Home Blog Page 3

Equidade de Educação para as relações étnico-raciais, uma reparação histórica

0
Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Em conversa animada com o saudoso Professor Eduardo de Oliveira, autor do Hino à Negritude, ele comentou que em dada ocasião, lá pelos idos da década de 1950, estava em campanha para ser candidato a vereador no Município de São Paulo. Então teve a brilhante ideia de fazer a rifa de um liquidificador, utensilio doméstico muito disputado na época. Em um baile da moçada, ele apresentou a seguinte ideia: cada pessoa que apresentasse o seu título de eleitor ganharia um número para concorrer ao liquidificador. Foi um alvoroço no baile. Porém, qual foi a grande surpresa? No baile, que deveria ter cerca de mil pessoas, quase ninguém tinha o título de eleitor. A maioria dos presentes era analfabeta e não tinha o direito de votar.

O direito ao voto dos analfabetos só foi conquistado em 1985. Há pouco mais 40 anos! Pouca gente sabe, mas durante o período de escravização, as pessoas negras foram proibidas de frequentar a escola. A Lei nº 1 de 14 de janeiro de 1837 soma-se a outras leis e portarias de províncias e de instituições de ensino, que deixaram demarcado de forma explícita o impedimento de pessoas negras de estudarem. As poucas escolas públicas criadas no início do século XIX foram proibidas aos homens negros e mulheres negras.

Lei n. 1, de 1837, e o Decreto nº 15, de 1839, sobre Instrução Primária no Rio de Janeiro, o Artigo 3º da lei de 1837 dizia: “São prohibidos de frequentar as Escolas Publicas: 1º Todas as pessoas que padecerem de moléstias contagiosas. 2º Os escravos, e pretos ainda que sejão livres, ou libertos” [sic]. Ao longo do século XIX, o esforço de ensinar a ler e escrever coube às Irmandades de cor, aos Clubes Sociais Negros e às Organizações Negras, que criaram a imprensa negra e as iniciativas de professores negros como professor Pretextato, em 1856, no Rio de Janeiro e Antônio Cesarino, em 1860, na cidade de Campinas no estado de São Paulo . O Estado brasileiro se omitiu e proibiu que os negros pudessem frequentar escolas.

Os efeitos desta tragédia humana impactaram no acesso à educação e criaram obstáculos à participação política de homens e mulheres negras. A aprovação da Emenda Constitucional nº 25 de 1985 iniciou mudanças a esse cenário e, em seguida, a Constituição Federal de 1988 ampliou o direito ao voto de pessoas analfabetas. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu um arcabouço reconhecendo a importância da educação para pessoas negras, em especial os Artigos 4º,5º, 205º,206º,208º,211º,212º, 212ºA, 213º e 214º. O resultado desses marcos institucionais, fruto da luta do movimento negro, é que hoje podemos formular políticas públicas de equidade para enfrentar as múltiplas desigualdades que ainda persistem em nosso sistema educacional.

O Ministério da Educação, no dia 14 de maio de 2024, lançou a Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ) coordenada pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi). O objetivo é fortalecer ações e programas educacionais sobre relações étnico-raciais e a educação escolar quilombola, com impacto em 5.570 municípios das 27 unidades federativas. Uma verdadeira revolução, como nunca foi realizado na história da educação brasileira. É a continuidade de um processo de reparação histórica, realizada pela luta do movimento negro ao longo do século XX e XXI contra a omissão e o racismo do Estado brasileiro.

Neste primeiro ano, houve adesão recorde à PNEERQ: de 97,3% das secretarias municipais e 100% das secretarias estaduais. Nos estados de Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro, houve a adesão de 100% dos municípios, reforçando o compromisso nacional com a implementação da política. Sua capilaridade é assegurada por uma rede nacional de governança, composta por mais de 1.500 agentes de articulação e formação distribuídos em todo o território nacional. Até 2027, a PNEERQ investirá R$ 1,5 bilhão em ações afirmativas para educação básica brasileira.

