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Campanha “Dia da Baiana Feliz” quer fortalecer trabalho das Baianas de Acarajé em Salvador

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Foto: ABAM

Com lançamento previsto para a próxima terça-feira, 31, no Memorial das Baianas de Acarajé, na Praça da Cruz Caída, em Salvador, na Bahia, o “Dia da Baiana Feliz” é uma campanha que tem como objetivo fortalecer a entidade e o trabalho das Baianas do Acarajé, considerados símbolos da cultura afrobrasileira. O evento é promovido pela Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares – ABAM.

O evento de lançamento da campanha terá início às 11h e conta com o apoio da Prefeitura de Salvador. No local serão realizadas diversas ações, como a venda e um voucher de R$ 10,00, que dará direito a um acarajé completo que poderá ser trocado em 24 tabuleiros de baianas espalhados por Salvador, nos dias 25 e 26 de novembro. Este voucher poderá ser adquirido entre os dias 31 de outubro e 25 de novembro em tabuleiros, bares e restaurantes e diversos tipos de outros empreendimentos e terá sua renda revertida para a ABAM.

O Dia Nacional da Baiana de Acarajé é celebrado em 25 de novembro e até a data, durante o mês de novembro, outras ações celebrarão este ofício que existe há mais de 400 anos, e que hoje é fonte de renda no Brasil para mais de 10 mil profissionais – a grande maioria delas mulheres afrodescendentes. Na Bahia são cerca de oito mil.

A partir do dia 17 de novembro fotos em tamanho grande de 40 baianas de acarajé que atuam em Salvador, realizadas pelo fotógrafo Mário Edson, serão expostas em lugares públicos, como praças, no Rio Vermelho e no Pelourinho. Nas fotos com dimensão de 80cm por 1,6m, além do rosto da baiana homenageada, o seu nome e as informações sobre onde encontrar seu tabuleiro.

Festividades do Dia Nacional da Baiana do Acarajé

No dia 25 de novembro, às 10h da manhã, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos abre suas portas e celebra uma missa especial em homenagem às baianas de acarajé. Após a cerimônia, conduzida pelo Padre Lázaro Muniz, e que contará com a presença do prefeito Bruno Reis, as baianas sairão em cortejo rumo à Praça da Cruz Caída, acompanhadas pelo grupo percussivo Tambores e Cores, do Mestre Pacote. Chegando à sede da ABAM será realizado um almoço para 400 convidados. Neste dia também haverá uma série de três shows. Durante a festa a Prefeitura de Salvador entregará 50 dos 580 kits que serão doados às baianas,  compostos de um tabuleiro de jacarandá, um ombrelone (sombreiro), uma vestimenta (Richelieu 100% algodão), duas caixas térmicas, uma placa de sinalização, cinco colheres de polietileno, uma lixeira e um protetor de fogareiro. Até o dia 01 de dezembro os outros 530 kits serão entregues.

“Não se pode falar em Salvador e da Bahia sem se lembrar da baiana e do seu acarajé. Não tem como desvincular as imagens, então nada mais justo do que a Prefeitura homenagear e valorizar este ofício tão importante culturalmente e que também sustenta tantas famílias”, declara o diretor de Turismo de Salvador, Gegê Magalhães, que afirma que a Prefeitura deseja fazer um grande evento e dar mais estrutura para estas trabalhadoras desenvolverem seu ofício da maneira melhor possível, dando um melhor atendimento para os clientes, não só os visitantes, mas também os soteropolitanos.

Rita Santos, presidente da ABAM, associação que trabalha há 32 anos pela categoria, afirma que a campanha Dia da Baiana Feliz acontece pela primeira vez e será de muita ajuda para a associação. “Nossa festa já faz parte do calendário brasileiro. Nossa campanha ajudará a ABAM a trabalhar pelas baianas de acarajé.  Segundo Rita, para a festa virão baianas de toda a Bahia e de outros estados. “Neste dia podemos conversar sobre este ofício maravilhoso e renovar nossas forças  para as batalhas do dia a dia. Queremos pedir à sociedade que colabore com estas mulheres que dão este cheiro de dendê à nossa cidade e levam adiante este legado ancestral com muita garra”, diz emocionada.

