Na véspera do Dia da Consciência Negra, neste domingo, 19 de novembro, a frase “LUDMILLA MERECE RESPEITO” chegou a 4º lugar nas trends do X (antigo Twitter), após fã clube da cantora expor prints de diversos ataques racistas que ela tem recebido, por supostos fãs da cantora mexicana Kenia Os, nos últimos dois dias.
“Estamos no Dia da Consciência Negra e uma das maiores artistas brasileiras está sofrendo ataques racistas nas redes sociais. Não é a primeira vez e não vai ser a última. Infelizmente nas redes sociais, por mais que a gente denuncie, as contas não caem e isso demonstra como essas plataformas online corroboram para essa violência com a qual nós negros sofremos diariamente”, pontua o comunicador Jonas Di Andrade.
LUDMILLA MERECE RESPEITO! Estamos no Dia da Consciência Negra e uma das maiores artistas brasileiras está sofrendo ataques racistas nas redes sociais. Não é a primeira vez e não vai ser a última. Infelizmente nas redes sociais, por mais que a gente denuncie, as contas não caem e…
“Revoltada, mas não surpresa. Em pleno Dia da Consciência Negra a gente recebe a notícia que mais uma vez a querida Ludmilla tem recebido ataques racistas. Todo meu repúdio e minha solidariedade à ela. E que possamos aprender com tudo isso”, publicou a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Revoltada, mas não surpresa. Em pleno Dia da Consciência Negra a gente recebe a notícia que mais uma vez a querida @Ludmilla tem recebido ataques racistas. Todo meu repúdio e minha solidariedade à ela. E que possamos aprender com tudo isso.
Nas redes sociais, fãs de Ludmilla relatam que tudo começou quando as cantoras deixaram de seguir no Instagram nos últimos dias e os fandoms começaram a se atacar, entretanto, os fãs da Kenia iniciaram um ataque criminoso com xingamentos racistas. Até a publicação desta reportagem, nenhuma das artistas se pronunciaram a respeito.
agora que está viralizando eles estão desesperados tentando calar todo tipo de post q mostra o racismo escancarado deles, a conta @popbeao É uma delas. NÃO SE CALEM, LUDMILLA MERECE RESPEITO https://t.co/l1cGmOu8EUpic.twitter.com/DkLBPLvYij
Chegou mais um 20 de novembro! Possivelmente, o único dia do ano em que o Brasil (ou parte dele) celebra o Dia da Consciência Negra. Assim como no mês de Julho, falei sobre 25 mulheres pretas que estão mudando as empresas no Brasil, neste “Novembro Negro” venho apresentar 25 executivos pretos excepcionais, que nos enriquecem e inspiram através de suas jornadas e suas expertises, contribuindo muito com a nossa representatividade no mundo dos negócios.
Nesta data de hoje, eu carrego a importância de refletir sobre nossa história, reconhecer as conquistas da nossa população e renovar nosso compromisso com a luta pela igualdade racial. Ao menos deveria ser assim. E é justamente por isso, que insisto em ressignificar este dia, ao menos para nós, povo preto dos cnpjs, antes que seja tarde demais. Minha ação para mudar esta visão começa aqui e agora através desta coluna.
Meu desejo neste “mais um 20 de novembro” é ressignificarmos esta data. E com isso, quero convocar a todos que mudem a mentalidade dos cnpjs que constroem as atividades e projetos corporativos do “Novembro Negro”, invertendo a narrativa constante sobre dores e começando a falar sobre nossas potências, nossa beleza, nosso empoderamento, nossas conquistas e as nossas vitórias (poucas, mais ainda sim, vitórias).
Já que a sala de reuniões já foi reservada, o email com as dicas dos livros, filmes e séries de como ser antirracista já foi enviado, o Coffee-break já alinhado com o “budget reduzido” disponível para ser negociado com a única empreendora preta que será fornecedora ao longo do ano na empresa e a eco-bag com a frase da Angela Davis para lembrança já estão lá, use este momento para falar sim sobre o passado, mas não somente sobre o passado de dores. Exalte nossos ancestrais que pavimentaram a história deste país e todas as entregas potentes que eles fizeram ao longo destes anos e que nos levaram até aqui. Antes de Wakanda, tivemos uma Zamunda.
