Por Nadja Pereira Segundo dados de 2021 do International Game Developers Association, divulgado pelo NPR, há apenas 5% de negros na indústria dos games americana. E ainda por ser uma industria bastante elitista, acredito que podemos comemorar este novo passo: Sarah Bond é a nova presidente da XBOX, o que a torna a primeira mulher (e negra) a estar no comando da companhia em 22 anos de história.
A reorganização da liderança foi anunciada na semana passada e trouxe a Sarah para comandar a divisão de software e hardware da empresa com o desafio de tornar, ainda mais popular, a cultura do console híbrido para trazer uma nova experiência ao cliente. O site IGN destaca ainda a importância dela na aquisição da Activision Blizzard.
“Sarah Bond liderará a equipe como presidente da Xbox, reunindo dispositivos, experiências de jogadores e criadores, engenharia de plataforma, estratégia, planejamento de negócios, dados e análises e desenvolvimento de negócios”, disse o CEO da divisão de games da Microsoft, Phil Spencer em um comunicado oficial.
Possível planejamento ‘vazado’ da Xbox com previsão de console de 99 dólares.
Espero que a atuação da Sarah inspire mais mulheres negras a jogar e fazerem parte do universo como designers, programadoras, dentre outras funções que estamos em minoria. Em contrapartida, as empresas precisam deixar mais claro que também há espaços para nós, nossas mentes criativas e talentos.
Foto: Reprodução Instagram
Enquanto mulher negra, usuária de Xbox e amante do Halo, essa notícia muito feliz. E ah, o primeiro jogo dela na plataforma foi, claro, o Halo, né? 😛
“Estou em paz. A minha alma sorri de felicidade ”. Essa foi a última mensagem de Rodrigo Amendoim, humorista baiano, de apenas 24 anos, que foi encontrado morto em seu apartamento, em Lauro Freitas (BA), na noite de sábado (28/10).
Amendoim, assim como a jogadora de vôlei Walewska Oliveira (43) que faleceu em 21 de setembro, eram pessoas preocupadas com a alegria e bem estar do próximo. A jogadora de vôlei se dedicava a palestras com foco em disciplina e sucesso. Amendoim via suas redes sociais aumentarem ( ele tinha um milhão de seguidores na noite da sua morte) fazia seus reels bem humorados, misturados com mensagens sobre luz e fé.
Recentemente, ao ser entrevistado para um podcast Amendoim recordou a infância, típica dos meninos negro brasileiros que lidam com grandes responsabilidades antes da adolescencia. “Minha irmã me criou, mas eu também trabalhava desde muito jovem, tinha responsabilidades em casa. Com 12 anos, eu saía com uma caixa de geladinho nas costas, com 100 unidades, e tinha que voltar sem nenhuma”, desabafou.
Ainda na infância, ele lida com o abandono. “Fui criado por ela até os 12 ou 13, e eu não era brincadeira. Minha irmã não me aguentou e me deu para meu pai. Fiquei um tempo com ele e ele também não me aguentou e me colocou para fora. Meu próprio pai me colocou para fora de casa”, detalhou.
Quando pessoas famosas tiram a própria vida, isso muitas vezes chama a atenção para a necessidade de conscientização sobre a saúde mental e os desafios que a depressão apresenta. A pressão da fama, expectativas públicas, críticas constantes e outros fatores podem agravar a luta contra a depressão. Quando se é negro outros fatores são somados, como racismo, violência e pobreza.
“Saúde mental não é brincadeira, depressão não é frescura […] Isso acontece todo santo dia”, disse Jojo Todynho em um vídeo publicado neste domingo.
“Não quero abreviar o suicídio do jovem mas alertar da necessidade ética da gente cuidar um dos outros, para além das aparências alegres e com milhões de seguidores. Quem está estourado? A estrutura psíquica do negro. Sejamos mais afetuosos com pessoas negras. Porque você não está na cabeça e no coração do outro”, disse a pesquisadora e escritora Carla Kotirene, em sua rede social.
“Homens, em geral, não falam sobre sua vida e problemas pessoais e são criados para serem “provedores”, terem sucesso sempre e caso não sejam de um padrão X, raramente são elogiados ou se permitem mostrar-se vulneráveis”, refletiu o empresário baiano Paulo Rogério Nunes.
