje eu quero e desejo que a visibilidade do BBB não seja só minha, continue sendo cada vez mais nossa”.
Na entrevista, a psicóloga também falou sobre as mulheres negras são suas referências na vida, planos de carreira, a amizade com o Ricardo Alface no pós-BBB, e a relação com parte da família que não sabia que ela é bissexual até participar do reality show.
Sarah Aline (Foto: Crispo)
Leia a entrevista completa abaixo:
Sendo uma mulher negra retinta, desde a sua trajetória no BBB 23, você inspira muitas outras mulheres negras a terem confiança e liberdade de afetos. Você sempre foi assim ou em que momento começou a se reafirmar de forma tão brilhante?
Sempre é muita coisa, mas já existia essa constante em mim. A minha base vem muito forte, as mulheres da minha família falam de afeto por décadas, cresci em um lar sendo representada por elas. Conforme me tornei uma mulher adulta tive a oportunidade de receber afetos que me ensinaram mais sobre o meu auto afeto. Fico tão feliz com as milhares de mensagens de pessoas pretas que se identificaram com algo, que sinto que isso me devolveu o sentido da vida, que é me apropriar dos meus sentimentos para entender a minha importância e imprimir meus sonhos. A gente sabe o quanto o lugar da identificação e da representatividade é importante para nós, hoje eu quero e desejo que a visibilidade do BBB não seja só minha, continue sendo cada vez mais nossa.
Sarah Aline e a mãe Kátia (Foto: Juliana Hippertt/gshow)
Antes de você sair do BBB, já havia muitas expectativas de você formar um casal com o Ricardo Alface ou com o Gabriel Santana. Você teve receio de decepcionar os fãs ao decidir que não se envolveria em uma relação neste momento? Como foi esse processo para explicar a sua vontade ao público?
Antes de sair do BBB, minha cabeça não tinha entendido que eu tinha fãs, então foi simples tomar essa decisão pensando em mim. O Gabriel é meu amigo, então nunca passou pela minha cabeça viver algo a mais do que vivemos. O Ricardo a gente se apaixonou, eu me apaixonei, e vivemos o que o nosso amor nos proporcionou durante o programa. Aqui fora, o que me alegrou foi ver pessoas que se identificaram com a gente individualmente e como um casal, isso foi lindo. Celebraram o que a gente tem de melhor, que é o amor. A partir disso, foi simples do pessoal entender a nossa decisão, de nos respeitarmos separadamente. Eu demorei um tempo para encarar que não ficaríamos juntos, não foi fácil, porque o programa te envolve demais a uma realidade que aqui fora não se sustenta, mas hoje entendo completamente que foi o melhor a se fazer. Somos bons amigos e os nossos fãs amam isso.
Sarah e Alface (Foto: Reprodução/Twitter)
No BBB, você chegou a dizer que não é “tão monogâmica”. Você já chegou a vivenciar um relacionamento aberto ou pretende? Como você se enxerga em uma relação, caso pretenda dar o passo de namorar alguém?
Disse isso dentro da casa brincando. Eu sou monogâmica, já tentei não ser, mas não sei é para mim, não funciona. Acho linda, inteligente e profunda a teoria da não monogâmica, mas para mim no momento não é uma opção. Até porque estou solteira! Caso aconteça, acho que vou entender a fase da relação para ver se meu coração se tranquiliza, por que não, né?! De qualquer forma, acho difícil, sou monogâmica até com ficante.
Foto: Reprodução/Instagram
A bissexualidade foi um assunto ainda pouco abordado no reality show, mas você falou sobre uma parte da família que ainda não sabia da sua orientação sexual. Você se sentiu mais leve com essa revelação? Como foi pra família essa descoberta?
Uma parte grande da minha família não sabia, mas para mim não foi libertador falar no programa, porque eu não tinha nem a intenção de contar para eles. Eu acho que a minha sexualidade não precisava ser explicada para ninguém, então viveria como alguém que só quer amar. Foi bonito, a minha família é incrível demais, quem não sabia entendeu e respeitou, e hoje a gente ri um pouco dos sustos. Algumas pessoas ficaram chateadas de não saberem antes, mas não pela bissexualidade, mas por querer saber antes do Brasil. Hoje vivo isso em um lugar de muita segurança, é um privilégio.