Para a secretária da Secadi, Zara Figueiredo, a PNEERQ, que completou um ano, é tida como a política mais estratégica do MEC para promover equidade racial na educação básica. “É a primeira vez que introduzimos um princípio de ação afirmativa na educação básica. Ela nasce da certeza de que existe uma dívida histórica com a população negra e quilombola, mas, também, do reconhecimento de todos os que vieram antes de nós e pavimentaram este caminho. Equidade racial e educação para as relações étnico-raciais dizem respeito à garantia do direito à educação, com um padrão de qualidade para essas populações”, ressalta.

Conhecendo o professor Eduardo de Oliveira, acredito que ele daria uma gargalhada bem gostosa de alegria com os resultados e o impacto do PNEERQ na vida de nossa gente, ele, que foi sempre otimista em relação à força do movimento negro no enfrentamento do racismo. Depois, eu o veria com o semblante sério, e com a voz animada nos convidaria a entoar os versos do Hino à Negritude:

“De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez”

Em 28 de maio de 2014 foi promulgada a lei nº 12981 que dispõe do hino à Negritude de autoria do Professor Eduardo de Oliveira (1926-2012).

Origem do termo “comida afetiva” e “cozinha afetiva”

0
Fotos: Arquivo pessoal/Junia Mamedir

Texto: Junia Mamedir

O termo comida afetiva — ou cozinha afetiva ganhou notoriedade nas últimas décadas para descrever alimentos que evocam lembranças, emoções e vínculos familiares. Originalmente inspirado no conceito inglês “comfort food”, que remete à comida que “conforta” emocionalmente, o termo foi sendo apropriado em diferentes contextos culturais. No Brasil, ele ganhou uma profundidade maior ao se conectar com histórias de resistência, memória e pertencimento — especialmente das populações negras e periféricas.

Enquanto no uso popular a comida afetiva é muitas vezes associada à “comida da avó” ou aos pratos tradicionais da infância, sua raiz mais profunda está nas práticas alimentares que surgiram em ambientes onde o afeto era, mais do que nunca, um ato de resistência. É o caso dos quilombos, das cozinhas de senzala, das casas de axé e dos terreiros, onde a comida se tornou instrumento de cuidado coletivo, ancestralidade e sobrevivência.

Quilombos e casas: o berço da verdadeira cozinha afetiva

Durante a escravidão, pessoas negras escravizadas encontraram formas de ressignificar o pouco que lhes era oferecido. Com criatividade, sabedoria ancestral e profundo senso de comunidade, elas transformaram ingredientes “descartados” em alimentos ricos, saborosos e simbólicos. Esses espaços, muitas vezes invisibilizados pela historiografia tradicional, são os verdadeiros núcleos da cozinha afetiva brasileira.

As casas negras — casas de mães e tias de santo, cozinhas de quilombos, lares de famílias negras rurais e urbanas — foram os primeiros territórios de afeto onde o alimento não era apenas nutrição, mas também acolhimento, espiritualidade e memória coletiva. A feijoada, o angu, o acarajé, o vatapá, o caruru, a farofa — pratos hoje amplamente consumidos — têm origens que misturam escassez, invenção e conexão espiritual.

A comida nesses espaços servia para curar feridas, celebrar vidas, acalmar tristezas e manter vivas as tradições de um povo que teve sua liberdade arrancada, mas jamais deixou de resistir através do afeto e da oralidade.

O risco da apropriação e do esvaziamento de sentido

Nas últimas décadas, o termo “cozinha afetiva” foi amplamente apropriado pelo marketing gastronômico, muitas vezes desvinculado de qualquer comprometimento com a sua origem histórica e cultural. Hoje, é comum ver restaurantes de alto padrão se referirem à comida afetiva como um “conceito de marca”, com pratos requintados, ambientes gourmetizados e preços inacessíveis para as mesmas pessoas que criaram e preservaram essa cultura.

Essa tendência esvazia o sentido profundo da comida afetiva, reduzindo-a a uma estética ou narrativa superficial. Quando um negócio usa o termo “afeto” apenas como estratégia de venda, sem compromisso com a memória coletiva, a inclusão de pessoas negras ou a valorização das raízes culturais do prato, ele contribui para a exclusão da própria história que a cozinha afetiva representa.