A morte é a consequência mais extrema da depressão, um problema cada vez mais discutido, mas pouco racializado. Não é apenas uma questão de âmbito particular, das famílias afetadas, mas uma questão social e urgente. Terapia e medicação salvam vidas e no caso de quem sofre, pedir ajuda é fundamental. Quem não tem a quem recorrer pode usar os serviços do Centro de Valorização da Vida.
O CVV https://cvv.org.br/ funciona por de chat, e-mail e também por ligações telefônicas, por meio do número 188. O sigilo é respeitado. Por ser um serviço do SUS, todas as ligações são gratuitas, seja pelo telefone fixo ou celular.
O Halloween é um feriado tradicionalmente celebrado em várias partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido e na Irlanda. Ele ocorre na noite de 31 de outubro e é também conhecido como Dia das Bruxas. Pensando nessa data, que todos os anos ganha força na internet, elaboramos uma seleção de longas-metragens assustadores protagonizados por artistas negros.
1 O QUE FICOU PARA TRÁS
Onde ver: Netflix
Sinopse: Um casal foge à guerra civil no Sudão do Sul e encontra abrigo na periferia de Londres. Durante a travessia de barco, eles perdem a filha pequena em alto mar. Dentro da grande casa vazia onde são colocados, eles começam a suspeitar de que trouxeram consigo um apeth, entidade sobrenatural que deseja acertar contas com os dois sobre atitudes do passado.
2 NÓS
Onde ver: Prime Video (aluguel)
Sinopse: Adelaide e Gabe levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.
3 A LENDA DE CANDYMAN
Onde ver: Globoplay
Sinopse: Um jovem artista cria uma exposição sobre Candyman, uma criatura maligna que, segundo as lendas, pode ser invocada diante de um espelho. Aos poucos, o fascínio do rapaz pelo monstro o joga em uma trama de mistérios, sangue e morte.
4 NÃO! NÃO OLHE!
Onde ver: Globoplay
Na zona rural da Califórnia, os irmãos OJ e Emerald administram uma grande fazenda de treinamento de cavalos. Mas tudo muda quando seu pai Otis morre de forma misteriosa sob uma nuvem sinistra. A partir desse momento, moradores de toda a vizinhança passam a testemunhar um mal terrível se aproximando pelo céu e deixando um rastro de morte e destruição.
5 MA
Onde ver: Prime Video (Aluguel)
Sinopse: Uma mulher solteira de meia-idade faz amizade com alguns adolescentes e decide deixá-los festejar em sua casa. Mas começam a acontecer coisas que fazem os garotos questionar a intenção da anfitriã.
6 ANTEBELLUM: A ESCOLHIDA
Onde ver: Globoplay
Sinopse: Verónica é uma jovem escritora de origem afro-americana. Um dia descobre estar aprisionada entre duas realidades distintas: a do presente, onde possui os mesmos deveres e direitos de qualquer outro cidadão do seu país; e a do passado, onde tem de vivenciar uma injusta realidade.
Vem aí a 2ª edição do SPerifas, projeto dedicado à promoção e celebração da cultura e do empreendedorismo periférico de São Paulo. A programação inicia hoje, 29 de outubro, no Distrito de Perus, durante o evento Fela Day na Quebrada, a partir das 14h, no Quilombaque.
A realização da PretaHub, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o Instituto ISYN e o Ticket, a programação será até 03 de dezembro, com uma programação repleta de atrações, como apresentações musicais, exposições de arte, rodas de conversa e feira de produtos e serviços com empreendedores locais, a Feira Preta Pocket. O SPerifas será realizado em outros quatro distritos da capital paulista: Itaim Paulista, Vila Maria, Parelheiros e Bela Vista.
Segundo Adriana Barbosa, idealizadora do projeto, fundadora da Feira Preta e Diretora Executiva da PretaHub, o SPerifas foi uma maneira de levar a essência e a história doFestival Feira Pretapara as periferias. O Festival será realizado em maio de 2024. Ela reforça que levar essa programação para bairros periféricos faz com que estes sejam vistos além da ótica da escassez. “Essa segunda edição é mais uma amostra da potência do nosso trabalho em prol dos afroempreendedores. O intuito do evento é possibilitar uma experiência enriquecedora, sobretudo no que diz respeito à cultura e à economia criativa”, afirma.