Associação das Baianas de Acarajé – A ABAM e o Memorial das Baianas funcionam como um só corpo, movimentando as ações que tem como foco a preservação do Ofício das Baianas e a manutenção da história, memória e acervos das primeiras empreendedoras do Brasil, as Baianas de Acarajé. Com pouco – praticamente nenhum – amparo do poder público, na condição de informalidade, mulheres e, mais recentemente, homens, no geral, de camadas menos favorecidas, se espalham pelas ruas, fazendo do acarajé um meio de vida.

Vinculada, de início, à obrigação religiosa para com os santos do candomblé, a venda do acarajé, nas ruas de Salvador, passou a ser normatizada pelo Decreto Lei Municipal 12.175/ 98. As baianas, que no decorrer do século XIX saiam a oferecer seus quitutes de porta em porta, com os tabuleiros na cabeça, têm, hoje, que assentá-los em local fixo e cumprir determinações que passam pela higiene do local e preparo dos alimentos, dimensões do tabuleiro e uso da vestimenta típica, imprescindível para conseguir a licença expedida pela prefeitura. A atividade das baianas de acarajé foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2005 no Livro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

“Luxo acessível”: Issa Rae lança sua própria marca de vinho

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Foto: Divulgação

Brilha muito! Issa Rae, atriz, produtora e empresária, acaba de lançar a sua própria marca de vinho.“Se você me conhece, sabe o quanto adoro Prosecco. Agora eu criei o meu! Apresentamos o Viarae Prosecco, um espumante para bons momentos”, anunciou a estrela e criadora da série ‘Insecure’, nas redes sociais.

A empresária conheceu a Prosecco em 2015, enquanto jantava sushi com a diretora de ‘Insecure’, Melina Matsoukas, para discutir uma ideia para um novo programa de televisão. Matsoukas encomendou a primeira garrafa de Prosecco à Rae, e ela se apaixonou por seu “luxo acessível” de primeira. 

Em parceria com E. & J. Gallo, Via Rae Prosecco é feito inteiramente de Glera, a uva nativa italiana usada para tornar o estilo de vinho espumante vivo, característico do país. A fruta do espumante vem de uma região próxima ao rio Piave, onde o clima moderado e os solos bem drenados resultam em uma bebida com características frutadas, alta acidez e elegância.

Durante as cinco temporadas de ‘Insecure’, frequentemente as personagens Issa Dee (Rae), e as amigas Molly (Yvonne Orji), Kelli (Natasha Rothwell) e Tiffany (Amanda Seales) se serviam com taças de Prosecco para celebrar os altos e baixos de suas vidas. Segundo Rae, muitos fãs relataram que experimentaram o vinho a partir da série e a encorajou a lançar a própria marca.

Nos Estados Unidos, a garrafa começará a ser vendida por apenas US$ 19. Ainda não há previsão para início de vendas no Brasil. 

Equipe da influenciadora de viagem Nataly Castro, desaparecida desde sábado, afirma que ela foi para a Libéria, conforme informações da imigração

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Em uma mensagem publicada na manhã de hoje no perfil da influenciadora Nataly Castro, a assessoria da viajante informou que seguidores entraram em contato com a chefe de imigração da fronteira entre Guiné e Serra Leoa, no continente africano, confirmando que Nataly foi para a Libéria. “ela foi para a Libéria e não para Serra Leoa e isso foi há dois dias com base em seus registros”, dizia a mensagem.

Em outra mensagem compartilhada hoje cedo, o perfil também informava que Nataly Castro havia passado pela imigração na Guiné e tinha sido colocada em uma perua e que não havia dado notícias porque estava sem internet: “Ela estava em Guiné rumo a Serra Leoa e, desde então, não sabemos mais nada. Ela faria um tour e logo viajaria. Apesar dela não ter postado nada esses dias, a Nataly sempre entra em contato com a nossa família”.

Na noite do último domingo, 29, a Nayane Carolline, assessora da influenciadora Nataly Castro, dona do perfil Viaje Sem Limites, compartilhou uma série de stories informando que a viajante estava desaparecida há 48 horas. De acordo com a Caroline,“Ela estava em Guiné rumo a Serra Leoa e, desde então, não sabemos mais nada. Ela faria um tour e logo viajaria. Apesar dela não ter postado nada esses dias, a Nataly sempre entra em contato com a nossa família”, disse. 

