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13 de maio: 14 de maio, o dia seguinte

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Foto: Rui Santos/Domínio Público

por Rodrigo França

Naquela madrugada, as correntes já não tilintavam nas pernas dos corpos pretos — mas continuavam apertadas em torno de seus destinos. Não houve festa. Não houve promessa de futuro. Só o silêncio cruel de quem, ao supostamente conceder a liberdade, mesmo antes retirando o chão, a casa, o sustento, o nome e demonizando a fé. O 13 de maio chegou com uma assinatura e partiu como um abandono. No dia seguinte, era a fome quem aguardava nas esquinas. Era o esquecimento que tomava conta das igrejas, dos jornais, das praças e das escolas. A liberdade, para o povo negro, veio sem terra, sem teto, sem emprego, sem educação, sem indenização, sem cidadania. Porque antes da travessia tudo isso existia, com excelência.

O mito da abolição é um dos maiores engodos da narrativa nacional. Em vez de simbolizar um gesto de justiça, tornou-se marco da negligência: o Estado brasileiro rompeu formalmente com a escravidão, mas não com a lógica escravocrata. As pessoas antes mercadoria tornaram-se descartáveis. A liberdade virou sinônimo de marginalidade. Não foi à toa que os primeiros códigos penais do pós-abolição trataram de enquadrar a vadiagem como crime. Para o Estado, a presença negra livre nos centros urbanos passou a representar uma ameaça.

Em 1888, o Brasil era o último país do Ocidente a abolir a escravidão. Milhares de pessoas ainda estavam legalmente escravizadas. Mas milhões de outras, nascidas livres e descendentes de africanos, já haviam sentido a brutalidade de um sistema que se sustentava na racialização do trabalho, no controle dos corpos e na negação de direitos. A Lei Áurea, com seus míseros dois artigos, não previa nenhuma política de inclusão. Nenhuma medida de reparação. Nenhuma menção à justiça.

Enquanto os senhores de escravizados receberam indenizações por suas “perdas”, os libertos foram lançados à própria sorte. Sem terras, foram impedidos de participar dos programas de colonização voltados à imigração europeia. Sem acesso à educação, viram-se confinados ao subemprego. Sem direitos civis plenos, tornaram-se alvo fácil das forças repressoras. O 13 de maio não selou a liberdade: instituiu a exclusão como política pública.

Há uma permanência desse projeto de exclusão. Basta observar os dados contemporâneos. Segundo o IBGE, as pessoas negras representam mais de 70% da população em situação de pobreza extrema no país. São 75% das vítimas de homicídio, segundo o Atlas da Violência. São minoria nas universidades, nos cargos de liderança, nos espaços de poder. A cada passo da história brasileira, é possível rastrear o eco do abandono do dia seguinte.

O racismo estrutural não nasceu do nada — ele é herdeiro direto da escravidão não reparada. A ausência de uma reforma agrária, a negação de políticas afirmativas por décadas, a criminalização das culturas negras, a marginalização dos territórios quilombolas, tudo isso se conecta a 14 de maio de 1888: o dia em que o Brasil acordou sem escravidão, mas continuou profundamente escravocrata.

E, ainda assim, resistimos. A cada terreiro que se reergue após ataques. A cada roda de samba que entoa a ancestralidade. A cada sala de aula que hoje tem um professor negro ou professora negra contando outra versão da história. A cada artista preto que performa, canta, dirige, lidera. Não por generosidade do Estado, mas apesar dele. Cada conquista é fruto de uma luta árdua, silenciosa ou estrondosa, mas incessante.

A abolição, para o povo negro, continua sendo um processo inacabado. Ela não será completa enquanto houver genocídio da juventude negra. Enquanto mães pretas continuarem enterrando seus filhos. Enquanto os becos forem mais vigiados que os gabinetes. Enquanto a pele determinar o futuro de uma criança. Enquanto a dívida histórica não for reconhecida, debatida e reparada — e não com esmolas ou homenagens pontuais, mas com políticas públicas consistentes, com orçamento, com responsabilidade, com mudança de estruturas.

O 13 de maio, portanto, deve ser lembrado — não como data de libertação, mas como marco do não-feito, do que foi negado. Como memória da traição. E como combustível para o que ainda precisa ser construído: um Brasil onde o povo negro não precise mais resistir para simplesmente existir.