O Instituto SYN é braço social da SYN Prop & Tech e para sua Analista de Responsabilidade Social, Grasiela Caldeira, criar essa conexão entre a cultura e o empreendedorismo é um dos pilares da organização. “Isso garante que o nosso propósito se cumpra, contribuindo para uma sociedade melhor”, afirma.
A iniciativa é resultado de um processo formativo iniciado em março deste ano, com incentivo do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (PROMAC), que selecionou cem empreendedores dessas regiões para a jornada de formação empreendedora da PretaHub, o Afrolab, onde tiveram acesso à cursos e mentorias em vendas, marketing digital, educação financeira, comunicação, e muito mais.
Confira a programação:
29 de outubro – SPerifas Perus (Durante o evento Fela Day na Quebrada) à partir das 14h.
Local: Quilombaque – Rua Antônio Bartolomeu, 3 – Vila Perus, São Paulo/SP
05 de novembro – SPerifas Vila Maria
Local: Galpão ZN – Rua Severa, 212 – Vila Maria Baixa, São Paulo/SP
12 de novembro – SPerifas Itaim Paulista
Local: Casa de Cultura Itaim Paulista – Rua Monte Camberela, 490 – Vila Silva Teles, São Paulo/P
26 de novembro – SPerifas Parelheiros
Local: CEU Parelheiros – Rua José Pedro de Borba, 20 – Jardim Novo Parelheiros, São Paulo/SP
O Brasil está recebendo a visita do Rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, que veio de Angola com a missão de estreitar os laços culturais entre os dois países. O soberano pertence ao maior grupo étnico do país africano, os Ovimbundos, formado por quase 13 milhões de pessoas, também conhecido como Reino do Bailundo.
Para o Mundo Negro, o historiador Carlos Machado (Gyasi Kweisi Mpfume), falou sobre a origem do reino angolano, de onde foram trazidos muitos dos nossos ancestrais: “O Reino do Bailundo também conhecido como Bailundu, Mbailundu ou Mbalundu é um reino ovimbundu angolano baseado na atual província do Huambo, no planalto central de Angola, um país da África Central. Foi um dos maiores e mais poderosos reinos Ovimbundu (uma das etnias que compõem Angola). Historiadores afirmam que o reino foi fundado no século 15, no entanto, histórias orais e evidências de arquivo sugerem que ele surgiu como uma entidade política por volta de 1700. O reino foi inicialmente chamado de Halavala. Sua origem está ligada ao Reino do Congo, assim como outros reinos que surgiram, a partir desse, no século 14”, contou ele.
Na Angola existem cinco reinos independentes, porém, os reis não têm poder de Chefe de Estado, mas mantêm influência em assuntos específicos de seus povos: “O reino passou por várias fases na sua história, tanto como reino independente como estado vassalo do império português. Hoje, é uma monarquia não soberana dentro da República de Angola, e os seus governantes são considerados líderes comunitários e detêm influência significativa sobre assuntos locais”, disse Machado ao explicar como os reinados funcionam atualmente.
“O atual território do reino contém o município de Bailundo, bem como algumas áreas de municípios vizinhos como Mungo, Lounduimbale e Tchicalala. O papel oficialmente reconhecido da monarquia nestas áreas extensas é ambíguo e complexo; por exemplo, o Rei Ekuikui IV, para certas questões, lidou com quatro administrações municipais diferentes e quatro administradores municipais diferentes. No município do Bailundo, o rei é parte integrante da câmara municipal local. Os reis têm a tarefa de emitir sentenças num sistema judicial tradicional, muitas vezes relacionadas com questões como disputas de terras, abuso sexual, roubo e bruxaria”.
Quem são os Ovimbundu
A língua oficial falada pelos Ovimbundu é o Umbundu. Segundo Carlos Machado: “Os Ovimbundu, também conhecidos como Mbundu do Sul, são um grupo étnico Bantu que vive no Planalto do Bié, no centro de Angola e na faixa costeira a oeste destas terras altas. Sendo o maior grupo étnico de Angola, representam 38% da população do país. A esmagadora maioria dos Ovimbundu seguem o cristianismo, principalmente a Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA), fundada por missionários estadunidenses e a Igreja Católica. No entanto, alguns ainda mantêm crenças e práticas das religiões tradicionais africanas.
