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“Episódio isolado número 19”: Vini Jr. sofre racismo novamente no último final de semana; CBF defende jogador

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Foto: AP Photo/Alessandra Tarantino

No sábado (21), o Real Madrid empatou 1 a 1 com o Sevilla pelo Campeonato Espanhol, mas a partida ficou marcada por mais um caso de racismo contra o jogador Vinicius Júnior. Um torcedor imitou um macaco quando ele se aproximava. No domingo (22), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), divulgou uma nota em defesa do jogador. O Sevilla também se pronunciou e expulsou o torcedor de seus jogos.

Em uma nota assinada pelo presidente Ednaldo Rodrigues, a CBF condenou a atitude racista contra Vini Jr. e se solidarizou. “É chocante assistir novamente aos atos de racismo contra o Vinicius Junior. Racismo é crime e deve ser combatido sempre. É lamentável ainda assistirmos a declarações deste tipo. Sou negro e sei da dor que ele sente em cada atitude racista dos torcedores. Vou sempre me solidarizar com as vítimas de racismo. Não podemos normalizar. Minha voz sempre será ouvida para coibir tais atitudes brutais. Estamos tomando medidas efetivas e não vamos parar até expulsarmos os racistas dos estádios”, escreveu Ednaldo Rodrigues.

Ele também parabenizou a atitude do Sevilla que 1 hora após o ocorrido divulgou em nota que o torcedor foi expulso do estádio e denunciado para a polícia local por “comportamento racista e xenófobo”. “Pelo menos, desta vez, o agressor não saiu impune do estádio. O Sevilla fez o mínimo que uma atitude racista merece. A CBF vai continuar pressionando todas as autoridades do futebol e de fora do esporte para que esse crime hediondo seja punido com rigor. A CBF segue fazendo o trabalho com a Fifa, Conmebol e Uefa para que todas as entidades do esporte no mundo atuem de forma veemente contra o racismo”, comentou o presidente.

Vini Jr também usou as redes sociais para comentar sobre o caso, além de um adulto uma criança também fez gestos imitando um macaco, e ironizou “episódio isolado número 19”. Parabéns ao Sevilla pelo rápido posicionamento e pela punição em mais um triste episódio para o futebol espanhol. Infelizmente, tive acesso a um vídeo com outro ato racista na partida deste sábado, dessa vez praticado por uma criança. Lamento muito que não haja ninguém para educá-la. Eu invisto, e invisto muito, na educação no Brasil para formar cidadãos com atitudes diferentes dessas”, escreveu o jogador.

“O rosto do racista de hoje está estampado nos sites como em várias outras vezes. Espero que as autoridades espanholas façam sua parte e mudem a legislação de uma vez por todas. Essas pessoas têm que ser punidas criminalmente também. Seria um ótimo primeiro passo para se preparar para a Copa do Mundo de 2030. Estou à disposição para ajudar. Desculpem parecer repetitivo, mas é o episódio isolado número 19. E contando…”

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também se pronunciou sobre o caso. No último mês ela assinou um protocolo de intenções para combater o racismo, junto com a CBF e o Ministério do Esporte. Mais uma vez aqui para prestar solidariedade ao Vini Jr por mais um caso de racismo sofrido na La Liga, na Espanha. Os agressores precisam ser identificados e responsabilizados, a recorrência da violência contra Vini Jr afeta a todos nós”, comentou a ministra.

Conheça Nia DaCosta, a primeira mulher negra a dirigir um filme da Marvel

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Foto: Divulgação.

No início de 2020, a Marvel estava em busca de um diretor para o filme ‘As Marvels’. Foi nesse momento que uma jovem diretora surgiu, pronta para apresentar sua visão do projeto aos executivos do estúdio. Bastou apenas quatro minutos de sua apresentação, para Nia DaCosta conquistar toda a sala de reunião.

Na época, com apenas 30 anos, Nia se tornou não apenas a diretora mais jovem da Marvel, mas também a primeira mulher negra a dirigir um dos filmes do estúdio. Nascida em 8 de novembro de 1990, no Brooklyn, em Nova York, seu interesse por filmes da década de 1970 à levou a se inscrever na NYU Tisch School of the Arts (Escola de artes cênicas, cinematográficas e de mídia da Universidade de Nova York), onde se formou.

Nia DaCosta. Foto: Interview Magazine.

