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Galeria paulistana sediou o 1º Encontro de Pessoas Negras Colecionadoras de Arte

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Foto: Reprodução Instagram

A arte contemporânea brasileira ganhou um novo marco em São Paulo. No dia 13 de maio, a LTRL Galeria realizou o 1º Encontro de Pessoas Negras Colecionadoras de Arte, uma iniciativa inédita que reuniu profissionais negras e negros de diversas áreas para discutir pertencimento, acervo e poder. O evento deu origem ao MPNCA, o Movimento de Pessoas Negras Colecionadoras de Arte, criado para fortalecer e visibilizar uma presença negra ainda rara no campo do colecionismo.

Organizado pelos sócios da galeria, Camila Alcântara e Guilherme Marinho, o encontro foi restrito a convidados. A ideia era garantir um ambiente de troca genuína e representativa. “Organizamos esse encontro com a intenção de nos conhecermos, reconhecermos e fortalecermos como pessoas colecionadoras de arte. Ainda é baixo o número de pessoas negras colecionadoras de arte no Brasil, mas acredito que o passo que demos hoje vai ser um incentivo para que pessoas se reconheçam como colecionadoras e outras que iniciem suas coleções”, afirma Guilherme Marinho.

Camila reforça que a escolha da data do evento, 13 de maio, tem peso simbólico. “Um encontro como esse, onde pessoas negras se reúnem para falar sobre arte e colecionismo, acontecer nessa data é muito simbólico e poderoso. É ter, daqui pra frente, nossa história contada por nós mesmos, é traçar um novo caminho, se apropriar da narrativa, e ter a narrativa é ter poder”, afirmou.

Durante o encontro, os participantes compartilharam vivências sobre como construíram suas coleções, os desafios de acesso e a importância do colecionismo como ato político. A LTRL já planeja novos encontros ainda este ano, sempre com o foco em expandir a rede de pessoas negras colecionadoras. A proposta é que o 13 de maio passe a ser, de forma permanente, uma data para reunir, escutar e afirmar a presença negra como agente ativo no futuro da arte brasileira.

Damson Idris viverá Miles Davis em filme romântico produzido por Mick Jagger

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Foto: Reprodução Instagram

O ator britânico Damson Idris foi escalado para interpretar o lendário músico Miles Davis no filme Miles & Juliette, que será dirigido por Bill Pohlad e produzido por Mick Jagger. A obra promete revelar um lado mais íntimo e pouco explorado do artista, ao focar no romance vivido por Davis com a cantora e atriz francesa Juliette Gréco, na Paris de 1949.

Anamaria Vartolomei interpretará Gréco e Xavier Dolan também estará no elenco. O roteiro é assinado por Zora Howard, e a trilha sonora será composta e produzida por Robert Glasper. A produção conta ainda com o apoio oficial do espólio de Miles Davis e da Jagged Films, produtora de Victoria Pearman.

A trama acompanha o jovem Davis, aos 22 anos, durante uma estadia transformadora em Paris, onde se envolve com Gréco. O relacionamento entre os dois artistas, ainda antes da fama global, é descrito como intenso e breve, mas marcante. Segundo o diretor, o filme não apenas narra a história de amor entre os dois, mas investiga como esse tipo de encontro pode reverberar por toda uma vida.

Damson Idris, conhecido por seu papel marcante como Franklin Saint na série Snowfall, vem se destacando no cinema internacional. Recentemente, ele atuou ao lado de Anthony Mackie no sci-fi Zona de Combate (Netflix) e estrelou Swarm (Prime Video), série produzida por Donald Glover. Idris agora assume o desafio de interpretar um dos músicos mais influentes do século 20.Mick Jagger declarou estar entusiasmado com o projeto e destacou a importância de revisitar esse capítulo da vida de Miles Davis. “Estou muito empolgado em fazer parte de um filme que celebra os primeiros dias de Miles Davis e seu grande amor, Juliette Gréco”, disse o músico.

Com trilha de Ludmilla, Netflix divulga trecho exclusivo de documentário sobre Vinicius Junior e seu instituto

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Foto: Divulgação/Netflix

A Netflix liberou com exclusividade um vídeo de “Baila, Vini”, documentário sobre Vinicius Junior que estreia nesta quinta-feira (15) na plataforma. A cena emocionante mostra o jogador em ação pelo Instituto Vini Jr. ao som de “Os Pretos No Devido Lugar”, de Ludmilla, destacando seu trabalho como agente de transformação social e no combate ao racismo.