Grupo de 59 refugiados sul-africanos brancos chega aos EUA após governo Trump alegar “discriminação racial”

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Foto Trump: Mandel Ngan/AFP | Foto Sul-africanos: Saul Loeb / AFP - Getty Images

Um grupo de 59 sul-africanos brancos desembarcou nos Estados Unidos na segunda-feira (12) e receberá status de refugiados após o governo do presidente Donald Trump acelerar seus processos sob a alegação de que são vítimas de “discriminação racial” em seu país. A decisão foi criticada pelo governo sul-africano, que afirmou não haver perseguição contra o grupo que justifique o refúgio, e por organizações de direitos humanos, que acusam a medida de ser uma “distorção racial”.

Os sul-africanos, da minoria africâner (de origem majoritariamente holandesa), chegaram ao aeroporto de Dulles, próximo a Washington, e foram recebidos com bandeiras dos EUA e decoração temática. Alguns carregavam crianças e agitavam pequenas bandeiras americanas. Normalmente, o processamento de refugiados nos EUA leva meses ou anos, mas o grupo teve seus trâmites acelerados. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) confirmou m entrevista para o portal BBC que não participou da triagem, como é praxe.

Questionado sobre a prioridade dada aos africâneres, Trump afirmou que um “genocídio” estaria ocorrendo na África do Sul e que “fazendeiros brancos” estariam sendo alvos. “Agricultores estão sendo mortos, eles são brancos, mas para mim não faz diferença se são brancos ou negros”, disse. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, rebateu as declarações, afirmando em entrevista que disse a Trump por telefone que a avaliação dos EUA “não era verdadeira”. “Um refugiado é alguém que precisa deixar seu país por medo de perseguição política, religiosa ou econômica. E eles não se enquadram nesse perfil”, declarou.

A medida ocorre em meio a atritos diplomáticos entre os dois países. Os EUA criticam a política de reforma agrária da África do Sul, que permite a expropriação de terras sem compensação em casos considerados de “interesse público”. O governo sul-africano, porém, afirma que nenhuma propriedade foi confiscada até agora.

Dados da polícia local mostram que, em 2024, 44 assassinatos ocorreram em fazendas, sendo oito vítimas agricultores. O país não divulga estatísticas por raça, mas a maioria dos proprietários rurais é branca. O bilionário Elon Musk, conselheiro de Trump e sul-africano, já afirmou que há um “genocídio de brancos” no país – alegação amplamente desacreditada.

Gregory Meeks, democrata no Comitê de Relações Exteriores da Câmara, classificou a ação de Trump como “uma desculpa racista e uma reescrita da história”. A Igreja Episcopal anunciou que deixará de cooperar com o governo federal no reassentamento de refugiados devido ao “tratamento preferencial” dado aos africâneres.

Enquanto isso, o programa geral de refugiados dos EUA está suspenso desde janeiro, deixando mais de 120 mil pessoas aprovadas condicionalmente em espera, segundo a ONG International Refugee Assistance Project, que processou o governo.

A tensão entre os países se agravou após a expulsão do embaixador sul-africano nos EUA, Ebrahim Rasool, em março, após ele acusar Trump de usar a “vitimização branca como desculpa”.

O caso também ocorre em um contexto de restrições migratórias mais amplas nos EUA, incluindo a suspensão de admissões de refugiados de zonas de guerra, como Afeganistão e Síria. A Human Rights Watch chamou a política de “cruel”, destacando que milhares de negros e afegãos tiveram suas solicitações negadas.

Vivências de mulheres negras inspiram linha de A’ja Wilson para a Nike

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A estreia de A’ja Wilson como designer de um tênis assinado pela Nike é mais do que um marco no esporte ou na moda. É um registro sensível sobre o que significa crescer como uma menina negra em comunidade — com referências, afetos e símbolos que atravessam gerações. Batizado de A’One, o modelo é o primeiro da estrela da WNBA com a marca, e chega ao público acompanhado de uma campanha potente, co-dirigida por Malia Obama e pela premiada cineasta Jenn Nkiru.

No filme One of A’Kind, a narrativa foge do óbvio e mergulha em imagens que tocam diretamente na memória afetiva de quem se reconhece nessas experiências. Pular corda na rua (o clássico double-dutch), os jogos de mão, os estalos das miçangas no cabelo, os olhares trocados nos bancos da igreja e a força de uma comunidade que torce por você mesmo quando você está fora de cena. É sobre pertencimento, identidade e sobre como o cotidiano molda as trajetórias de mulheres negras que, como A’ja, carregam o peso da excelência com graça.