DaCosta começou sua carreira na direção de filmes com curtas-metragens que chamaram a atenção da crítica e do público. Seu primeiro longa, “Little Woods” (2018), estrelado por Tessa Thompson e Lily James, explorou questões sociais e econômicas em uma cidade pequena, oferecendo uma visão sensível da vida na América rural. “Fiz mestrado e depois comecei a trabalhar como assistente de produção. Eu estava escrevendo meu filme de estreia, o drama policial Little Woods , paralelamente. Então me inscrevi nos laboratórios de diretores e roteiristas do Sundance Institute e entrei. Esse foi realmente o caminho para eu ganhar credibilidade como cineasta“, declarou DaCosta em entrevista para a Harpeers Bazaar.

No entanto, foi com seu segundo filme, ‘Candyman’ (2021), uma sequência do clássico de terror dos anos 90, que Nia DaCosta atraiu ainda mais destaque. Ela trouxe sua perspectiva única para a narrativa, explorando questões de raça e gentrificação por meio do gênero de terror, o que a tornou uma das diretoras mais promissoras do cinema contemporâneo. “Sempre soube que queria fazer filmes de gênero. Adoro terror e thrillers. Mas não pensei que faria um filme da Marvel como meu terceiro filme. Absolutamente não. Mesmo assim, sempre quis fazer um filme da Marvel porque cresci com os quadrinhos da Marvel. Eu só queria que fosse um herói que me entusiasmasse. E eu queria que fosse com pessoas boas”, disse a diretora.

Após entrar no universo da Marvel, DaCosta diz que recebeu diversos conselhos, incluindo um grande apoio de Ryan Coogler, diretor de ‘Pantera Negra’. “Foi o melhor conselho que recebi. Ele disse: ‘Seja você mesma”. Eu estava tipo: ‘Isso não é um conselho, saia daqui’. Depois eu pensei: ‘Ah, ele estava dizendo que não adianta tentar fazer política ou tentar ser algo que você não é. Eles escolheram você por causa de quem você é. Traga isso para a mesa”, relatou a profissional.

“O que aprendi trabalhando em ‘As Marvels’ é que confiança, comunicação e deixar o ego ficar em segundo plano são partes importantes do processo de direção. Assim como ser honesto com o que você não sabe“, relatou DaCosta. “O que é realmente legal sobre a Marvel é que, assim que você consegue o emprego, eles dizem: “Vá ligar para todos os outros diretores de filmes da Marvel. Faça perguntas a eles. Recebi ótimas orientações. Todo mundo foi tão generoso”.

Mulheres negras na liderança e o apagamento profissional

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Juliette Antunes, Priscilla Arantes e Lygia Anthero - Créditos: Divulgação

Por Priscilla Arantes é gerente de comunicação do Sistema B Brasil, e articuladora do Coletivo Pretas B

Hoje, no mundo corporativo, o ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança)
cresce como área fundamental na construção de reputação de qualquer tipo de negócio.
Dentro da pauta, fala-se bastante sobre diversidade e adoção de boas práticas como cotas
de gênero e raça. O investimento em diversidade é um ponto diferencial, por exemplo, para
se tornar uma empresa B, certificada pelo B Lab, organização internacional que reúne
empreendimentos comprometidos com um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e
regenerativo.

E neste movimento por empresas diversas, com a distribuição de cargos de lideranças às mulheres negras, surge também a necessidade de potencializar ações antirracistas. Uma líder negra percebe com facilidade, por exemplo, o racismo por trás da fala que questiona a sua capacidade profissional ou a prática de abusos, como tentar silenciar e tirar a autonomia dessa mulher.

Priscilla Arantes, Lygia Anthero e Dila Nascimento – Créditos: Wally Morais

O racismo atinge especificamente as mulheres negras nas empresas em forma de
apagamento, resultante de atitudes como a redução do orçamento do setor que ela lidera,
sua exclusão de reuniões importantes, ou ainda, situações absurdas, como indicar alguma
outra liderança para falar em nome de um projeto feito por ela na imprensa ou eventos.
Todos esses exemplos são reais e bastante comuns, também conhecidos como micro-
agressões cotidianas.