Dirigido por Andrucha Waddington, o filme acompanhou o atacante do Real Madrid por 107 dias de gravação em sete países (Brasil, Espanha, Inglaterra, EUA, Catar, Marrocos e França). A produção contou com 58 entrevistados, incluindo o técnico Carlo Ancelotti, o CEO do clube José Ángel Sánchez e companheiros como Benzema e Courtois.

A produção contou com uma equipe reduzida — às vezes de apenas quatro pessoas — para acompanhar o dia a dia do jogador. Em cenas domésticas, a intimidade era tanta que a equipe ganhou apelidos e lugares marcados à mesa. Já nas gravações dentro do Real Madrid, a Netflix teve acesso exclusivo aos treinos e entrevistas.

Uma curiosidade: durante um jogo contra o Valencia, torcedores do Real chegaram a cantar sobre a ausência da equipe de filmagem, vetada pelo clube adversário — momento que aparece no documentário.

A trilha sonora, alinhada ao gosto musical de Vini Jr., inclui nomes como Racionais MC’s, L7nnon e Ludmilla, reforçando a conexão do atacante com suas raízes e sua luta antirracista.

“Baila, Vini” estreia 15 de maio na Netflix.

Assessoria de Aline Borges rebate sindicato e afirma que atriz tem registro regular há 24 anos

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Foto: Globo/Léo Rosario

A assessoria da atriz Aline Borges, atualmente em cena como a vilã Tânia na novela “Dona de Mim”, da TV Globo, emitiu nota oficial para esclarecer as acusações sobre a suposta falta de registro profissional da artista. O posicionamento foi divulgado após informações veiculadas na imprensa questionarem a legalidade de seu exercício profissional por ausência da DRT (Documento de Registro de Trabalhador).

Em comunicado, a equipe da atriz classificou as alegações como “falsas e irresponsáveis”. “Aline é uma profissional com 30 anos de carreira. É uma irresponsabilidade manchar com inverdades o que uma artista com uma voz expressiva na sociedade tem de mais precioso: seu nome, seu caráter, sua história”, afirmou a assessoria. O texto reforça que a atriz possui registro profissional definitivo desde março de 2001, há 24 anos, com documentação regularizada perante a carteira de trabalho e os registros do Ministério do Trabalho e Emprego, em conformidade com a legislação vigente.

A nota também respondeu diretamente às críticas do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro (Sated-RJ), que havia questionado a regularidade do registro da atriz. “É inaceitável tentar deslegitimar a história de uma profissional séria e comprometida com sua carreira, com sua arte e com a representatividade que carrega”, destacou o comunicado.

A assessoria ainda ressaltou a trajetória consolidada de Borges, que inclui participações em 15 novelas e produções para o Globoplay, como “Arcanjo Renegado” e “Juntas e Separadas”. Até o momento, nem o Sated-RJ nem a TV Globo se pronunciaram sobre o conteúdo da nota divulgada pela equipe da atriz.

Obstetra Larissa Cassiano explica fatores por trás da perda gestacional tardia

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Nos últimos dias, dois casos de perda gestacional tardia foram noticiados. Na segunda-feira (12), a atriz Micheli Machado e o marido, Robson Nunes, anunciaram a morte da filha que esperavam. No mesmo dia, a jornalista Tati Machado e seu marido, o escritor e diretor Bruno Monteiro, também informaram à imprensa sobre a perda de seu bebê. Diante dos casos que entristeceram o pública, a obstetra e ginecologista, Dra. Larissa Cassiano publicou um vídeo abordando questões sobre causas, prevenção e o luto enfrentado por famílias que passam pela morte intrauterina nesta fase da gestação.

O comunicado de Michelle Machado, que estava na reta final da gestação, afirma que a atriz notou que algo estava errado quando parou de sentir os movimentos do bebê. Já as causas que levaram à perda gestacional de Tati Machado, com 33 semanas, ainda estão sob investigação. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a Dra. Larissa Cassiano destacou que, no Brasil, a cada mil nascimentos, “11 a 15 bebês morrem ainda dentro da barriga da mãe no terceiro trimestre”. Entre as causas mais comuns, citou pressão alta, diabetes descompensado, trombofilias, infecções, restrição de crescimento fetal, alterações genéticas e complicações na placenta ou cordão umbilical.