A’ja Wilson é bicampeã da WNBA, campeã mundial com a seleção norte-americana e uma das vozes mais respeitadas do basquete atual. Fora das quadras, ela se tornou símbolo de representatividade ao abordar questões de saúde mental, racismo e equidade racial no esporte. Agora, com o lançamento do A’One, ela também se firma como referência na cultura sneakerhead, sendo uma das poucas mulheres negras com um tênis exclusivo na Nike.

A escolha de Malia Obama para co-dirigir a campanha não é por acaso. A filha mais velha de Barack e Michelle Obama vem construindo seu caminho no audiovisual e traz para o projeto um olhar generoso e artístico, alinhado com o tom íntimo e universal da campanha.

O lançamento é uma celebração das histórias que construímos com nossos corpos, nossos cabelos, nossos gestos e nossa coletividade. E mostra que, quando uma mulher negra ocupa espaço com liberdade criativa, o resultado é muito mais do que produto — é narrativa, é identidade, é futuro.

“Ela/Ele é quase da família” – a estratégia da branquitude para manter a escravização das pessoas negras

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Foto: Reprodução/Freepik

Texto: Luciano Ramos

“Ela é quase da família”. Quantas vezes ouvimos essa frase ser dita por patroas e patrões brancos ao se referirem a empregadas domésticas? Quantas vezes, ao lado do fogão, no quarto de serviço ou no banco de trás do carro, mulheres negras são romantizadas em sua condição de submissão, como se carinho e afeto bastassem para encobrir a desigualdade brutal que define a estrutura do trabalho doméstico no Brasil?

Há um tempo atrás, eu fui surpreendido por essa frase ao ser chamado para jantar na casa de um ex-chefe, no momento em que ele me apresentara a senhora que trabalhava na sua casa. Não satisfeito ele ainda dizia que aquela mulher era “uma santa” e que estava na família havia muito tempo.

Essa expressão é uma armadilha simbólica. Ao declarar que a empregada é “quase da família”, a branquitude reafirma sua posição de poder e reforça um tipo de relação que naturaliza a exploração, a informalidade e o apagamento da história escravocrata do país. A frase mascara a violência cotidiana imposta a corpos negros e pobres, sobretudo de mulheres, que seguem sendo herdeiras da senzala em uma casa que nunca será delas.

Segundo dados da PNAD Contínua (IBGE, 2022), cerca de 92% das trabalhadoras domésticas são mulheres, mais de 65% são negras, e cerca de 70% estão na informalidade, sem carteira assinada ou direitos básicos. A PEC das Domésticas, aprovada em 2013, trouxe avanços legais — como jornada de trabalho regular, FGTS obrigatório e adicional noturno —, mas muitos desses direitos ainda não se efetivaram, especialmente em lares onde o racismo estrutural define as relações de poder.

O Movimento das Trabalhadoras Domésticas (MTPD), ativo desde os anos 1930, tem registrado e denunciado essa desigualdade histórica. Em um depoimento colhido pelo movimento na década de 1980, Creuza Oliveira, uma das lideranças mais importantes da categoria, declarou: “Eu comecei a trabalhar aos dez anos, como empregada interna. Dormia num colchão no chão da cozinha. Me diziam que eu era como filha, mas eu não podia sentar à mesa nem estudar. Só quem era da família de verdade podia.”

Outro relato, de Maria das Dores, trabalhadora de Salvador, registrado em entrevista ao Instituto Papai (2014), é ainda mais explícito:
“Quando eu pedi minha carteira assinada, a dona me disse: ‘você vai me tratar como patroa agora? Achei que você era como uma irmã pra mim’. E me mandou embora”.

Esses testemunhos escancaram a manipulação emocional e a camuflagem do racismo nas relações privadas. O afeto é usado como forma de silenciar reivindicações legítimas. O “quase da família” é, na prática, um lugar subalterno: o bastante para limpar a casa, cuidar dos filhos e da comida, mas nunca o suficiente para ter direitos, autonomia ou igualdade.

Além disso, é impossível dissociar essa lógica da herança colonial escravocrata. A historiadora Beatriz Nascimento já alertava, em seus estudos, que o espaço doméstico no Brasil é a extensão moderna da casa grande. A abolição de 1888 não significou liberdade plena, pois a ausência de políticas de reparação e inclusão manteve mulheres negras no mesmo lugar: servindo.

É urgente desromantizar essas relações. Entender que não há “quase” quando se trata de humanidade. Ou se é respeitada em sua dignidade plena ou se está sendo explorada. E, no Brasil, a exploração do trabalho doméstico negro continua sendo naturalizada, com verniz emocional e aparência de generosidade.