As violências são mais facilmente reconhecidas pois muito antes do ambiente corporativo,
se fazem presentes na experiência de vida da mulher negra na sociedade, estruturalmente
misógina e racista. Antes de acessarem os espaços de tomada de decisão, muitas se viram
pressionadas a se adequarem ao padrão branco, e para isso, mudaram a forma como
ajeitam o cabelo, as roupas que usam e até o próprio tom de voz como estratégia de
carreira. A maioria também alimentou a ideia de que precisariam estudar o dobro em
comparação com as profissionais brancas e o triplo em relação aos homens.

A presença das mulheres negras no universo corporativo depende do combate ao racismo.
Colocar a profissional negra em cargos de liderança é cada vez mais uma missão pelo
coletivo. Mas o desafio é grande, para se ter uma ideia, um pouco mais de 300 negócios
compõem a Rede B no Brasil, país com aproximadamente 21 milhões de CNPJs. Ou seja,
ainda está na faixa das centenas, a quantidade de empresas certificadas e
comprovadamente comprometidas com o ESG.

As cotas de gênero e raça nas empresas são muito recentes e alvo de desconfiança. O
investimento em comitês de diversidade e grupos de afinidade ainda é visto com finalidade
apenas decorativa quando esses setores são criados onde não se vê um negro liderando qualquer outro setor. A adoção dessas práticas só tem credibilidade quando há
contratações de pessoas negras em todas as áreas.

O cargo de liderança para a mulher negra ainda é um lugar novo. As empresas vivem o
desafio de ampliarem a participação das mulheres negras, seja pelo valor agregado da
inclusão na construção da reputação das marcas, ou mesmo pelo que se chama hoje de
PIB negro – o dinheiro que vem da população negra.

Na prática, há empresas que só possuem lideranças negras na gestão do setor de
Diversidade e Inclusão. E essas profissionais se sentem isoladas e enfraquecidas. O
sentimento de impotência é mais forte entre as mulheres negras. Ser a única negra entre
dezenas de brancos ainda é frequente no ambiente corporativo.

O Sistema B tem criado espaços de diálogo com as profissionais negras inseridas no
ecossistema das empresas B, com o objetivo de acolher e empoderar essas mulheres. A
iniciativa é o Coletivo Pretas B, uma ferramenta de aquilombamento. A agenda do projeto
envolve uma rede de apoio engajada em ações como mapeamento, mentorias, consultorias
e capacitação.

A experiência aponta para um futuro de equidade. Mulheres negras na liderança são aliadas
na promoção da diversidade. A partir do que observamos entre as empresas B, onde elas
conseguem acessar a liderança em setores variados, suas presenças contribuem para que
todos se sintam livres para serem quem são e não ficarem limitados a aceitar o cargo que
aparece, mas aquele que faz mais sentido para a carreira sonhada. Lideranças negras
influenciam na transformação cultural por um mundo do trabalho sem preconceitos e mais
saudável.

*Priscilla Arantes é gerente de comunicação do Sistema B Brasil, e articuladora do Coletivo
Pretas B, um projeto que apoia mulheres negras na rede do Sistema B Brasil por meio de
mapeamento, mentoria, consultoria e capacitação, e fundadora do Instituto Afroella.

A partir da luta de mães negras, “Amar é Para os Fortes” mostra que a violência do Estado é um problema de todos nós

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Foto: Rachel Tanugi

O que acontece depois que alguém é morto durante uma operação policial nas comunidades? Essa é a questão que a série “Amar é para os fortes”, criada por Camila Agustini, Marcelo D2 e Antonia Pellegrino e que tem estreia prevista para o dia 17 de novembro no Amazon Prime Video, vem responder ao criar uma história que se assemelha a de muitas famílias e que continua a se repetir enquanto o Estado insiste em manter uma ‘guerra às drogas’ que no final das contas sustenta um cenário de luto onde toda a sociedade acaba perdendo.

“A minha trajetória toda foi sobre esse tema e a vontade de achar um lugar aonde todo mundo pudesse falar e ser ouvido. Esse meu trabalho como roteirista, diretor, produtor e na série como showruner, tinha essa vontade da gente achar um olhar diferente e esse era um grande desafio pra contar essa história”, revelou Marcelo D2 em entrevista para o Mundo Negro, ao falar sobre como a série aborda o tema da violência policial e guerra às drogas a partir das historias que pouco são contadas.