A especialista ressalta que no geral, “Muitos desses casos poderiam ser evitados com um bom acompanhamento pré-natal, ultrassom com Doppler, avaliação do líquido amniótico e exames genéticos“, afirmou. A médica também destacou a importância de observar os movimentos do bebê e reforçou que o pré-natal é “o que mais reduz a possibilidade de que isso aconteça”.

Casos públicos
Na segunda-feira (12), Micheli Machado, 44, e o marido, Robson Nunes, anunciaram a morte da filha que esperavam. A atriz, que já é mãe de Morena, 13, estava na reta final da gestação quando percebeu a ausência de movimentos do bebê. Exames confirmaram a falta de batimentos cardíacos, e ela passou por uma cesárea de emergência no dia 10.

Já a apresentadora Tati Machado, grávida de 33 semanas, perdeu o bebê no último dia 12 após notar a parada de movimentos. Ela foi submetida ao trabalho de parto e, segundo sua assessoria, a causa ainda está sob investigação.

Em sua publicação, Larissa Cassiano enviou um abraço “a todos que passaram por isso” e reforçou a necessidade de falar sobre o tema: “Nem sempre a gestação termina como sonhamos — e histórias recentes nos lembram disso com dor e empatia.”

Enquanto Micheli se recupera em casa ao lado da família, Tati permanece sob cuidados médicos. Os casos reforçam a importância do acompanhamento especializado e do acolhimento às famílias em luto.

“A Menina que Voa”: Viola Davis produzirá filme sobre Daiane dos Santos

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Foto Daiane: Globo/Léo Rosário

A atriz e produtora Viola Davis, vencedora do Oscar, fará parte da equipe de produção do longa-metragem A Menina que Voa, que contará a história da ex-ginasta brasileira Daiane dos Santos. A produção será uma parceria entre a Ashé Ventures, empresa de Davis e do produtor brasileiro Maurício Mota, e a Maria Farinha Filmes.

O filme, de ficção, se passará entre os anos 1990 e 2000, período que marcou a ascensão e o auge da carreira de Daiane, primeira campeã mundial da ginástica artística brasileira, título conquistado em Anaheim, em 2003. O roteiro é assinado por Janaina Tokitaka (De Volta aos 15) e Flávia Vieira (Diálogos GNT – Isso É Coisa Preta), que trabalham no projeto desde o final de 2023.

Além da trajetória esportiva, o longa abordará os desafios enfrentados pela atleta, como o racismo e as intensas pressões da ginástica de alto rendimento. A produção também promete revelar bastidores do esporte, mostrando a realidade por trás das apresentações olímpicas.

Atualmente comentarista da Globo, Daiane acompanhou a participação do Time Brasil nos Jogos de Paris 2024 e se emocionou com as conquistas da equipe, especialmente as medalhas de Rebeca Andrade: “A gente vê o Brasil ser medalhista olímpico… É muito bom ver que eles tiveram essa recompensa. Parabéns a toda comissão técnica, a eles, que enfrentaram tantos momentos difíceis para estar ali”, disse, chorando, durante a transmissão. “Agora, depois da primeira vez que a gente entrou em 2004 [nos Jogos em Atenas], ver, em 2024, a medalha no peito deles, eu estou muito emocionada. Gratidão por estar aqui.”

O filme ainda não tem data de estreia definida.

Com informações do jornal O Globo.

Ludmilla celebra condenação de Marcão do Povo por injúria racial no STF: “racismo é crime e tem consequência”

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Foto: Reprodução/Instagram

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu ganho de causa à cantora Ludmilla em um processo por injúria racial movido contra o apresentador Marcão do Povo. A decisão, que encerra uma disputa judicial iniciada em 2017, confirma a condenação do jornalista por um comentário racista proferido em rede nacional. No Instagram, Lud comemorou a vitória na justiça, destacando: “Essa vitória não apaga a dor, mas reforça que racismo é crime e tem consequência”.

O caso remonta a uma transmissão ao vivo em que Marcão, então na Record TV, referiu-se à artista com uma declaração ofensiva. Na época, Ludmilla denunciou o episódio, dando início ao processo. “Em 2017, fui chamada de ‘pobre macaca’ por um apresentador, ‘ao vivo’ e na TV aberta. Hoje, finalmente, foi reconhecido o racismo que tentei denunciar lá atrás”, afirmou a cantora nas redes sociais.