Exatamente no ano de 1993, ou seja, há 30 anos atrás, os Racionais através da música Voz ativa, cantaram: “Nossos irmãos estão desnorteados/ Entre o prazer e o dinheiro desorientados/ Brigando por quase nada/ Migalhas, coisas banais/ Prestigiando a mentira, as falas desinformadas demais/Chega de festejar a desvantagem e permitir que desatem a nossa imagem”. Em 2023, esta letra é cada vez mais vivida e as disparidades persistentes que afetam negativamente a vida de muitos brasileiros pretos continuam sendo cada vez mais perpetuadas pela evolução do racismo estrutural e o campo mais fértil para este fruto de desigualdade continuar sendo colhido é o mundo corporativo.
Esclareço que estas 25 potências apresentadas aqui na lista, representam uma parte dos executivos pretos que conseguimos “visualizar”, pois, muitas vezes a estratégia que estes executivos utilizam para sobrevivência em seus cargos é se tornarem invisíveis para a questão racial (“As Usual” como diríamos no Condado). Sem qualquer julgamento aqui, mas confesso que nas pesquisas realizadas para a construção destas indicações, assim como minhas irmãs que colaboraram nesta construção, tivemos uma lista de grandes referências de homens pretos no segmento de empreendedorismo e não em empresas.
Está aí a prova de que os cnpjs estão perdendo talentos pretos e nós estamos focados na construção do que é nosso para os nossos. Talvez seja nesta construção de narrativa para o futuro, que finalmente a Juventude Negra terá a sua voz ativa.
Agradecimentos especiais a Silvia Nascimento, Sauanne Bispo e Kelly Baptista por horas de pensamento e construção desta lista. #Dica do mês: Visite Palmares!
Conheça, siga e se inspire em:
Edvaldo Santiago: C-Level | Conselheiro, ajudando empresas a atingirem melhores resultados através de desenvolvimento de estratégia e plano de execução com disciplina e foco no desenvolvimento de pessoas e experiência do cliente.
2. Alexandre Moyses: Com uma trajetória profissional de 20 anos nas áreas de auditoria, gestão de risco, mercado financeiro e governança corporativa, atualmente é Diretor de Governança.
3. Johnny William Cruz Borges: Head of Social Impact and Policy – Community & Drivers | Community Business. Experiência de 15 anos no gerenciamento de negócios em comunidades, projetos sociais e culturais.
4. Kwami Alfama Correia: Carreira profissional desenvolvida em empresas nacionais e multinacionais nos segmentos agroindustrial, bens de consumo/alimentos e automotivo, com mais de 15 anos de experiência em funções relevantes nas áreas de Direção Geral, Operações/Supply Chain, Manufatura e Engenharia;
5. Valdir Nascimento: Com 21 anos de experiência em marketing e com experiência na indústria de bens de consumo, atualmente trabalhando como Gerente Executivo de Marketing;
6. Gabriel Romão: Mais de 10 anos, atuei em diversos segmentos, como organizações não governamentais, instituições de ensino, empresas no segmento do turismo, segurança, tecnologia e consultorias, atualmente Diretor Executivo.
7. Anderson Assunção: ampla experiência na gestão de negócios de empresas globais com presença no Brasil e na execução de projetos para diversos segmentos da indústria da construção, com experiência focada nos setores de mineração e metais, óleo e gás e químico. Atualmente Head of Operations Brazil
8. Gustavo Venancio Narciso: Atuação em responsabilidade social corporativa, investimento social privado, inovação social, ESG e Diversidade, Equidade & Inclusão, ocupando atualmente a posição de Gerente Executivo
9. Jaime Caetano de Almeida: Atualmente Vice presidente, Sócio e Conselheiro. Profissional com habilidade em Gestão de Marketing, Negociação, Planejamento de Mercado e Negócios e professor experiente com um histórico comprovado de trabalho no setor de ensino superior.
11. Gilberto de Lima Costa: Atualmente Diretor Executivo, experiente no setor de serviços financeiros, planejamento de negócios, gerenciamento de riscos e serviços bancários.
12. Jairo Duarte: Atuando há mais de 25 anos no segmento de serviços em tecnologia, criando soluções para bancos, varejo, indústria e setor de serviços. Atualmente, CEO e Conselheiro de empresas.
13. Leonardo Palazzi: Atualmente Partner em um grande escritório de advocacia e Developer & Consultant Anticorrupção, é ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP – 93ª Subseção Pinheiros e com passagem como diretor no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
14. Eduardo Alves: Com experiência na área tributária brasileira e internacional, assessorando grandes bancos, fundos de private equity, fundos de venture capital e corporações multinacionais na estruturação, mitigação de riscos fiscais e melhoria de sua estratégia tributária. Atualmente líder de capital humano em segmento específico, membro de conselho fiscal e professor.