É essencial reconhecer que afeto não é apenas uma decoração na mesa ou um storytelling bonito para redes sociais. Afeto, nesse contexto, é memória viva, é resistência preta, é cuidado ancestral — e isso não pode ser comercializado sem consciência ética.

Caminhos possíveis

Para que o uso da expressão “cozinha afetiva” em empreendimentos gastronômicos seja legítimo e responsável, é fundamental que ele venha acompanhado de:

  • Reconhecimento histórico: Saber e declarar de onde vêm as receitas e tradições.
  • Representatividade: Incluir pessoas negras nos processos de criação, gestão e valorização cultural da cozinha.
  • Acesso: Garantir que a comida continue sendo um meio de afeto real, e não apenas um produto de luxo.
  • Respeito: Não romantizar a escassez ou invisibilizar o sofrimento que também compõe essa história.

Conclusão

A comida afetiva não é um modismo. É uma expressão de identidade, memória e resistência, especialmente para o povo negro brasileiro. Ao esvaziar esse termo em nome do lucro, o mercado gastronômico corre o risco de repetir a lógica colonial: explorar saberes, apagar histórias e excluir sujeitos.

Valorizar a cozinha afetiva é, antes de tudo, valorizar as pessoas que a criaram com suas dores, amores e memórias — e isso exige respeito, reparação e verdade.

Nova geração da moda africana contemporânea ocupa a Galeries Lafayette, em Paris

0
LOOKBOOK 2 CSA

Com sua vocação para inspirar através da moda e da cultura, a Galeries Lafayette Paris Haussmann, uma das lojas mais tradicionais de departamentos da Europa, inaugura uma nova temporada sob o olhar potente da estética africana. Entre os dias 18 de junho e 8 de julho, o espaço recebe a pop-up store “Africa Now”, um mergulho vibrante e criativo do continente africano. A iniciativa, realizada em parceria com a Canex (Creative Africa Nexus), Adama Paris e o projeto Africa Fashion Up + Studio Ka, reafirma o compromisso da maison em valorizar narrativas plurais e identidades que moldam a moda global.

A ação chega meses após o sucesso da exposição Wax, que transformou os corredores da Lafayette em uma ode visual ao emblemático tecido africano, e marca mais um capítulo de conexão com as expressões artísticas vindas da África.

Com curadoria primorosa, a “Africa Now” apresenta criações de nomes emergentes e potentes da moda contemporânea. A Canex leva ao público os trabalhos das marcas Late For Work, Boyedoe, Wuman e We Are NBO. Já Adama Paris, estilista e empreendedora visionária, exibe suas próprias peças ao lado das assinaturas de Nene Yaya, Ibrahim Fernandez e Sisters Of Afrika. Por fim, a colaboração entre Africa Fashion Up e o sofisticado Studio Ka aposta em talentos como Banke Kuku e Algueye, além das marcas Bandama e Collé Sow Ardo.

Africa Now_We are NBO

“É uma satisfação receber esta nova geração de criadores moda contemporânea do continente africano. Iniciativas como essa demonstram que a Galerias Lafayette segue firme no propósito de revelar ao público toda a magia e energia desse processo criativo”, afirma Alix Morabito, diretora de Compras e Projetos Especiais de Moda Feminina da Galeries Lafayette.

Os parceiros por trás da iniciativa:

Canex (Creative Africa Nexus)
Idealizado pelo Afreximbank, o programa nasceu para impulsionar as indústrias criativas africanas, conectando talentos e marcas a oportunidades globais. Há seis temporadas, a CANEX ocupa um lugar de destaque nos desfiles da Tranoï, plataforma oficial da Semana de Moda de Paris, abrindo portas para que designers africanos brilhem no epicentro da moda internacional.

Adama Paris
Nascida em Kinshasa e com atuação internacional, Adama Amanda Ndiaye é uma das vozes mais ativas da moda africana. Fundadora da Semana de Moda de Dakar e da Black Fashion Xperience (realizada em cidades como Paris, Praga e Salvador), a estilista também lançou o Fashion Africa Channel, o primeiro canal africano totalmente dedicado à moda. Além do trabalho criativo, Adama é reconhecida por sua luta pelo empreendedorismo feminino no Senegal e em toda a diáspora.