Os Ovimbundu são um dos povos da África Central que ajudaram a construir os quilombos no Brasil, locais de liberdade na colônia portuguesa e posteriormente no Brasil independente escravista”.
Quase três anos de reinado
Rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI assumiu o papel de rei em 2021, em um sistema de sucessão que, de acordo com Carlos Machado, passou por alterações ao longo do tempo. “A legitimidade deriva de ter “sangue azul” ou descendência de reis anteriores. Em alguns casos, a sucessão era hereditária, com a coroa passando para o filho do rei. Chingui II, por exemplo, era filho de Chingui I. Em outros casos, a sucessão foi passada para os netos de um rei anterior, sendo Ekuikui V neto de Ekuikui IV, por exemplo. Em 2021, Tchongolola Tchongonga foi eleito rei por um conselho de anciãos e governantes dentro do reino. Tchongolola Tchongonga também é neto de Ekuikui IV.”, explicou.
“Ao longo da década de 1900, a sucessão no reino esteve sujeita à interferência de estranhos, como autoridades portuguesas e depois funcionários do governo angolano. Em 1982, por exemplo, Benjamin Pesela Tchongolola foi nomeado rei pelo comissário local, apesar de não ter linhagem real. Durante o período da Guerra Civil Angolana (1975-2002), o grupo rebelde UNITA também interferiu na escolha do governante do reino”, lembrou o historiador.
“Desde antes da nossa primeira reunião, ocorrida em Brasília no mês de julho com representantes da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, Ministério da Igualdade Racial, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura, Ministério dos Direitos Humanos, e representantes da articulação, onde apresentamos um pacote de propostas de políticas públicas para a área de comunicação que visam promover a diversidade, equidade e inclusão, temos feito inúmeras solicitações para um encontro com o presidente Lula e o secretário de comunicação, Paulo Pimenta. Entre essas 59 propostas elaboradas por comunicadores, pesquisadores, veículos, coletivos, entidades e empresas lideradas por jornalistas negros de todo o Brasil, destacam-se a revisão das regras de verbas publicitárias e das concessões de TV, entre outras medidas essenciais”, inicia a declaração.
“No entanto, com grande decepção, constatamos que uma reunião foi organizada pelo Governo Federal próximo ao mês de novembro, na qual mais uma vez os jornalistas dos grupos subrepresentados não foram convidados. Embora saibamos que é importante destacar o papel do mercado jornalístico no reforço a desigualdade no campo da comunicação, já que as principais redações do país são compostas por 84% de pessoas brancas (UERJ/gemaa), o Governo Lula também possui responsabilidade em suas decisões em relação à necessidade de abordagem do tema para melhorar a qualidade da informação e conter o avanço do discurso de ódio”, critica. “Essa falta de representatividade é inaceitável e constitui um retrocesso prejudicial para toda a sociedade brasileira”, completa.
A articulação também afirma que houve uma reunião com a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em abril. “Jornalistas já haviam sinalizado a necessidade do Governo inseri-los em seus cadastros para a cobertura de pautas e participação em eventos. Tal solicitação também foi repassada para a Secretaria de Comunicação (SECOM)”. Além disso, “havia também uma demanda para um seminário em que os comunicadores negros seriam recebidos pelo governo em comemoração ao mês de novembro, o que também não foi consolidado”, revela a nota.
O movimento ressalta a importância de haver inclusão, diversidade e igualdade na comunicação, mas lamenta que “essa realidade não está sendo levada em consideração pelo governo federal brasileiro”. “Reforçamos o compromisso da Articulação pela Mídia Negra em continuar lutando pela representatividade e inclusão nos espaços de comunicação, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e que a diversidade seja valorizada através da atuação direta na formulação e reformulação de politicas públicas de comunicação. Nós acreditamos que uma mídia verdadeiramente plural e inclusiva seja essencial para uma democracia saudável e progressista”, enfatiza.
Neste momento, em especial com a proximidade do Novembro Negro, a Articulação convoca o governo do Presidente Lula “a rever suas práticas e a garantir que futuras reuniões com jornalistas e comunicadores incorporem a diversidade necessária para refletir a sociedade brasileira em sua plenitude”. E conclui: “Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossas demandas sejam atendidas, pois somente através da inclusão e valorização dos comunicadores negros e de outros grupos subrepresentados poderemos construir uma sociedade mais igualitária e justa”.