16. Marcos Oliveira: Mais de 25 anos de experiência no mercado de TI, sendo os últimos 12 anos liderando empresas de segurança cibernética do Vale do Silício no Brasil. Atualmente ocupa o cargo de Country Manager
17. Diógenes Campanha: Graduado em comunicação social pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), com especialização em jornalismo internacional e político pela PUC-SP, com passagem pela revista “IstoÉ Gente” e na “Folha de S.Paulo”. Atualmente é Coordenador de Comunicação
18. Cosme Bispo: Stanford Lead Candidate, MBA em Gerenciamento de Projetos na USP e Ciências Econômicas no Ibmec. Atualmente é Líder de estratégia de gestão de rede de liderança.
19. Handemba Mutana: Líder de Responsabilidade Social no TikTok no Brasil, conselheiro consultivo na Mãe Terra, com mais de 20 anos de experiência profissional, tendo atuado também em organizações sem fins lucrativos, no governo federal e na academia.
20. Wagner Silva “Guiné’: Sociólogo, com MBA em Gestão de Projetos e Pós-graduação em em gestão de projetos em territórios, atualmente é coordenador de fomento.
21. André Sant’ Anna Mendes: Profissional de comunicação, com expertise em Brand PR, Diversidade e Inclusão, planejamento estratégico, gestão de crise, comunicação corporativa, relacionamento com stakeholders e marketing de influência. Atualmente é Gerente de comunicação externa Latam.
22. Thiago Tobias: Advogado, mestrado em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas. Atualmente é assessor da diretoria de desenvolvimento produtivo, inovação e Comércio Exterior.
23. Robson de Oliveira: Advogado, especialista em direito imobiliário, coordenador de projetos com foco em direito, com passagem pela presidência da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP.
24. Humberto Matos: Formado em Desenho Industrial, pela FPA – Faculdade Paulista de Artes, há doze anos atuando como Designer, para diversos projetos no desenvolvimento de produtos e serviços. Atualmente Senior Product Designer.
25. Rafael João Silva: Mais de 8 anos trabalhando nas áreas de vendas, tecnologia e marketing com resultados comprovados. Experiência na região da América Latina e ambientes de ritmo acelerado e com um alto grau de colaboração de trabalho com equipes e stakeholders de diferentes setores e culturas. Atualmente Account Manager.
A primeira manifestação de rua do MNU, em 1978 (Foto: Jesus Carlos)
Consciência Negra é saber que o povo negro não resistiu passivamente à escravidão e usou de todos os meios ao seu alcance para se libertar. ― Nei Lopes
A maioria da população brasileira aprendeu que a democracia racial é uma realidade, inclusive, parcela do povo negro acredita que apenas o próprio esforço é o suficiente para uma sobrevivência digna. Isso nos demonstra que o racismo é complexo, e tem a capacidade de se apoderar da consciência de suas vítimas. Mas não acontece de uma hora pra outra, demanda de um arsenal de argumentos racistas repetidos em exaustão. Nos espaços escolares ouvíamos que o Brasil era um paraíso racial, pois, negros, brancos e indígenas conviviam sem problemas. O discurso oficial comparava a realidade brasileira com o regime de segregação racial sul-africano (Apartheid) e as leis racistas (Jim Crow), nos Estados Unidos; e como neste país não existia uma política de Estado equivalente, os negros deveriam levantar as mãos para o céu.
A assinatura da Lei Áurea, no dia 13 de maio de 1888, determinando a Abolição da Escravidão, também foi um instrumento dessa alienação; os professores ensinavam que a Princesa Isabel, sensibilizada com o sofrimento dos escravizados, acabou com a escravidão. No entanto, a mentira não foi o suficiente para calar o Movimento Negro, e impossibilitar a desconstrução dos discursos a serviço do racismo. Na realidade, o Brasil nunca foi uma democracia racial, e a abolição da escravidão não foi dada de bandeja, ocorreram lutas e mais lutas; ademais, como disse opan-africanista Abdias do Nascimento “a Lei Áurea não passava de uma mentira cívica. Sua comemoração todo ano fazia parte do coro de autoelogio que a elite escravocrata fazia em louvor a si mesma no intuito de convencer a si mesma e à população negra desse esbulho conhecido como ‘democracia racial'”. O Dia de Zumbi e Consciência Negra ― Lei nº 12.519/2011 ―, é um dos exemplos vitoriosos da luta dos movimentos negros contra essas narrativas dos brancos. Celebrado no dia 20 de novembro, homenageamos a resistência africana contra a escravidão e a memória de Zumbi dos Palmares, herói quilombola, assassinado nessa mesma data, em 1695.