“Nós falamos com Nataly na sexta (27) e ela havia nos dito que faria alguns países via terrestre pra economizar. É um dos continentes mais desafiadores. Ela nos avisou que ia de um país pra outro na sexta (27), no sábado (28) não conseguiu falar com ela por causa de internet. E, à noite, uma pessoa que ela conheceu nesse outro país mandou mensagem pra minha tia falando que ela tinha embarcado. Mas, desde ontem, a gente não teve mais contato. A gente está em contato com a última pessoa, pra entender, se a viu embarcando, quanto tempo de viagem daria de um país pra outro”.

Nataly Castro afirma ser a primeira brasileira visitando todos os países do mundo. Ela já passou por 200 e estava em África quando desapareceu.

Morte do humorista Rodrigo Amendoim reforça a urgência em se discutir a saúde mental da população negra

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“Estou em paz. A minha alma sorri de felicidade ”. Essa foi a última mensagem de Rodrigo Amendoim, humorista baiano, de apenas 24 anos, que foi encontrado morto em seu apartamento, em Lauro Freitas (BA), na noite de sábado (28/10). 

Amendoim, assim como a jogadora de vôlei Walewska Oliveira (43) que faleceu em 21 de setembro, eram pessoas preocupadas com a alegria e bem estar do próximo. A jogadora de vôlei se dedicava a palestras com foco em disciplina e sucesso. Amendoim via suas redes sociais aumentarem ( ele tinha um milhão de seguidores na noite da sua morte)  fazia seus reels bem humorados, misturados com mensagens sobre luz e fé. 

Recentemente, ao ser entrevistado para um podcast  Amendoim recordou a infância, típica dos meninos negro brasileiros que lidam com grandes responsabilidades antes da adolescencia. “Minha irmã me criou, mas eu também trabalhava desde muito jovem, tinha responsabilidades em casa. Com 12 anos, eu saía com uma caixa de geladinho nas costas, com 100 unidades, e tinha que voltar sem nenhuma”, desabafou.

Ainda na infância, ele lida com o abandono. “Fui criado por ela até os 12 ou 13, e eu não era brincadeira. Minha irmã não me aguentou e me deu para meu pai. Fiquei um tempo com ele e ele também não me aguentou e me colocou para fora. Meu próprio pai me colocou para fora de casa”, detalhou.

Quando pessoas famosas tiram a própria vida, isso muitas vezes chama a atenção para a necessidade de conscientização sobre a saúde mental e os desafios que a depressão apresenta. A pressão da fama, expectativas públicas, críticas constantes e outros fatores podem agravar a luta contra a depressão.  Quando se é negro outros fatores são somados, como racismo, violência e pobreza.

“Saúde mental não é brincadeira, depressão não é frescura […] Isso acontece todo santo dia”, disse Jojo Todynho em um vídeo publicado neste domingo.

“Não quero abreviar o suicídio do jovem mas alertar da necessidade ética da gente cuidar um dos outros, para além das aparências alegres e com milhões de seguidores. Quem está estourado? A estrutura psíquica do negro. Sejamos mais afetuosos com pessoas negras. Porque você não está na cabeça e no coração do outro”, disse a pesquisadora e escritora Carla Kotirene, em sua rede social.

“Homens, em geral, não falam sobre sua vida e problemas pessoais e são criados para serem “provedores”, terem sucesso sempre e caso não sejam de um padrão X, raramente são elogiados ou se permitem mostrar-se vulneráveis”, refletiu o empresário baiano Paulo Rogério Nunes.

A morte é a consequência mais extrema da depressão, um problema cada vez mais discutido, mas pouco racializado. Não é apenas uma questão de âmbito particular, das famílias afetadas, mas uma questão social e urgente.  Terapia e medicação salvam vidas e no caso de quem sofre, pedir ajuda é fundamental. Quem não tem a quem recorrer pode usar os serviços do Centro de Valorização da Vida.

O CVV  https://cvv.org.br/ funciona por de chat, e-mail e também por ligações telefônicas,  por meio do número 188.  O sigilo é respeitado. Por ser um serviço do SUS, todas as ligações são gratuitas, seja pelo telefone fixo ou celular. 

6 filmes com protagonismo negro para assistir no Halloween

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O Halloween é um feriado tradicionalmente celebrado em várias partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido e na Irlanda. Ele ocorre na noite de 31 de outubro e é também conhecido como Dia das Bruxas. Pensando nessa data, que todos os anos ganha força na internet, elaboramos uma seleção de longas-metragens assustadores protagonizados por artistas negros.