Romper com essa lógica exige ação política, educação antirracista, fortalecimento dos sindicatos e movimentos de empregadas domésticas, além de uma mudança radical na forma como as famílias brancas reconhecem (ou se recusam a reconhecer) seus próprios privilégios.
“Ela é quase da família” é, na verdade, uma frase que esconde: “Ela está aqui, servindo, como sempre foi, sem direitos, sem salário digno, sem liberdade.” E isso precisa acabar.

Família de Sean “Diddy” Combs acompanha início de julgamento por tráfico sexual em Nova York

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Foto: Getty

Familiares de Sean “Diddy” Combs compareceram ao tribunal federal em Manhattan, Nova York (EUA), nesta segunda-feira (12) para acompanhar as declarações de abertura do julgamento em que ele responde por acusações de tráfico sexual, extorsão e transporte para prostituição. Entre os presentes estavam seus filhos Justin, Christian Combs e Quincy Brown, suas filhas Chance Combs e as gêmeas D’Lila e Jessie Combs, além de sua mãe, Janice Combs.

Combs acenou e jogou um beijo para os familiares na galeria ao ser conduzido à sala. A família já havia acompanhado audiências anteriores do caso. As acusações, apresentadas em setembro, incluem a alegação de que o empresário organizava “surpresas” — descritas pelos promotores como “performances sexuais elaboradas e encenadas” com mulheres que teriam sido coagidas ou forçadas a participar, junto a profissionais do sexo masculinos. Combs, que nega as acusações, pode enfrentar prisão perpétua se for condenado por todos os crimes.

Entre as testemunhas potenciais está a cantora Casandra “Cassie” Ventura, citada na denúncia como vítima de agressão em um hotel de Los Angeles em 2016. Ventura moveu um processo contra Combs em 2023, encerrado um dia depois — caso que abriu caminho para dezenas de outras ações judiciais por abuso sexual contra o empresário.

Durante a seleção do júri, nomes como Kanye West, Michael B. Jordan, Mike Myers e Kid Cudi foram mencionados, mas de acordo com fontes da PEOPLE, Jordan não será chamado a depor.

Foto: Getty Images

Moradores de Caraíva (BA) cobram justiça por guia de turismo morto em operação policial

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Foto: Dani Rocchà

A morte do guia turístico Victor Cerqueira, de 28 anos, durante uma operação policial em Caraíva (BA), no último sábado (10), revoltou moradores do distrito de Porto Seguro, que estão se mobilizando e pedindo justiça. Conhecido por seu trabalho como guia de turismo na região, Victor não tinha ligação com o crime.

De acordo com informações do jornal Correio da Bahia, testemunhas afirmam que Victor foi algemado por policiais antes de ser encontrado morto. Ele estaria a caminho de receber um grupo de turistas quando foi abordado. Um perfil chamado @justicaporvitinho foi criado no Instagram e amigos e familiares do jovem estão se mobilizando para cobrar justiça pela morte do rapaz: “Vamos transformar o luto em luta – Vitor Cerqueira não é um caso isolado, a Polícia da Bahia mata mais que exércitos de guerra. Luzia, mãe de Vitor, não celebrou o dia das mães e os agentes que cometeram essa barbarie precisam ser responsabilizados”, diz uma das publicações.

A operação, que tinha como alvo um suspeito de tráfico, deixou três mortos, incluindo Ramon Oliveira Cruz, apontado como líder de uma facção local e seu motorista. Um abaixo-assinado pedindo justiça pela morte de Victor já ultrapassou 450 assinaturas.

“Vitinho era a alegria daqui, sempre mostrando as belezas da nossa terra com orgulho”, diz o texto da petição. Nas redes, amigos postaram homenagens. “Mataram um filho, um amigo, um profissional que só queria viver em paz”, escreveu um deles.

A Polícia Civil não se pronunciou sobre o caso.

O 13 de maio nas escolas e o silêncio sobre o racismo

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Foto: Sumaia Vilela / Agência Brasil

Estamos aprendendo com muito sofrimento que a luta contra o racismo precisa ser realizada todos os dias, em todos os espaços  políticos em que participamos.

Vivemos momentos ruidosos com denúncias de racismo em escolas públicas e privadas, mas há a mais completa ausência de manifestação por parte dos gestores públicos estaduais e municipais na cidade de São Paulo. É um sinal preocupante de que silenciamento sobre o tema das relações raciais e étnicas e a educação.