Que criamos uma categoria de celebridades corporativas já não é novidade para ninguém. Todos temos os nossos ídolos corporativos, com as suas histórias de superação e contribuições positivas ou não na mentalidade de como os tomadores de decisão nas empresas moldam os seus vieses, além da produção das toneladas de frase de efeito que se propagam nos diversos ‘ppts’ de grandes eventos executivos no país.
A partir de 2020, as celebridades corporativas ganharam novos pares: as celebridades do mundo das artes chegaram nos CNPJs, ocupando principalmente posições estratégicas e em conselhos. Ponto importante: não irei tratar deste tema nesta coluna, visto que o assunto já gerou reações o suficiente em redes sociais (likes, cancelamentos e o pacote do quem-me- conhece-sabe). O que quero apresentar para vocês é um outro ponto de vista: já que os V.I.P.S já estão entre nós do corporativo e com sorte até encontramos alguns nos corredores, porque não entender a jornada deles com outro olhar e analisar o que as celebridades das artes podem colaborar com a nossa carreira?
Esta reflexão nasceu, há alguns anos, quando no meio de uma reunião estratégica um dos participantes soltou a seguinte frase: O que o Bono faria nesta situação? A minha reação inicial foi o sorriso e pensei: de onde ele tirou o Bono no meio da reunião? Os demais participantes se entreolharam e repetiram: é mesmo, o que ele faria? Fui pesquisar e descobri que o cara é um dos executivos mais inspiradores para negócios de propósito pelo mundo.
A partir daí, continuei minhas pesquisas, mas com olhar para as celebs negras, e achei o óbvio: Bey, Jay.z, Diddy, Dr.Dre, Rihanna, Oprah…Mas um desses nomes me chamou a atenção: o sr. Calvin Cordozar Broadus, Jr. Sim ele, também conhecido como Snoop Dogg ou Snoop Doggy Dogg ou Snoop Lion ou se você preferir Snoopzilla. O cara é multidisciplinaridade até no nome! Eu já curtia o som do cara, mas este outro olhar corporativo dele, me deu alguns pontos de vista que gostaria de compartilhar com vocês:
● Marketing pessoal: ele é excelente neste ponto e leva a regra quem não é visto não é lembrado mega a sério. O marketing pessoal dele é segmentado por público-alvo, que vai desde comerciais de TV para marcas de refrigerantes até comerciais de isqueiro (que cá entre nós, ele e a Martha Stewart estão demais nesta campanha), até a presença nas mais diversas redes sociais. Ele explora o seu principal “hobby” muitas vezes de uma forma leve e cômica. #OQueAprendicomSnoop:segmente o seu público alvo para transmitir a sua mensagem de forma assertiva para a sua construção de marca pessoal, como por exemplo, líderes com mix de gerações em suas equipes podem ser mais assertivos entendendo para quem e como esta mensagem será transmitida.
● Carreira multifacetada: ele fez filmes, fez séries, desenhos animados, continua cantando e tem até um livro de culinária publicado. O cara surgiu pelo Gangsta rap, mas navega pelo jazz, blues, reggae e já até gravou o Frank Sinatra. Ele lançou um linha de cafés premium, Leaves By Snoop que é uma linha de produtos de cannabis e um canal de mídia digital, que se concentra em notícias sobre a cannabis, são exemplos do seu viés empreendedor (podemos sugestionar aqui que ele conhece bem o mercado que ele empreende). Segundo o portal de notícias UOL, em 2022, época que participou de um dos melhores shows que o Super Bowl já teve, a sua fortuna era estimada em US$ 150 milhões*. #OQueAprendicomSnoop:toda carreira tem que ter o seu plano B e dá para construir o seu plano B enquanto executa o seu plano A. Visão holística do mercado é importante e para impulsioná-la, vale a pena pesquisar, entender e, se viável para o seu momento de vida, experimentar outros segmentos, outros setores e áreas. O famoso recalculando a rota, mas de forma segura e direcionada. O risco é mitigado quando não se faz por impulso, mas por intencionalidade e com planejamento claro sobre o que você está buscando para o seu futuro.