1 O QUE FICOU PARA TRÁS

Onde ver: Netflix

Sinopse: Um casal foge à guerra civil no Sudão do Sul e encontra abrigo na periferia de Londres. Durante a travessia de barco, eles perdem a filha pequena em alto mar. Dentro da grande casa vazia onde são colocados, eles começam a suspeitar de que trouxeram consigo um apeth, entidade sobrenatural que deseja acertar contas com os dois sobre atitudes do passado.

2 NÓS

Onde ver: Prime Video (aluguel)

Sinopse: Adelaide e Gabe levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.

3 A LENDA DE CANDYMAN

Onde ver: Globoplay

Sinopse: Um jovem artista cria uma exposição sobre Candyman, uma criatura maligna que, segundo as lendas, pode ser invocada diante de um espelho. Aos poucos, o fascínio do rapaz pelo monstro o joga em uma trama de mistérios, sangue e morte.

4 NÃO! NÃO OLHE!

Onde ver: Globoplay

Na zona rural da Califórnia, os irmãos OJ e Emerald administram uma grande fazenda de treinamento de cavalos. Mas tudo muda quando seu pai Otis morre de forma misteriosa sob uma nuvem sinistra. A partir desse momento, moradores de toda a vizinhança passam a testemunhar um mal terrível se aproximando pelo céu e deixando um rastro de morte e destruição.

5 MA

Onde ver: Prime Video (Aluguel)

Sinopse: Uma mulher solteira de meia-idade faz amizade com alguns adolescentes e decide deixá-los festejar em sua casa. Mas começam a acontecer coisas que fazem os garotos questionar a intenção da anfitriã.

6 ANTEBELLUM: A ESCOLHIDA

Onde ver: Globoplay

Sinopse: Verónica é uma jovem escritora de origem afro-americana. Um dia descobre estar aprisionada entre duas realidades distintas: a do presente, onde possui os mesmos deveres e direitos de qualquer outro cidadão do seu país; e a do passado, onde tem de vivenciar uma injusta realidade.

Em prévia para Festival Feira Preta, evento inicia celebração a cultura e o empreendedorismo periférico de São Paulo

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Foto: Divulgação/Feira Preta

Vem aí a 2ª edição do SPerifas, projeto dedicado à promoção e celebração da cultura e do empreendedorismo periférico de São Paulo. A programação inicia hoje, 29 de outubro, no Distrito de Perus, durante o evento Fela Day na Quebrada, a partir das 14h, no Quilombaque.

A realização da PretaHub, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o Instituto ISYN e o Ticket, a programação será até 03 de dezembro, com uma programação repleta de atrações, como apresentações musicais, exposições de arte, rodas de conversa e feira de produtos e serviços com empreendedores locais, a Feira Preta Pocket. O SPerifas será realizado em outros quatro distritos da capital paulista: Itaim Paulista, Vila Maria, Parelheiros e Bela Vista.

Segundo Adriana Barbosa, idealizadora do projeto, fundadora da Feira Preta e Diretora Executiva da PretaHub, o SPerifas foi uma maneira de levar a essência e a história do Festival Feira Preta para as periferias. O Festival será realizado em maio de 2024. Ela reforça que levar essa programação para bairros periféricos faz com que estes sejam vistos além da ótica da escassez. “Essa segunda edição é mais uma amostra da potência do nosso trabalho em prol dos afroempreendedores. O intuito do evento é possibilitar uma experiência enriquecedora, sobretudo no que diz respeito à cultura e à economia criativa”, afirma.

O Instituto SYN é braço social da SYN Prop & Tech e para sua Analista de Responsabilidade Social, Grasiela Caldeira, criar essa conexão entre a cultura e o empreendedorismo é um dos pilares da organização. “Isso garante que o nosso propósito se cumpra, contribuindo para uma sociedade melhor”, afirma.

A iniciativa é resultado de um processo formativo iniciado em março deste ano, com incentivo do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (PROMAC), que selecionou cem empreendedores dessas regiões para a jornada de formação empreendedora da PretaHub, o Afrolab, onde tiveram acesso à cursos e mentorias em vendas, marketing digital, educação financeira, comunicação, e muito mais. 