LOOKBOOK 3 BANKE

Africa Fashion Up x Studio Ka
Primeira grande vitrine da moda africana contemporânea em Paris, o Africa Fashion Up aposta na força transformadora da juventude criadora do continente. Com apoio de nomes como Balenciaga, HEC Paris e da própria Galeries Lafayette, o programa oferece mentoria, formação de excelência e acesso a redes estratégicas do setor. Em 2024, o Studio Ka, destaque do programa, organizou sob o domo da Lafayette a primeira venda de designers africanos, levando suas criações à Paris Fashion Week e às vitrines mais influentes da moda global.

Negra Li comemora 30 anos de carreira com o novo álbum “O Silêncio Que Grita”

0
Foto: Bruno Sabongi

Uma das vozes mais marcantes do rap nacional, Negra Li celebra três décadas de trajetória com um novo trabalho que ecoa como manifesto e cura. Sete anos após seu último disco, a cantora, compositora e atriz lança “O Silêncio Que Grita”, um álbum visceral que une lirismo, identidade e resistência. O projeto estreou nas plataformas digitais na última quinta-feira (29).

Com 11 faixas, o trabalho mergulha em temas urgentes como feminismo, raça, política e autoestima, costurados por beats poderosos e melodias que atravessam o tempo. É um encontro entre o clássico e o contemporâneo — do rap raiz às sonoridades africanas — que conecta ancestralidade e futuro numa mesma frequência.

Entre os convidados que somam potência ao projeto estão Liniker, Gloria Groove e Djonga, nomes que também simbolizam a força da arte como ferramenta de transformação. O álbum propõe uma viagem sonora que celebra a pluralidade da música preta, com passagens por gêneros como reggae, afrobeat, samba, boombap, R&B, blues e gospel. As participações criam camadas que vão do grito à sutileza, oferecendo ao ouvinte atmosferas que tocam corpo e alma.

Cada faixa é tratada como um capítulo íntimo, onde a estética moderna do som se entrelaça com raízes culturais profundas. Um dos pontos altos do disco é a nova versão de “Olha o Menino”, clássico lançado por Negra Li em 2005 em parceria com Helião. Agora, ela divide os versos com Djonga, trazendo uma releitura intensa e atual da canção.

O clipe da música foi gravado na Brasilândia, na zona norte de São Paulo, onde a artista cresceu e reforça esse elo com as origens. Rodado inteiramente em preto e branco, o vídeo acompanha a trajetória de um jovem negro diante das encruzilhadas da vida urbana. A crítica social é clara, mas o desfecho emociona: há luz, há caminho, há renascimento.

“O Silêncio Que Grita” é mais do que um álbum: é um gesto artístico de quem aprendeu a transformar dor em beleza, opressão em força, silêncio em voz.

“Migrantes”, peça imersiva sobre crise migratória estreia no Rio de Janeiro com direção de Rodrigo França

0
Foto: Marcio Farias

O público é convidado a sentir na pele a angústia de quem cruza desertos e oceanos em busca de sobrevivência em “Migrantes”, espetáculo do premiado dramaturgo romeno-francês Matéi Visniec que ganha montagem brasileira sob direção de Rodrigo França. Com temporada a partir de 12 de junho no Teatro Firjan SESI Centro, no Rio de Janeiro, a peça mergulha em narrativas fragmentadas sobre deslocamentos forçados, usando projeções e efeitos sensoriais para criar imersão.

O texto, escrito em 2016, ganha contornos locais na adaptação de França, que inseriu cenas sobre migração nas Américas e a perspectiva afro-diaspórica. Inserimos vozes que dialogam com nosso contexto, mas respeitamos a estrutura original. Quem conhece a obra vai notar diferenças, mas elas ampliam sua potência, diz o diretor, que reuniu nove atores no elenco, entre eles Aline Borges e Paulo Guidelly.

