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Powerlist 2025 anuncia Curadoria Técnica e reforça legitimidade da premiação

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A Powerlist Mundo Negro – Mulheres Negras Mudam Histórias chega à sua quarta edição com inovações que ampliam seu alcance e reforçam sua legitimidade. Pela primeira vez, parte da escolha das vencedoras está aberta ao voto popular em quatro categorias — Criadora Digital, Empreendedora, Moda e Beleza e Gastronomia. Já as demais áreas ficam sob responsabilidade da Curadoria Técnica, um comitê independente que avalia impacto, consistência de carreira, relevância pública e inovação .

A formação da Curadoria Técnica é uma novidade de 2025 e representa um avanço no modelo da premiação, que desde 2022 reconhece mulheres negras de diferentes setores e já contou com apoio de marcas como L’Oréal, Ambev, Smiles e Fenty Beauty . Este ano, a edição soma Natura e Grupo L’Oréal como patrocinadores institucionais, consolidando o evento como o mais aguardado desde sua criação .

Quem são as integrantes da Curadoria Técnica

O comitê reúne lideranças que atuam em campos estratégicos da economia, da comunicação e da inovação:

  • Elaine Moura – CEO e fundadora do Grupo PopCorn Gourmet, maior franquia de pipocas do país, chef de cozinha e jurada do Mais Você.
  • Helena Bertho – executiva com passagens por Coca-Cola e L’Oréal, premiada com o Caboré e eleita pela ONU uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo.
  • Kelly Baptista – presidente da Fundação [1 Bi], colunista do Mundo Negro e integrante de redes globais de liderança.
  • Luana Génot – CEO do Instituto Identidades do Brasil, autora e conselheira de empresas globais, reconhecida pelo Fórum Econômico Mundial como Young Global Leader.
  • Marcele Giordano – executiva de Diversidade, Equidade e Inclusão com experiência em transformação cultural em grandes corporações.
  • Nina Silva – fundadora do Movimento Black Money e do D’Black Bank, reconhecida pela Forbes e pelo Fórum Econômico Mundial como uma das mulheres mais influentes da tecnologia.
  • Priscilla Arantes – jornalista, fundadora do Instituto Afroella e especialista em comunicação institucional, com trajetória em organizações sociais.
  • Rita Oliveira – diretora de Diversidade, Equidade e Inclusão da Coca-Cola Company para Brasil e Cone Sul, com carreira em multinacionais como Disney e Walmart.
  • Samantha Almeida – diretora de Marketing da TV Globo, já presidiu o Festival Cannes Lions e foi eleita pela ONU como uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo.
  • Sauanne Bispo – executiva de inovação e fundadora da AfriHub, com trajetória em empresas como Google, Smiles e B3.
  • Viviane Elias – especialista em governança corporativa e riscos, conselheira de organizações como Feira Preta e Instituto Conta Black.

Próximas etapas

O público segue participando da premiação até o dia 16 de setembro, votando nas finalistas do voto popular. Também é possível enviar sugestões de nomes para análise da Curadoria Técnica pelo e-mail powerlist@mundonegro.inf.br .

As vencedoras de todas as categorias serão anunciadas em 11 de outubro, com celebração no evento oficial marcado para o dia 17 de outubro, na Casa Manioca, em São Paulo .

Exclusivo: Rodrigo França, Renato Noguera e Vilma Piedade são confirmados em evento gratuito no MAM Rio

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Fotos: Marcio Farias; Reprodução/Instagram; e Ana Branco/Agência O Globo

O site Mundo Negro revela com exclusividade três importantes nomes do pensamento e da arte negra no Brasil que integrará a programação da sétima edição do Festival LivMundi deste ano: o artista, dramaturgo e colunista do Mundo Negro, Rodrigo França, o filósofo Renato Noguera, e a escritora Vilma Piedade. O diálogo “Águas de Encantaria – Fabulações do Norte ao Sul” acontece no domingo (21/09), às 11h, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio). O evento é gratuito.