Na última semana foi realizado um Seminário de três dias sobre o Março Referencial de Equidade na Educação organizado pelas equipes da Secretaria Educação Continuada, de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão – SECADI/MEC. Um debate necessário sobre a Equidade na Educação e muito recente no Brasil. Do ponto de vista normativo -legal, somente em 2009 o termo aparece, pela primeira vez, no capítulo da educação, por meio da Emenda Constitucional n.59/2009, e é retomado em 2020, via Emenda Constitucional 108, que trata do “novo” Fundeb.

Um dos grandes entraves para a superação do racismo é o seu não reconhecimento e a abordagem cruel e enganosa de ser visto como uma brincadeira, e não como uma violência estrutural de nossa sociedade.

As instituições têm um papel importante na formulação e implementação de políticas antirracistas, garantido pela Lei 10639 de 2003, que passados mais de vinte anos há uma luta titânica para sua implementação em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior.

Um ato revolucionário  por parte dos governos municipais e estaduais  seria respeitar e garantir a implementação da legislação federal que existe há mais vinte anos . E principalmente dialogar com o movimento negro  durante todo o ano letivo não só no mês de novembro.

A meta dos gestores públicos  deveria ser o estabelecimento um diálogo com professores, diretores, funcionários administrativos e gestores  e principalmente com as famílias negras da cidade de São Paulo.

Neste dia 13 de maio, é fundamental que todos (brancos e negros) se posicionem contra o racismo com ações e empenho tendo a consciência de que é necessário muito mais do que discursos e palestras de letramento racial. 

Todas as políticas públicas exigem um orçamento público, que infelizmente não existem nos municípios e nos governos estaduais.  Ficamos nos perguntando quantas crianças negras sofrem racismo diariamente nas escolas públicas?  Como os secretários de Educação trabalham o 13 de maio nas escolas? Quem acolhe nossas crianças?  

Questões que vem sendo levantadas a décadas pelo movimento negro brasileiro  e está na agenda política por igualdade na sociedade brasileira.

Lionel Richie é confirmado no The Town e se apresenta no mesmo dia que a cantora Mariah Carey

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Foto: Divulgação

O cantor norte-americano Lionel Richie é mais um nome confirmado na programação do The Town, festival que acontece entre os dias 6 e 14 de setembro no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Ele se apresentará no dia 13, no palco The One, mesma data em que sobem ao palco Skyline artistas como Mariah Carey, Jessie J e Ivete Sangalo.

Esta será a terceira vez que Richie se apresenta no Brasil. O músico, conhecido por sucessos como “Hello” e “All Night Long”, esteve no país em 2010 e 2016, com shows em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro.

O The Town, organizado pelos mesmos criadores do Rock in Rio, chega à sua segunda edição em 2025 com um line-up que inclui ainda Katy Perry, Backstreet Boys, J Balvin, Green Day e Iggy Pop, entre outros. O festival ocupará três palcos e ocorrerá em cinco dias de programação.

Confira os principais nomes confirmados:

7 de setembro

  • Green Day (Skyline)
  • Iggy Pop (The One)

12 de setembro

  • Backstreet Boys (Skyline)

13 de setembro

  • Mariah Carey (Skyline)
  • Lionel Richie (The One)

14 de setembro

  • Katy Perry (Skyline)
  • J Balvin (Skyline)

Ingressos já estão à venda no site oficial do evento.

Taís Araujo revela que críticas ao papel de ‘Helena’ em ‘Viver a Vida’ a fizeram abraçar a negritude em suas atuações

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Imagem: Reprodução

Em entrevista para a jornalista Maju Coutinho, no Fantástico, na noite do último domingo (11), a atriz Taís Araújo relembrou as duras críticas que recebeu ao interpretar Helena, protagonista da novela Viver a Vida (2009), e como o papel marcou sua carreira. Ao lado da mãe, Mercedes Araújo, a atriz contou sobre como o papel a incentivou falar sobre sua negritude em seus trabalhos e ainda se emocionou ao falar sobre maternidade.