O debate sobre o racismo está massificado, o sentimento de pertencimento e coletividade tem aumentado no nosso meio. Nem mais um passo atrás! Os negros começaram a compreender que só a luta pode trazer conquistas. E se dependesse da vontade dos brancos, não teríamos as cotas raciais, ações afirmativas, obrigatoriedade do ensino nas escolas da História e Cultura Afro-Brasileira, reconhecimento do racismo como crime, incentivo à diversidade e inclusão, nas organizações e empresas, reconhecimento oficial de personagens negros da história etc.
Um estudo realizado pelo Instituto de Referência Negra Peregum (IPEC) em parceria com o Projeto SETA, revelou que 64% dos jovens consideram o ambiente escolar como o local em que mais sofrem racismo. Outros dados coletados pelo IPEC mostraram que 44% dos entrevistados consideram raça, cor e etnia como o principal fator gerador de desigualdades.
“A violência em espaços escolares talvez seja a parte mais dramática das violências a que nossas crianças e jovens estão expostos. A escola deveria ser um ambiente seguro, de socialização. Porém, é um espaço que acaba propiciando episódios de violência física e simbólica”, comenta Ana Paula Brandão, analista e gestora do Projeto SETA. A pesquisa, realizada este ano no mês de abril, entrevistou 2 mil jovens negros com idade entre 16 e 24 anos.
Ainda referente aos números relacionados ao ensino no país, jovens negros de 14 a 29 anos são maioria nas estatísticas de evasão escolar no ensino básico. Eles somam 71,7% dos alunos que abandonam os estudos. O racismo nas escolas manifesta-se de diversas maneiras, desde atitudes sutis até ações mais explícitas.
Em vídeo publicado nas redes, os pais deram detalhes da perseguição que vem ocorrendo com o filho desde o primeiro dia de aula na escola. “Ele tinha que ser deixado numa ala destinada às peruas escolares, que busca ele, e a professora deixou ele em uma outra recepção, praticamente na saída da escola,onde meu filho poderia ter saído pela saída principal da escola e ido embora”, relata o pai, que só soube porque o filho mais velho, que estuda na mesma escola, viu o irmão sozinho e com medo e o levou até a ala certa e segura. Depois do ocorrido, os pais relatam que foram até a coordenação e eles disseram que não iria mais se repetir.
Falar sobre relacionamentos inter-raciais, nas redes sociais, é sempre um tema delicado. Este é um assunto que mobiliza vários sentimentos nas pessoas, principalmente nas pessoas negras. Entre estes sentimentos, está a indignação direcionada àquelas pessoas negras que se posicionam contra o racismo estando em um relacionamento inter-racial.
Logo devemos nos perguntar: pessoas negras que estão em relacionamentos inter-raciais perdem a legitimidade ao se posicionarem contra o racismo? Antes de responder esta pergunta é necessário analisar os prováveis motivos destas críticas. Entendo que muitas pessoas acreditam que uma pessoa negra, com alguma consciência crítica sobre raça, que opta por se relacionar com uma pessoa branca, seja incoerente ao se colocar contra o racismo. Isso porque ela, supostamente, teria escolhido viver ao lado do seu “opressor” ao invés de um “semelhante”.
Outro motivo pode estar ligado ao cansaço de ver o fenômeno “negro(a) rico e cônjuge branco” se repetir várias vezes. As pessoas criam expectativas sobre quem elas admiram, e uma dessas expectativas é de que a pessoa admirada escolha se relacionar afetivamente com alguém que se pareça com elas, por motivos óbvios e significativos.
Há também alguns grupos mais sectários que entendem que estas pessoas são “traidoras da raça”. Estes últimos, ligam-se a uma linha ideológica de essencialização da pessoa negra, ou seja, para ser um “negro de verdade” a pessoa deve pensar, vestir, rezar, relacionar-se da forma como eles entendem estar dentro de uma etiqueta de negritude.
O desacordo com qualquer um desses requisitos já faz com que a pessoa negra seja considerada “embranquecida”. Todos nós provavelmente, em algum momento, já nos identificamos com um destes sentimentos. Mas certa vez li uma frase, em um livro, que dizia que não devemos ver as pessoas onde elas deveriam estar, mas sim onde elas estão, e isso foi fundamental para que eu repensasse muitas coisas.