● Orgulho de ser quem ele é: ele não esquece suas origens e o orgulho de ostentar a potencialidade da beleza negra nos lugares que ele passa, um estilo único. O cara é família e o seu reality mostrou isso. Sua autoestima é inquestionável (ninguém jamais vai esquecer o discurso dele agradecendo a ele mesmo quando ganhou a estrela na Calçada da Fama). Uma das suas frases mais potentes: “Você tem sempre que voltar atrás no tempo se quiser seguir em frente”. #OQueAprendicomSnoop: lembre-se sempre quem você é, de onde você veio, para onde você foi e o que está na base desta sua construção contribuindo para sua atual carreira ou para seus sonhos futuros. Lembre-se da importância de quem você ama em sua jornada, sejam eles sua família, amigos ou aliados, mas não se esqueça nunca de se orgulhar do que VOCÊ construiu até agora.
Importante ressaltar que não estou romantizando a história e mascarando os “erros” e desvios legais do Snoop. Ele teve a sua construção moldada pelo ecossistema e vivências de um homem negro nascido nos EUA em 1971. O juízo de valor aqui não pode ser pessoal e até isso aprendi com Snoop: aceitar que seus erros e suas vulnerabilidades são parte da sua construção.
De quentinhas vendidas de forma autônoma para seu próprio restaurante no Barra Shopping. Essa é a trajetória da Dona Ednair Paixão que há 25 vem empreendendo no ramo da gastronomia e hoje é dona do Kush, restaurante de comida afro-brasileira.
A “Tia das Quentinhas”, como ficou conhecida na Barra da Tijuca, começou a vender suas quentinhas por influência da sua tia, que repassou todo seu conhecimento gastronômico para ela, e também como forma de sobrevivência dela, do seu marido e dos seus três filhos.
Desde sempre, Ednair tem como pilar a culinária afetiva e ancestral. Ela sempre se preocupou com o que sua comida transmitisse e também o cuidado com o corpo.
Aberto desde 2022, no cardápio do Kush há várias opções, como moqueca, frango com quiabo, parmegiana, além de contar com opções para crianças.
“Foi criado durante muito tempo o estereótipo de que o Mussum morreu de cirrose. É mentira!”, diz o ator Ailton Graça, que dá vida ao grande humorista durante a vida adulta, em ‘Mussum, o Filmis’, durante entrevista ao Mundo Negro. O longa estreia no dia 2 de novembro.
“Além do coração enorme, sobre a generosidade dele, ele morreu de coração, a partir da cirurgia que ele fez”, explica. Segundo o ator, o estereótipo ocorre devido ao apagamento da história das pessoas pretas no Brasil. “Nós tivemos o cuidado de limar um pouquinho todos esses estereótipos dentro do filme, porque é o nosso filme, é a nossa homenagem”, conta.
E completa: “A branquitude invisibiliza as nossas histórias. Então, dentro da estrutura do filme, a gente queria que o nosso povo tivesse uma outra referência mais afetiva e de um outro ponto de vista da construção desse homem preto que venceu na vida através da mãe solo que ele teve”.
Além disso, Ailton revela o cuidado com o roteiro, escrito por Paulo Cursino, para a homenagem no cinema. “[A sociedade] não trata com clareza a construção social do nosso país, os nossos problemas de depressão, os problemas sofridos que a gente herda desta estrutura racista e de um país que tem essa herança maldita de ter escravizado nosso povo. Então, ninguém pensa psicologicamente como é que isso se dá, como é que isso acontece”.
Cinnara Leal e Ailton Graça em entrevista para o Mundo Negro (Foto: Divulgação)
Já a atriz Cinnara Leal, que interpreta Neila, esposa de Mussum, conta para o Mundo Negro como também mudou o seu olhar sobre o humorista após o filme, trazendo inclusive suas experiências pessoais.
“Eu trabalhava desde cedo. Com 13, 14 anos eu já dava aula para pagar os meus estudos. Mas domingo, a gente estava ali pra ver ‘Os Trapalhões’, então não chegava pra mim com esse olhar [do filme]”, diz a atriz.
Para Cinara, quando as pessoas pretas podem contar a sua própria história, valoriza o artista sem os estereótipos racistas. “Protagonista da sua própria história. É a chance de gerações conhecerem o Antônio Carlos, a história de resistência e de mulheres potentes que tinham na vida dele, e o quanto a arte se tornou um chamado para ele. A partir dessas relações que ele tinha na vida, ele não desistiu e conseguiu seguir esse chamado”, diz.