A mesa parte da ideia de que imaginar é também um gesto político. Entre encantarias e palavras que curam, os convidados discutem como memória, território e literatura se cruzam na construção de novas formas de existir. A proposta é mostrar como o ato de fabular pode manter vivas as histórias que atravessam gerações, valorizando a ancestralidade como fonte de aprendizado e força coletiva. Nesse sentido, o encontro reafirma a potência das epistemologias negras como caminhos de resistência, reexistência e transformação social.

O Festival LivMundi será realizado nos dias 20 e 21 de setembro, das 9h30 às 21h, e no domingo (21/09), das 9h às 19h, e a programação também receberá outras rodas de conversa, cortejo de maracatu, shows, cinema, oficinas e intervenções artísticas. Os ingressos estão disponíveis gratuitamente pelo site livmundi.com e pela plataforma Sympla.

36ª Bienal de São Paulo se inspira no poema ‘Da calma e do silêncio’, de Conceição Evaristo

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Obra de Nádia Taquary (Foto: Levi Fanan/Fundação Bienal)

O Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, abriu no último sábado (6) para a 36ª Bienal de São Paulo, que terá duração inédita de quatro meses, até 11 de janeiro de 2026, com entrada gratuita. A edição “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, inspirada no poema “Da calma e do silêncio” de Conceição Evaristo, tem curadoria de camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung e reúne 120 artistas de diferentes partes do mundo, com debates, performances e encontros que exploram a humanidade, a memória e a relação do ser humano com a terra.

O projeto arquitetônico e expositivo é assinado por Gisele de Paula e Tiago Guimarães, que organizaram a Bienal em seis capítulos temáticos. Inspirados pela fluidez dos rios e pela imagem do estuário presente na proposta curatorial, os arquitetos criaram margens sinuosas que transformam a visita em um percurso sensorial, incentivando a pausa, a escuta e o encontro.

A exposição propõe refletir sobre o encontro de diferentes mundos, a errância como método e a humanidade como verbo, inspirando-se nos versos de Conceição Evaristo: “Nem todo viandante / anda estradas, / há mundos submersos, / que só o silêncio / da poesia penetra.”

Entre as iniciativas inovadoras da Bienal está o projeto “Aparições”, desenvolvido em parceria com a plataforma WAVA, que utiliza realidade aumentada para exibir digitalmente obras brasileiras em pontos específicos ao redor do mundo. O público pode interagir com as criações por meio do aplicativo da iniciativa.

O programa “Invocações” trouxe encontros de poesia, música, performances e debates em Marrakech (Marrocos), Guadalupe (México), Zanzibar (Tanzânia) e Tóquio (Japão) antes de chegar a São Paulo. Além do Pavilhão, cinco artistas participam do programa “Afluentes”, ocupando a Casa do Povo, que inclui mostras de filmes com curadoria de Benjamin Seroussi e Daniel Blanga Gubbay.

Os artistas desta edição exploram linguagens diversas, incluindo vídeo, performance, pintura, som, escultura, escrita e experimentações coletivas, desafiando o público a refletir sobre a humanidade em suas múltiplas formas e caminhos. Obras que se transformam ao longo da exposição e materiais reaproveitados reforçam a ideia de temporalidade, memória e ciclos da vida.

Vindos de diferentes partes do mundo, os artistas desta edição exploram diferentes linguagens de arte, oferecendo ao público experiências sensoriais e reflexivas. A programação completa podem ser conferidos no site oficial da Bienal. Clique aqui!

Você sabia que Paulo Freire se inspirou em Amílcar Cabral, um revolucionário africano?

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Foto: Reprodução

“Em Cabral eu aprendi uma porção de coisas, digo em Cabral significando também com Cabral, que aprendi um bando de coisas, eu confirmei outras coisas de que eu suspeitava, mas eu aprendi, por exemplo, uma coisa que é a necessidade que têm o educador progressista e o educador revolucionário?” – Paulo Freire                                                                           

Não se sinta solitário caso desconheça esse fato. Estamos no Brasil! Um país que sempre escondeu e distorceu a nossa história. O continente africano, berço da civilização, é o nascedouro de grandes heróis que enfrentaram as potências colonialistas, além de grandes cientistas e intelectuais. Absurdamente, essas informações não chegam à população brasileira por conta do racismo presente nas instituições escolares. E olha que somos mais da metade da população cuja ancestralidade está ligada àquele continente.