Sarah e irmã Nathalia (Foto: Divulgação)
Sarah, você é uma mulher negra, retinta, cria de Osasco (SP), tão jovem e referencial não apenas para o mundo do entretenimento, mas também do corporativo. Nessas diversas camadas, como se sente sendo uma referência para outras mulheres negras e quais são as suas referências?
Eu fico extremamente feliz. Sobre o mundo corporativo, eu plantei tudo que colho dentro desse espaço, foram noites e noites estudando, planejando, projetando, apresentando as minhas ideias, tendo dúvidas, chorando, me decepcionando e encontrando o meu espaço dentro desse ambiente que hoje eu sinto muita saudade. Uma saudade temporária, pois em breve estarei de volta com projetos novos.
Poder expandir os meus sonhos e representar várias outras mulheres junto comigo é a realização de um sonho, parece que eu ainda nem acordei. Eu me admiro a cada mensagem que recebo, a cada projeto que chega. Dentro da casa eu tive a oportunidade de me apresentar como eu sou, de mostrar meus valores e meus ideais de uma forma naturalizada, afinal está dentro do meu caráter, e ver pessoas se identificando me faz automaticamente me conectar com elas.
Sarah e Marvvila (Foto: Leo Franco/AgNews)
Isso tudo só é possível porque tantas outras vieram primeiro e eu sou muito grata, minhas referências começam dentro de casa, Dona Katia, Dona Neta e Conceição, Nathalia, Fernanda, Valéria, Tânia, Gabriela, Ana, Nara e Isabela. Minhas tias, avós, primas, mãe e irmã. Sem elas eu não seria absolutamente nada.
Minhas referências no mundo são Viviane Moreira, Mafoane Odara, Vivi Duarte, Sônia Lesse, Djamila Ribeiro, Paula Sales, Ludmilla, Tais Araújo, Liniker, Samantha Almeida, Angela Davis, Maju Coutinho, Glória Maria, Marvvila, Neusa Santos, Elza Soares, Iza e muitas outras.
A cantora IZA compartilhou com o programa ‘Fantástico’ como o lançamento de seu segundo álbum refletiu a transformação que o romance com o jogador Yuri Lima, do Mirassol, trouxe para sua vida. A entrevista completa vai ao ar na TV Globo neste domingo (30). IZA e Lima assumiram publicamente o relacionamento em janeiro deste ano. “Amar de novo está sendo inspirador, curativo, incrível e revolucionário. O amor é revolucionário. Estar apaixonada é muito bom”, declarou a cantora.
Para IZA, o amor é uma força transformadora e estar apaixonada tem trazido uma sensação muito positiva em sua vida. “Este novo álbum fala sobre amor, sobre as minhas várias experiências com o amor, sobre as coisas que eu quero viver com o amor”, disse ela. “Eu sou muito discreta, evito bastante falar sobre a minha vida pessoal, mas esse meu namoro com o Yuri acabou tomando uma proporção maior do que eu esperava. Tinha um certo preconceito com a vida de um jogador de futebol, até porque nunca tinha me relacionado com alguém, eu tinha uma imagem bem diferente. Mas ele trabalha muito, não tem folga quase nunca e eu tenho muito orgulho dele. Fico feliz com o carinho das pessoas com a gente. O Yuri é um presente que eu precisava pra minha vida há muito tempo. Ele é leve e é o homem mais incrível que eu conheci até agora e tem me feito muito bem. Isso que importa“, disse a cantora.
IZA em ‘Fé Nas Maluca’. Foto: Marcus Sabah.
Após cinco anos sem lançar um novo álbum, IZA retornou nesta sexta-feira (28) com a música ‘Fé Nas Maluca’, parceria especial com a Mc Carol. Para IZA, a ideia é mostrar que a personagem principal representada no clipe vai desde a idealização de um amor, de uma relação, até a realidade, que é aprender que o amor tem várias facetas. “A Mulher de Pedra era pura e ingênua, e se deixava levar por essa relação com o garimpeiro. Até o momento que ela entende que está sendo usurpada por ele e foge, indo ao encontro da personagem da Mc Carol, que se torna sua aliada e comparsa de vingança”, conta a cantora.