Confira a programação:

29 de outubro – SPerifas Perus (Durante o evento Fela Day na Quebrada) à partir das 14h.

Local: Quilombaque – Rua Antônio Bartolomeu, 3 – Vila Perus, São Paulo/SP

05 de novembro – SPerifas Vila Maria

Local: Galpão ZN – Rua Severa, 212 – Vila Maria Baixa, São Paulo/SP

12 de novembro – SPerifas Itaim Paulista

Local: Casa de Cultura Itaim Paulista – Rua Monte Camberela, 490 – Vila Silva Teles, São Paulo/P

26 de novembro – SPerifas Parelheiros

Local: CEU Parelheiros – Rua José Pedro de Borba, 20 – Jardim Novo Parelheiros, São Paulo/SP 

03 de dezembro – SPerifas Bela Vista

Local a definir.

Conheça o Reino do Bailundo, um dos mais poderosos reinos Ovimbundu de onde veio “um dos povos da África Central que ajudaram a construir os quilombos no Brasil”

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O Brasil está recebendo a visita do Rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, que veio de Angola com a missão de estreitar os laços culturais entre os dois países. O soberano pertence ao maior grupo étnico do país africano, os Ovimbundos, formado por quase 13 milhões de pessoas, também conhecido como Reino do Bailundo.

Para o Mundo Negro, o historiador Carlos Machado (Gyasi Kweisi Mpfume), falou sobre a origem do reino angolano, de onde foram trazidos muitos dos nossos ancestrais: “O Reino do Bailundo também conhecido como Bailundu, Mbailundu ou Mbalundu é um reino ovimbundu angolano baseado na atual província do Huambo, no planalto central de Angola, um país da África Central. Foi um dos maiores e mais poderosos reinos Ovimbundu (uma das etnias que compõem Angola). Historiadores afirmam que o reino foi fundado no século 15, no entanto, histórias orais e evidências de arquivo sugerem que ele surgiu como uma entidade política por volta de 1700. O reino foi inicialmente chamado de Halavala. Sua origem está ligada ao Reino do Congo, assim como outros reinos que surgiram, a partir desse, no século 14”, contou ele.

Na Angola existem cinco reinos independentes, porém, os reis não têm poder de Chefe de Estado, mas mantêm influência em assuntos específicos de seus povos: “O reino passou por várias fases na sua história, tanto como reino independente como estado vassalo do império português. Hoje, é uma monarquia não soberana dentro da República de Angola, e os seus governantes são considerados líderes comunitários e detêm influência significativa sobre assuntos locais”, disse Machado ao explicar como os reinados funcionam atualmente.

“O atual território do reino contém o município de Bailundo, bem como algumas áreas de municípios vizinhos como Mungo, Lounduimbale e Tchicalala. O papel oficialmente reconhecido da monarquia nestas áreas extensas é ambíguo e complexo; por exemplo, o Rei Ekuikui IV, para certas questões, lidou com quatro administrações municipais diferentes e quatro administradores municipais diferentes. No município do Bailundo, o rei é parte integrante da câmara municipal local. Os reis têm a tarefa de emitir sentenças num sistema judicial tradicional, muitas vezes relacionadas com questões como disputas de terras, abuso sexual, roubo e bruxaria”.

Quem são os Ovimbundu

A língua oficial falada pelos Ovimbundu é o Umbundu. Segundo Carlos Machado: “Os Ovimbundu, também conhecidos como Mbundu do Sul, são um grupo étnico Bantu que vive no Planalto do Bié, no centro de Angola e na faixa costeira a oeste destas terras altas. Sendo o maior grupo étnico de Angola, representam 38% da população do país. A esmagadora maioria dos Ovimbundu seguem o cristianismo, principalmente a Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA), fundada por missionários estadunidenses e a Igreja Católica. No entanto, alguns ainda mantêm crenças e práticas das religiões tradicionais africanas.

Os Ovimbundu são um dos povos da África Central que ajudaram a construir os quilombos no Brasil, locais de liberdade na colônia portuguesa e posteriormente no Brasil independente escravista”. 