Dizer que uma pessoa negra não pode lutar contra o racismo, denunciar, posicionar-se contra, por estar em um relacionamento inter-racial não faz muito sentido. Uma pessoa que se relaciona com uma pessoa branca, não embranquece, não se ‘desracializa’. Logo, permanece sendo vítima do mesmo racismo que afeta os que não estão em relações inter-raciais.
Nós, como pessoas negras, podemos estar ligados afetivamente a pessoas brancas e isso não precisa ser necessariamente em uma relação afetivo-sexual. Podemos ter familiares brancos, amigos brancos e colegas brancos. A ‘inter-racialidade’ está para além dos casamentos e namoros, embora estes sejam mais explorados, e ela não pode ser motivo de retirada da “carteirinha de negro” de alguém.
Uma vez eu escrevi que dizer que não há racismo, porque negros e brancos se relacionam, seria o mesmo que dizer que não há machismo porque homens e mulheres se relacionam. Pois bem, entendo que dizer que uma pessoa negra não pode se posicionar contra racismo porque se relaciona com uma pessoa branca, é o mesmo que dizer que muitas mulheres não podem se levantar contra o machismo porque estão se relacionando com homens.
Podemos ter a ideia de que pessoas negras que estão em relacionamentos inter-raciais não sabem a problemática que isso pode envolver. Elas sabem, provavelmente se cobram por isso, sentem-se mal. Aliás, a sociedade lembra a eles todos os dias que estão em uma relação estigmatizada. Este tipo de relacionamento pode aguçar mais a consciência racial do sujeito que é negro, uma vez que eles podem estar mais expostos ao racismo de amigos e familiares brancos.
Esta é uma discussão que não se encerra aqui, mas talvez podemos pensar em formas mais propositivas de lidar com este tema. Bom, mas e você o que pensa sobre isso?
Dia 19 de novembro é a data escolhida para o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, esta data foi foi originalmente estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo principal de reconhecer e celebrar as mulheres empreendedoras em todo o mundo.
Um dia para reverenciar as conquistas, a inovação e a resiliência das mulheres que lideram negócios e contribuem para o desenvolvimento econômico global.
Em 2021 o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) dizia que as mulheres lideravam 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil, sendo que a participação feminina no mundo dos negócios chega a 34%. Os dados mostravam, ainda, que 50% das proprietárias de negócios atuavam no setor de serviços.
Porém alguns movimentos vem apontando as tendências quanto ao perfil do empreendedorismo negro no Brasil, destacando-se três:
Por necessidade: muitos empreendem por necessidade e falta de oportunidade no mercado;
Por vocação: a realização de um planejamento ou sonho, a percepção de uma oportunidade de mercado.
Por engajamento: inovador que trabalha em rede e articula diversos parceiros.
Todos esses perfis se encontram no afroempreendedorismo, conversei com Thayná Desyree fundadora da Agência Demidias @agenciademidias e Jefferson Paixão Especialista em Conteúdo e Marketing, que atuam com marketing racializado e especializado na audiência negra e nos deixaram 05 dicas práticas para apoiar empreendedoras negras e contribuir para um futuro mais justo!
1 – Eduque-se sobre o Black Money: Entenda a importância desse movimento que promove o consumo de produtos e serviços do empreendedorismo negro , para fortalecer seus negócios e diminuir desigualdades sociais. Reflita sobre como suas escolhas conscientes podem contribuir para essa causa.
2 – Promova Negócios de Empreendedores Negros: Utilize suas redes sociais para divulgar e recomendar estabelecimentos e produtos de empreendores negros. Sua influência pode ser decisiva para o crescimento desses negócios.
3 – Dê preferência a Produtos e Serviços da comunidade negra: Ao fazer suas compras, opte por negócios feitos para a negritude, equilibrando suas escolhas e contribuindo para o empoderamento econômico da comunidade negra.
4 – Faça Parcerias e Apoie Projetos: Se você é empreendedor, crie parcerias com negócios de empreendedores negros. Independentemente de sua posição, apoie iniciativas que fortaleçam o empreendedorismo negro.
5 – Estimule Diálogos sobre Apoio a Negros: Compartilhe seus conhecimentos e motive seu círculo social a apoiar empreendedores negros, gerando diálogos construtivos sobre a importância dessa prática.