Enquanto a versão europeia da peça focava em histórias do Mediterrâneo e dos Bálcãs, a montagem brasileira traz referências a trajetórias como a dos haitianos no Acre, dos venezuelanos em Roraima e até dos nordestinos em deslocamento interno. “A migração não é um problema distante. O Brasil é ao mesmo tempo destino, passagem e origem de histórias dramáticas”, afirma França.

A encenação alterna entre campos de refugiados, barcos à deriva e postos de fronteira militarizados, confrontando o público com dilemas como burocracia desumana e tráfico de pessoas. “Queremos que saiam tocados e incomodados. O espetáculo não dá respostas, mas provoca reflexão”, diz o diretor.

Serviço
“Migrantes”
Quando: 12/6 a 13/7 (qui e sex, 19h; sáb e dom, 18h)
Onde: Teatro Firjan SESI Centro (Av. Graça Aranha, 1, Centro, Rio)
Ingressos: R$ 20 (meia) a R$ 40. Vendas: Sympla
Classificação: 12 anos. Duração: 90 min.

Filósofo Renato Noguera redefine “zona de conforto” como equilíbrio emocional e ato de amor próprio

0

Durante a Festa Internacional da Palavra, realizada em Itaúnas, no norte do Espírito Santo, o filósofo e professor Renato Noguera trouxe uma reflexão sobre o conceito de “zona de conforto”, distanciando-o da ideia de comodismo e associando-o a um estado de equilíbrio emocional e afetivo.

Doutor em Filosofia pela UFRJ e pesquisador nas áreas de educação, antropologia e neurociência, Noguera argumentou que a verdadeira zona de conforto não é sinônimo de estagnação, mas um espaço onde a pessoa administra sua energia, reconhece seus gostos e mantém uma relação harmoniosa com desejos, sentimentos e pensamentos.

“Significa nem explodir e nem implodir, estar em equilíbrio”, disse o filósofo. “É sair do comodismo, mas entre o comodismo e o seu equilíbrio tem uma distância. O comodismo tem a ver com acomodação inadequada, em que você não usa toda a energia que poderia trazer mais satisfação para sua vida”, afirmou. Ainda de acordo com Noguera destacou que viver nesse estado de equilíbrio é um ato de amor próprio, pois permite “usar toda energia que você tem pra desfrutar o que há de mais belo na vida, que é a experimentação da existência”.

Professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenador do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin), Noguera é autor de livros como “Porque amamos: o que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor” e “O que é o luto”. Sua fala na festa literária reforça a importância de repensar conceitos cotidianos sob uma perspectiva filosófica e afetiva.

Arquiteto Gabriel Rosa cria adega que resgata ancestralidade africana na CASACOR 2025

0
Foto: Vitor Guilherme

O arquiteto Gabriel Rosa, fundador do Gabriel Rosa Arquitetura, apresenta na CASACOR São Paulo 2025 a “Adega Legado”, um espaço de 33m² que une design, história e resistência. Aos 22 anos, Rosa já havia se destacado como o arquiteto mais jovem a participar do evento em 2024, conquistando o prêmio de melhor ambiente em sua categoria.

O projeto da adega é uma homenagem às raízes africanas do vinho, bebida que, muito antes de se tornar símbolo da Europa, era sagrada no Egito Antigo há mais de 5 mil anos. “O vinho era reservado aos faraós e aos deuses”, explica o arquiteto no texto de apresentação. “A Adega Legado devolve à estética negra o seu lugar de origem.”

Com materiais como veludo, tons de vinho, azul-óleo e dourado queimado, o ambiente também incorpora elementos do movimento Black Dandy, que ressignifica a elegância como manifestação negra. “Homens negros vestindo alfaiataria impecável desafiam estereótipos e reescrevem narrativas de poder”, destaca Rosa.

O espaço foi pensado como um “altar ao tempo e à identidade”, com madeira esculpida, iluminação precisa e uma atmosfera de contemplação. “Não é apenas sobre design. É sobre existência. Sobre a beleza de permanecer, resistir e transformar”, afirma o arquiteto, que descreve a adega como um “rito” e um “manifesto”.