A Justiça havia definido, em 2023, uma pena de um ano e quatro meses de reclusão para o apresentador, posteriormente convertida em restrição de direitos, como prestação de serviços comunitários. A sentença foi revisada em 2024 e concluída neste ano, mantendo também a indenização de R$ 30 mil a ser paga à cantora. O STF reconheceu que a fala de Marcão não foi retirada de contexto nem manipulada digitalmente, caracterizando-se como injúria racial. “Essa vitória não apaga a dor, mas reforça que racismo é crime e tem consequência. Agradeço ao sistema judiciário brasileiro por apoiar essa luta. Justiça foi feita”, completou Ludmilla.

O que aconteceu

O caso teve desdobramentos após o Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra uma decisão que havia absolvido Marcão do Povo, hoje no SBT, da acusação de racismo. A ministra relatora do STJ considerou, em dezembro de 2024, que não havia provas suficientes para configurar o crime, decisão criticada pela defesa de Ludmilla, que também recorreu.

O episódio ocorreu em janeiro de 2017, quando Marcão, ao comentar um vídeo da cantora, fez a declaração racista. Ele foi demitido da Record, mas logo contratado pelo SBT, onde apresenta o “Primeiro Impacto”.

Em primeira instância, o apresentador foi inocentado, mas, em segunda instância, foi condenado à indenização e à prisão em regime aberto, posteriormente convertida. A defesa de Marcão argumentou que o vídeo exibido no programa havia sido editado, influenciando a decisão da ministra do STJ.

O MP-DF e a defesa de Ludmilla aguardam agora que o colegiado do STJ reavalie o caso. Enquanto isso, o debate sobre a aplicação da lei antirracista e a responsabilidade de figuras públicas em casos de discriminação segue em pauta.

Ludmilla, que se tornou uma das principais vozes no combate ao racismo no meio artístico, aguarda uma decisão final sobre o recurso ainda pendente no STJ.

Halle Bailey acusa DDG de agressão e abuso psicológico; cantora solicita medida protetiva

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⚠️ ALERTA DE GATILHO
Esta publicação contém informações sobre violência doméstica e abuso psicológico.

A atriz e cantora Halle Bailey, conhecida por interpretar Ariel no live-action de A Pequena Sereia, entrou com um pedido de medida protetiva contra o rapper DDG, pai de seu filho, após uma série de acusações graves de agressão física e abuso emocional. A denúncia foi feita nesta terça-feira (13), em Los Angeles.

Segundo os documentos obtidos pelo site TMZ, Halle relatou que os episódios de violência começaram em janeiro deste ano, meses após o fim do relacionamento. Ela afirmou que foi agredida por DDG durante uma tentativa de conversa sobre a guarda de seu filho, Halo. No relato, Bailey diz que teve o cabelo puxado, teve o rosto jogado contra o volante do carro do ex-companheiro, e sofreu uma lasca em um dos dentes. A artista anexou fotos dos ferimentos no pedido judicial.

Halle também afirma que o rapper invadiu sua casa sem permissão em março, enviando uma foto de sua cama vazia com uma mensagem insinuando traição. Dias depois, DDG teria voltado à residência, destruído a câmera de segurança, tomado o celular da cantora e, ao fugir, arremessado o aparelho pela janela do carro, gritando insultos.

A artista relatou o caso à polícia e afirmou ter imagens da câmera que comprovam sua versão. O rapper, por sua vez, usou as redes sociais para afirmar que estaria “lutando para ver o filho há meses”.

Memórias do dia 13 de maio

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Carrego lembranças desagradáveis relacionadas ao 13 de maio, celebração da abolição da escravidão. E nem digo pela questão histórica que todos nós sabemos ser uma narrativa racista para alienar as nossas consciências e colocar a Princesa Isabel como heroína do povo negro. O sistema ofusca as críticas às condições em que a liberdade estava colocada, após séculos de massacre e exploração de pessoas africanas. A

s memórias incômodas têm relação com a experiência na escola. O racismo saía pelos poros de algumas crianças brancas, principalmente no mês de maio. Eu queria sumir sempre que os professores abordavam a escravidão no Brasil, pois em meio à narrativa de sofrimento as crianças brancas ficavam olhando com cara de piedade para nós, negros. Era puro fingimento, afinal, quando íamos para o intervalo elas se transformavam. Gargalhando, diziam coisas do tipo: “Cuidado! A Lei Áurea foi assinada a lápis…. qualquer borracha apaga.” O pior é que não adiantava falarmos para os professores, eles não tinham atitudes enérgicas para acabar com o racismo recreativo.