Para Jefferson, é a hora de agir, de usar o nosso poder de escolha para criar uma onda de prosperidade e igualdade. Não se trata apenas de consumo, mas de consciência, de escolha e, acima de tudo, de humanidade.
Ao apoiar empreendedoras negras, você está escolhendo ser parte da solução, parte de um movimento que busca equidade e justiça. Você está optando por ser uma voz ativa na construção de um futuro mais próspero e inclusivo.
Já Thayna vê esse movimento como o catalisador da transformação em nossa comunidade, ela participa de coletivos negros ligados a inovação e percebe que quando um de nós cresce, todos nós crescemos.
Você já parou para pensar em como suas escolhas de consumo podem impactar diretamente a vida das pessoas e contribuir para uma sociedade mais justa?
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se reuniu na tarde da última sexta-feira, 17, com veículos de mídias negras para anunciar com exclusividade que fará o pronunciamento nacional do Dia da Consciência Negra que vai ao ar na TV aberta no domingo, 19. A ministra fará o pronunciamento no lugar do presidente da república.
O gesto de aproximação do Ministério da Igualdade Racial com as mídias negras, demonstra o interesse ministerial em ouvir as demandas relacionadas a uma comunicação mais inclusiva e menos estereotipada. Além disso, ao comentar a novidade, Anielle também destacou a importância desse momento e contou que, na segunda-feira, 20, data oficial de celebração da Consciência Negra e que lembra a morte de Zumbi dos Palmares, o presidente Lula irá assinar o decreto que institui um Grupo de Trabalho Interminiserial (GTI), que terá a responsabilidade de criar políticas de comunicação social antirracista em órgãos entidades públicas federais.
“Esta é uma entrega que reflete o compromisso desse Governo no combate ao racismo e vai trazer este debate para o centro da comunicação institucional. É um passo inicial muito importante para que as nossas comunicações tenham um papel ativo nesse combate”, afirmou Anielle.
Apos a assinatura do decreto, o GTI terá 90 dias para elaboração de um “Plano de Comunicação Antirracista da Administração Pública”. O grupo deverá ser composto por representantes do Ministério da Igualdade Racial e cinco representantes da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República que convidarão especialistas e representantes da sociedade civil para participar de reuniões ou emitir parecer.
Anielle Franco e Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, terão a responsabilidade de definir nomes que garantam a participação de mulheres e pessoas negras no desenvolvimento das atividades.
Além da elaboração do plano de comunicação, o GTI também deve propor estratégias que contribuam com o fortalecimento de mídias negras e promovam a diversidade racial nas publicidades patrocínios do Estado. Essas estratégias também ter como foco o diálogo com a sociedade e veículos de comunicação, o apoio técnico a novas diretrizes e políticas voltadas para o tema, promovendo também a formação de porta-vozes, servidores e prestadores de serviço.
Entre as ações iniciais voltadas para promover a comunicação antirracista no governo, no 29 de novembro, MIR e SECOM realizarão o webinário ‘Racismo na Internet: evidências para formulação de Políticas Digitais’, evento, que integrará os trabalhos do GTI de comunicação social antirracista, e que vai reunir Ministérios, órgãos públicos, universidades, pesquisadores, sociedade civil organizada, comunicadores sociais e setor privado para tratar medidas de proteção a vítimas de violação de direitos nos serviços digitais de comunicação.
O Festival Afrofuturismo está chegando à sua quinta edição e vai agitar o Centro Histórico de Salvador nos dias 20 e 21 de novembro de 2023. Organizado pelo Hub de Inovação Vale do Dendê, o evento, considerado o maior de futurismo da América Latina, contará com palestrantes nacionais e internacionais discutindo o tema “De Volta para o Futuro”.
O Ifood é uma das marcas patrocinadoras e trás para o festival um pouco da culinária que pode ser encontrada no aplicativo para os dois dias do evento.
A Vila iFood Acredita será composta por dois espaços dentro da Praça Tereza Batista (Pelourinho) durante o festival. O primeiro terá nove barracas de empreendedores/as cadastrados/as no iFood Acredita, que irão comercializar diversos produtos, desde acarajé a feijoada, e o segundo, será dedicado a painéis e talks.