A educação brasileira preocupa-se em ensinar sobre os personagens brancos, criminosos e controversos da história, mesmo existindo leis que determinam a abordagem histórica da cultura africana e afro-brasileira. O Brasil adora exaltar estátuas, viadutos, ruas e avenidas, entre outros espaços públicos, com nome de pessoas ligadas à ditadura. Isso nos oferece uma pista sobre qual o viés ideológico reinante nas classes dominantes, responsáveis pelas abjetas homenagens.

Amílcar Cabral era um homem brilhante. Nasceu em solo guineense no dia 12 de setembro de 1924. Ele foi um revolucionário e arquiteto da independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde. Poeta, engenheiro-agrônomo e pan-africanista, participou da fundação do Partido Africano Para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde — PAIGC, em 1956. Esses países eram colônias de Portugal, que na época estava sob o regime sangrento de António de Oliveira Salazar. A destruição daquele fio que os amarrava ao colonialismo precisava ser desatada não somente legalmente. Cabral incluía nesse processo a abolição consciente dos valores incutidos no interior de cada africano. Arrancar todos os germes da submissão colocados em solo africano.

Para Cabral, não adiantaria a libertação objetiva sem que a subjetiva fizesse parte. Ele conceituou a “reafricanização dos espíritos” como o instrumento para esse processo, ou seja, o resgate da cultura africana por meio de atividades artísticas. Ademais, acreditava na educação como método inegociável para lograr sucesso, pois a mesma teve papel fulcral para ampliar valores estranhos aos africanos. “Toda a educação portuguesa deprecia a cultura e a civilização do africano. As línguas africanas estão proibidas nas escolas. O homem branco é sempre apresentado como um ser superior e o africano como um ser inferior. Os conquistadores coloniais são descritos como santos e heróis. As crianças adquirem um complexo de inferioridade ao entrarem na escola primária. Aprendem a temer o homem branco e a ter vergonha de serem africanos (…)”

Muitos estudiosos chamam Amílcar Cabral de “Pedagogo da Revolução” devido às formulações de postulados e construção de conhecimento com os guerrilheiros do PAIGC. A sua estatura na educação conquistou até o educador Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira, e confesso admirador do revolucionário africano. Amílcar Cabral foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, antes de ver o sonho da independência concretizado. Mas os caminhos construídos foram aproveitados. Em setembro desse mesmo ano a Guiné-Bissau proclamou a independência. Dois anos depois, Cabo Verde também se tornou independente.

Cabral continua a inspirar diretamente através da sua própria história, e indiretamente nas obras de Paulo Freire, um dos educadores mais lidos do mundo. Portanto, a pedagogia freiriana tem uma parte do nosso herói negro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABRAL, Amílcar . Guiné-Bissau – nação africana forjada na luta. Lisboa. Nova Aurora, 1974.

CABRAL, Amílcar. Unidade e Luta I. A Arma da Teoria. Textos coordenados por Mário Pinto de Andrade, Lisboa: Seara Nova, 1978.

FREIRE, P. Sobre Africanidade: Amílcar Cabral, pedagogo da revolução. In: FREIRE, P; ARAÚJO, A. M. (org.). Pedagogia da tolerância. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2016. p. 115-155.

ROMÃO, José Eustáquio; GADOTTI, Moacir. Paulo Freire e Amílcar Cabral: a descolonização das mentes. São Paulo: Editora e livraria Instituto Paulo Freire, 2012.

Oito universidades historicamente negras (HBCUs) têm aulas suspensas após ameaças

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Foto: reprodução

Pelo menos oito universidades historicamente negras (HBCUs) nos Estados Unidos têm aulas suspensas e acionaram protocolos de abrigo no local nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2025, após receberem ameaças potenciais. As instituições afetadas incluem Alabama State University, Virginia State University, Hampton University, Southern University, Bethune-Cookman University, Clark Atlanta University, Spelman College e Morehouse College, sendo algumas delas referenciais históricos da educação negra nos EUA.