A participação de Rosa na CASACOR 2025 conta com parceiros como HProjecta Engenharia, ColormixStore e Vitrais Ton Geuer, além de artistas como Igor Rodrigues e Natalia Guarconi. O projeto reforça a trajetória do arquiteto, que, além de trabalhos residenciais e comerciais, ministra palestras para marcas como Pinterest e universidades.

Confira as imagens da Adega Legado:

PopCorn Gourmet chega a 10 anos como líder em franchising de pipocas e mira expansão no varejo

0
Foto: Divulgação

Em 2025, a PopCorn Gourmet completa uma década como a maior franquia de pipocas do Brasil. Fundada em Goiânia pela chef Elaine Moura, a marca surgiu com o objetivo de transformar a pipoca em um produto gourmet, aliando experiências sensoriais a ingredientes de alta qualidade.

Hoje, a rede conta com mais de 60 unidades franqueadas, está presente em mil pontos de varejo e já exporta seus produtos. Desde a abertura da primeira franquia, em Ribeirão Preto (2016), a empresa se expandiu para 12 estados, acompanhando o crescimento do franchising de alimentação, que registrou alta de 8% em 2024, segundo a ABF. A marca oferece 15 sabores de pipoca, com técnicas que garantem crocância e padrão gourmet. Entre os destaques estão parcerias com marcas como a Nestlé, como os sabores Alpino, Sensação e Melhor com Ninho Trufado (o campeão de vendas), além de criações próprias como Caramelo com Flor de Sal, Paçoca com Especiarias e Cocada Branca (lançamento recente).

Para 2025, a empresa promete sete novos sabores, incluindo colaborações com grandes marcas. As embalagens variam de cones individuais até a Super Caixa, que comporta até 10 variedades. “Nosso objetivo é proporcionar uma experiência única, com produtos de qualidade e sabores exclusivos. A expansão reforça nosso compromisso de levar a marca a mais pessoas”, afirma Elaine Moura, fundadora e CEO.

A marca ampliou seu portfólio com a Pop Coffee, loja conceito que harmoniza cafés especiais com pipocas, inspirada na tradição etíope de servir café com o snack. A rede também investe em sustentabilidade, reaproveitando excedentes da produção em receitas como cappuccinos, bolos, sorvetes e biscoitos. Já a Pop Milky é uma linha de quiosques de milkshakes temáticos, que se tornaram atração em shoppings.

A PopCorn Gourmet se destaca pelo perfil inclusivo: 80% dos franqueados são mulheres, e a liderança é majoritariamente composta por mulheres, pessoas negras e LGBTQIAPN+. Campanhas afirmativas têm aumentado a participação de empreendedores negros na rede.

O grupo fechou contratos com grandes redes varejistas, o que deve dobrar seu faturamento em relação a 2024.

O quintal de casa é espaço de memória, resistência e futuro 

0
Foto: Divulgação

Quais memórias de quintal você guarda? A experiência negra de família, muitas vezes, começa pelo quintal, onde tios, tias, avós, irmãos e primos, unidos pela ancestralidade africana, tecem histórias de afeto e resistência. É nesse espaço de organização comunitária que o Festival Sesc Culturas Negras se inspira para reunir o público de 10 a 15 de junho e compartilhar saberes, promover oficinas, rodas de conversa, vivências, apresentações culturais e momentos que levam o público de volta aos quintais familiares cheios de afeto, onde resistem ensinamentos transmitidos por gerações.

A segunda edição do evento conduzirá o público pelos oito quintais: das teatralidades, da Imagem, dos Ofícios, dos Erês, dos Festejos, do Samba, das Ensinagens e das Corporeidades – que se dividem em diferentes unidades do Sesc, na cidade de São Paulo, e celebram a ‘Existência Negra’ em suas multiplicidades. São espaços que recriam a atmosfera dos quintais onde a coletividade e o aprendizado florescem.