“Amar é Para os Fortes” é inspirada no disco de 2018 do rapper brasileiro, que deu origem ao média-metragem de mesmo nome. A série conta a história de duas mulheres negras cariocas, Rita, vivida por Tatiana Tibúrcio, e Edna, interpretada pela atriz Mariana Nunes. O destino dessas mulheres se cruzam quando o filho de Rita, Shushi, de 11 anos, interpretado por João Tibúrcio, é morto durante uma operação policial na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. O policial responsável por atirar no garoto é Digão, personagem do ator Maicon Rodrigues, que é filho de Edna. Em busca de justiça, Rita terá o apoio do filho Sinistro, interpretado por Breno Ferreira, artista plástico que busca formas de se organizar para lutar contra a violência na comunidade.

Sinistro e Rita – Vividos por Breno Ferreira e Tatiana Tibúrcio – Foto: Reprodução

Tatiana Tibúrcio dá vida a uma mãe obstinada, que luta por justiça pelo filho que se foi e, ao mesmo tempo, se preocupa com Sinistro, seu filho mais velho. A atriz destacou o quanto foi difícil viver a personagem: “Pra mim foi duro, muito duro e difícil por ser uma história que a gente está cansado de ver. Infelizmente é uma história que se repete muito. A gente tem a oportunidade, nesse roteiro, de contar essa história a partir de uma outra ótica, de um outro viés, enfatizando, outros lugares que não são comumente colocados quando se conta história de pessoas pretas atravessadas pela violência”. 

Digão e Edna – Interpretados por Maicon Rodrigues e Mariana Nunes em “Amar é para os fortes” – Foto: Divulgação

Em paralelo à luta de Rita, Edna, vivida por Mariana Nunes, tenta defender o filho das punições que podem recair sobre ele após a operação que matou Sushi. Nunes falou sobre como sua tentou se distanciar da realidade da periferia para dar outro destino para o filho: “No atual momento da vida dela e já há bastante tempo, entre muitas aspas, já não convive diretamente com essa violência. Ela mora num lugar onde ela se sente protegida e afastada disso, e tanto quis sair do lugar onde ela nasceu e tinha contato com essa violência e se sentia exposta e agarrou a oportunidade de não estar mais ali. Mesmo quando isso acontece, a desgraça bate à sua porta. Porque ela não quis criar o filho na comunidade, na favela, para esse filho não levar uma bala, e o filho dela dispara um tiro em uma criança que morava nesse mesmo lugar de onde a Edna saiu”.

Complexidade das relações em contextos de violência

Maicon Rodrigues interpreta o policial Digão, que é acusado de atirar em Sushi. O ator comentou sobre a relação complexa que seu personagem mantém, sendo também um jovem negro: “Acho que esse personagem chega para mim como uma missão mesmo, para poder dialogar num outro lugar da nossa escrita enquanto dramaturgia do Brasil, que são duas famílias pretas, uma família de um policial preto, que acaba atirando e matando uma criança preta também”, destaca.  “Eu acho que os desdobramentos disso, num lugar que a gente está falando aqui dessa série, é muito potente. No sentido que a gente vai conversar com coisas que são nossas, que a gente precisa falar. Como esse sistema é máquina de fazer vilão mesmo. O moleque que atira é o moleque que vai morrer também”. 

Breno Ferreira, que interpreta Sinistro, lembrou que mesmo depois que a câmera desliga, a vida continua e a comunidade continua a viver esse contexto de violência e das mães que perderam seus filhos: “Eu não tive um irmão assassinado pela violência do Estado, mas tive pessoas na família. E a gente está falando disso, não tem como a gente não ir para esse lugar. A gente está gravando em lugares reais, a gente tá no meio do complexo da Maré fazendo cenas e falando dessas coisas e a gente sabe que quando dá o corta da câmera a vida não para, então essas coisas vão continuar. Tudo isso passa pela sua cabeça. Eu me vejo muito no Sinistro, nessa questão dos amigos e se descobrindo artista na sua comunidade, obviamente com outro temperamento, mas também passei por isso, desse lado transgressor, de quando a arte está entrando na vida e você está descobrindo essas coisas. A forma de reivindicar a justiça através da arte”, disse.

Ao abordar o contexto da violência policial a partir do luto de uma mãe e de como esse acontecimento também afetou a vida da família do policial, a série também evitou cenas de extrema violência, se desligando dos estereótipos comuns vistos em produções com a mesma temática.