As medidas foram tomadas como precaução, em um momento de alerta crescente nos campi, pouco depois do tiroteio fatal envolvendo Charlie Kirk, comentarista político e ativista da extrema direita, embora não haja confirmação de relação direta com as ameaças. A prioridade das instituições é garantir a segurança de estudantes, professores e funcionários.

As HBCUs têm um papel central na história da educação negra nos Estados Unidos. Fundadas majoritariamente após a Guerra Civil, essas instituições surgiram para garantir acesso à educação de qualidade a estudantes negros em um período marcado pela segregação racial. Entre elas, a Howard University, em Washington, D.C., se destaca como símbolo da educação negra e já formou líderes, artistas e ativistas de relevância internacional.

O episódio evidencia que, mesmo em pleno século XXI, as comunidades negras e acadêmicas seguem enfrentando ameaças à sua segurança, reforçando a importância de proteger o patrimônio e as pessoas que fazem dessas instituições espaços de aprendizado, resistência e representatividade.

A sutileza sofisticada que nos exclui, mesmo quando chegamos “lá”.

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Foto: reprodução

Ana K Melo

Na última semana, um trecho da coletiva de imprensa do filme Depois da Caçada viralizou nas redes. O elenco contava com a brilhante Ayo Edebiri, ao lado de Julia Roberts e Andrew Garfield. A cena que circulou mostra a jornalista italiana Federica Polidoro perguntando: “Agora que a era do #MeToo e do Black Lives Matter acabaram, o que devemos esperar de Hollywood e o que perdemos, se é que perdemos algo, com a era do politicamente correto?”

A questão, carregada de viés problemático, foi direcionada apenas a Julia e Andrew, ignorando Ayo — justamente a pessoa cuja contribuição seria central nesse debate. O constrangimento foi imediato. Edebiri, firme, interveio: reafirmou que os movimentos não acabaram e que vão além de hashtags. Mais do que responder, ela expôs a exclusão que se desenhava: “eu estou aqui, isso é sobre mim, então eu começo”.

Assisti ao vídeo algumas vezes, atenta à força de Ayo ao derrubar o muro de invisibilização que se erguia à sua frente. Embora a pergunta tivesse sido cuidadosamente direcionada aos colegas brancos, ela não permitiu que a situação se consolidasse como apagamento. Sua postura foi um recado direto: presença é resistência.

Esse episódio me trouxe lembranças. No mercado financeiro, eu liderava um projeto robusto, já aprovado pela diretoria. A etapa seguinte seria apresentar o plano de ação a um grupo de gerentes médios. Tudo pronto, estruturado, incontestável. Ainda assim, pedi a um diretor — homem branco e meu mentor — que entrasse na reunião por quinze minutos, apenas como observador. Ele riu da minha insistência, disse que não era necessário, já que o trabalho estava impecável e chancelado. Mas aceitei correr o risco do incômodo: pedi que testasse.

Ele entrou com a reunião em andamento. Eu já havia apresentado boa parte do plano e percebia os olhares enviesados, as tentativas de questionamento por detalhes irrelevantes, o peso da dúvida que não se sustentava no conteúdo, mas no corpo que o apresentava. Com poucos minutos na sala, recebi dele uma mensagem curta: “Entendi o que você queria dizer”. Logo depois, abriu o microfone e, em tom firme, disse: “Começamos na segunda-feira e o orçamento necessário sai da área de vocês. Pode seguir, Ana K.”

Ali, naquele instante, o silêncio foi de outro tipo. O mesmo projeto que até então era contestado passou a ser incontestável porque um homem branco, em posição hierárquica superior, o endossou em voz alta. Embora eu estivesse conduzindo a reunião, só fui verdadeiramente legitimada quando ele verbalizou o óbvio.