A música, a dança, a oralidade, o segredo das folhas, a culinária, as brincadeiras e importantes reflexões sobre a vida da população negra, sobretudo, de crianças negras, serão algumas das tecnologias de nossa ancestralidade que acontecerão nos quintais. Nesse quintal, “que é nosso”, rir e celebrar serão os principais recursos utilizados para denunciar injustiças e mostrar que apesar de tudo, há resistência de uma cultura que retorna ao seu quintal para traçar suas estratégias de sobrevivência e união.

A programação, repleta de significado, contará com atrações como a Pretaria Cabaré Show, de Ana Luiza Bellacosta, que propõe ao público viver uma empreitada poética-político-afetiva circenses, no Sesc 14 Bis. O desfile da coleção Acredite no seu axé, da estilista Isa Silva, que trará para o Sesc Campo Limpo criações que celebram e enaltecem a diversidade das raízes brasileiras. Já no Sesc Casa Verde, haverá uma edição da Feira Preta Pocket, que objetiva fortalecer a participação das pessoas negras e indígenas em um sistema econômico mais equitativo, diverso e sustentável, além do bate-papo sobre Infâncias Negras, com participação de Kiusam de Oliveira, Leticia Nascimento e mediação de Jerusa Gomes, no Sesc Consolação.

A Orquestra e Balé Afrikanse, levará ao Quintal das Corporeidades, no Sesc Vila Mariana, a riqueza e a diversidade da cultura africana por meio da música, dança, corporeidade, tambores, melafonia e cordas.

Às vezes o que a gente precisa é voltar para o quintal e você está convidado para esse reencontro. Confira a lista completa de atrações do Festival Sesc Culturas Negras no site: sescsp.org.br/culturasnegras

Devido a questões de saúde, Muniz Sodré não participará mais do bate-papo no dia 10/6, no Sesc Vila Mariana.

Esse conteúdo é fruto de uma parceria entre Mundo Negro e Sesc São Paulo

Offset pede pensão alimentícia a Cardi B e guarda compartilhada dos filhos

0
Foto: Shutterstock.com / Featureflash Photo Agency

A separação de Cardi B e Offset, oficializada em 2024, continua gerando novos capítulos. Desta vez, os holofotes se voltam para os termos do divórcio, já que o ex-integrante do grupo Migos, estaria solicitando pensão alimentícia da rapper, segundo documentos revelados pelo TMZ nesta quinta-feira (29).

De acordo com a publicação, o artista apresentou uma alteração nos autos do processo neste mês, pedindo que Cardi contribua financeiramente, mas sem especificar valores. Offset também solicita a guarda compartilhada dos filhos, mantendo o entendimento de que a residência principal das crianças será com a mãe.

Cardi B entrou com o pedido de divórcio em agosto do ano passado, encerrando oficialmente um casamento de sete anos marcado por altos e baixos — muitos deles expostos nas redes sociais. Durante o mesmo período, ela deu à luz o terceiro filho do casal. Eles são pais de Kulture, Wave e do caçula, cujo nome ainda não foi divulgado publicamente.

Nos últimos meses, Offset tem recorrido às redes sociais para comentar, ainda que de forma sutil, a tensão com a ex-esposa. Em uma postagem no X (antigo Twitter), ele desabafou: “Mantenham meu nome fora disso, por favor. Estou cansado desse circo. Só quero paz. Amo a gangue Bardi, somos adultos. Ela está feliz, deixem-na viver. A vida continua, todos podemos ser amigos.”

Além do processo de divórcio, recentemente, Offset confirmou que seu próximo projeto musical está finalizado e pronto para ser lançado, marcando uma nova fase em sua trajetória solo.

Já Cardi B, que vem deixando seus fãs em suspense quanto ao aguardado segundo álbum desde o icônico Invasion of Privacy (2018), ainda não entregou o novo projeto prometido para 2024. Em suas palavras, a razão para o adiamento é simples: colaboração.

“Preciso muito dessas participações especiais”, explicou recentemente. “Não quero pressionar ninguém porque amo esses artistas. Mas, vamos lá! Eu preciso disso agora. Alôôô! Vocês não vão querer perder essa oportunidade. Se for o caso, eu mesma vou cantar essa m*** toda!”*, disse a estrela, determinada a entregar um trabalho à altura de toda a sua carreira.

error: Content is protected !!