“A primeira preocupação era como falar disso de uma forma que não seja sensacionalista, que não retrate as mesmas coisas de sempre, que é a polícia, a operação, uma sucessão de mortes que no fundo parece que nada importa. Outro elemento importante é como a gente vive um luto, como a gente acompanha uma mãe. Isso não quer dizer que esse problema acabou. Mas como aprofundar”, contou Yasmin Thayná, que dirige a série ao lado de Kátia Lund e Daniel Lieff.

Yasmin pontuou também que a série buscou retratar a busca das mães, que muitas vezes precisam procurar em mais de um hospital pelo corpo dos filhos mortos durante as operações, o luto vivido por elas e a busca por justiça: “Existem mecanismos que se repetem. Existiu uma investigação profunda durante dramaturgia para entender que mecanismos são esses e de que maneira a gente retrata isso sem ser sensacionalista. De forma ética. Não dá pra falar de genocídio e não tocar nos pontos que realmente chamam atenção e isso influenciou no modo como a gente, na direção, resolveu filmar essa história”.

Uma das criadoras da série, Camila Augustini pontua: “Tinha uma discussão que a gente queria fazer que não era mostrar que esse problema não era simples a ponto da gente falar que existe um grande vilão. Tem um problema que o sistema tem que ser discutido. E aí, a gente faz a opção de trabalhar essa família desse policial também que, obviamente ele comete um crime atroz, mas ele está inserido em um sistema que está todo errado”.

Ilhados com a Sogra: nós já sabemos o que está por trás das difamações contra a família Tenório

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Foto: Ricardo Carvalheiro/Netflix © 2023

Contém spoiler!

É a mesma coisa do que acontece lá fora, que a gente vive nossa vida inteira!” Essa foi uma das frases que marcou os últimos episódios do reality show “Ilhados com a Sogra” da Netflix, que chegou nesta semana. Muitas pessoas negras se identificaram com o momento em que Thyago Cesar desabafa com a esposa Mayara sobre como tem sido o confinamento com o resto da equipe e a perseguição contra a família Tenório

A única família inteiramente negra foi alvo de muitas acusações absurdas, por conta de algumas desavenças plausíveis para uma disputa pelo prêmio de R$ 500 mil. Afinal, qual a melhor tática para vencer um reality? Para Severina e Thyago, por algum momento, era fingir que não tinham conseguido se acertar para dispersar os rivais. E ao assumir essa estratégia, foi motivo suficiente para rotular a família de todos os adjetivos ruins possíveis nas dinâmicas. Inclusive, a Mayara, que mesmo no bunker sem entender nada, também foi alvo de difamações. 

Foto: Ricardo Carvalheiro/Netflix © 2023

Ninguém questionou o genro que humilhava a sogra quando perdia uma prova, ninguém questionou a nora que tinha ciúmes da sogra a ponto de reclamar que o marido classificou a mãe como a mais importante da vida dele, mas questionaram a índole do Thyago e da Severina o programa inteiro.

Esse não é um texto para apontar um dedo para ninguém em específico, acredito que todos falharam em não enxergar o que estava acontecendo. Por mais que tenha acontecido esforços por parte de alguns participantes para que eles não se sentissem excluídos, o dano já estava feito. 

De todo modo, esse é mais um reality em que pessoas negras se tornam campeãs morais. Há sempre quem vai julgar os negros de vitimismo, mas também há pessoas, que assim como eu, se identificaram com essa dor da exclusão e julgamento.

10 ideias de fantasias com personagens negros para se inspirar no Halloween

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Fotos: Divulgação; Kristen/Tumblr; Royal Princess Prep Entertainment

Chegou uma das épocas mais animadas do ano nas redes sociais: ver as pessoas fantasiadas para as festas de Halloween. Seja para a festa da escola, uma social em casa ou um baile, o Mundo Negro selecionou ideias para a comunidade negra se inspirar em personagens pretos e arrasar nos looks.

Encontramos ideias que podem combinar mais com os adolescentes ou com os fãs de desenhos clássicos, fantasia para usar em casal. O importante é se identificar e se divertir. Veja as opções abaixo:

1 – Miles Morales

O novo queridinho no mundo dos heróis está com tudo para o Halloween deste ano, especialmente após o segundo longa de sucesso estreado em 2023: ‘Homem Aranha: Através do Aranhaverso’. Para quem gostou do filme, ainda tem a opção de se inspirar em outros homens-aranhas, como o Spider Punk, que também virou referência para fantasias.