Não caia na armadilha de pensar em como ele foi “incrível”. Assim como não cabe aplaudir Julia e Andrew no episódio com Ayo. O que precisa ser discutido é a violência de ter que desenhar estratégias, pedir reforços e criar atalhos para ser ouvida — mesmo quando o trabalho é sólido e as vivências são legítimas. É sobre o desgaste de precisar provar o tempo todo que pertencemos à sala, ao debate, ao lugar.

Já vivi situações em que consegui sustentar minha posição sem intervenção de superiores. Mas cada vitória vinha acompanhada de um cansaço brutal, da dúvida corrosiva: será que fui lida como reativa? Será que passei do ponto? Será que o público não gostou da firmeza da minha postura? Ayo não deveria carregar essas perguntas depois de uma resposta tão necessária. Eu espero que ela não tenha se feito essas mesmas cobranças.

Após a repercussão, Polidoro se defendeu dizendo ter uma família multiétnica, feminista e marcada pela imigração, além de entrevistas realizadas com pessoas de diferentes origens. Nas palavras dela: “Na minha visão, os verdadeiros racistas são aqueles que enxergam racismo em tudo e buscam silenciar o jornalismo.” O discurso soa familiar: “não sou racista, tenho amigos ou parentes negros”. Para a jornalista, não haveria protocolo que determine a quem direcionar perguntas, portanto, não haveria racismo.

Mas para nós não é tão simples assim. Não é “só uma pergunta”. É mais uma ferida que se abre na sutileza. É exaustivo explicar porque, depois de correr três vezes mais para chegar ao mesmo lugar e provar dez vezes que somos competentes, ainda podemos ser invisibilizadas por um gesto que pretende ser neutro. Essa é a violência racial que se infiltra nas entrelinhas, sofisticada o bastante para ser negada, mas brutal o suficiente para nunca ser esquecida.

Em Belém, Giovanna Nunes aposta no hambúrguer com tucupi preto e cachaça de jambu: “Nossos produtos de uma forma diferente”

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Foto: Divulgação/Crow Burguer

A cidade de Belém (PA) será palco da COP 30, em novembro de 2025, e com ela se abre a oportunidade de o mundo conhecer a potência da culinária amazônica, inclusive em uma hamburgueria. Com atendimento delivery, a chef Giovanna Nunes, proprietária da Crøw Burger, hamburgueria artesanal que une técnica de parrilla e insumos da região, já está pronta para servir o público com um cardápio diferenciado.

Neste ano, Giovanna adicionou o ‘Nobre’, um hambúrguer feito com shiitake no tucupi preto e cebola flambada na cachaça de jambu. “Estamos tentando mostrar pro mundo nossa culinária. A gente quis fugir um pouco do ‘comum’ e apresentei nossos produtos de uma forma diferente”, contou em entrevista ao Mundo Negro e Guia Black Chefs. 

Segundo Giovanna, a cachaça de jambu é um produto bastante exportado para a Alemanha, mas pouco conhecido pela população local. “Isso me fez perceber que precisamos com urgência aprender sobre nossos insumos e nunca devemos perder a humildade, principalmente na cozinha, ela é um local para todos e devemos respeitar”, defende.

Giovanna Nunes (Foto: Divulgação)

Ela diz que o mesmo ocorre com o tucupi preto. “Em Portugal, vi que alguns chefs usavam o tucupi preto, porém aqui acredito que poucos utilizam. A maioria das pessoas não conhece esse insumo e ele é um dos mais exportados. Produto originário com um baixo aproveitamento local”, pontua. 

Ainda assim, a chef acredita que a presença de casas como a Crøw é fundamental para apresentar ao mundo a culinária nortista. “Como cozinheira do Norte do país, acredito que seja muito importante lutarmos pela exploração interna dos nossos insumos, ensinar, aprender e se reinventar”, destaca.

Trajetória inspirada e incentivada pelo avô 

Nascida na capital do Pará, Giovanna se apaixonou pela cozinha ainda criança, aprendendo com o avô o universo do churrasco. Estagiou numa das churrascarias mais famosas da cidade e depois, encontrou no hambúrguer a sua paixão principal.