Em uma ocasião, a mãe de um amigo foi à escola denunciar que o filho havia chegado em casa chorando, pois foi chamado de “macaco escravo”. Mas adivinha o que aconteceu? O caso foi tratado como “coisa de crianças”, e que “não seria motivo para tanta preocupação”, nas palavras da diretora. Claramente, ela estava negligenciando o papel da escola como espaço de celebração e respeito às diferenças. A formação escolar que ignora tal componente não contribui para uma sociedade solidária e democrática. Essa é uma escola que não nos interessa como nação.

Conheço pessoas que dizem que essas situações foram superadas nas escolas, no entanto estão enganadas. Afirmo sem sombra de dúvidas, a pertinência atual do pensamento da doutora Nilma Lino Gomes (2003), “A escola, enquanto instituição social responsável pela organização, transmissão e socialização do conhecimento e da cultura, revela-se como um dos espaços no qual as representações negativas sobre o negro são difundidas.”

Para os que acham exagero da minha parte, basta pesquisarem nos portais de notícias e encontrarão uma imensidão de casos de racismo nas escolas. Inclusive associações que remetem diretamente ao período da escravidão : “Macaco, escravo, preto adotado”, “Saudade de quando preto era escravo”, “Quer ser meu escravo?”. Essas manchetes de notícias, encontrei numa pesquisa básica pelas redes sociais. Diante dessa realidade complexa, com os aparelhos do Estado cada vez mais omissos na proteção do nosso povo, os militantes e ativistas negros, além de organizações compromissadas com a luta antirracista, devem construir formas de educar as crianças e jovens negros para se defenderem da violência racista. Afinal, a escola continuará sendo um espaço hostil e adoecedor para as nossas crianças.

13 de Maio: o mito da abolição e os grilhões do século XXI

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Foto: Reprodução/Freepik

Por Luciano Ramos

O 13 de maio de 1888 é comumente lembrado como o dia em que a escravidão foi oficialmente extinta no Brasil. A narrativa histórica dominante, por muito tempo, celebrou esse momento como símbolo de liberdade e civilização, com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. No entanto, uma análise crítica nos leva a enxergar esse marco não como um gesto de emancipação plena, mas como o início de uma nova forma de opressão — mais velada, mas igualmente violenta.

A abolição foi formal. Os negros e negras que por séculos sustentaram economicamente o país sob o regime de escravidão foram deixados à própria sorte. Nenhuma política de inclusão foi implementada. Não houve acesso à terra, à educação, ao trabalho digno, tampouco qualquer tipo de reparação. Os senhores de escravizados, por outro lado, permaneceram intocados, muitos inclusive indenizados pelas “perdas” que tiveram. O Estado brasileiro se omitiu diante da miséria previsível, institucionalizando o abandono da população negra recém-liberta.

Mais de um século depois, vivemos sob a permanência dos grilhões do racismo estrutural. O Brasil do século XXI continua sendo um país onde a cor da pele determina, em grande medida, quem vive e quem morre, quem é preso e quem ocupa cargos de poder, quem tem acesso a oportunidades e quem sobrevive à margem. Jovens negros são alvos preferenciais da violência policial. Mulheres negras são a base da pirâmide do trabalho informal e precarizado. A exclusão não apenas persiste — ela se reinventa.

É urgente também desfazer o mito de que a liberdade foi um presente dado à população negra. A abolição foi conquistada com muita luta: quilombos, revoltas, fugas, articulações políticas e intelectuais do movimento negro da época. Essas resistências foram sistematicamente apagadas da história oficial, substituídas pela imagem salvadora da princesa branca. Ressignificar o 13 de maio exige reconhecer esse apagamento e devolver o protagonismo a quem de fato construiu o caminho da liberdade.

O Brasil tem uma dívida histórica com sua população negra — uma dívida que ainda está longe de ser paga. Reparação não é favor, é justiça. Isso passa por políticas públicas robustas de ação afirmativa, pela defesa das cotas raciais, pelo fortalecimento das culturas negras, pela proteção das juventudes negras, pelo combate ao genocídio institucionalizado, pelo acesso à terra, à saúde, à educação e à dignidade.

O 13 de maio deve ser lembrado, sim. Mas não como um dia de celebração. Deve ser um dia de memória crítica, de denúncia, de reafirmação da luta antirracista e de compromisso com um país verdadeira

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