Cosplay do Miles Morales, Kaito @tigereyecosplay (Foto: World Of Gwendana)

2 – Princesa Ariel

O live-action ‘A Pequena Sereia’, estrelado por Halle Bailey, também inspirou meninas e mulheres negras pelo mundo inteiro. Aproveite o momento para fazer uma combinação linda de saia verde, top roxo e cabelo ruivo. Seja com dreads ou tranças, vão ficar deslumbrantes.

Kaya Marriott (Foto: Darren/ComfyGirlCurls)

3 – Gelado

O clássico do filme ‘Os Incríveis’, Gelado é um querido entre os fãs da Pixar. O único erro do filme foi não revelar a identidade da esposa do herói, cuja voz já rouba muito a cena. Mas é possível usar a imaginação para sair em casal.

Cosplay Naiquan (Foto: Divulgação/@cosplaynay)

4 – Dolores Madrigal

A família Madrigal inteira é digna de ser fantasiada, mas a Dolores é uma das favoritas com seu poder de ouvir tudo, mesmo a longa distância. O filme ‘Encanto’ se tornou um sucesso entre adultos e crianças por falar sobre magia e relações familiares.

Steffy Jolin @steffyjolin (Foto: Royal Princess Prep Entertainment)

5 – Pantera Negra e Tempestade

Você sabia que o universo dos HQs, o Pantera Negra dos ‘Vingadores’ se casou com a Tempestade do ‘X-Men?’ Um dos casais mais admirados pelos fãs da Marvel Comics. Fica a dica para uma fantasia individual ou em casal! 

Pantera Negra e Tempestade na Comic-Con de Nova York 2017 (Foto: Kristen/Tumblr)

6 – Super Choque

O clássico dos desenhos que nunca sai de moda! A comunidade negra adora o ‘Super-Choque’ desde a exibição por longa data no SBT e empoderou muitas crianças negras.

JaBarr @barrfoxx (Foto: Divulgação)

7 – Coração de Ferro

A heroína revelação no filme ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’, Coração de Ferro conquistou o coração do público sendo interpretada por Dominique Thorne, trazendo muita autenticidade para a personagem.

Deddeh Howard (Foto: Raffael Dickreuter)

8 – Lanterna Verde

Se você é da geração que cresceu assistindo o desenho ‘Liga da Justiça’ na televisão aberta, provavelmente faz parte do time que tinha um crush no melhor Lanterna Verde: o John Stewart. Os fãs aguardam até hoje a prometida série da DC sobre o herói.

Cosplay do Lanterna Verde (Foto: @tellsfromninjag/Tumblr)

9 – Estelar

A Estelar foi mais uma personagem interpretada por uma atriz negra que sofreu retaliação por racistas, porém, com mais um resultado incrível. Anna Diop vive a heroína na série ‘Titãs’, se tornando referência de beleza com a pele negra e o cabelo vermelho.

Cosplay da Estelar (Foto: @cutiepiesensei)

10 – Capitão América

Sam Wilson ainda promete trazer muita emoção para a comunidade negra, agora que deixou de ser o Falcão para assumir o papel de Capitão América. A série ‘Falcão e o Soldado Invernal’ acompanha essa transição com muita referência negra e agora vale a pena vestir essa camisa para se fantasiar no Halloween. 

Natasha (Foto: coretoonzcosplay)

Os caminhos para superar o desafio da desigualdade racial

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Foto: Freepik.

Mario Theodoro com seu livro “A Sociedade Desigual: Racismo e Branquitude na Formação do Brasil” e agora, Michael França e Allysson Portela, que acabam de anunciar o lançamento do livro “Números da Discriminação Racial”, nos levam a repensar políticas de promoção da igualdade racial.

Ao tabular e analisar longas séries históricas de dados sobre a evolução das disparidades raciais no país percebe-se que, em muitas dimensões, não avançamos quase nada e, em determinados casos, estamos regredindo. No mercado de trabalho, por exemplo, desde 2010, negros ganham, em média, cerca de 50% menos que brancos.