Foto: Divulgação

“Meu estilo de cozinha é o street food, o que mais ganha meu coração mesmo é o Burger na parrilla. É o que eu mais amo, criar Burgers não é somente pão, carne e queijo. Cada mordida que você dá no Burger é uma composição harmoniosa que você tem”, descreve.

Em 2022, após ser demitida de um restaurante por machismo, decidiu fundar o próprio negócio. O avô foi um incentivador decisivo, mas faleceu antes da inauguração. Hoje, ao lado da sócia e namorada, Luana Sousa, Giovanna mantém a proposta de oferecer burgers feitos na brasa, acessível e de qualidade.

“Passei por alguns países como Estados Unidos, Portugal, Espanha, França e Itália. Com isso tentei trazer pra minha loja as referências de lá, como o fato de você morder nosso burger e ele “derreter” na sua boca, o pão principalmente. Fiz o possível pra ele não ser massudo e que se encaixasse na forma que eu queria entregar meu produto. Focamos em ser uma hamburgueria low cost para que todos possam ter a oportunidade de experimentar”, declarou. 

Desta forma, Giovanna criou uma identidade única ao Crow Burguer. “Todos nós carregamos uma história na cozinha, eu tento juntar os aprendizados herdados dentro casa com os aprendizados adquiridos em restaurantes. Tento sempre buscar e trazer pra mesa pratos com história, com uma harmonização que valorize as minhas raízes com um toque especial”, concluiu. 

Serviço

Crøw Burguer

Local: Almirante Wandenkolk, 565, Belém – PA

Horário: 19h00 às 23h30

Instagram: @crowburgerbr 

PEC da Igualdade Racial: Hélio Lopes não comparece à votação para realização da audiência que ele mesmo solicitou

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Foto: reprodução

A audiência pública que iria debater a Proposta de Emenda à Constituição nº 27/2024, conhecida como PEC da Igualdade Racial, foi retirada de pauta na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial (CDHMIR) da Câmara dos Deputados. A decisão ocorreu em 10 de setembro, porque o próprio autor do requerimento, deputado Hélio Lopes (PL-RJ), não estava presente na reunião deliberativa extraordinária, conforme registro da Câmara dos Deputados.

O requerimento havia sido protocolado em 2 de setembro e previa a realização de audiência pública para discutir os possíveis impactos da PEC, que cria o Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial (FNREPIR). A proposta prevê aportes da União estimados em R$ 20 bilhões ao longo de 20 anos, além de doações voluntárias, destinados a financiar políticas públicas voltadas à população negra, como educação, empreendedorismo e bolsas de estudo, segundo o Ministério da Igualdade Racial.

A ausência de Lopes foi criticada por lideranças e movimentos sociais, já que o parlamentar, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, defendeu a audiência com o argumento de que a PEC poderia provocar um “apagamento” da identidade parda. A justificativa foi contestada por especialistas, que lembram que desde o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010) a categoria “negro” já inclui pretos e pardos, definição também adotada pelo IBGE e utilizada em políticas de cotas raciais.

Mesmo sem a audiência, a PEC segue em tramitação. O texto já foi considerado admissível pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e deverá ser analisado em comissão especial antes de chegar ao plenário. Caso seja aprovado, seguirá para o Senado.

A PEC da Igualdade Racial tem sido alvo de fake news nas redes sociais, onde passou a ser chamada equivocadamente de “PEC dos pardos”. O Ministério da Igualdade Racial esclareceu que o texto não cria novas categorias raciais, mas busca estabelecer um fundo de reparação histórica. Para a Uneafro, trata-se de “reparar o maior crime de lesa-humanidade da história” (Brasil de Fato).

PEC 27/2024: o que está em jogo na proposta de fundo para igualdade racial

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Foto: Getty Imagens

Nos últimos dias, circulou nas redes sociais a ideia de que a Proposta de Emenda à Constituição nº 27/2024, em análise no Congresso Nacional, seria uma “PEC dos pardos” destinada a unificar categorias raciais. A informação é falsa. O texto em discussão não tem relação com redefinição de identidade racial, mas propõe a criação do Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial (FNREPIR).