“Isso é muito difícil até hoje, você conseguir realizar os seus sonhos. Eu, como mulher preta do conjunto habitacional do Rio de Janeiro, tive essa mãe solo que apoiou e me incentivou a estudar para eu poder seguir os meus sonhos, assim como a mãe do Mussum”, conta. “Me chama para minha própria história. Contar a nossa história, ressignifica o nosso passado, para construir um futuro diferente”.
Durante quatro dias, à convite da ONG ARTIGO 19, Raimundo acompanhou e palestrou na Conferência Internacional IGF2023 (Fórum do Governança da Internet) em Kyoto, ao lado da jornalista brasileira Gizele Martins, do Complexo da Maré (RJ). “Abordamos como a falta de acesso à internet nas comunidades de uma forma geral se configura em racismo digital e se traduz em um grave problema social”, disse o comunicador quilombola, em entrevista ao Mundo Negro.
Raimundo também relatou como foi a experiência de conhecer o Japão pela primeira vez. “Acostumado com a comida tradicional quilombola, passar dias provando a culinária japonesa foi um choque de realidade”, entretanto, ele também descreve como uma “experiência maravilhosa”.
Conferência Internacional IGF2023 em Kyoto, Japão (Foto: Arquivo pessoal)
Leia a entrevista completa abaixo:
Recentemente você participou da Conferência Internacional IGF2023 em Kyoto, no Japão. Quais pautas relacionadas às comunidades negras no Brasil vocês abordaram no evento?
As pautas abordadas na conferência foram várias. Muitas secções acontecendo ao mesmo tempo, durante os quatros dias de evento. Eu juntamente com a Gizele Martins, da ilha da Maré (RJ), abordamos pautas da nossa realidade, eu enquanto quilombola e ela quanto favelada, levamos pontos da nossas realidades de comunidades que conversam entre si.
Como o evento era sobre internet, abordamos como a falta de acesso à internet nas comunidades de uma forma geral se configura em RACISMO DIGITAL, e de como nesse mundo moderno e digitalizado, não ter acesso à internet de qualidade se traduz em um grave problema social, que vai desde a falta de acesso à comunicação e a falta de oportunidades na educação, por exemplo.
Gizele Martins e Raimundo José (Foto: Reprodução/Instagram)
Sem uma conexão adequada, as comunidades tanto da zona rural, quanto da cidade, ficam distantes dos grandes e necessários debates. A notícia chega tarde, as comunidades ficam vulneráveis a muitas situações. Entre elas, ficam sem conseguir fazer denúncias em tempo rápido contra as mais diversas violações de direitos que sofrem. Levamos também a pauta das nossas realidades de como foi enfrentar uma pandemia com acesso limitado ao sinal de internet e em outros casos, sem acesso à internet e de como as comunidades sofrem na realidade sem esse acesso que deveria ser democrático.
Falamos também de como a comunicação popular quilombola, indígena, favelada e periférica, precisam de uma internet democratizada e de qualidade para contribuir na luta por direitos respeitados na atualidade moderna.
Raimundo José (Foto: Arquivo pessoal)
Durante os oito dias de viagem, você conseguiu se adaptar bem com a comida regional? Teve um alimento que você gostou mais e outro que gostou menos?
Não consegui me adaptar bem ao fuso horário no início, mas depois de 3 dias melhorou. Quanto à comida, pra mim foi um desafio a parte. Acostumado com a comida tradicional quilombola, passar dias provando a culinária japonesa foi um choque de realidade. O sushi eu não gostei não, agora um arroz frito com caranguejo e o yakissoba, gostei muito. Um desafio também foi comer com hashi. Foi uma experiência maravilhosa pra minha vida.
Culinária japonesa (Foto: Arquivo pessoal)
Quanto ao clima, você achou muito diferente do Maranhão, onde mora?
Fui em uma época em que a temperatura estava mais ao menos. Quanto ao clima não sofri muito, pois no quilombo tem uma época que fica a mesma temperatura, agora quanto ao fuso horário foi tenso, ficar acordado quando era pra eu estar dormindo e vice versa.