A cantora SZA não para de impressionar. Com uma série de recordes, o disco ‘SOS’ se tornou um dos maiores lançamentos dos últimos tempos. O projeto completou 21 semanas no topo da Billboard R&B, principal parada de álbuns em R&B dos Estados Unidos e do mundo. Com o feito, SZA ultrapassou as 20 semanas que pertenciam a Stevie Wonder e seu consagrado disco ‘Songs in the Key of Life‘, lançado em 1976.
Foto: Getty Images / Recording Academy.
Essa é a primeira vez em mais de 30 anos que um disco de R&B permanece tanto tempo do topo da Billboard. O projeto fica atrás apenas do disco ‘Please Hammer Don’t Hurt ‘Em‘, de M.C. Hammer, lançado em 1990. No Spotify, principal plataforma de streaming do mundo, o ‘SOS’ se mantém com impressionantes 5 bilhões de reproduções.
Ao longo de 23 faixas, dentro do disco, SZA explora temas como perda, angústia, mistério, confusão, reflexão e transição. A principal música do projeto é ‘Kill Bill’, que se tornou um dos maiores lançamentos de 2023. Em fevereiro, SZA foi eleita a ‘Mulher do Ano’ pela Billboard. “Uma força singular no R&B contemporâneo“, destacou a revista sobre ela.
Estamos finalizando Julho de 2023, e tem sido muito especial assistir a todas as mobilizações em torno deste mês tão especial para as mulheres negras latinas e caribenhas pelo o mundo afora. São eventos, fóruns de discussão, programas, podcasts, congressos, tantas opções de aquilombamento, confesso que fica difícil acompanhar tudo que têm sido oferecido. Quantos ebós de trocas, quanta energia circulante. Adupé irmãs!
Não poderia ser menos do que isso, no entanto, todas essas mulheres negras que encabeçam essas iniciativas são as mesmas mulheres que lideram ações ao longo do ano, que estão no famoso front das lutas feministas antirracistas e interseccionais. São mulheres envolvidas com suas comunidades, seus coletivos, seus grupos, suas instituições, a lista é extensa. Na linguagem do senso comum são “mulheres guerreiras”para suprir a romantização da sobrecarga sobre nossos corpos pretos.
Este artigo é praticamente uma denúncia no sentido de chamar a atenção para pensarmos juntos sobre a saúde mental dessas mulheres, das ativistas, das militantes, das políticas, das líderes, das agentes de transformação, mulheres negras que lideram a luta antirracista para o avanço das pautas coletivas em prol de uma sociedade mais equânime e justa.
Sabem aquela história “quem cuida de quem cuida”? Pois bem, pega a visão! As mulheres negras ocupantes da linha de frente das lutas sociais – seja em qual espaço essa mulher ocupe pois há muito trabalho a ser feito, estão mais suscetíveis a ataques, ameaças, assédios, silenciamentos, homofobia, racismo, sexismo, perseguições,violências físicas e até assassinatos. Aliás, será que estamos próximos de saber quem matou Marielle Franco? Espero que sim.
São mulheres negras em situação de vulnerabilidade constante, isso gera estresse extremo, medo muitas vezes sintomas de ansiedade e depressão, sentimento de impotência e desesperança. Mas também são mulheres de potência, desbravadoras, corajosas e de muito valor. Para ser mulher preta tem que ter disposição, malandro! Essas mulheres sentem que têm de lutar contra um sistema estático, inflexível e perverso, estrutura essa que aponta de todas as formas que elas não deveriam estar lá, ocupando espaços e denunciando as injustiças sociais.