A atriz contou que deixou “tudo” na França, onde estudava, para voltar ao Brasil após ser convidada por Manoel Carlos para ser a primeira Helena negra. O sonho, porém, se tornou um desafio. A primeira Helena negra das novelas de Manoel Carlos foi alvo de rejeição do público. Taís contou com o apoio da mãe, Mercedes Araújo, para lidar com as críticas: “Eu vi a novela, e eu não achava que estava dando errado, eu achava que ela estava ótima, só que o público não aceitava”, disse Mercedes. “O povo odiou, e ela chorava. Eu falei: ‘Você não está fazendo nada errado, tá tudo certo, eu quero você viva, mentalmente boa. Isso é só um trabalho, vai passar’”, contou a mãe da artista. Emocionada, Taís refletiu sobre o momento: “Hoje eu sou mãe, ver um filho seu muito triste não é o que a gente quer na vida, né? Helena não foi só um trabalho, foi o trabalho”.

Apesar das críticas iniciais, a personagem se tornou um marco de representatividade. “Depois de Xica da Silva, a Helena foi a personagem que ampliou meu olhar artístico. Lembro que falei para um amigo: ‘Preciso botar minha negritude para fora em todos os meus personagens’. Tanto que minha carreira é uma antes e outra depois [da Helena]”, afirmou.

Taís também destacou as barreiras enfrentadas na publicidade. “Passei por muita coisa. ‘Ah, já temos uma negra na capa esse ano’. A gente não cansava, Maju, a gente batia na porta”, concluiu.

Ao final da entrevista, a filha mais nova de Taís Araujo e Lázaro Ramos, Maria Antônia, se juntou à mãe e à avó para homenagear Taís, dizendo: “Ela é uma pessoa muito especial para mim e merece muito estar onde está hoje”, disse. Ao falar sobre maternidade, Taís contou: “Esse Dia das Mães, eu acho que é um dos dias, assim, que mais me emocionam. Porque o exercício da maternidade é lindo.. Ele é muito transformador, assim. A minha vida depois dos meus filhos é completamente outra. Eu sou uma mulher, eu acho, muito melhor. Eu sou uma atriz melhor. Os meus filhos fizeram de mim tudo melhor…. Isso é muito lindo”.

Criadoras de ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’ falam sobre a importância de terapia para homens negros na TV: “Não vemos o suficiente”

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Hassan Johnson como Dr. Lawrence e Tone Bell como Khalil (Foto: Cortesia da Netflix © 2025)

Na segunda temporada de ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’, um dos momentos em especial marca a série em relação aos homens negros: quando o Khalil, interpretado por Tone Bell, aceita o convite para fazer terapia. “É algo que não deveria parecer inovador, mas não vemos isso o suficiente”, reflete Danielle Sanchez-Witzel, cocriadora da produção ao lado da atriz Michelle Buteau, em entrevista ao Tudum. 

A sequência, como elas explicam, é um convite para que homens negros também se reconheçam no autocuidado e na busca por saúde mental.

Nore Davis como Tony e Tone Bell como Khalil. (Foto: Cortesia da Netflix © 2025)

De volta com novos episódios na Netflix, a série continua acompanhando a estilista Mavis Beaumont ( Michelle Buteau) em sua jornada de amor-próprio, relacionamentos e recomeços profissionais. Mas não é só Mavis que cresce — personagens como Khalil e Marley (Tasha Smith) também ganham camadas emocionais mais profundas, em uma temporada que aposta na vulnerabilidade como ato de coragem.

“Você pode escrever um post para o Instagram e dizer: ‘Faça terapia e #saudementalnegra’. Ou você pode colocar isso em uma cena e deixar viver. Acho que essa é a beleza da televisão e do cinema”, destaca Buteau.

Hassan Johnson como Dr. Lawrence. (Foto: Cortesia da Netflix © 2025)

“Tínhamos vários homens negros na nossa sala de roteiristas, todos com perspectivas diferentes, obviamente. Todos os roteiristas têm alguma relação com a terapia”, disse Sanchez-Witzel, sobre os bastidores de ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’, que teve todos os episódios dirigidos por mulheres. 

Buteau relembra que a Marley também fazia terapia na primeira temporada. “Teve uma cena de terapia que viralizou nas redes sociais da Netflix, acho que porque é uma janela para uma conversa que não conseguimos ver. O fato de termos conseguido fazer isso com Khalil é muito importante.”

Michelle Buteau como Mavis, Tone Bell como Khalil, e Tasha Smith como Marley. (Foto: Vanessa Clifton/Netflix © 2024)

Além da pouca retratação da terapia para homens negros na televisão, ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’ ainda mostrou na trama como esse assunto ainda é um tabu entre eles ao buscar ajuda, e destaca a importância de procurar por profissionais negros para lidar com as questões raciais que interferem na saúde mental.

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