Quase três anos de reinado

Rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI assumiu o papel de rei em 2021, em um sistema de sucessão que, de acordo com Carlos Machado, passou por alterações ao longo do tempo. “A legitimidade deriva de ter “sangue azul” ou descendência de reis anteriores. Em alguns casos, a sucessão era hereditária, com a coroa passando para o filho do rei. Chingui II, por exemplo, era filho de Chingui I. Em outros casos, a sucessão foi passada para os netos de um rei anterior, sendo Ekuikui V neto de Ekuikui IV, por exemplo. Em 2021, Tchongolola Tchongonga foi eleito rei por um conselho de anciãos e governantes dentro do reino. Tchongolola Tchongonga também é neto de Ekuikui IV.”, explicou.

“Ao longo da década de 1900, a sucessão no reino esteve sujeita à interferência de estranhos, como autoridades portuguesas e depois funcionários do governo angolano. Em 1982, por exemplo, Benjamin Pesela Tchongolola foi nomeado rei pelo comissário local, apesar de não ter linhagem real. Durante o período da Guerra Civil Angolana (1975-2002), o grupo rebelde UNITA também interferiu na escolha do governante do reino”, lembrou o historiador.

Articulação pela Mídia Negra alerta sobre exclusão de jornalistas negros nas reuniões com a imprensa no Governo Lula: “inaceitável”

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Foto: Ricardo Stuckert

Após repercussão negativa do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com apenas jornalistas brancos no Planalto, em Brasília, nesta sexta-feira (28), a Articulação pela Mídia Negra divulgou uma nota oficial, para “alertar em relação à exclusão dos jornalistas pertencentes aos grupos subrepresentados nas reuniões com profissionais de imprensa no governo”.

“Desde antes da nossa primeira reunião, ocorrida em Brasília no mês de julho com representantes da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, Ministério da Igualdade Racial, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura, Ministério dos Direitos Humanos, e representantes da articulação, onde apresentamos um pacote de propostas de políticas públicas para a área de comunicação que visam promover a diversidade, equidade e inclusão, temos feito inúmeras solicitações para um encontro com o presidente Lula e o secretário de comunicação, Paulo Pimenta. Entre essas 59 propostas elaboradas por comunicadores, pesquisadores, veículos, coletivos, entidades e empresas lideradas por jornalistas negros de todo o Brasil, destacam-se a revisão das regras de verbas publicitárias e das concessões de TV, entre outras medidas essenciais”, inicia a declaração.

“No entanto, com grande decepção, constatamos que uma reunião foi organizada pelo Governo Federal próximo ao mês de novembro, na qual mais uma vez os jornalistas dos grupos subrepresentados não foram convidados. Embora saibamos que é importante destacar o papel do mercado jornalístico no reforço a desigualdade no campo da comunicação, já que as principais redações do país são compostas por 84% de pessoas brancas (UERJ/gemaa), o Governo Lula também possui responsabilidade em suas decisões em relação à necessidade de abordagem do tema para melhorar a qualidade da informação e conter o avanço do discurso de ódio”, critica. “Essa falta de representatividade é inaceitável e constitui um retrocesso prejudicial para toda a sociedade brasileira”, completa.

https://twitter.com/LulaOficial/status/1717967935736615138

A articulação também afirma que houve uma reunião com a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em abril. “Jornalistas já haviam sinalizado a necessidade do Governo inseri-los em seus cadastros para a cobertura de pautas e participação em eventos. Tal solicitação também foi repassada para a Secretaria de Comunicação (SECOM)”. Além disso, “havia também uma demanda para um seminário em que os comunicadores negros seriam recebidos pelo governo em comemoração ao mês de novembro, o que também não foi consolidado”, revela a nota.

O movimento ressalta a importância de haver inclusão, diversidade e igualdade na comunicação, mas lamenta que “essa realidade não está sendo levada em consideração pelo governo federal brasileiro”. “Reforçamos o compromisso da Articulação pela Mídia Negra em continuar lutando pela representatividade e inclusão nos espaços de comunicação, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e que a diversidade seja valorizada através da atuação direta na formulação e reformulação de politicas públicas de comunicação. Nós acreditamos que uma mídia verdadeiramente plural e inclusiva seja essencial para uma democracia saudável e progressista”, enfatiza.

Neste momento, em especial com a proximidade do Novembro Negro, a Articulação convoca o governo do Presidente Lula “a rever suas práticas e a garantir que futuras reuniões com jornalistas e comunicadores incorporem a diversidade necessária para refletir a sociedade brasileira em sua plenitude”. E conclui: “Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossas demandas sejam atendidas, pois somente através da inclusão e valorização dos comunicadores negros e de outros grupos subrepresentados poderemos construir uma sociedade mais igualitária e justa”.