A base de cadastro no iFood Acredita foi utilizada para a seleção dos empreendedores. “Verificamos empreendedores que tiveram uma boa curva ao longo do programa com objetivo de mantê-los engajados na crescente, além disso, optamos por tornar a base mais diversa possível”, informou Michel Oliveira, integrante do Time de Equidade do iFood
Nomes da gastronomia baiana, como Deliene Mota, do Restaurante Encantos da Maré, estarão presentes na atividade. Deliene também estará no painel “Como a tecnologia pode ajudar no empreendedorismo”, programado para o dia 21/11, segundo e último dia do evento.
Confira lista completa dos empreendedores presentes no Festival Afrofuturismo
SERVIÇO: Festival Afrofuturismo – Ano V I 20 e 21 de novembro no Pelourinho I ingressos R$ 60,00/R$ 120,00 (passaporte individual segundo lote) à venda no Sympla
No dia 20 de novembro, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, abre suas portas para o Dia da Consciência Negra, 20. O Museu apresenta o segundo Ocupa MAB, evento gratuito que celebra a arte e a cultura negra em novas vertentes, a partir da música, da moda e da gastronomia, com diversas atrações repletas de sabor e identidade negra.
A música é uma entrada para novas descobertas na ampla cultura diaspórica proveniente do continente africano. E a gastronomia vai surpreender com a explosão dos sabores provenientes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Egito, Marrocos, República Democrática do Congo, Sudão e Uganda.
O Museu levará uma Roda de Jongo com o Grupo Jongo Filhos da Semente, celebrando uma expressão cultural brasileira fortalecida através da oralidade dos mais velhos. Atravessamos o dia com oficina de capoeira, uma das maiores representações da cultura afro-brasileira, ministrada pelo Mestre Limãozinho. As artistas do Samba de Dandara, grupo composto somente por integrantes mulheres farão uma roda de samba e a programação termina com a Resenha Black Bom, que trará ao Museu um aulão de charme para iniciantes, seguido de um grande baile.
Logo no início do dia, pensando em saúde e bem-estar, a instrutora de Kemetic Yoga, Ana Sou, conduzirá a prática que ouve o corpo e age sobre as partes que precisam de mais energia e restauração. Tudo isso a partir da cultura africana, que incentiva o equilíbrio da natureza.
Além disso, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo une forças com o Museu das Favelas, para trazer toda a potência de empreendedores parceiros, estimulando o empreendedorismo de pessoas negras e periféricas, afro-brasileiras e africanas, com muita moda em roupas e acessórios.
Outra novidade é a parceria com a Produtora Boogie Naipe, com parte da programação da Boogie Week, Festival de Cultura Preta, acontecendo de 21 a 24 de novembro no Museu, permitindo que a programação do Mês da Consciência Negra se estenda para além do II Ocupa MAB. A programação contará com palestras, mesas de debate e exibição de filme para crianças no Teatro Ruth de Souza ao longo da semana, com entrada gratuita, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível que será destinado a instituições parceiras do Museu.
“A intenção das parcerias é unir forças, trazendo para a programação do Museu a potência da cultura africana e afro-brasileira, estimulando o pensamento crítico e elevando a diversão e a celebração da nossa raiz”, afirma Zelia Peixoto, coordenadora de Produção e Programação Cultural do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo.
SERVIÇO
II Ocupa MAB – 20 de novembro de 2023: das 9h às 18h
9h – 10h – Kemetic Yoga com Anna Sou
10h- 18h – Feira de Música, Moda e Gastronomia
10h – 17h – Visitação às exposições do Museu, com entrada gratuita
10h – 11h – Roda de Jongo, com Grupo Jongo Filhos da Semente
11h – 12h – Oficina de Capoeira com Toca do Mestre Limãozinho
14h – 16h – Roda de Samba com Samba de Dandara
16h – 18h – Resenha Black Bom, com aulão de charme para iniciantes
No dia 20 de Novembro de 2023: Programação gratuita.
Endereço: Museu Afro Brasil Emanoel Araujo (Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10, São Paulo – SP, 04094-050)
Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até às 18h)
Recentemente tenho me deparado com excelentes notícias no mercado, como a escolha de Sarah Bond, como primeira CEO negra da Xbox e da lenda do basquete Shaquille O’Neal como novo CEO da divisão de basquete da Reebok. Celebro por vários motivos: ver mais uma forma de reconhecimento a profissionais com jornadas incríveis, por ter homens e mulheres negros em posições altamente estratégica e por todos os reflexos e aprendizados relacionados à agenda ESG que esta escolha sinaliza para o mercado e poder de inspirar mais marcas e empresas a seguirem direções estratégicas semelhantes.