Os dados sobre desigualdades raciais persistem. Apesar dos últimos esforços e as mais variadas formas de discriminação e estigmas enfrentados pelos negros, o racismo representa poderoso freio em seus desenvolvimentos individuais.

Foto: Getty Images/iStockphoto.

Historicamente, um quarto do crescimento anual da economia brasileira vai para 1% da população. Portanto, nossas políticas são voltadas para o 1%. Metade do crescimento vai para 5% da população. Toda nossa discussão é sobre um crescimento que está sendo apropriado pelos 5% mais ricos.

Um exemplo dessa disparidade está nas empresas de maior destaque na economia brasileira. Em cerimônia de premiação, em 2023, das 150 melhores empresas para trabalhar promovida por “Época Negócios” e “Valor Econômico” temos a exata noção de como as desigualdades irão persistir nos próximos anos. Nestas empresas só 11,2% dos funcionários se declararam pretos ou pardos, 6,5% homens e 4,7% mulheres.

Os programas de investimentos em diversidade são modestos, tímidos, com pouquíssimo investimentos e muito distantes de uma sociedade em que negros estejam de fato representados. Na sua maioria, essas empresas se resumem a oferecer treinamento contra o racismo para os gestores em geral.

As organizações são ambientes cuja tradição é de maioria branca e heterossexual. Abrir espaço para negros é um desafio que exige sensibilidade, persistência e mudança de atitude política. Há um olhar de tratar as políticas de diversidade como uma forma de assistência social, que não há nada de errado nisso, se pudesse ser realizado em escalas condizentes com as necessidades da população negra.

Um exemplo positivo ocorreu nesta semana: a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB) deu uma entrevista para o Jornal Estado de S. Paulo em que disse que pretende ampliar a presença de negros nas carreiras cientificas e tecnológicas . Ela planeja em escala nacional uma versão do programa Embarque Digital. Este programa, exitoso em Recife, deu bolsas de graduação na área de tecnologia da informação (TI) a ex alunos da rede pública.

Foto: Colin Lloyd | Unsplash

Segundo a ministra “há um déficit gigante no Brasil ( de profissionais nesse setor). Calcula-se que 100 mil vagas.” Pensar o Brasil exige dimensionar as desigualdades raciais e o tamanho do desafio, pois ainda não temos uma proposta de crescimento econômico que contemple as desigualdades raciais.

Olhar só o crescimento total da economia é ser negligente em relação à desigualdade. No geral, o debate sobre o crescimento no Brasil é sobre o crescimento total, não se discute se é um crescimento pró-pobre ou pró-rico. Deve-se olhar o crescimento pela distribuição, mudar a perspectiva. Como resolver essa desigualdade histórica? Não existe uma solução mágica.

Segundo o sociólogo Marcelo Medeiros, do Ipea, em seu livro : Os ricos e os Pobres, “para enfrentar os conflitos distributivos, não devemos subestimar as forças contrárias. Pessoas vão perder e vão disputar para não perder. Não vão ser coisas isoladas, não vai ser só educação, não vai ser só tributação. Vai envolver coisas em grande escala”.

Alcione e Ludmilla são anunciadas como as vozes da vinheta do Carnaval Globeleza 2024, da TV Globo

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Foto: Divulgação

Durante o Upfront, evento realizado pela TV Globo para divulgar novidades da programação, que aconteceu na última quinta-feira, 19, a emissora anunciou que as cantoras Alcione e Ludmilla serão as novas vozes da vinheta do Carnaval Globeleza 2024. 

A música, composta por Jorge Aragão e José Franco Lattari, ganha uma versão que mistura tradição com o contemporâneo na voz da dupla, que mostrou muita animação durante as gravações.

Ludmilla, que esteve presente no Upfront, se apresentou cantando a vinheta e celebrou a parceria com Alcione nesse novo trabalho: “Estar com a Alcione é sempre uma honra, ainda mais cantando uma música que tem um lugar especial no coração dos brasileiros, marca a época mais alegre do ano e me traz muitas recordações de quando era criança, dos carnavais em família, esperando os desfiles das escolas de samba em frente à TV”, disse.

Essa não é a primeira vez que Alcione e Lud cantam juntas. No final de 2022, Ludmilla acrescentou novas faixas ao seu álbum “Numanice #2” que conta a participação da veterana. Juntas, elas cantaram: Você Me Vira a Cabeça (Me Tira do Sério)/Faz Uma Loucura Por Mim .