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A instituição Pew Research Center apontou em sua pesquisa que mais de 50% dos ativistas entrevistados envolvidos com causas climáticas, violência armada e racismo, relatam adoecimento mental e os transtornos mais recorrentes são ansiedade e depressão. Com o aumento do ativismo ao redor do mundo também houve o comprometimento da saúde mental deste grupo em específico. São pessoas comprometidas com as transformações e que colocam sua saúde mental em jogo em detrimento de causas coletivas, profundamente envolvidas com o que acreditam ser o mais justo. Pessoas com propósito.
Outro fator indubitavelmente importante é que, ativistas antirracistas geralmente são pessoas mais conscientes, com uma visão de mundo para além do senso comum, possuem o conhecimento sobre as engrenagens das injustiças sociais, aprofundam seus estudos e constroem um discurso de enfrentamento que incomoda muito. Todo esse conhecimento angariado muda a forma de se localizar no mundo enquanto sujeito e causa uma profunda dor. A consciência é um caminho sem volta.
E quando se trata de ativistas negras? A ladeira é mais íngreme, minha gente. Também é de conhecimento de todos que mulheres negras estão mais suscetíveis a ataques, são corpos em que a violência é simplesmente legitimada. Um corpo que pode ser violado, um corpo que pode ser matado, um corpo que pode ser dizimado. Corpos em que o silenciamento foi imposto, vozes historicamente caladas, mulheres com destinos e lugares sociais subalternizados. Imagine uma mulher negra articulada? Como assim? E se for mulher preta e trans? Favelada? Indígena? Imperdoável!
Mas a pergunta que não quer calar : como mulheres negras ativistas podem amenizar os efeitos negativos da luta e manter uma saúde mental preservada? Como psicóloga clínica, atendo um extenso público de mulheres negras pelo mundo afora e muitas delas são mulheres que ocupam posições estratégicas, o que requer cuidado dobrado. O primeiro elemento que avalio é o objetivo de tornar-se uma ativista, e essa questão fará toda a diferença. Muitas ativistas incorporam a luta em suas vidas para sanar questões pessoais, familiares e relacionais. Decerto reconheço a importância do ativismo na construção de sentido e pertencimento, mas, as idealizações devem ser evitadas.
O segundo elemento é a capacidade de não se perder o objetivo e não romantizar o ativismo. São atividades que demandam às vezes racionalidade e frieza. As emoções devem ser utilizadas de forma assertiva para não sucumbir diante de situações de extremo, para tanto é preciso conhecer suas próprias emoções e como elas podem circular de forma mais perspicaz. Lembramos que muitas ativistas chegam adoecidas, e se não houver um acompanhamento psicoterapêutico pessoal a probabilidade de aprofundar seu adoecimento é bem grande.
Outro fator é se a ativista em questão tende a cuidar de todos e menos de si, traço muito recorrente de mulheres negras, afinal fomos socializadas para isso. Trata-se de uma atividade que exige muita dedicação, tempo e escolhas. Você, ativista, possui a capacidade de fazer boas escolhas? Sabe diferenciar o que é seu e o que é do outro? Consegue manter-se em pé diante situações dolorosas? Escolhe as batalhas que valem a pena ou gasta energia com lutas sem importância? Possui estratégias de enfrentamento contra o racismo? Como anda seu repertório de enfrentamento? As ativistas já são pessoas que possuem uma profunda empatia pela dor alheia e muitas vezes esquecem de si.
Tem um vídeo de uma ativista latino americana em que a mensagem é direta: “Não podemos fazer qualquer luta com corpos adoecidos”, devemos cuidar da saúde mental, emocional, física, da felicidade, da satisfação, do desejo , do prazer, todos esses são alimentos fundamentais que garantem a nutrição objetiva e subjetiva para que continuemos nossos enfrentamentos. Este artigo é uma homenagem a todas as mulheres negras latinas americanas e caribenhas, mulheres negras africanas e européias, mulheres negras que fazem a diferença e prestam um serviço à sociedade em geral. Vocês são maravilhosas e merecem todo o cuidado do mundo.
Shenia Karlsson é Psicóloga Clínica, Ativista da Saúde Mental, Especialista em Psicologia & Diversidade, Colunista, Escritora, Empresária, Consultora em D&I, Palestrante e Apresentadora.