O que a PEC realmente propõe

Aprovada em sua admissibilidade pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, a PEC prevê que a União aporte recursos estimados em R$ 20 bilhões ao longo de 20 anos, além de permitir doações voluntárias. O fundo será utilizado para financiar políticas públicas de promoção da igualdade racial, como bolsas de estudo, apoio ao empreendedorismo e projetos de desenvolvimento econômico voltados à população negra.

De acordo com o Ministério da Igualdade Racial, a gestão será feita por um conselho misto, formado por representantes do poder público e da sociedade civil, com objetivo de garantir transparência e participação social (gov.br).

Pretos e pardos na lei

Outro ponto que gera desinformação é a interpretação sobre quem a PEC beneficiaria. O Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010) já estabelece que a categoria “negro” abrange pretos e pardos. Essa classificação também é usada pelo IBGE e em políticas afirmativas, como cotas raciais. Portanto, não há novidade na inclusão dessas categorias; a PEC apenas segue a definição legal já consolidada.

Por que importa

O debate em torno da PEC 27/2024 é estratégico para o futuro da reparação racial no Brasil. Organizações do movimento negro destacam que o fundo representa um marco histórico no enfrentamento das desigualdades estruturais deixadas pela escravidão e pelo racismo. Para a Uneafro Brasil, trata-se de “reparar o maior crime de lesa-humanidade da história” (Brasil de Fato).

Enquanto fake news tentam desviar o foco, a discussão central é sobre como o Estado brasileiro pode reparar financeiramente uma população historicamente prejudicada.

Fundador da primeira agência especializada em modelos negras no Brasil pede ajuda após complicações de saúde

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Foto: Reprodução/Instagram

Há quase três anos sem conseguir trabalhar por complicações de saúde, Helder Dias, fundador da HDA Models, a primeira agência especializada em modelos negras no Brasil, tem mobilizado as redes sociais pedindo ajuda para custear suas necessidades básicas. 

“Estou há dois anos e dez meses em tratamento no HC/InCor [Hospital das Clínicas e Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP], usando traqueotomia, não tenho como trabalhar por orientação médica e não estou falando”, escreveu em entrevista ao Mundo Negro, ao apresentar os laudos médicos das unidades de saúde. 

Portador de estenose laringotraqueal (ELT), doença que dificulta a passagem do ar para os pulmões e pode resultar em insuficiência respiratória, Helder mora sozinho em São Paulo, enquanto sua mãe mora sozinha na Barra dos Coqueiros, em Sergipe. “Diante desse momento delicado que me encontro, resolvi através das redes sociais, pedir socorro e ajuda, pois não tenho mais nada de dinheiro e estou passando necessidade”, relatou.

Neste momento, ele está aguardando realizar novos exames e procedimentos para fazer uma cirurgia torácica após passar por uma intubação prolongada depois do infarto sofrido em 2022, que o deixou em coma por mais de 40 dias. 

Foto: Divulgação

Na época, depois de receber alta da UTI, Helder agradeceu a amiga Angela Coelho por tocar uma música no celular, que o fez acordar logo na sequência. “A equipe médica do InCor e Hospital das Clínicas não tinha mais nada para fazer por mim, se eu não acordasse. Foi aí que veio aconteceu o MILAGRE de DEUS!”, descreveu nas redes sociais. 

No ano 2000, Helder Dias fez história ao fundar a HDA Models, a primeira agência especializada em modelos negras no Brasil. Apesar de estar fechada atualmente devido ao tratamento de saúde, no próximo dia 21 de setembro, será celebrado os 25 anos da agência. 

Dados bancários para ajudar:

Nome completo: Helder Dias Araújo 

Chave PIX: dias.was.joelma@gmail.com

Banco: Nubank

“ATENÇÃO: NÃO LIGUE, NÃO ESTOU FALANDO E NÃO TENHO COMO ATENDER. Muito obrigado, pela atenção e ajuda de todos vocês! Helder Dias Araújo”, destacou.

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