Ednair começou vendendo quentinhas e hoje é dona do restaurante Kush, no Rio de Janeiro

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Foto: Reprodução

De quentinhas vendidas de forma autônoma para seu próprio restaurante no Barra Shopping. Essa é a trajetória da Dona Ednair Paixão que há 25 vem empreendendo no ramo da gastronomia e hoje é dona do Kush, restaurante de comida afro-brasileira.

A “Tia das Quentinhas”, como ficou conhecida na Barra da Tijuca, começou a vender suas quentinhas por influência da sua tia, que repassou todo seu conhecimento gastronômico para ela, e também como forma de sobrevivência dela, do seu marido e dos seus três filhos. 

Desde sempre, Ednair tem como pilar a culinária afetiva e ancestral. Ela sempre se preocupou com o que sua comida transmitisse e também o cuidado com o corpo. 

Aberto desde 2022, no cardápio do Kush há várias opções, como moqueca, frango com quiabo, parmegiana, além de contar com opções para crianças.

O nome do restaurante é uma referência ao reino de Kush, do Egito antigo, que ficou conhecido pelo seu poder e riquezas.

‘Mussum, o Filmis’ quebra estereótipo que humorista faleceu de cirrose: “morreu de coração”, diz Ailton Graça

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Foto: Desiree do Valle e Divulgação

“Foi criado durante muito tempo o estereótipo de que o Mussum morreu de cirrose. É mentira!”, diz o ator Ailton Graça, que dá vida ao grande humorista durante a vida adulta, em ‘Mussum, o Filmis’, durante entrevista ao Mundo Negro. O longa estreia no dia 2 de novembro. 

“Além do coração enorme, sobre a generosidade dele, ele morreu de coração, a partir da cirurgia que ele fez”, explica. Segundo o ator, o estereótipo ocorre devido ao apagamento da história das pessoas pretas no Brasil. “Nós tivemos o cuidado de limar um pouquinho todos esses estereótipos dentro do filme, porque é o nosso filme, é a nossa homenagem”, conta.

E completa: “A branquitude invisibiliza as nossas histórias. Então, dentro da estrutura do filme, a gente queria que o nosso povo tivesse uma outra referência mais afetiva e de um outro ponto de vista da construção desse homem preto que venceu na vida através da mãe solo que ele teve”. 

Além disso, Ailton revela o cuidado com o roteiro, escrito por Paulo Cursino, para a homenagem no cinema. “[A sociedade] não trata com clareza a construção social do nosso país, os nossos problemas de depressão, os problemas sofridos que a gente herda desta estrutura racista e de um país que tem essa herança maldita de ter escravizado nosso povo. Então, ninguém pensa psicologicamente como é que isso se dá, como é que isso acontece”. 

Cinnara Leal e Ailton Graça em entrevista para o Mundo Negro (Foto: Divulgação)

Já a atriz Cinnara Leal, que interpreta Neila, esposa de Mussum, conta para o Mundo Negro como também mudou o seu olhar sobre o humorista após o filme, trazendo inclusive suas experiências pessoais. 

“Eu trabalhava desde cedo. Com 13, 14 anos eu já dava aula para pagar os meus estudos. Mas domingo, a gente estava ali pra ver ‘Os Trapalhões’, então não chegava pra mim com esse olhar [do filme]”, diz a atriz.

Para Cinara, quando as pessoas pretas podem contar a sua própria história, valoriza o artista sem os estereótipos racistas. “Protagonista da sua própria história. É a chance de gerações conhecerem o Antônio Carlos, a história de resistência e de mulheres potentes que tinham na vida dele, e o quanto a arte se tornou um chamado para ele. A partir dessas relações que ele tinha na vida, ele não desistiu e conseguiu seguir esse chamado”, diz.

“Isso é muito difícil até hoje, você conseguir realizar os seus sonhos. Eu, como mulher preta do conjunto habitacional do Rio de Janeiro, tive essa mãe solo que apoiou e me incentivou a estudar para eu poder seguir os meus sonhos, assim como a mãe do Mussum”, conta. “Me chama para minha própria história. Contar a nossa história, ressignifica o nosso passado, para construir um futuro diferente”.

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