“Hoje vejo que para ter filho não tem idade”, diz Xande de Pilares ao anunciar que será pai pela terceira vez

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Foto: Reprodução

Após 23 anos do nascimento do seu último filho, Xande de Pilares, 53, se prepara para ser pai pela terceira vez. O sambista e sua namorada Thay Pereira, 23, esperam o primeiro filho do casal.

O anúncio foi feito pela assessoria do ex-vocalista do Grupo Revelação. A atriz e nutricionista Thay já está com três meses. Ao Jornal Extra, Xande comentou sobre ser pai pela terceira vez. “No início eu não estava muito aberto a ideia de ter mais um filho, pensava: ‘Quando a criança tiver dez anos, vou estar coroa’, mas hoje vejo que para ter filho não tem idade. Será mais uma motivação para acordar e correr atrás da vida”, disse.

Xande e Thay estão juntos desde de 2020 e moram juntos na Barra da Tijuca. Ela é atriz, modelo e nutricionista. Por um lado, a modelo tinha o desejo de ser mãe, já Xande de Pilares era meio relutivo por conta da diferença de idade entre seu filho último filho e a nova gestação. Em julho, eles foram visitar uma clínica de fertilização no Rio.

“Uma criança sempre alegra qualquer ambiente. Ainda mais eu que sou devoto e muito apaixonado. Que venha com muita saúde e que seja luz. O que tiver que aprender, aprendo de novo, pego no colo e embalo. Vai ser uma alegria imensa na nossa casa”, comentou Xande.

Como crescer profissionalmente? Executivas dão dicas de como alcançar o sucesso dentro do mercado de trabalho

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Foto: Freepik

Conquistar a grande oportunidade de emprego ou saber como crescer profissionalmente não é uma tarefa fácil, ainda mais para homens e mulheres negras. Por isso, escutar conselhos de pessoas que chegaram lá é um passo fundamental para seu crescimento. As profissionais Mira Noronha, Isis Barbosa e Mércia Gerbase estiveram nesta quinta-feira (19) no Future In Black, maior encontro de lideranças negras,  iniciativa do Mover (Movimento pela Equidade Racial) e do The Black Entrepreneurs Club (BEC), e compartilharam suas dicas de como alcançaram cargos altos.

Três mulheres negras, com trajetórias diferentes, mas que suas trajetórias se cruzam quando o assunto é sucesso e história de superação profissional. Mira Noronha é Senior Partner na INTEGRHA, uma consultoria focada em Soluções para Pessoas com especial atenção à diversidade de gênero e raça. Iris Barbosa é head das áreas de Treinamento, Comunicação Interna e Canais na Apple América Latina. E Mércia Gerbase, ela é CHRO (Chief Human Resources Officer) da MC1 – Win The Market, empresa SaaS pioneira em automação de força de vendas.

Para Mira Noronha, o primeiro passo para conseguir ingressar na carreira de trabalho é ter consciência de quem você é. “Autoconsciência gera autoconfiança. Nada é mais poderoso do que o candidato que se conhece, que consegue falar de si, contar a sua história sabendo como aquilo toca ou a move mentalmente, emocionalmente, vibracionalmente e o que você faz com isso no mundo. Então, estar ciente de quem você é, do que você gosta, do que você tolera, do que você escolhe te ajuda a dar o próximo passo”, explica Mira.

Após conquistar a vaga de emprego, Iris Barbosa  compartilhou que para crescer é preciso ter intencionalidade, ir atrás. “Tenha intenção, vá para o seu trabalho perguntando o que eu vou aprender hoje. Planeje. E quando você voltar para casa, o que eu aprendi? E o que eu contribuí com o outro? Então, esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é a questão justamente da exposição. Não tenha medo de se expor, não tenha medo de compartilhar, não tenha medo de perguntar, que é realmente aprender com o outro. E, finalmente, invista no seu treinamento”, comenta.

Para finalizar, Mércia Gerbase definiu o planejamento como uma das fases mais importantes para quem almeja grandes cargos. Ela deu o exemplo do esporte arco e flecha, onde antes do tiro é preciso de muito tempo de preparação e técnica. “Planejar, estabelecer onde você quer chegar e assim você pode dar a volta ao mundo, estar naquela posição global, mas você precisa se preparar para isso”, finalizou.

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