Falando mais especificamente sobre Shaq, mesmo para quem não é amante de NBA, a trajetória de Shaquille O’Neal, é uma verdadeira inspiração, indo além das quadras de basquete e se estendendo ao mundo dos negócios. Ele não é apenas um empresário bem-sucedido, mas também o segundo maior acionista da empresa que adquiriu a Reebok.
Ao se tornar o presidente da divisão de basquete, ele não apenas demonstra, mais uma vez, sua habilidade para a liderança e relevância no meio empresarial, mas também marca o início de uma nova fase para a empresa e indústria como um todo.
Entre suas principais responsabilidades, como ele mesmo declarou em algumas entrevistas a respeito, estará a responsabilidade de ‘criar pontes’. Conforme declarou à Boardroom: “Uma grande parte do meu papel será aproveitar a minha rede para construir pontes, conectar a marca com os jogadores e ajudar esses jogadores a desenvolverem-se através da sua parceria com a Reebok.”
E é justamente atentando a esta declaração dada por ele que gostaria de fazer alguns paralelos com a lógica de gestão e ESG que pode inspirar sua empresa e modelos de liderança.
Shaq como modelo: Diversidade e eficácia no Gerenciamento de stakeholders
A experiência e conexões no mundo do basquete, possuindo uma presença massiva nas redes sociais, com mais de 40 milhões de seguidores. A ativa participação de Shaq online, além de seu programa de grande audiência na TNT o tornam uma figura influente e estratégica no cenário esportivo. Outro fator importante é seu longo histórico de conexão com a marca que o patrocinou ao longo de sua carreira na NBA, e como isso comprova a importância do marketing de influência no mundo dos esportes, mas também é extensível a outros mercados.
Talvez você esteja se perguntando. Ok, e o que essas informações podem nos ensinar sobre gerenciamento de stakeholders? Bem, entre várias possibilidades, destaco a importância de olhar a diversidade e ter representações não apenas ilustrativas (tokenismo), mas também capacitadas para atrair inovação e conduzir os processos de formas diferentes.
As empresas que de fato se atentem para o posicionamento estratégico e ético de terem lideranças com perfis diversos podem construir e colher bons resultados como a Reebok está traçando. A liderança de Shaq transita muito bem entre diferentes stakeholders: ele é um empresário respeitado, especialista no mercado do basquete, inspiração para jovens atletas e o público em geral, além de um grande investidor também.
Por fim, acrescentando sobre a análise do mercado da diversidade, fazendo um recorte sobre a importância do olhar ESG com atenção à perspectiva étnico-racial, tudo bem ele ser uma pessoa pública e com vários anos de experiência, embora pareça, num primeiro momento, uma espécie de ‘agulha no palheiro’, ele não é o único. Existem no mercado global e brasileiro, inúmeros profissionais negros altamente capacitados para liderar frentes executivas, posições de liderança, a agenda ESG e até mesmo posições em Conselho.
Referência para o mercado brasileiro
No Brasil, país onde mais de 56% da população é negra; entre 2010 e 2019 houve um aumento de 400% na formação universitária de pessoas negras, conforme dados do IBGE e ao mesmo tempo é constatado pelo Ceert, em 2021, a sub utilização de 41,5% de mulheres negras no mercado de trabalho, além de 60% da população negra predominantemente atuar no mercado informal. Dados como estes apontam que não faltam profissionais, na verdade sobram barreiras que vêm impedindo a ascensão dos mesmos, para ocuparem mais posições de lideranças.
Ainda que tais barreiras sejam chocantes, é possível encontrar profissionais capacitados e experientes para estas posições, basta a manutenção do compromisso em criar sistemas intencionais, não apenas para cargos de entrada, mas especialmente para posições de liderança estratégica, além de mais apoios e políticas de desenvolvimento e planejamento de sucessão considerando perfis mais diversos. A Reebok está inteligentemente capitalizando essa influência para fortalecer sua posição no mercado.
Certamente a dedicação a esta agenda de Investimentos em ESG (Environmental, Social, and Governance) e diversidade racial reforçará o compromisso da Reebok com valores éticos e inclusivos, algo que refletirá junto aos consumidores modernos.
Por fim, destaco que a história de Shaquille O’Neal, sua parceria com a Reebok e o cenário em constante evolução da indústria esportiva ilustram como a influência, o marketing e a lucratividade estão interligados. A capacidade de uma marca em alavancar a influência de figuras notáveis e adaptar-se às mudanças do mercado pode ser a chave para o sucesso e a lucratividade nos negócios de hoje.